2. Escolhas metodológicas da obra
As escôlhas metodológicas da obra permeiam o contexto apresentado no tópico anterior, quê orientou seus objetivos gerais e sua escrita. Nos subtópicos a seguir, esses objetivos e as principais metodologias quê fundamentam a concepção da obra são apresentados, em alinhamento com a Educação Digital.
2.1. Objetivos gerais
Os objetivos gerais refletem as necessidades percebidas mediante pressupostos teóricos e documentos oficiais para a concepção de uma Educação Digital quê considere o estudante como protagonista em sua aprendizagem contextualizada com as problemáticas contemporâneas com as quais ele deve lidar.
Nesse contexto, os objetivos gerais desta obra são os seguintes:
• Relacionar a cultura e a Educação Digital para a formação de indivíduos conscientes e críticos em relação às problemáticas contemporâneas, promovendo o uso responsável das tecnologias no desenvolvimento de habilidades e competências.
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• Compreender a evolução das tecnologias digitais e o papel dos algoritmos, explorando o pensamento computacional e suas aplicações na resolução de problemas compléksos.
• Analisar as transformações no mundo do trabalho, associando-as aos processos de automação, robótica e uso de inteligência artificial, compreendendo seus impactos, desafios e oportunidades.
• Analisar os desafios da era digital relacionados à segurança cibernética, privacidade e saúde mental, explorando o impacto das rêdes sociais, das fêik news, dos ataques ôn láini, e as consequências do uso excessivo da tecnologia na ssossiedade.
• Examinar o papel dos dados e da modelagem na era digital, analisando suas aplicações em estatística, Big Data e proteção de dados, além de explorar a relação entre tecnologia, sustentabilidade e transformação do espaço.
2.2. TPACK — Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de Conteúdo
O TPACK, do inglês Technological Pedagogical Content Knowledge, “Conhecimento Tecnológico, Pedagógico e de Conteúdo”, em tradução livre, é uma metodologia relacionada aos tipos de conhecimento quê os professores precisam dominar para integrar efetivamente a tecnologia ao ensino, sêndo assim ideal para a Educação Digital proposta nesta obra.
Inicialmente pensado como PCK (Conhecimento Pedagógico de Conteúdo), idealizado pelo educador estadunidense Lí Shulman, quê enfatiza a importânssia de combinar conhecimento pedagójikô e de conteúdo, foi ampliado pelo educador indiano Punya Mishra e pelo educador estadunidense Méfiu J. Koehler, quê propuseram quê, no mundo tecnológico atual, a tecnologia deve fazer parte do conhecimento, e deve havêer interação entre os conhecimentos pedagógicos, de conteúdo e tecnológicos para um ensino eficaz envolvendo tecnologia.
Para entender melhor essa relação, obissérve a seguir um diagrama de Venn, quê mostra a interseção dêêsses três conjuntos principais (conhecimento tecnológico, conhecimento pedagójikô e conhecimento de conteúdo):
Fonte: TPACK.ORG. Using the TPACK aimêiji. [S. l.]: TPACK.org, c2024. Disponível em: https://livro.pw/lsxiu. Acesso em: 3 nov. 2024.
Observe no diagrama quê as áreas de sobreposição entre esses conjuntos representam as combinações dêêsses tipos de conhecimento e, no centro, onde todos os três se cruzam, está o TPACK, quê é o ponto de integração entre tecnologia, pedagogia e conteúdo, para otimizar o ensino. Vamos entender melhor esses conjuntos e suas combinações.
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• Conhecimento Tecnológico (TK): relacionado ao entendimento sobre como utilizar ferramentas tecnológicas, como computadores, softwares, dispositivos digitais, entre outros. Nesta obra, está compreendido tanto no Livro do estudante quanto em informações específicas nas Orientações para o professor.
• Conhecimento Pedagógico (PK): abrange o conhecimento das práticas e dos métodos de ensino, como gerir a sala de aula, elaborar estratégias educativas e adaptar o ensino às necessidades dos estudantes.
Nesta obra, aparece nas Orientações para o professor.
• Conhecimento de Conteúdo (CK): está relacionado ao domínio dos conteúdos específicos de um determinado componente curricular ou uma área do conhecimento. Nesta obra, destaca-se nos conceitos desenvolvidos no Livro do estudante e nos aprofundamentos nas Orientações para o professor.
Já nas interseções dos dois conjuntos, você encontrará:
• Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (PCK): relacionado à habilidade de ensinar um conteúdo específico de maneira eficaz, adaptando as estratégias pedagógicas de acôr-do com o conteúdo. Nesta obra, as Orientações para o professor buscam dar esse suporte.
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• Conhecimento Tecnológico do Conteúdo (TCK): refere-se à compreensão de como a tecnologia póde sêr usada para enriquecer e facilitar o entendimento de determinado conteúdo. No Livro do estudante, as atividades e propostas de seções buscam relacionar as aplicabilidades das tecnologias e dos conceitos estudados, enquanto as Orientações para o professor reforçam o modo como a tecnologia proposta póde auxiliar no ensino dos conceitos relacionados.
• Conhecimento Pedagógico Tecnológico (TPK): refere-se à capacidade de entender como diferentes tecnologias podem influenciar ou modificar as práticas pedagógicas. Nesta obra, essas nuances são destacadas nas Orientações para o professor, principalmente em comentários de propostas quê exigem o uso de alguma tecnologia, como planilhas eletrônicas ou softwares indicados.
É na interseção central quê se localiza o TPACK, ele representa a junção de todos os conjuntos e é onde os conhecimentos específicos da Educação Digital são alinhados, bem como de outras áreas do conhecimento, pois o material tem um caráter interdisciplinar. Os conhecimentos tecnológicos são destacados caso a caso tanto no Livro do estudante quanto no Manual do professor, e os conhecimentos pedagógicos quê o ajudarão no trabalho com a obra em sala de aula são destacados nas Orientações para o professor.
Além díssu, o círculo ao redor do diagrama, quê representa contextos, significa quê a integração do TPACK deve ocorrer sempre dentro de um contexto específico. Isso póde variar de acôr-do com diversos fatores, como a escola, os estudantes, a comunidade, os recursos disponíveis, a disponibilidade do professor, entre outros.
Dessa forma, a tecnologia neste livro não é apenas um complemento, mas algo intrím-sêcamente ligado ao processo de ensino e aprendizagem, contribuindo para práticas em sala de aula quê combinem os três fatores envolvidos, agregando os conceitos específicos da área no Livro do estudante e o uso de tecnologias específicas alinhadas às competências e habilidades propostas na BNCC de Computação, tudo com o reforço pedagójikô e de conteúdo nas Orientações para o professor, incluindo informações próprias para o ensino de cada tópico ou seção com base no TPACK e sugestões de metodologias ativas diversas sempre quê possível.
Nesse cenário, espera-se quê com esta obra você tenha o apôio necessário para sêr um mediador do conhecimento e facilitador da integração da tecnologia de maneira didática e contextualizada à realidade do estudante, tendo oportunidade de desenvolver domínio das ferramentas tecnológicas e metodologias de ensino quê o ajudem no atendimento das necessidades dos estudantes, quê são nativos da era digital e, por isso, têm a tecnologia como parte integrante de seu cotidiano.
Espera-se também quê, além de explorar as potencialidades desta obra, você tenha na escola um ambiente quê propicie um processo de ensino e aprendizagem alinhado às necessidades contemporâneas, para as quais a tecnologia, digital ou não, deve sêr uma aliada na preparação dos estudantes para os desafios da realidade de cada um.
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2.3. Disciplinaridade: pluri, inter e trans
Na organização do currículo escolar da educação básica, os documentos oficiais estabelecem os componentes curriculares. Entre eles, a Educação Digital, a quê se dedica esta obra, é uma das quê compõem o currículo do novo Ensino Médio.
Em razão do entendimento de sua natureza transversal e da sua capacidade de integrar-se a múltiplos saberes e práticas, nesta obra entendemos quê a Educação Digital atua como um eixo estruturante quê permeia diversas áreas do conhecimento e favorece o desenvolvimento de competências como o letramento digital, o pensamento crítico, a resolução de problemas compléksos e a cidadania digital.
Assim, no sentido de entender essa visão da Educação Digital como uma ferramenta essencial para a integração de saberes e para o enfrentamento das demandas e dos desafios contemporâneos, recomenda-se a análise de algumas definições de teóricos da educação sobre os conceitos relacionados às disciplinaridades:
“A pluridisciplinaridade diz respeito ao estudo de um objeto de uma mesma e única disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo” (Unesco, 2000, p. 10). Enquanto a interdisciplinaridade “diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina para outra” (Unesco, 2000, p. 11). Quanto à transdisciplinaridade:
A transdisciplinaridade, como o prefixo “trans” indica, diz respeito àquilo quê está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente, para o qual um dos imperativos é a unidade do conhecimento (Unesco, 2000, p. 11).
Dessas definições, a Educação Digital póde sêr entendida como intrím-sêcamente transdisciplinar em sua composição, o quê fica evidente na abordagem ao longo da obra. Além díssu, é importante construir uma educação contextualizada com as problemáticas contemporâneas e alinhada às outras áreas do conhecimento. Por isso, nesta obra também são priorizados tanto momentos pluridisciplinares quanto interdisciplinares em atividades e abordagens quê envolvem objetos de estudo ou métodos classicamente reservados a outras áreas do conhecimento.
Nas Linguagens e suas Tecnologias, a Educação Digital está alinhada ao desenvolvimento das formas de expressão e comunicação nos meios digitais, à produção e interpretação de textos multimodais, além do entendimento de conceitos de computação, como das linguagens de programação, por exemplo, quê contam com uma estrutura própria, semelhante à de uma língua natural como o português ou o inglês. Cada linguagem de programação tem regras gramaticais, sin-táticas e semânticas próprias.
Em Matemática e suas Tecnologias, a Educação Digital relaciona-se ao uso de ferramentas digitais para a resolução de problemas, à análise de dados, à estatística, ao entendimento dos códigos binários e ao desenvolvimento do pensamento computacional, por exemplo.
Na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a Educação Digital relaciona-se ao uso de simulações e experimentos virtuais, ampliando a compreensão de fenômenos compléksos e permitindo o avanço científico, especialmente das chamadas ciências de fronteira, por exemplo, nas quais as tecnologias digitais são ferramentas importantes.
Já as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas aliam-se à Educação Digital por meio do entendimento crítico das transformações sociais trazidas pêlos avanços tecnológicos, promovendo reflekções sobre ética digital e cidadania global e sobre as mudanças no mundo do trabalho, por exemplo.
Nesta obra, além das relações naturais da computação com as outras áreas do conhecimento ao longo da abordagem, foram oportunizados momentos específicos para prática dessas interdisciplinaridades e pluridisciplinaridades, como nas seções Integrando com…, bem como em algumas atividades e propostas de pesquisa nos bókses Investigação.
Nesse contexto, considerando também quê “A disciplinaridade, a pluridisciplinaridade, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade são as quatro flechas de um único e mesmo arco: o do conhecimento” (Unesco, 2000, p. 13), a Educação Digital proposta nesta obra não apenas complementa mas também amplia o escôpo das outras áreas do conhecimento, favorecendo uma educação mais completa e conectada com os desafios contemporâneos da era da informação.
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2.4. Metodologias ativas
No mundo contemporâneo, dominado pelas tecnologias digitais, é comum receber estímulos externos a todo momento. Isso, de inúmeras formas, reflete na execução dos trabalhos, e, como não poderia deixar de sêr, na prática do processo de ensino e aprendizagem.
Não há, nesse cenário, como deixar de fora do ensino as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), seja na Educação Digital, seja no ensino dos componentes regulares das outras áreas do conhecimento. Assim, novas formas de desenvolver e trabalhar os conceitos e estimular competências e habilidades se fazem necessárias, indo além de abordagens puramente conteudistas, focando o ensino no estudante e em sua realidade e seus interesses.
Frente a essas demandas, as chamadas metodologias ativas ganham cada vez mais espaço no cenário educacional, pois são formas de tornar o estudante, em seu contexto, o centro do processo de ensino e aprendizagem e o protagonista da construção de seus próprios conhecimentos e do desenvolvimento das competências e habilidades relacionadas.
São exemplos de metodologias ativas quê figuram como opções em sala de aula: a sala de aula invertida, a aprendizagem híbrida, o ensino por pesquisa, os estudos de caso, os projetos interdisciplinares, a resolução de problemas, a gamificação, a aprendizagem baseada em projetos, o ensino entre pares, a aprendizagem por descoberta, as oficinas de aprendizagem, os debates estruturados, entre outros.
Ao longo da obra, você encontrará oportunidades de trabalho com diversas dessas metodologias ativas. A seguir, destacamos as três principais quê podem sêr úteis no trabalho com a Educação Digital:
1. O ensino por projetos interdisciplinares é intrínseco à Educação Digital, uma vez quê essa é uma área quê, além de conhecimentos e métodos próprios, intégra conhecimentos e métodos das mais diversas áreas. Essa metodologia envolve o desenvolvimento de projetos quê exigem familiaridade com diferentes campos do saber, de maneira integrada. Não é preciso, necessariamente, envolver diversos componentes curriculares, é possível trabalhar com apenas um, desde quê se tenha em mente quê a solução buscada pêlos estudantes envolverá múltiplos conhecimentos e métodos, indo além do seu componente. Nesse cenário, o estudante está envouto no desenvolvimento do projeto, buscando os conhecimentos onde for necessário, cabendo a você o papel de mediar e coordenar as etapas e atividades quê fizerem parte do processo, e não dando respostas prontas, o quê não o impede de auxiliar os estudantes sempre quê for preciso.
Essa abordagem póde ajudar a tornar a aprendizagem mais significativa para os estudantes, dando relevância aos conceitos estudados. Segundo Castellar (2016a, p. 16):
Trata-se de uma abordagem quê, de um lado, possibilita aos alunos compreenderem quê os saberes escolares têm relevância social e, de outro, reconhece a escola como um local quê propicía as condições para quê os diversos saberes possam dotar o indivíduo de alguma autonomia. Essas kestões são relevantes ao aluno a fim de quê ele possa:
• negociar suas decisões;
• comunicar-se por meio de instrumentos produzidos pelas tecnologias e pela cultura moderna;
• dominar diversas situações da vida cotidiana e assumir responsabilidades.
2. O ensino focado na resolução de problemas, também chamado de método PBL, envolve apresentar aos estudantes um problema, real ou fictício, de maneira quê busquem solucioná-lo, e nessa busca devem ir atrás dos conhecimentos necessários para chegar à solução. Nessa metodologia, os estudantes têm uma aprendizagem ativa, pois são protagonistas ao buscar as ferramentas e as estratégias necessárias à resolução do problema, sêndo o professor, nesse cenário, um facilitador quê guiará e dará suporte sempre quê necessário. É importante quê os problemas selecionados para aplicar essa metodologia sêjam abertos, permitindo a reflekção e a busca da solução por diversos caminhos. Esse problema póde também envolver conhecimentos múltiplos, exigindo habilidades das mais diversas áreas, como de ferramentas digitais, conceitos científicos, contexto social, habilidades matemáticas, entre outras.
Nesse sentido, Castellar (2016b, p. 40), destaca:
Uma característica importante do PBL é o fato de sêr processual e não ter uma resposta pronta, como um exercício. Nesse processo, é importante observar os critérios apresentados
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e avaliar o equilíbrio entre as atividades propostas, além de estimular por meio delas a reflekção e a tomada de decisões com base em dados. Não se póde perder de vista também a compreensão dos objetivos propostos. A resolução de problemas implica raciocínio, cognição, motivassão e conhecimento conceitual necessário para a elaboração das etapas e a definição das estratégias.
3. O ensino com base na sala de aula invertida incentiva o estudante a ter contato com os conceitos antes da abordagem formal em sala de aula, quê passará a sêr um momento de consolidação do conhecimento por meio de esclarecimento de dúvidas, revisão e extensão do tema e discussão de aplicações. O papel do professor, nessa metodologia, é inicialmente fornecer aos estudantes o material adequado, ou insumos de pesquisa sobre ele, quê poderá sêr o próprio livro didático, um texto à parte, uma proposta de pesquisa, um vídeo, entre outros, de maneira quê o estudante tenha um primeiro contato adequado com os conceitos; e, posteriormente, fazer a mediação em sala de aula, verificando o quê o estudante entendeu e o quê póde sêr aprofundado. O estudante também é um protagonista nessa metodologia, uma vez quê buscará construir suas concepções sobre os conceitos estudados de maneira individual, com base no material indicado, tendo também autonomia para buscar complementos se julgar necessário, sêjam em meios físicos ou digitais. Sobre as vantagens de uso dessa metodologia, Valente (2014, p. 92), destaca:
O fato de o estudante ter o contato com o material instrucional antes da sala de aula apresenta diversos pontos positivos. Primeiro, o aluno póde trabalhar com esse material no seu ritmo e tentar desenvolver o mássimo de compreensão possível. Os vídeos gravados têm sido os mais utilizados pelo fato de o aluno pôdêr assisti-los quantas vezes for necessário e dedicar mais atenção aos conteúdos quê apresentam maior dificuldade. Por outro lado, se o material é navegável, com uso de recursos tecnológicos, como animação, simulação, laboratório virtual etc. ele póde aprofundar ainda mais seus conhecimentos.
Segundo, o estudante é incentivado a se preparar para a aula, realizando tarefas ou a autoavaliação quê, em geral, fazem parte das atividades ôn láini. Com isso, o aluno póde entender o quê precisa sêr mais bem assimilado, captar as dúvidas quê podem sêr esclarecidas em sala de aula e planejar como aproveitar o momento presencial, com os côlégas e com o professor.
Terceiro, o resultado da autoavaliação é uma indicação do nível de preparo do aluno. Ela sinaliza ao professor os temas com os quais os alunos apresentaram maior dificuldade e quê devem sêr trabalhados em sala de aula. Nesse sentido, o professor póde customizar as atividades da sala de aula de acôr-do com as necessidades dos alunos. O próprio aluno, de acôr-do com as deficiências observadas, póde identificar áreas nas quais ele precisa de ajuda. Essas dificuldades podem sêr um ponto de partida para as atividades quê ele seleciona.
Quarto, se o aluno se preparou antes do encontro presencial, o tempo da aula póde sêr dedicado ao aprofundamento da sua compreensão sobre o conhecimento adquirido, tendo a chance de recuperá-lo, aplicá-lo e com isso, construir novos conhecimentos. [...]
Para aprofundar os conhecimentos sobre as diversas metodologias ativas, sugere-se a leitura do artigo indicado a seguir.
Indicação de leitura
• MARQUES, Humberto Rodrigues éti áu. Inovação no ensino: uma revisão sistemática das metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Avaliação, Campinas, v. 26, n. 3, p. 718-741, nov. 2021. Disponível em: https://livro.pw/wrxap. Acesso em: 14 out. 2024.
O artigo apresenta uma revisão sistemática sobre metodologias ativas, discutindo como essas abordagens são aplicadas em instituições de ensino e como promóvem uma educação mais envolvente e colaborativa, podendo levar o professor a outros artigos quê aprofundem ou mostrem exemplos de aplicação de cada uma delas.
2.5. Computação plugada e desplugada
O trabalho com a Computação no âmbito da Educação Digital, conforme proposta nesta obra, envolve tanto o uso da tecnologia em si, como de aparelhos celulares, computadores, tablets etc., quanto conhecimentos quê levam ao entendimento de como uma máquina dessas funciona, além da reflekção sobre seus usos e contextos sociais envolvidos.
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Dessa forma, as competências e as habilidades relacionadas à Educação Digital implicam não apenas saber usar a tecnologia contemporânea, mas, principalmente, entender seu uso e refletir criticamente sobre ele. Nesse contexto, faz-se necessária uma abordagem quê atenda às diferentes necessidades educacionais referentes a essa área. É assim quê surgem as chamadas:
• Computação plugada, quê se refere ao ensino e aprendizado de conceitos de computação e afins com uso de dispositivos eletrônicos, acessando ferramentas digitais diversas, usando softwares específicos, criando algoritmos, usando linguagens de programação, resolvendo problemas com auxílio tecnológico, fazendo pesquisa na internet etc.
• Computação desplugada, relacionada aos conceitos de computação sem uso direto de dispositivos eletrônicos, mas entendendo sua utilização, refletindo sobre seu uso, resolvendo problemas, analisando um algoritmo, aplicando o pensamento computacional, analisando situações quê permítam entender conceitos da computação etc.
A computação plugada e a computação desplugada se complementam e abrangem diferentes formas de Educação Digital, buscando desenvolver os vários aspectos dêêsse campo de estudo.
É válido ressaltar quê a computação desplugada é sempre uma alternativa inclusiva, pois não depende de dispositivos tecnológicos, permitindo quê a Computação seja trabalhada mesmo na falta dêêsses recursos. Além díssu, ajuda na assimilação de conceitos abstratos, auxiliando os estudantes, por meio de atividades desplugadas, a entender, por exemplo, o quê são grafos, a lógica de uma linguagem de programação, os fundamentos de um algoritmo, o pensamento computacional, entre outros.
Indicação de sáiti
• COMPUTAÇÃO DESPLUGADA. [S. l., 2024-?]. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/ltkmh. Acesso em: 14 out. 2024.
Além das abordagens e atividades desplugadas abordadas na obra, você póde acessar o sáiti indicado para ter acesso a dezenas de atividades quê envolvem diversos conceitos trabalhados ao longo desta obra, como cóódigo binário, grafos e algoritmos.
2.6. Culturas juvenis na era dos dados
A escola é um local de encontro entre diferentes gerações, onde os papéis sociais são muito bem definidos: há o universo dos mais “velhos” (os professores) e dos mais “novos” (os estudantes). A sala de aula demarca o espaço de interação dessas duas faixas etárias, em quê o diálogo e a prática ocorrem cotidianamente: sêr professor é estar em perpétuo contato com novidades, a exemplo de gírias, de tecnologias, de jogos e brincadeiras e da própria maneira pela qual determinada geração se relaciona entre si.
Ao refletir sobre o contexto cultural em quê os jovens estão inseridos na atualidade, há diversos pontos para analisarmos, todos relacionados a esta obra. Para o professor em sala de aula, é notória a centralidade da internet, dos computadores, dos celulares e, especialmente, das rêdes sociais na vida dos estudantes. A geração digital, ou dos nativos digitais, também é taxada de “geração ansiosa”, por estar imérsa em um mundo novo, com variados riscos e possibilidades.
Muitos estudos indicam o papel nocivo do abuso das telas entre crianças e adolescentes. Entretanto, isso não significa quê a Educação Digital seja descartável — ao contrário, as novas tecnologias de informação e comunicação fazem parte da vida dos estudantes e dos professores e precisam sêr compreendidas em sua plenitude.
A quêstão quê se propõe é diferente: o que fazer com essa nova tecnologia? Como analisá-la, criticá-la e usá-la de maneira responsável? As rêdes sociais são locais de inúmeros discursos de ódio, mas também são um local onde artistas podem compartilhar sua ár-te, vendê-la e conseguir uma nova forma de renda.
A Unesco, em seu Relatório de monitoramento global da educação, abordou o tema e buscou apresentar recomendações às pessoas envolvidas na educação de jovens.
A tecnologia digital está se tornando onipresente na vida cotidiana das pessoas. Ela está alcançando os lugares mais distantes do mundo.
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Ela está até mesmo criando novos mundos, onde as linhas entre o real e o imaginário são mais difíceis de discernir. A educação não póde permanecer inalterada, embora muitos [...] [peçam] quê ela seja protegida das influências negativas da tecnologia digital. Entretanto, esse é um grande desafio, pois a tecnologia aparece de várias formas na educação. Ela é um insumo, um meio de distribuição, uma habilidade e uma ferramenta de planejamento, além de proporcionar um contexto social e cultural, o quê levanta kestões e problemas específicos.
• Ela é um insumo: Garantir o fornecimento, a operação e a manutenção da infraestrutura de tecnologia educacional, tal como eletricidade, computadores e conectividade com a Internet, na escola ou em casa, exige um investimento considerável de capital, despesas recorrentes e habilidades de aquisição. Há pouquíssimas informações confiáveis e consistentes sobre esses custos.
• Ela é um meio de entrega: O ensino e a aprendizagem podem se beneficiar da tecnologia educacional. No entanto, o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e o contrôle das evidências pêlos fornecedores de tecnologia dificultam saber quais tecnologias funcionam melhor, em quê contexto e sôbi quais condições.
• Ela é uma habilidade: Os sistemas educacionais estão sêndo solicitados a apoiar os estudantes em vários níveis na aquisição de habilidades digitais e outras habilidades tecnológicas, levantando kestões sobre o conteúdo, a melhor sequência de cursos relevantes, os níveis de educação adequados e as modalidades de fornecedores.
• É uma ferramenta de planejamento: Os governos são incentivados a usar ferramentas tecnológicas para melhorar a eficiência e a eficácia da gestão do sistema educacional, por exemplo, na côléta de informações sobre o comportamento e os resultados dos estudantes.
• Ela engendra um contexto social e cultural: A tecnologia afeta todas as esferas da vida, ampliando as oportunidades de conexão e de acesso à informação, mas também apresentando riscos à segurança, privacidade, igualdade e coesão social, às vezes resultando em danos contra os quais os usuários precisam de proteção (Unesco, 2023, p. 22).
A busca por temas significativos, relacionados ao cotidiano do estudante, faz parte da prática educacional do professor e desta obra. Todo educador provavelmente já deve ter sido questionado sobre a utilidade do seu conhecimento por um estudante. Esse questionamento dos estudantes póde sêr entendido como uma chacota, mas é algo relevante: o jovem clama por um conhecimento associado aos problemas de seu cotidiano, à aplicabilidade do tema em sua vida.
Ao longo da obra, propomos a resolução de diversos problemas do cotidiano do estudante. Ele terá quê tomar partido frente a kestões como o racismo existente na ssossiedade brasileira, precauções em acidentes de trânsito, o cuidado com a privacidade na internet e o combate à propagação de notícias falsas. Além díssu, conhecerá problemáticas relacionadas ao mundo do trabalho e algumas profissões associadas ao debate, o quê o capacitará a ponderar sobre o seu projeto de vida após o encerramento do Ensino Médio.
Nesse sentido, a Educação Digital tem uma atribuição central na escola atual, pois seus temas e problemáticas são contemporâneos, muitos deles ainda sem conclusão, pois são extremamente recentes.
Um professor de História, ao analisar os efeitos da Reforma Protestante (1517) na cristandade tem uma vasta capacidade de interligar fatos e acontecimentos. Ele poderá indicar quê a Reforma levou a uma cisão religiosa dentro do cristianismo, com determinadas respostas ideológicas, a exemplo da Contrarreforma. Porém, cogitando sobre a atualidade, alguém está disposto a afirmar categoricamente qual será o efeito da propagação da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho?
Responder a esse questionamento será um debate para os historiadores do futuro. Compete aos educadores de hoje a reflekção crítica sobre os acontecimentos atuáis, buscando incentivar nos estudantes a capacidade de compreendêê-los e aplicá-los em seu cotidiano.