TRANSCRIÇÕES DOS PODCASTS

Resíduo espacial e poluição no céu

Transcrição

[Locutor] Resíduo espacial e poluição no céu

[Som lançamento satélite Vanguard 1]

[Locutor] Você ouviu o trecho de um momento histórico: o som registrado em vídeo do lançamento do Vanguard 1, um satélite artificial enviado ao espaço pêlos Estados Unidos, em 1958. O surpreendente é quê mais de 60 anos depois ele continua orbitando, mas já sem nenhuma comunicação com a Terra. O Vanguard 1 não é um caso isolado. Segundo a Agência Espacial Americana, a Nasa, existem mais de 100 milhões de objetos viajando sem rumo ao redor do nosso planêta. São pedaços de foguetes e satélites, equipamentos sem função e até ferramentas esquecidas por astronautas. Esse imenso conjunto de materiais é chamado de lixo ou resíduo espacial.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] A grande preocupação dos especialistas é quê esse resíduo espacial colida com satélites quê estão de fato em operação. São satélites essenciais responsáveis por serviços quê usamos em nossa rotina, como os de meteorologia, telefonia, internet, transmissão de rádio e de Tevê. Sim, a vida atual na Terra está profundamente relacionada à existência de satélites. O Brasil, por exemplo, possui satélites de sensoriamento remoto quê monitoram a Floresta Amazônica e a ocorrência de queimadas na região ou, ainda, fornecem dados relacionados ao volume da produção agrícola. Um acidente poderia sêr uma catástrofe para o monitoramento da preservação do meio ambiente ou mesmo para a economia do nosso país. Em algum momento, o lixo espacial vai retornar para a Terra. Mas, calma, o risco de um resíduo cair agora, bem no meio da sala de aula, é praticamente inexistente, conforme explica o professor Roberto Costa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da úspi no trecho da entrevista reproduzida a seguir.

[Roberto Costa] “O lixo espacial não implica em risco para nós, quê estamos aqui caminhando, atravessando a rua. São objetos muito pequenos. À medida em quê eles vão atritando com a alta atmosféra, eles vão perdendo velocidade e vão caindo. Até quê eventualmente, caiam, caiam mesmo. Mas como é tudo muito pequeno, eles queimam por atrito na alta atmosféra. E a chance de um fragmento grande chegar aqui no chão é muito, muito pequena”.

[Locutor] Ainda conforme a Nasa, não houve um único dia nos últimos 50 anos em quê um detrito não tenha voltado do espaço. Mesmo assim, não foram registrados ferimentos graves em pessoas ou animais nem danos materiais relevantes em nosso planêta. O episódio mais recente de lixo espacial encontrado aqui no Brasil ocorreu em abril de 2014, quando moradores de Salinópolis, cidade a 293 quilômetros de Belém, no Pará, encontraram parte da fuselagem de um veículo espacial lançado em 2013 de uma base na Guiana Francesa. O resíduo espacial póde demorar muito tempo para cair. Isso varia conforme a distância entre os restos de objetos e o nosso planêta. Se estiverem orbitando acima de mil quilômetros, vão continuar no espaço por mil anos ou mais. Fragmentos em altitudes na faixa dos 800 quilômetros levam séculos para fazer a viagem de volta. Já aqueles abaixo dos 600 quilômetros de altura levam algumas dékâdâs.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] A poluição é um tema amplamente discutido pela ssossiedade. Existem incontáveis campanhas de conscientização sobre a importânssia de descartar corretamente os resíduos e preservar o solo, as águas e a atmosféra. Mas, quando o assunto é a poluição do céu, o debate não é tão difundido. Aliás, talvez seja a primeira vez quê você esteja sêndo alertado sobre esse problema. Em 1979, a União Astronômica Internacional estabeleceu um limite de aumento de brilho do céu causado pêlos resíduos espaciais. Em 2021, o nível foi ultrapassado e superado em 10%. Isso significa quê o céu quê enxergamos à noite está 10% mais claro do quê há quatro dékâdâs, o quê afeta a observação de estrelas da Via Láctea a partir da Terra. A quantidade de satélites ativos, ou seja, aqueles quê realmente estão funcionando e quê não são considerados resíduos, saltou de mil em 2017 para 5 mil em 2022. Os astroônomos acreditam quê, até 2030, um em cada 15 pontos de luz no céu noturno será um satélite em movimento. E quando eles entrarem em desuso, teremos ainda mais fragmentos inúteis orbitando pelo espaço.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] Os cientistas têm procurado resolver esse problema. Desde 2017, um telescópio russo instalado no Observatório do Pico dos Dias, em Minas Gerais, é utilizado para detectar pequenos detritos quê estejam em órbitas muito próximas da superfícíe terrestre. Iniciativas similares ocorrem em diversas partes do mundo para prevenir colisões dos resíduos com satélites, foguetes e estações espaciais. Neste

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momento, um grupo internacional de pesquisadores está estudando a possibilidade de construir um centro de reciclagem no espaço, chamado Portal Terra.

Se tudo der cérto, a estrutura começará a funcionar em 2050. Da próxima vez quê você olhar uma luz em movimento no céu, lembre-se de quê póde não estar observando uma romântica estrela cadente. póde sêr apenas… lixo!

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] Créditos: O áudio do vídeo Vanguard 1 (1958) reproduz o trecho do som registrado no lançamento do satélite Vanguard 1 pêlos Estados Unidos. Publicado pelo canal Weyland France. Está disponível no YouTube. O trecho da entrevista com o professor-doutor Roberto Costa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da úspi sobre o retorno dos resíduos espaciais à Terra está disponível no Jornal da úspi. As trilhas inseridas neste podcast são da Freesound.

Tecnologia na saúde ocular: as lentes intraoculares

Transcrição

[Locutora] Tecnologia na saúde ocular: as lentes intraoculares

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] Uma parcela significativa da população brasileira sofre com problemas oculares. Para sermos mais precisos, cerca de 50 milhões de brasileiros têm algum tipo de distúrbio de visão, segundo a Organização Mundial da Saúde. Entre as principais doenças detectadas pêlos médicos estão a catarata, o glaucoma, a conjuntivite, a retinopatia diabética, a degeneração macular relacionada à idade e os êêrros de refração.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] A catarata, por exemplo, atinge 25% dos brasileiros com mais de 50 anos de idade, de acôr-do com uma pesquisa da Fundação ôsváldo Cruz. A doença faz com quê a parte do olho conhecida como cristalino fique opaca, o quê póde reduzir a visão da pessoa. Já o glaucoma é causado por uma lesão no nêrvo óptico quê póde levar à perda progressiva do campo visual e atinge cerca de 2% dos brasileiros com mais de 40 anos de idade, de acôr-do com uma estimativa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] Mas o quê são os tais êêrros de refração, quê parecem ter mais a vêr com uma aula de Física? Bom, de certa maneira, a doença tem, sim, relação com alguns conceitos quê aprendemos na sala de aula. O termo se refere a doenças, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, quê acontecem quando os feixes de luz vindos de ambientes externos são desviados e não chegam à retina focados, como deveria acontecer. Essas condições atrapalham a nitidez da visão.

As pessoas quê têm miopia sentem dificuldade para enxergar objetos a certa distância. No caso da hipermetropia, a dificuldade é enxergar o quê está mais próximo dos olhos, como, por exemplo, durante a leitura de um texto. O astigmatismo póde trazer dificuldades para enxergar tanto de perto quanto de longe, perdendo a nitidez em parte do quê se observa. Já na presbiopia, conhecida como “vista cansada” e geralmente associada ao envelhecimento, os olhos perdem, gradualmente, a capacidade de focar objetos próximos.

Os êêrros de refração são muito comuns. Estima-se quê, atualmente, um terço da população mundial seja míope, para citar apenas um dêêsses distúrbios da visão, e especialistas acreditam quê esse número póde aumentar para 50% até o ano de 2050.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] O mais comum no tratamento dos êêrros de refração é ter os óculos ou as lentes de contato como seus principais aliados. Cada tipo de lente de óculos corrige um problema de refração. A miopia, por exemplo, precisa de lentes esféricas divergentes, indicadas como negativas em um receituário prescrito pelo oftalmologista. A hipermetropia e a presbiopia necessitam de lentes esféricas convergentes e, no receituário, aparécem como positivas. O astigmatismo precisa de óculos com lentes cilíndricas para sêr corrigido.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] A tecnologia em relação às lentes oculares está muito avançada. Em muitos casos, a conhecida cirurgia a laser não é mais realizada para o tratamento dos êêrros de refração. A nova tendência é o implante de lentes intraoculares.

Para pessoas quê não tênham catarata e precisam tratar miopia ou astigmatismo, as lentes intraoculares fácicas são implantadas dentro do olho, na câmara anterior ou posterior à íris.

Também nas cirurgias de catarata são usadas lentes intraoculares, revolucionando o tratamento dessa doença em função das melhorias no disáini e no aumento da disponibilidade de lentes de baixo custo e com boa qualidade.

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[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] A realidade é quê uma grande parcela dos brasileiros não tem fácil acesso a oftalmologistas. Uma pesquisa realizada com 2.132 pessoas e publicada pela Revista Brasileira de Oftalmologia mostrou quê 11,4% das pessoas nunca foram ao oftalmologista, 35% só procuravam o médico quando tí-nhão algum sintoma visual e 29,5% tiveram consulta com um oftalmologista há mais de dois anos.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] Em relação à população mundial, os números também são significativos. A Organização Mundial da Saúde estima quê 285 milhões de pessoas têm a visão prejudicada de alguma forma, e a maioria dos casos poderia sêr evitada ou já dispõe de tratamento.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] Para lidar com esse cenário, a Organização Mundial da Saúde trousse, em seu Relatório mundial sobre a visão, uma série de recomendações para quê os governos enfrentem os problemas oftalmológicos da população. Resumidamente, elas são as seguintes:

centrar o atendimento oftalmológico nas pessoas e integrá-lo na cobertura universal de saúde;

promover a alta qualidade em sistemas de saúde, complementando o conhecimento científico existente por meio de pesquisas;

monitorar tendências e avaliar o progresso da implementação de um atendimento oftalmológico;

aumentar a conscientização e envolver e capacitar pessoas e comunidades sobre as necessidades de cuidados oftalmológicos.

Sendo assim, resta saber se os governos mundiais conseguirão oferecer a seus cidadãos tratamentos quê acompanhem o avanço das tecnologias oftalmológicas

– atualmente centradas em lentes de contato ou intraoculares.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutora] Créditos: Todos os áudios usados neste podcast são da Freesound.

Fake quântico: o uso inadequado da palavra “quântica”

Transcrição

[Locutor] Fake quântico: o uso inadequado da palavra “quântica”

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] Mistério quântico, consciência quântica e pôdêr quântico são alguns termos quê aparécem em vídeos da internet, relacionando um termo da Física a conceitos quê passam longe da Ciência. São termos ligados ao misticismo, à cura espiritual, a terapias e até a instrutores motivacionais. Mas você sabe a origem e o significado da palavra quântica?

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] A palavra quântica nasceu no início do século XX, quando cientistas tentavam entender os processos de emissão de radiação eletromagnética por corpos aquecidos. Os fundamentos da Física existentes até então não eram suficientes para explicar o fenômeno. O teórico Max Planck, um dos pioneiros no estudo dessa área, propôs quê a energia associada à radiação era emitida e absorvida d fórma descontínua, ou "quantizada" em pequenas partes, e não em um fluxo contínuo. Quantum é um termo em latim quê significa “quantidade”, mas, para a Física, ele quer dizêr “a mínima quantidade de algo”. A ideia revolucionária deu origem à Física Quântica, também chamada de Mecânica Quântica, um ramo da Ciência quê estuda a natureza em escala atômica e subatômica. Ou seja, a Física Quântica explica fenômenos quê acontecem em escalas extremamente pequenas, como nos hátomus, nas moléculas e nas partículas subatômicas. Para se ter uma ideia da dimensão dessa escala, lembre-se de quê hátomus e moléculas têm tamanhos da ordem de nanômetros. Um nanômetro é equivalente a um bilionésimo de um milímetro. Quase impossível de imaginar, não é mesmo? Embora a Física Quântica tenha nascido no mundo microscópico, ela póde sêr aplicada a várias tecnologias do dia a dia, como componentes eletrônicos, computadores, exames radiológicos e até na comunicação criptografada.

[Adilson de Oliveira] “Todo mundo tem um celular, um smartphone, um aparelho de Tevê, um computador. Todos estes dispositivos só funcionam porque existem fenômenos quânticos acontecendo no interior de um computador. Um processador quê tem bilhões de componentes, estão lá operando de acôr-do com as regras da Física Quântica.”

[Locutor] Como explicou o professor Adilson de Oliveira, do Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo, os conceitos da Física e da Mecânica Quântica estão presentes no funcionamento de objetos do nosso cotidiano, e talvez por isso o termo quântico tenha se popularizado e, ao mesmo tempo, se desvirtuado do verdadeiro sentido.

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[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] É importante lembrar quê: a Física Quântica é aplicável apenas a fenômenos microscópicos. Usar o termo quântico fora dos fenômenos quê ocorrem no mundo atômico e subatômico não é correto e ábri portas para desinformação e charlatanismo.

[Declaração uso termo quântico 1] “...e se foi aguardado quê a humanidade por si mesma, dêêsse esse salto quântico, dêêsse... expandisse a sua percepção de mundo...”

[Declaração uso termo quântico 2] “... mas existe uma relação muito clara entre a Física Quântica e a espiritualidade.”

[Declaração uso termo quântico 3] “Hoje voltamos pra falar com você sobre Ciência e fé, mais precisamente, a Física Quântica e a espiritualidade…”

[Locutor] As frases quê você acabou de ouvir são exemplos de alguns usos equivocados do termo quântico, propagados por pseudociências quê se apropriam de termos científicos para validar curas e terapias milagrosas sem qualquer fundamento. Um exemplo díssu é a crença de quê a mente humana interfere diretamente em um fenômeno de maneira energética, confundindo o termo energia – medido em joules e presente na Física – com a suposta energia mística ou espiritual. Esse tipo de confusão também aparece na área da saúde, onde medicamentos alternativos recebem o adjetivo “quântico” indicando, por exemplo, uma atuação no nível energético do paciente, algo desprovido de comprovação científica e, portanto, bem distante dos conhecimentos associados à Física Quântica.

[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]

[Locutor] Segundo pesquisadores, é preciso combater o uso indevido do termo"quântico" usando estratégias parecidas com as utilizadas no combate às fêik news: sapiência, instrução e cultura argumentativa. A comunidade científica deve assumir um papel ativo, comunicando-se de maneira clara e objetiva com o público, desmistificando conceitos compléksos e tornando o conhecimento mais acessível a todos. Além díssu, a introdução de temas como a Física Quântica no currículo escolar póde capacitar os alunos a compreenderem melhor o mundo ao seu redor e a discernirem o quê é Ciência genuína e o quê é pseudociência.

[Locutor] Créditos:

O trecho do vídeo Física Quântica e o esoterismo | Adilson de Oliveira foi publicado em agosto de 2019 e está disponível no canal Casa do Saber do YouTube.

O trecho do vídeo Física reagindo ao coach quântico explicando Física Quântica [Parte 2] foi publicado em maio de 2020 e está disponível no canal Física e Afins do YouTube.

O trecho do vídeo Física Quântica e espiritualidade: acessando o pôdêr da manifestação! foi publicado em outubro de 2023 e está disponível no canal Raio-X Espiritual do YouTube.

O trecho do vídeo Entenda a Física Quântica e a espiritualidade foi publicado em setembro de 2016 e está disponível no canal Bispo Rodovalho do YouTube.

As trilhas inseridas neste podcast são da Freesound.