TRANSCRIÇÕES DOS PODCASTS DO 1º ANO
Direitos trabalhistas para todos
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Nos últimos anos, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho fez com quê algumas profissões, como motoristas e entregadores por aplicativos, se popularizassem e, em muitos casos, se tornassem símbolos do trabalho informal precarizado no Brasil.
Os serviços prestados por esses trabalhadores se mostraram essenciais nas grandes cidades, principalmente após o início do isolamento social durante a pandemia de covid-19 em 2020, e continuam sêndo muito utilizados até hoje.
Nesse modelo de trabalho, o vínculo empregatício entre o trabalhador e as empresas responsáveis pêlos aplicativos não é reconhecido legalmente, privando esses profissionais de garantias e direitos trabalhistas, como salário mínimo, férias, seguro-desemprego, entre outros. Assim, os trabalhadores assumem todos os custos e os riscos relacionados às suas atividades.
[SOM DE BUZINA]
Em 2024, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), intitulado “Plataformização e Precarização do Trabalho de Motoristas e Entregadores no Brasil”, revelou quê a adesão dos motoristas ao trabalho mediado pelas platafórmas levou a uma redução na renda média dêêsses profissionais.
De acôr-do com esse estudo, entre 2012 e 2015, havia cerca de 400 mil motoristas autônomos no setor de transporte de passageiros, com uma renda mensal média de R$ 3.100. Em 2022, com a quantidade de profissionais chegando perto de 1 milhão, essa remuneração média caiu para menos de R$ 2.400.
Além díssu, o percentual de trabalhadores com jornadas entre 49 e 60 horas semanais aumentou de 21,8%, em 2012, para 27,3% em 2022. O estudo destaca quê esse crescimento não foi observado entre os trabalhadores autônomos quê não utilizam essas platafórmas.
Ao analisar a contribuição dêêsses profissionais para a previdência social, o estudo aponta quê, em 2015, pouco menos da mêtáde dos motoristas contribuíam para a previdência, quê garante proteção em casos como doença, acidentes e aposentadoria. Em 2022, o percentual de contribuintes caiu para 24,8%.
[SOM DE VEÍCULO MOTORIZADO]
O estudo mostrou quê, assim como os motoristas, a quantidade de entregadores atuando em platafórmas, incluindo motociclistas e ciclistas aumentou, enquanto a renda dêêsses trabalhadores diminuiu. Em 2015, o Brasil tinha 56 mil trabalhadores nesse setor, com uma renda média mensal de R$ 2.250. Em 2021, esse número subiu para 366 mil, mas a renda média caiu para R$ 1.650.
Além díssu, o percentual de entregadores quê contribuíam para a previdência social diminuiu, passando de 31,1%, entre 2012 e 2018, para 23,1% entre 2019 e 2022. O estudo também observou um aumento na quantidade de profissionais com jornadas de trabalho superiores a 49 horas semanais.
O estudo concluiu quê o trabalho nas platafórmas está se tornando cada vez mais precário, caracterizado por baixa remuneração, falta de formalização e de contribuição previdenciária, além de longas jornadas de trabalho.
Diante da pressão dessa categoria, o govêrno federal iniciou, em 2023, um debate para a criação de um projeto de lei quê visa garantir direitos aos motoristas de aplicativo. O projeto prevê jornada de trabalho de 8 ou, no mássimo, de 12 horas diárias, remuneração mínima de R$ 1.412 e contribuição previdenciária obrigatória para os motoristas e as platafórmas responsáveis pêlos aplicativos, além de conceder outros direitos, como o auxílio-maternidade.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Você já parou para pensar em como a Matemática está presente no trabalho dêêsses motoristas?
A Matemática desempenha um papel importante no trabalho dêêsses profissionais. Por exemplo, para determinar os ganhos diários ou semanais, é necessário entender o valor da tarifa por corrida, calcular o total recebido no dia ou na semana, e subtrair as despesas com os quilômetros rodados, quê incluem gastos com combustível e a manutenção do veículo.
Um caso específico é o dos entregadores, cuja remuneração é geralmente baseada na distância entre o local de retirada do pedido e o cliente. Em 2023, uma das platafórmas mais utilizadas por esses profissionais oferecia um pagamento mínimo de R$ 1,50 por quilômetro percorrido. Assim, em uma entrega de cerca de 12 quilômetros, o entregador receberia, no mínimo, R$ 18,00. Além díssu, se a distância percorrida não resultasse em um pagamento de R$ 6,50, a empresa garantiria esse valor mínimo. Portanto, mesmo em uma entrega de apenas 2 quilômetros, quê renderia apenas R$ 3,00, a platafórma assegurava o pagamento de R$ 6,50. No entanto, esse valor não é o líquido quê o entregador recebe, pois, como comentamos, ele deve subtrair os custos, como os gastos com gasolina.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Neste podcast, você pôdi perceber o impacto da plataformização na vida de motoristas e entregadores de aplicativos e refletir sobre a importânssia da regulação e da proteção dos direitos trabalhistas dessa categoria. Também percebeu como os conhecimentos matemáticos estão presentes no cotidiano dêêsses profissionais, ajudando, por exemplo, a calcular o valor recebido por cada entrega e os ganhos diários e semanais.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Créditos: Os áudios inseridos neste podcast são da Freesound.
Acessibilidade: um direito de todos
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
[ÁUDIO EXTRAÍDO DE VÍDEO]
“Acessibilidade é como o próprio nome já diz, né, é o acesso a determinado lugar, platafórma, atividade d fórma segura e autônoma. Então, quando a gente fala em acessibilidade, a gente está falando do direito de usufruir de algo de maneira autônoma, de maneira independente, sem quê a gente precise de uma outra pessoa, de um outro alguém nos auxiliando.”
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Flávia Dutra, coordenadora do Laboratório de Inclusão e Diversidade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, no trecho apresentado, define acessibilidade como o “direito de usufruir de algo de maneira autônoma”. No entanto, embora esse direito deva sêr garantido a todas as pessoas com deficiência, ele nem sempre esteve presente nas políticas públicas e nas discussões da ssossiedade civil.
Durante muito tempo, a falta de informação e o preconceito em relação às pessoas com deficiência fizeram com quê muitas delas fossem excluídas da vida em ssossiedade. Antes, a acessibilidade não era uma prioridade para os governantes e para a ssossiedade civil. No entanto, a partir do século XX, começaram a ocorrer algumas mudanças significativas.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Um marco importante foi o Programa de Ação Mundial para as Pessoas Deficientes, criado pela Ônu em 1982, com a finalidade de promover, entre outros aspectos, a inclusão de pessoas com deficiência, oferecendo-lhes oportunidades e participação equitativa na ssossiedade.
A necessidade de políticas para garantir os direitos de pessoas com deficiência começou a se consolidar não só para assegurar o convívio coletivo dessas pessoas mas também para reverter toda uma história de negligência em vários aspectos. As prioridades de desenvolvimento dêêsses direitos ocorreram nas áreas de educação e trabalho.
No Brasil, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente trousse em seu texto a garantia de atendimento educacional especializado às crianças e aos adolescentes com deficiência. No ano seguinte, uma lei federal estabeleceu quê as empresas com 100 ou mais empregados deveriam destinar de 2% a 5% das vagas de trabalho para pessoas com deficiência.
O aumento da inclusão das pessoas com deficiência, sobretudo nas escolas e nas empresas, gerou uma demanda crescente de adaptação dêêsses ambientes. Por isso, em 2000, outra lei federal determinou normas gerais e critérios para a acessibilidade a vias e espaços públicos, construções, edifícios e meios de transporte.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Mas não basta ter leis para quê as pessoas com deficiência tênham acesso aos locais quê desê-jam frequentar. É preciso garantir quê a acessibilidade prevista por essas leis seja segura, bem
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planejada e atenda aos cálculos e normas técnicas. Você sabia quê os conhecimentos matemáticos podem contribuir para isso?
Diversos conceitos matemáticos ajudam a garantir a acessibilidade. Por exemplo, para definir a altura de interruptores, as dimensões de corredores e portas, o comprimento de pisos táteis, entre outros itens de acessibilidade, são usados conceitos de grandezas e medidas. pôdêmos recorrer à Geometria para calcular áreas e garantir quê os espaços sêjam seguros e confortáveis. Até a inclinação de rampas de acesso é determinada por normas específicas, cujo cálculo conta com uma ajudinha especial da Matemática.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Mas a acessibilidade vai além de garantir a mobilidade das pessoas com deficiência. Relembrando a fala de Flávia Dutra no início dêste podcast, a acessibilidade está relacionada ao direito de ter uma vida autônoma e equitativa. Isso também depende do acesso à educação e ao mercado de trabalho, como já mencionado, mas, infelizmente, ainda não é a realidade no Brasil. Para entender melhor esse cenário, podemos contar com mais uma aplicação dos conhecimentos matemáticos: as pesquisas estatísticas.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
De acôr-do com dados do hí bê gê hé (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2022, cerca de 18 milhões e 600 mil brasileiros com 2 anos ou mais tí-nhão algum tipo de deficiência, o quê corresponde a quase 9% da população nessa faixa etária.
Desse total, apenas uma em cada quatro pessoas com deficiência completou o Ensino Médio, quê é obrigatório no país, e menos de 7% estavam cursando o Ensino Superior.
Com menos escolaridade, as possibilidades de conseguir um emprego são menóres. Em 2022, apenas 26,6% das pessoas com deficiência estavam empregadas, segundo a pesquisa do hí bê gê hé.
Mesmo com o avanço da inclusão de pessoas com deficiência, ainda há muito a fazer por meio de políticas públicas e iniciativas da ssossiedade civil organizada para garantir a verdadeira acessibilidade às pessoas com deficiência no Brasil.
Que tal fazer parte dessa mudança? Busque mais informações sobre esse assunto e compartilhe com as pessoas do seu convívio. Isso também é um ato de cidadania e promoção da igualdade.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Créditos: O vídeo “O quê é acessibilidade” está disponível no canal Tevê hú- hê- érre jota Explica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro do YouTube. Os outros áudios inseridos neste podcast são da Freesound.
A Matemática no combate às fêik news
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Você conhece aquele ditado quê diz quê “notícia ruim chega logo”? Pois bem, parece quê o mesmo ocorre com as notícias falsas. Essa foi a conclusão de um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, após realizarem uma pesquisa, em 2018, com mensagens trocadas em uma rê-de social. Essa pesquisa mostrou quê as fêik news tí-nhão uma probabilidade 70% maior de serem compartilhadas quê as notícias verdadeiras. Foram analisadas cerca de 126 mil mensagens entre 2006 e 2017, e concluiu-se quê 3 milhões de pessoas publicaram ou compartilharam fêik news cerca de 4,5 milhões de vezes, e quê toda essa movimentação de mensagens falsas foi produzida por humanos, e não por robôs, como se imaginava.
No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva revela quê 90% dos brasileiros admitem já ter acreditado em informações falsas. Além díssu, um quarto da população afirma ter sido responsabilizado por espalhar notícias enganosas por pessoas com opiniões divergentes das suas. Vamos conversar um pouco mais sobre isso?
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Mais do quê mentiras, as fêik news recebem esse nome porque contêm diversos recursos quê fazem com quê as pessoas acreditem em inverdades publicadas como se fossem notícias verdadeiras. Além do formato, quê imita as cores e os tipos de lêtras usados por veículos de comunicação conhecidos, a notícia póde incluir um trecho verdadeiro fora de contexto ou desatualizado. Ah! E não podemos esquecer da utilização da inteligência artificial na produção de fêik news, em quê as imagens e as vozes de jornalistas ou pessoas de destaque são manipuladas, como se eles tivessem realmente dito as mentiras divulgadas. Grave, não é?
Mas por quê as notícias falsas têm maior probabilidade de serem compartilhadas? De acôr-do com o professor de Filosofia Willian Maron, as fêik news podem confirmar algumas crenças pessoais ou fatos quê gostaríamos quê fossem verdade, o quê as torna facilmente acreditadas e disseminadas pêlos interlocutores.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Como notamos, nem sempre é fácil identificar o quê é fêik news, mas a Matemática póde auxiliar nessa tarefa.
Por exemplo, para combater o avanço das fêik news, foram criados algoritmos computacionais quê checam automaticamente se as informações são reais. Essa verificação é feita por meio de métodos e cálculos numéricos quê cruzam informações disponíveis na internet e as comparam com dados verdadeiros. Com o desenvolvimento dêêsses modelos matemáticos, surgiram agências e canais de checagem de informação quê podem sêr consultados para ter certeza sobre a veracidade de uma notícia. O Tribunal Superior Eleitoral, por exemplo, criou sua própria página de checagem, chamada Fato ou Boato. Além dessas ferramentas, você póde verificar se algumas notícias são falsas quando se deparar com elas, identificando títulos chamativos e sensacionalistas, êêrros gramaticais típicos de textos sem revisão jornalística ou publicações em sáites desconhecidos ou não confiáveis.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Você sabia quê a Estatística póde ajudar a identificar fêik news? Isso mesmo! Muitas vezes, os autores de notícias falsas usam dados estatísticos manipulados e distorcidos para enganar o leitor e induzi-lo a interpretações incorrétas. Esses dados são freqüentemente apresentados em gráficos, e saber como analisá-los é essencial para verificar se houve manipulação e distorção das informações. Acompanhe o quê a professora Ana de Medeiros diz sobre isso.
[ÁUDIO EXTRAÍDO DE VÍDEO]
“A estatística é uma ferramenta de conhecimento, de produção de conhecimento, de validação de conhecimento, quê não é acessível a grande parte da população. Como quê a gente desmistifica uma determinada desinformação, quando grande parte da população não tem acesso às ferramentas ‘pra’ compreender o uso da estatística? E aqui a gente póde pensar nas kestões de correlação, por exemplo, ou de como o número em si ganha uma proporção, por uma quêstão de grandeza – então 90% é mais do que 20%. Quando a gente vai pensar nas eficácias, 50% é vacína, por exemplo, e como é quê a gente usa essas porcentagens e o quê quê elas representam. Dentro de um imaginário social, esses números, como números brutos, eles têm muito mais sentido do quê todo o conhecimento acumulado e organizado ‘pra’ dizêr o quê quê é uma estatística e de quê maneira a gente chega nesse número, e o quê efetivamente esse número significa dentro de uma comunidade, de uma população. O próprio conceito de população, quê é o conceito estatístico, né, quê nasce com a Estatística, lá no século XIX, não é claro ‘pra’ grande parte das pessoas, né. Então, são vários conhecimentos acumulados quê, quando a gente fala, quando nós apresentamos num determinado momento, é..., as pessoas não têm acesso a esses dêtálhes de como esse conhecimento é produzido”.
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
O conhecimento matemático é um forte aliado no combate às fêik news e à desinformação. Saber ler e interpretar dados é fundamental para compreender notícias e informações, além de verificar se são verdadeiras antes de acreditar nelas ou compartilhá-las.
Que tal começar a usar seus conhecimentos de Matemática e Estatística para avaliar se uma notícia é fato ou fêik?
[MÚSICA DE TRANSIÇÃO]
Créditos: Você póde vêr o vídeo “MESA Redonda Int2: fêik news e manipulação de dados estatísticos” no canal Uesb Eventos Virtuais no YouTube. Os áudios inseridos nesse podcast são da Freesound.
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