UNIDADE
5
QUÍMICA ORGÂNICA

Da criação de materiais, como plásticos biodegradáveis e medicamentos inovadores, ao entendimento de fenômenos naturais e estruturas biológicas, a Química Orgânica desempenha um papel fundamental na Ciência e na tecnologia modernas. As formigas, por exemplo, conseguem sair e voltar para o formigueiro de maneira eficiente porque se guiam por substâncias orgânicas, chamadas feromônios, quê ficam impregnadas no caminho. Na imagem, formigas-cortadeiras (Acromyrmex sp.), conhecidas também como quenquéns ou formigas-caiapó, carregam pedaços de fô-lhas para o formigueiro, onde esse e outros materiais de origem vegetal, como flores e grãos, são utilizados como substrato para o cultivo de fungos, a principal fonte de alimento das formigas.

Fotografia de formigas carregando pedaços de folha em um galho.

Página trezentos e três

Você acha quê a Química Orgânica se baseia em conceitos diferentes dos quê você estudou até agora?

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Página trezentos e quatro

TEMA
25
Introdução à Química Orgânica

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A Química Orgânica é a área da Química quê estuda as substâncias constituídas por hátomus de carbono, sêndo elas produzidas por sêres vivos ou não. Essa definição póde parecer restrita, mas a diversidade de substâncias formadas pela combinação de hátomus de carbono é grande e inclui também hátomus de outros elemêntos químicos, como hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e halogênios.

Para compreender melhor essas substâncias, o estudo dêste Tema tratará da origem da Química Orgânica, das características do átomo de carbono e das diferentes formas de representação das cadeias carbônicas.

O início da Química Orgânica

Desde a Antigüidade, o sêr humano usa materiais quê hoje são estudados pela Química Orgânica, como corantes, óleos, ceras e perfumes. Uma das primeiras substâncias orgânicas purificadas foi o etanol (álcool etílico), quê era destilado e desidratado por alquimistas.

Por causa de dificuldades experimentais e da relativa facilidade com quê as substâncias orgânicas se degradam, entre outros fatores, o estudo a respeito dessas substâncias era complékso e difícil. Aos poucos, no entanto, uma quantidade crescente de substâncias orgânicas foi isolada e estudada, até quê, no século XVIII, essa quantidade se tornou significativa. Nesse período, as substâncias eram classificadas em orgânicas (de origem vegetal e animal) ou inorgânicas (de origem mineral).

A falta de resultado nas tentativas de síntese de substâncias orgânicas, usando substâncias inorgânicas como reagentes, levou ao conceito de quê os sêres vivos teriam algo quê não existia nos minerais: uma fôrça vital, explicada pela teoria da fôrça vital.

REFLITA

1 Cite substâncias quê você conhece quê contêm carbono.

Imagem com fotografias de um fragmento de grafite, que é cinza-escuro, de um fragmento de diamante, que é semi-transparente, e de um diamante lapidado, que é transparente.

Da esquerda para a direita, estão apresentados um minério de grafite, um minério de diamante e um diamante lapidado, todos formados unicamente por hátomus de carbono.

Página trezentos e cinco

Um dos principais responsáveis pela divulgação dêêsse conceito, em 1807, foi o químico sueco Berzelius. Segundo ele, as substâncias orgânicas não poderiam sêr sintetizadas em laboratório por serem regidas por leis diferentes das quê regiam as substâncias inorgânicas.

Costuma-se atribuir a um discípulo de Berzelius, o químico alemão fridichi Wöhler (1800-1882), um papel decisivo na refutação dessa teoria ao ter conseguido sintetizar a ureia a partir de cianato de amônio. Assim, em 1828, a ureia se tornou a primeira substância OR GÂNICA ôbitída a partir de uma substância inorgânica.

Selo postal com ilustração esquemática de uma molécula.

sêlo postal impresso na Alemanha, em 1982, para homenagem Wöhler, com a representação de uma molécula de ureia (imagem sem escala, cores fantasia).

No entanto, ao fazer essa associação, fica subentendida a ideia de quê os cientistas dessa época não tí-nhão dúvidas quanto à classificação do cianato de amônio como uma substância inorgânica e quê os conceitos de substâncias químicas orgânicas e inorgânicas eram claros e amplamente aceitos.

A teoria da fôrça vital não era uma doutrina interpretada por todos da mesma maneira, ou seja, havia várias acepções a respeito da fôrça vital. A seguir, o trecho do texto aborda o episódio da síntese da ureia e as interpretações relacionadas à teoria da fôrça vital.

[…] Apenas para citar algumas concepções, uma delas sugeria quê os sêres vivos poderiam produzir compostos orgânicos, devido a seu alto grau de instabilidade e da complexidade de sua composição. Outra considerava quê as transformações orgânicas eram governadas por forças diferentes das quê governavam as transformações inorgânicas. Uma terceira sugeria quê a afinidade química era responsável pelas transformações inorgânicas e a fôrça vital era responsável pelas transformações orgânicas. […]

Considerando a variedade e abrangência dessa doutrina, um único experimento não seria suficiente para levar a seu abandono – mesmo porque, muitos de seus desdobramentos não tí-nhão qualquer relação com a síntese feita por Wöhler. O próprio Jöns Jacob Berzelius, por exemplo, escreveu na primeira seção do seu Lehrbuch der Chemie, já em 1847, quê na natureza viva os elemêntos parecem obedecer a leis diferentes dos materiais inorgânicos – evidenciando que nêm mesmo entre os químicos a síntese da ureia abalou, ou muito menos derrubou, o vitalismo. […]

As historiadoras da ciência B. Bensaude-Vincent e I. Stengers declaram, em livro de divulgação, quê muitos pesquisadores da época consideravam relevante quê o cianato de amônio não era preparado a partir de substâncias elementares, mas por oxidação de um cianeto proveniente de cascos e chifres de animais; logo, a origem inorgânica do reagente poderia sêr posta em questão.

O pesquisador J. H. Brooke sugeriu quê o próprio conceito de compôzto orgânico era problemático, não existindo uma linha bem definida para separar todos os compostos químicos em dois grupos distintos. […]

VIDAL, Paulo Henrique; PORTO, Paulo Alves. Algumas contribuições do episódio histórico da síntese artificial da ureia para o ensino de química. História da ciência e ensino: construindo interfaces, São Paulo, v. 4, p. 13-23, 2011. p. 16-17. Disponível em: https://livro.pw/jgykt. Acesso em: 4 out. 2024

A Ciência se desen vólve de maneira lenta e gradual, e as mudanças resultam de um trabalho coletivo, e não de um trabalho individual produzido por um único cientista.

Com o tempo, outras sínteses de moléculas orgânicas ocorreram, demonstrando quê não havia distinção entre as substâncias orgânicas e as inorgânicas, a não sêr na composição de cada uma delas.

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Em 1858, o químico alemão fridichi August Kekulé definiu a Química Orgânica como a química das substâncias de carbono. Segundo o próprio relato, durante um cochilo, ele teve um sonho com hátomus quê saltavam à sua frente. Átomos menóres se uniam em pares, e hátomus maiores abraçavam esses hátomus menóres, unindo-se a outros e formando conjuntos quê rodopiavam diante dele. Depois díssu, Kekulé debruçou-se sobre o assunto e chegou à proposição de quê os hátomus de carbono se ligariam por meio de cadeias. Além díssu, considerou quê poderia havêer mais de um tipo de ligação entre hátomus de carbono e outros elemêntos, como o oxigênio, fato confirmado posteriormente.

Propriedades do átomo de carbono

O átomo de carbono é relativamente pequeno e tem seis prótons, seis nêutrons e seis elétrons. Seus seis elétrons estão distribuídos em dois níveis de energia: dois elétrons na camada K e quatro elétrons na camada L. Essa configuração possibilita quê os hátomus de carbono formem quatro ligações covalentes e, dessa maneira, completem a camada L até o total de oito elétrons, ficando com configuração eletrônica similar ao neônio.

Uma característica importante do átomo de carbono é a possibilidade de se ligar a outros hátomus do mesmo elemento, formando cadeias quê podem variar de dois a milhares de hátomus, e a hátomus de outros elemêntos, como o hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio.

Um átomo de carbono também póde formár cadeias fechadas e estabelecer duas ou três ligações com outro átomo de carbono, aumentando a diversidade das substâncias orgânicas. Diante de todas as possibilidades de ligação do átomo de carbono, são conhecidas mais de 10 milhões substâncias orgânicas diferentes, de origem animal, vegetal, mineral ou sintética.

REFLITA

2 Outros elemêntos podem se comportar como o carbono, formando cadeias?

AlGO A+
O urucum

Vídeo: A Química dos povos indígenas.

Entre as muitas características culturais das etnias indígenas brasileiras, a pintura côrporal é uma das mais marcantes. Um dos pigmentos mais comuns, de cor vermelha intensa, é obtído da semente do urucum, planta muito encontrada no Brasil. A principal substância responsável pela côr da semente é chamada bixina, um pigmento natural cuja molécula contém 25 hátomus de carbono, 30 hátomus de hidrogênio e quatro hátomus de oxigênio em sua estrutura.

Fotografia de um homem indígena com um cocar de penas, um colar de cordões, bermuda e pinturas corporais nas cores preto e vermelho. Ele segura uma lanterna em uma das mãos e um bastão adornado na outra. Ao fundo, um campo de futebol de areia.

Indígena com pintura corporal vermelha, feita com urucum, durante a cerimônia de abertura da 5ª edição dos Jogos Indígenas da Aldeia Ekeruá, em Avaí (SP), 2022.

ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

Esta reportagem apresenta os Jogos Indígenas, um tradicional evento esportivo do município de Avaí (SP) quê reúne seis aldeias e mais de 200 indígenas em competições com arco e flecha, zarabatana e corrida com tora.
REUNINDO seis aldeias, 5ª edição dos Jogos Indígenas tem início em Avaí. [S. l.]: Globoplay, 2022. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal TEM Notícias 2ª Edição: Bauru/Marília. Disponível em: https://livro.pw/rnzqw. Acesso em: 21 out. 2024.

Página trezentos e sete

As características do átomo de carbono foram apresentadas, de maneira sistemática e independente, por três químicos contemporâneos: o alemão Kekulé, o russo Aleksandr Mikhaylovich Butlerov (1828-1886) e o escocês Archibald scót Couper (1831-1892).

Butlerov foi um químico russo quê se interessou desde o início de seus estudos pela Química Orgânica, buscando a síntese de diferentes substâncias. Em uma viagem pela Europa, trabalhou com outros pesquisadores e, motivado a compreender a estrutura das moléculas, voltou à Rússia para continuar sua pesquisa. Butlerov foi um dos primeiros a utilizar o termo estrutura química com o atual sentido empregado.

O escocês Couper inicialmente estudou Filosofia e idiomas. Depois de se tornar químico, foi o primeiro a representar as ligações entre hátomus com linhas desenhadas entre símbolos, linguagem utilizada até hoje. Couper descreveu como os hátomus de carbono se ligariam em um artigo científico e o confiou a um colega para apresentá-lo à Academia Francesa de Ciências. No entanto, por causa de um adiamento na apresentação, o artigo só foi lido depois da publicação de um artigo de Kekulé com ideias similares.

Resumidamente, as ideias dêêsses químicos podem sêr expressas pêlos seguintes princípios.

O carbono é tetravalente, ou seja, faz quatro ligações químicas com outros hátomus.

Imagem representando as 4 formas do carbono fazer 4 ligações: 4 ligações simples, duas ligações duplas, duas ligações simples e uma ligação dupla e uma ligação simples e uma ligação tripla.

As ligações do átomo de carbono são equivalentes e não se distinguem umas das outras, a não sêr pelo fato de poderem sêr duplas ou triplas.

Os hátomus de carbono podem fazer ligações entre si, formando cadeias quê podem sêr longas e ramificadas e podem incluir hátomus de outros elemêntos químicos.

Representação das cadeias carbônicas

A diversidade de substâncias cujas espécies químicas são formadas por hátomus de carbono exigiu novas formas de representá-las.

A fórmula molecular usada para representar as substâncias inorgânicas, quê não necessita de muitas informações, não é suficiente para representar as substâncias orgânicas.

As seis maneiras mais comuns de representar moléculas orgânicas são exemplificadas a seguir por meio do etanol (C2 H5 OH).

Imagem com 6 tipos de representações de moléculas: A. Apenas letras e números: CHíndice 3CHíndice 2O H. B. Letras enumeradas para todos os átomos, com linhas representando os tipos de ligações: Um carbono ligado por ligação simples a um grupo Híndice 3C, um grupo O H e dois grupos H. C. Semelhante ao item B, agora com o carbono central e os grupos H ocultados. D. Semelhante ao item C, agora com apenas duas linhas e o grupo O H demonstrados. E. Ilustração de esferas representando os átomos. Uma esfera vermelha e grande representa o oxigênio, duas pretas e grandes, os carbonos e as brancas e menores, os hidrogênios. F. Semelhante ao item E, agora com varetas entre as esferas, representando as ligações.

Representações de moléculas orgânicas (imagem sem escala; cores fantasia).

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A figura A é uma forma expandida da fórmula química quê representa a molécula carbono a carbono, incluindo elemêntos diferentes, d fórma linear, sem incluir as ligações químicas.

A figura B representa a estrutura da molécula de modo plano, incluindo seus hátomus e todas as ligações, mas sem indicar como estão organizados no espaço.

A figura C omite os hátomus de carbono e de hidrogênio da cadeia carbônica, quê são representados pêlos vértices das linhas. Entretanto, os hátomus presentes nas extremidades da molécula, tanto os de carbono quanto os de outros elemêntos, ficam evidentes.

Esse mesmo princípio é utilizado na figura D, em quê são omitidos também os carbonos nas extremidades da molécula.

Nas figuras E e F, os hátomus de carbono (preto), hidrogênio (branco) e oxigênio (vermelho) são representados por esferas. Na figura E, há interseção entre as esferas, representando a sobreposição das eletrosferas dos hátomus nas ligações químicas. A figura F mostra bastões para representar as ligações químicas.

Para entender melhor a vasta diversidade de substâncias orgânicas, as figuras a seguir representam algumas das diferentes possibilidades de substâncias com a fórmula molecular C5 H10 O.

Quadro 'Estruturas possíveis de moléculas com fórmula molecular Cíndice 5Híndice 10O'. Estão demonstradas 20 possibilidades com cadeias abertas ou fechadas, saturadas ou insaturadas, lineares ou ramificadas, dentre outros.

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Continuação do quadro descrito anteriormente com mais 16 possibilidades.

Outra importante representação visual, denominada representação em cunha, é responsável por indicar se a ligação está à frente do plano ou atrás dele. Como exemplo, apresenta-se a estrutura do metano, em quê o carbono 1 e os hidrogênios 2 e 3 estão no mesmo plano do papel, o hidrogênio 4 está projetado para frente, no sentido do leitor, e o hidrogênio 5 está projetado atrás do plano do papel.

Imagem de fórmula representando um carbono, um, ligado a 4 hidrogênios. As ligações entre os hidrogênios dois e 3 são como as representadas em estruturas moleculares planas. A ligação entre o carbono e o hidrogênio 4 é representada por um triângulo preenchido e a ligação entre o carbono e o hidrogênio 5, por um triângulo listrado.

ATIVIDADES

1. Faça uma pesquisa, em livros e na internet, sobre a composição química do corpo humano. Responda no caderno: quais são os elemêntos químicos presentes no corpo humano?

2. Pesquise, em livros, revistas e na internet, a biografia de cientistas quê contribuíram para o princípio do desenvolvimento da Química Orgânica.

3. O quê representa uma linha como esta?

Imagem de uma linha em zigue-zague representando um fórmula molecular simplificada de molécula com 7 carbonos lineares, ligados entre si por ligações simples.

4. Analise as estruturas da fórmula C5H10O apresentadas anteriormente e tente propor critérios quê possam sêr utilizados para diferenciar grupos de substâncias cujas moléculas estão representadas.

5. Observe os nomes de algumas substâncias orgânicas e suas respectivas fórmulas moleculares: ácido acético (CH3COOH), acetona (C3H6O), glicose (C6H12O6) e benzeno (C6H6). Quais são as informações sobre a molécula quê podem sêr obtidas com base na fórmula molecular? Esse tipo de representação é suficiente para conhecer a molécula?

Página trezentos e dez

TEMA
26
Os hidrocarbonetos

Respostas e comentários dêste Tema estão disponíveis nas Orientações para o professor.

O petróleo é conhecido desde a Antigüidade por suas propriedades como combustível e por sua hidrofobicidade, ou seja, sua capacidade de repelir a á gua, de não se misturar a ela.

A teoria mais aceita para a origem do petróleo é a de quê ele se formou há milhões de anos pela decomposição de matéria OR GÂNICA por bactérias anaeróbicas. Essa matéria OR GÂNICA foi sedimentada, e a alta pressão e a tempera-túra elevada exercidas sobre ela provocaram uma série de reações químicas quê levaram à formação dêêsse compôzto.

Além do uso como combustível, o petróleo é a matéria-prima de inúmeros produtos, sêndo considerado um material bastante importante e de muito valor na ssossiedade atual.

O petróleo é constituído de uma mistura de hidrocarbonetos – compostos orgânicos formados apenas por carbono e hidrogênio – e de outras substâncias, como enxofre.

Apesar de os hidrocarbonetos serem formados apenas por dois elemêntos químicos, podem apresentar ligações simples, duplas ou triplas, além de cadeias abertas e fechadas, normais ou ramificadas. Dessa forma, os hidrocarbonetos são classificados em: alcanos; alcenos; alcinos; alcadienos; cicloalcanos; cicloalcenos; aromáticos.

Nêste Tema, esses tipos de hidrocarboneto serão abordados.

Fotografia de uma plataforma de petróleo no mar, durante o pôr do sol.

Plataforma de petróleo. Baía de Guanabara (RJ), 2018.

Página trezentos e onze

Alcanos

REFLITA

1 Você conhece alguma substância usada no cotidiano quê só contenha hátomus de carbono e de hidrogênio?

Os alcanos, também chamados de parafinas, são hidrocarbonetos de cadeia aberta formados apenas por ligações simples.

O alcano mais simples é o metano, substância gasosa à tempera-túra de 25 °C e à pressão atmosférica, cujas moléculas são formadas por um átomo de carbono ao qual estão ligados quatro hátomus de hidrogênio. Sua fórmula molecular é CH4.

No Tema anterior, foram apresentadas algumas maneiras de representar moléculas orgânicas. Acompanhe três delas para a molécula de metano.

Imagem com 3 formas de representar uma molécula de metano. Na primeira, há um carbono central ligado a 4 hidrogênios por 4 linhas. Texto: A fórmula estrutural indica o arranjo dos átomos, mas não a geometria molecular. Na segunda, há um carbono central ligado a 4 hidrogênios. Duas das ligações são por linhas, a terceira é por um triângulo preenchido e a quarta, por um triângulo listrado. Texto: A representação em cunha evidencia a disposição espacial dos átomos. Na terceira, há uma ilustração na qual os átomos são representados por esferas. O carbono é uma esfera central, preta, e os hidrogênios, esferas brancas e menores. As ligações são representadas por varetas. Texto: No modelo tridimensional, os átomos são representados por esferas, geralmente com cores específicas para cada elemento (imagem sem escala; cores fantasia).

O metano é uma substância natural, produzida pela decomposição de matéria OR GÂNICA em depósitos de resíduos sólidos ou em pântanos, podendo sêr liberada também em erupções vulcânicas, no processo de extração de petróleo e carvão e no processo de digestão dos animais herbívoros. Ele póde sêr utilizado como combustível, sêndo o principal constituinte do gás natural veicular (GNV).

Outros exemplos de alcanos são apresentados a seguir.

Imagem do Etano, Cíndice 2Híndice 6. Ele é composto por uma cadeia central com dois carbonos ligados entre si e a 3 hidrogênios, cada.

Imagem do Pentano, Cíndice 5Híndice 12. Ele é composto por uma cadeia central com 5 carbonos ligados entre si, linearmente. Os das extremidades se ligam a 3 hidrogênios, cada, e os centrais a dois hidrogênios, cada.

Imagem do Hexano, Cíndice 6Híndice 14. Ele é composto por uma cadeia central com 6 carbonos ligados entre si, linearmente. Os das extremidades se ligam a 3 hidrogênios, cada, e os centrais a dois hidrogênios, cada.

Imagem do Heptano, Cíndice 7Híndice 16. Ele é composto por uma cadeia central com 7 carbonos ligados entre si, linearmente. Os das extremidades se ligam a 3 hidrogênios, cada, e os centrais a dois hidrogênios, cada.

Fotografia de uma vela com o pavio aceso.

A parafina da vela é composta de vários alcanos.

Página trezentos e doze

Analisando as representações anteriores, é possível perceber quê a quantidade total de hátomus de hidrogênio é o dôbro da quantidade de carbono, mais dois hátomus de hidrogênio adicionados às extremidades da cadeia. Dessa forma, essa relação proporcional entre hátomus de carbono e de hidrogênio permite estabelecer uma fórmula geral para os alcanos, representada a seguir.

CnH2n + 2

Nessa fórmula, n representa o número de hátomus de carbono presentes na molécula.

As representações anteriores são exemplos de alcanos cujas cadeias carbônicas são normais ou lineares e abertas ou acíclicas (não formam ciclos), sêndo possível identificar duas extremidades livres. Esses alcanos são também chamados de alifáticos.

Há compostos cujas cadeias carbônicas apresentam ramificações, ou seja, mais de duas extremidades livres com hátomus de carbono.

Acompanhe os exemplos de uma cadeia linear e duas cadeias ramificadas.

Composição com fotografias de modelos de moléculas e fórmulas estruturais. Cíndice 5H_12, pentano: cadeia linear, sem ramificações. Cíndice 5H_12, 2-metilbutano: cadeia com uma ramificação no segundo carbono. Cíndice 5H_12, 2,2-dimetilpropano: cadeia com 3 carbonos na cadeia central, com duas ramificações saindo do segundo carbono.

Representações de moléculas orgânicas segundo o modelo de esferas e varetas, com suas respectivas fórmulas estruturais. No modelo, as esferas pretas representam o carbono, e as brancas, o hidrogênio (imagem sem escala; cores fantasia).

Na representação da molécula do pentano, há apenas duas extremidades livres, caracterizando a cadeia como normal. Porém, analisando as representações das moléculas de 2-metilbutano e 2,2-dimetilpropano, é possível perceber quê há mais de duas extremidades livres.

Note quê a presença de ramificações na cadeia não altera a fórmula geral dos alcanos.

Propriedades físico-químicas dos alcanos

Os alcanos são compostos de baixa densidade (entre 0,55 g/cm3 e 0,8 g/cm3) e insolúveis em á gua. A maioria encontra-se no estado gasoso à pressão de 1 atm e à tempera-túra de 25 °C. Em geral, suas tempera-túras de fusão e de ebulição aumentam progressivamente com o aumento do tamãnho da cadeia carbônica, por causa da intensificação gradual das interações intermoleculares do tipo dipolo instantâneo-dipolo induzido.

Temperaturas de ebulição de alguns alcanos

Alcano

Fórmula

Massa molar

Temperatura de ebulição

Metano

CH4

16 g/mol

−161,5 °C

Etano

CH3CH3

30 g/mol

−88,6 °C

Propano

CH3CH2CH3

44 g/mol

−42,1 °C

Butano

CH3CH2CH2CH3

58 g/mol

−0,5 °C

Pentano

CH3CH2CH2CH2CH3

72 g/mol

36,1 °C

Hexano

CH3CH2CH2CH2CH2CH3

86 g/mol

68,7 °C

Fonte: LIDE, Daví R. (ed.). Physical constants ÓF organic compounds. In: LIDE, Daví R. (ed.). CRC Handbook ÓF chemistry ênd physics. 89th ed. Boca Raton: CRC Préss, 2009. p. 3-72, 3-232, 3-282, 3-326, 3-414, 3-440. E-book. Tradução nossa.

Página trezentos e treze

Para quê aconteça mudança de estado físico, é necessário quê as interações intermoleculares sêjam rompidas com o fornecimento de energia na forma de calor. Conforme o tamãnho da cadeia carbônica aumenta, a superfícíe de contato entre as moléculas também aumenta, possibilitando interações intermoleculares mais intensas. Ou seja, quanto maior for a cadeia (e consequentemente a massa molar), mais energia será necessário fornecer para quê essas interações sêjam rompidas.

Nomenclatura dos alcanos

Atualmente, é empregado um conjunto de regras definidas pela IUPAC para identificar as substâncias orgânicas. Por meio dessas regras, forma-se a nomenclatura sistemática das substâncias, apesar de existirem outras nomenclaturas comuns presentes na linguagem científica e aceitas pela IUPAC.

De acôr-do com as regras estabelecidas pela IUPAC, a nomenclatura das substâncias orgânicas é constituída de três partes.

Prefixo + infixo + sufixo

O prefixo indica o número de hátomus de carbono presentes na molécula, conforme indicado a seguir.

Átomos de C

Prefixo

Átomos de C

Prefixo

Átomos de C

Prefixo

1

met-

8

oct-

15

pentadec-

2

et-

9

non-

16

hexadec-

3

prop-

10

dec-

17

heptadec-

4

but-

11

undec-

18

octadec-

5

pent-

12

dodec-

19

nonadec-

6

hex-

13

tridec-

20

eicos-

7

hept-

14

tetradec-

21

henicos-

O infixo indica o tipo de ligação presente entre os hátomus de carbono, conforme indicado a seguir.

Tipo de ligação química

Infixo

Apenas ligações simples

-an-

Uma ligação dupla

-en-

Uma ligação tripla

-in-

Uma ligação dupla e uma ligação tripla

-enin-

Duas ligações duplas

-dien-

Duas ligações triplas

-diin-

E o sufixo indica a função OR GÂNICA à qual pertence a substância. Para o caso dos hidrocarbonetos, o sufixo é sempre o mesmo: -o.

Página trezentos e quatorze

Com base nessas premissas, o primeiro passo para saber a nomenclatura de um alcano é determinar sua cadeia carbônica principal, quê é a maior sequência possível de hátomus de carbono. No caso de alcanos ramificados, as ramificações não fazem parte da cadeia principal e devem sêr identificadas na nomenclatura da substância em relação à quantidade e à posição na molécula.

Para identificar a posição das ramificações, os carbonos da cadeia principal são numerados de modo quê se obtenha os menóres números inteiros para as ramificações.

Note quê, no 2-metilbutano, a cadeia carbônica principal foi numerada da esquerda para a direita, e a ramificação encontra-se no carbono 2. Caso a numeração fosse feita no sentido ôpôsto, a ramificação estaria no carbono 3, o quê não é correto de acôr-do com a IUPAC.

Imagem de fórmula estrutural simplificada do 2-metilbutano. Os carbonos um e 4 estão nas extremidades e os carbonos dois e 3, entre elas. Do carbono dois sai uma ramificação.

Para o 2,2-dimetilpropano, há duas ramificações no carbono 2. Nesse caso, não faz diferença numerar a cadeia carbônica principal começando da esquerda ou da direita.

Imagem de fórmula estrutural simplificada do 2,2-dimetilpropano. A cadeia principal é composta pelos carbonos um, dois e 3, e do carbono dois saem duas ramificações.

As ramificações – também chamadas de grupos substituintes, pois substituem um átomo de hidrogênio da cadeia principal – recebem nomes específicos relacionados ao número de hátomus de carbono, conforme representado a seguir.

Nomenclatura de ramificações mais comuns

Quantidade de hátomus de carbono

Fórmula estrutural

Nome da ramificação

1

CH3

Metil

2

CH3 CH2

Etil

3

CH3 CH2 CH2

Propil

Imagem de fórmula estrutural de ramificação composta por um C H fazendo duas ligações simples, cada uma com um grupo C Híndice 3.

Isopropil

4

CH3 CH2 CH2 CH2

Butil

Imagem de fórmula estrutural de ramificação composta pela cadeia C Híndice 3 C Híndice 2 C H C Híndice 3. O ponto de início da ramificação se liga a C H.

Sec-butil

Imagem de fórmula estrutural de ramificação composta por um átomo de carbono fazendo 3 ligações simples, cada uma com um grupo C Híndice 3.

Terc-butil

Imagem de fórmula estrutural de ramificação composta por uma cadeia com C Híndice 3 C H C Híndice 2, com o C H se ligando a um C Híndice 3. O ponto de início da ramificação se liga a C Híndice 2.

Isobutil

Para identificar a quantidade de ramificações iguais na molécula de uma substância, são utilizados os prefixos di-, tri-, tetra- etc.

Dessa forma, analise as substâncias representadas pelas seguintes fórmulas estruturais.

Imagem de duas fórmulas estruturais. Na primeira, há 5 carbonos na cadeia principal. Eles estão enumerados de um a 5, da esquerda para a direita, na seguinte ordem: Híndice 3C, C H, C Híndice 2, C Híndice 2 e C Híndice 3. Há um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono dois. Na segunda, há 5 carbonos na cadeia principal. Eles estão enumerados de um a 5, da esquerda para a direita, na seguinte ordem: Híndice 3C, C Híndice 2, C H, C Híndice 2 e C Híndice 3. Há um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono 3.

Página trezentos e quinze

As cadeias carbônicas principais estão devidamente identificadas e numeradas, sêndo formadas por cinco hátomus de carbono. Ambas as estruturas apresentam ramificação, uma no carbono 2, e a outra, no carbono 3. Por fim, são dois hidrocarbonetos quê apresentam apenas ligações simples entre os hátomus de carbono. Com base nesses dados, confira as nomenclaturas indicadas a seguir.

Imagem de duas fórmulas estruturais. Dois-metilpentano: Cadeia principal, da esquerda para a direita: Híndice 3C, C H, C Híndice 2, C Híndice 2, C Híndice 3. Há um grupo C Híndice 3 ligado ao segundo carbono. 3-metilpentano: Cadeia principal, da esquerda para a direita: Híndice 3C, C Híndice 2, C H, C Híndice 2, C Híndice 3. Há um grupo C Híndice 3 ligado ao terceiro carbono.

Note quê no 2-metilpentano, caso a numeração da cadeia principal começasse pela direita, a ramificação estaria localizada no carbono 4, o quê seria incorréto segundo a IUPAC. No caso do 3-metilpentano, não faria diferença começar a numeração pela esquerda ou pela direita.

AlGO A+
Nomenclatura preferencial

Além das regras quê detalham os procedimentos para a determinação dos nomes de qualquer molécula, existem nomenclaturas específicas para algumas delas, quê também são determinadas pela IUPAC. O nome preferencial é aquele escolhido entre as diferentes denominações corretas, quê deve sêr utilizado especialmente em documentos oficiais, como leis e patentes, de modo a uniformizar a nomenclatura de termos e facilitar seu entendimento às pessoas quê não são do meio científico.

ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

êste texto aborda o uso de uma usina de biodigestores em um restaurante na ilha do Combu, em Belém (PA). No processo da biodigestão, ocorre a produção de biogás, quê contém gás metano (CH4), um tipo de alcano.
D’ALMEIDA, Denilson. Economia vêrde: restos de alimentos viram biogás em restaurante da ilha do Combu, polo do turismo gastronômico em Belém. G1, Belém, 5 jun. 2024. Disponível em: https://livro.pw/qlfbg. Acesso em: 8 out. 2024.

Alcenos

Os alcenos são hidrocarbonetos quê diferem dos alcanos pela presença de uma ligação dupla na estrutura da molécula. A presença de uma ligação dupla é chamada de insaturação. Portanto, os alcenos são substâncias insaturadas. São também chamados de olefinas, nome derivado do latim oleum facere, quê significa “fazer ou produzir óleos”.

O alceno mais simples é o eteno, ou etileno, substância formada por moléculas quê apresentam dois hátomus de carbono ligados entre si, cada um ligado a dois hátomus de hidrogênio. Sua fórmula molecular é C2 H4.

Acompanhe duas representações da molécula de eteno.

REFLITA

2 por quê é comum embrulhar frutas ainda verdes em jornais ou outros papéis?

Composição com duas imagens. A. Modelo de molécula representado por esferas. Há duas esferas grandes e pretas ligadas entre si por duas varetas. Cada uma delas se liga a duas esferas menores e brancas. B. Fórmula estrutural da molécula, que é composta por dois átomos de C ligados entre si por uma linha dupla. Cada átomo de C se liga a dois H através de linhas únicas.

Representações de uma molécula de eteno. No modelo de esferas e varetas, as esferas pretas representam o carbono, e as brancas, o hidrogênio (imagem sem escala; cores fantasia) (A). Fórmula estrutural da molécula (B).

Página trezentos e dezesseis

Para quê se estabêlêça uma ligação dupla entre os hátomus de carbono, partindo de um alcano similar, são eliminados dois hátomus de hidrogênio no alceno. A fórmula geral dos alcenos está representada a seguir.

CnH2n (n ≥ 2)

Nessa fórmula, n indica também o número de hátomus de carbono.

O eteno (n = 2) tem aplicações variadas, entre as quais se destacam sua ação no amadurecimento de frutas (por sêr produzido naturalmente em plantas, induz o amadurecimento de frutas) e seu uso na obtenção de etanol e na fabricação de polietileno, um plástico comum.

Fotografia de mão com luva pegando uma porção de pellets, que são grãos plásticos.

Pellets de polietileno são aquecidos e colocados em móldes para os mais variados usos na indústria de plásticos.

Propriedades físico-químicas dos alcenos

É possível generalizar algumas propriedades físico-químicas dos alcanos para os alcenos. Por exemplo, as tempera-túras de fusão e de ebulição também aumentam com o aumento da cadeia carbônica.

Tanto os alcanos quanto os alcenos são substâncias apolares, o quê os torna insolúveis em á gua, mas solúveis em solventes orgânicos apolares. No entanto, a presença da ligação dupla nos alcenos confere uma ligeira diferença de polaridade em comparação com os alcanos, especialmente em substâncias mais compléksas, o quê póde afetar minimamente a solubilidade e a reatividade.

Em geral, as tempera-túras de fusão e de ebulição dos alcenos são ligeiramente mais baixas do quê as dos alcanos com massas moleculares semelhantes. Isso ocorre porque as interações intermoleculares nos alcenos tendem a sêr um pouco mais fracas por causa da insaturação, quê afeta negativamente a superfícíe de contato entre as moléculas.

A principal diferença entre alcanos e alcenos é a reatividade. Os alcanos apresentam baixa reatividade e são suscetíveis principalmente a reações de combustão e substituição. Já os alcenos são mais reativos e participam de uma variedade de reações de adição (como hidrogenação, halogenação, hidratação), em quê a insaturação é rompida para a adição de novos hátomus por ligações simples.

Nomenclatura dos alcenos

A nomenclatura dos alcenos, assim como a dos alcanos, é formada por um prefixo, quê indica o número de hátomus de carbono; por um infixo, quê indica a presença de ligações duplas; e pelo sufixo -o, característico dos hidrocarbonetos.

A diferença na nomenclatura deles é quê, nos alcenos, a identificação da cadeia principal deve sempre considerar a presença da insaturação na molécula, e a numeração deve iniciar pelo lado mais próximo da ligação dupla.

Acompanhe, a seguir, quatro estruturas de moléculas de alcenos com três e com quatro hátomus de carbono.

Imagem com fórmula estrutural simplificada de 4 moléculas. A. Cadeia principal com 3 carbonos, havendo uma ligação dupla entre o primeiro e o segundo. B. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação dupla entre o primeiro e o segundo. C. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação dupla entre o segundo e o terceiro. Os carbonos 3 e 4 estão em planos diferentes dos carbonos dois e 3. D. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação dupla entre o segundo e o terceiro. O carbono um está em um plano diferente dos carbonos dois e 3, que estão em um plano diferente do carbono 4.

Página trezentos e dezessete

Como nomear esses alcenos com base nas regras de nomenclatura estabelecidas?

A figura A representa uma molécula com três hátomus de carbono, portanto o prefixo utilizado será prop-. A presença de uma ligação dupla indica quê o infixo será -en-. Por sêr um hidrocarboneto, o sufixo será -o. Logo, o nome do compôzto será propeno.

Na figura B, a numeração da cadeia carbônica inicia-se da direita para a esquerda. Nesse caso, a posição da ligação dupla deve sêr indicada no nome da substância. Portanto, seguindo as regras de nomenclatura, o nome será but-1-eno.

As figuras C e D são representações diferentes do but-2-eno. No entanto, são substâncias distintas, por isso é necessário indicar essa diferença nos nomes. Enquanto na figura C os carbonos 1 e 4 encontram-se do mesmo lado da ligação dupla, na figura D, eles estão localizados em lados opostos. Nesses casos, usam-se os prefixos cis- e trans- para diferenciá-las (no Tema sobre isômería, essa nomenclatura será retomada). Portanto, a nomenclatura delas será cis-but-2-eno e trans-but-2-eno.

Alcinos

Os alcinos são hidrocarbonetos insaturados alifáticos (de cadeia linear e aberta) quê apresentam uma ligação tripla.

O alcino mais simples é o etino, ou acetileno, substância formada por moléculas quê contêm dois hátomus de carbono, cada um ligado a um átomo de hidrogênio. Sua fórmula molecular é C2 H2.

Composição com duas imagens. A. Fórmula estrutural da molécula, que é composta por dois átomos de C ligados entre si por uma linha tripla. Cada átomo de C se liga a um átomo de H através de uma linha única. B. Modelo de molécula representado por esferas. Há duas esferas grandes e pretas ligadas entre si por 3 varetas. Cada uma delas se liga a uma esfera menor e branca.

Representações da molécula de etino.Fórmula estrutural da molécula (A).
Representação segundo o modelo de esferas e varetas, na qual as esferas pretas representam o carbono, e as brancas, o hidrogênio (imagem sem escala; cores fantasia) (B).

Nos alcinos, para formár a ligação tripla entre os hátomus de carbono, é necessário eliminar quatro hátomus de hidrogênio do alcano equivalente, resultando na seguinte fórmula geral.

Cn H2n − 2 (n ≥ 2)

Nessa fórmula, n indica também o número de hátomus de carbono.

O etino (n = 2) é amplamente utilizado em sóldas para kórti de metais em razão da alta tempera-túra de sua chama, quê póde chegar a 3.000 °C. Na indústria, é usado como matéria-prima na produção de diversas substâncias orgânicas por causa de sua grande reatividade.

Fotografia de mãos com luvas segurando um maçarico para cerrar uma placa de metal.

O etino (acetileno) é usado em sóldas a gás misturado ao gás oxigênio. Por esse motivo, elas são conhecidas como sóldas de oxiacetileno.

REFLITA

3 Você sabe como funciona uma solda a gás?

Página trezentos e dezoito

Propriedades físico-químicas dos alcinos

Semelhante aos alcanos e aos alcenos, os alcinos são substâncias apolares, o quê as torna insolúveis em á gua, mas solúveis em solventes orgânicos apolares. No entanto, a ligação tripla nos alcinos confere a eles uma distribuição de carga eletrônica mais densa ao longo da molécula, o quê póde aumentar ligeiramente sua polaridade em relação aos alcanos e aos alcenos. Ainda assim, essa polaridade é geralmente fraca e não afeta de maneira significativa a solubilidade.

Em comparação aos alcanos e aos alcenos de massa molecular semelhante, os alcinos tendem a ter tempera-túras de fusão e de ebulição mais elevadas. Isso ocorre porque a ligação tripla resulta em uma molécula mais linear e rígida, o quê possibilita uma melhor aproximação das moléculas e, portanto, maiores interações intermoleculares. Ainda assim, os alcinos leves (como o etino) continuam sêndo gases em condições ambientes, tal como os alcanos e os alcenos de cadeia carbônica pequena.

Temperaturas de fusão e de ebulição de alguns alcenos e alcinos

Nome

Fórmula molecular

Temperatura de fusão

Temperatura de ebulição

Eteno

C2H4

−169,2 °C

−103,8 °C

Etino

C2H2

−81,5 °C

−84,7 °C

Propeno

C3H6

−185,3 °C

−47,6 °C

Propino

C3H4

−103,0 °C

−23,2 °C

Fonte: HAYNES, uílhãm M. (ed.). Physical constants ÓF organic compounds. In: HAYNES, uílhãm M. (ed.). CRC Handbook ÓF chemistry ênd physics. 95th ed. Boca Raton: CRC Préss, 2014. p. 3-6, 3-256, 3-466, 3-470. E-book. Tradução nossa.

Os alcinos são ainda mais reativos do quê os alcenos por causa da ligação tripla, permitindo quê os alcinos participem de diversas reações de adição (como halogenação, hidrogenação e hidratação), em quê a tripla ligação póde sêr convertida em ligações duplas ou simples. Além díssu, o átomo de hidrogênio ligado ao carbono terminal da ligação tripla nos alcinos terminais é mais ácido do quê nos alcanos e nos alcenos, o quê possibilita a formação de acetiletos em reações ácido-base.

Nomenclatura dos alcinos

A nomenclatura dos alcinos segue as mesmas regras apresentadas para os alcanos e para os alcenos, com a diferença no infixo -in-.

Acompanhe a nomenclatura de quatro alcinos cujas fórmulas estruturais são apresentadas a seguir.

Imagem com fórmula estrutural simplificada de 4 moléculas. A. Cadeia principal com 3 carbonos, havendo uma ligação tripla entre o segundo e o terceiro. B. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação tripla entre o primeiro e o segundo. C. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação tripla entre o segundo e o terceiro. D. Cadeia principal com 4 carbonos, havendo uma ligação tripla entre o primeiro e o segundo. Há também um carbono 5 ligado ao carbono 3.

A figura A representa uma molécula formada por três hátomus de carbono, portanto o prefixo será prop-. Como só existe uma possibilidade para a ligação tripla, não é necessário indicá-la no nome da substância. Dessa forma, a nomenclatura correta será propino.

Página trezentos e dezenove

A figura B representa uma molécula formada por quatro hátomus de carbono. Portanto, o prefixo será but-. Nesse caso, há mais de uma possibilidade de localização da ligação tripla, logo é necessário indicar sua posição. A numeração da cadeia carbônica deve iniciar pelo lado direito, mais próximo da insaturação. Portanto, a nomenclatura correta será but-1-ino.

A figura C também representa uma molécula com quatro hátomus de carbono. No entanto, nesse caso, a insaturação encontra-se no carbono 2; logo a nomenclatura correta será but-2-ino.

Por fim, a figura D representa uma molécula ramificada. Nesse caso, a cadeia principal é aquela com a maior sequência de hátomus de carbono quê contém a insaturação. Para a nomenclatura da substância, é preciso indicar, além da posição da ligação tripla, a posição da ramificação. A numeração dos hátomus de carbono deve iniciar mais próximo da insaturação, ou seja, da esquerda para a direita, fazendo com quê a ramificação esteja localizada no carbono 3. A nomenclatura correta será, portanto, 3-metilbut-1-ino.

Alcadienos

Os alcadienos são hidrocarbonetos alifáticos e insaturados quê apresentam duas ligações duplas. A fórmula geral dessas substâncias é a mesma dos alcinos.

Cn H2n2 (n ≥ 3)

REFLITA

4 De onde vêm a borracha natural, usada na fabricação de diferentes materiais, como p-neus, tubos, mangueiras, artigos farmacêuticos etc.?

Classificação dos alcadienos

Os alcadienos são classificados com relação à posição das ligações duplas na molécula, podendo sêr acumulados, conjugados ou isolados.

Alcadienos acumulados

Nesse tipo de compôzto, as ligações duplas encontram-se acumuladas, ou seja, são sequenciais no mesmo átomo de carbono. Um exemplo é o propadieno (C3H4), usado como combustível para soldagens especializadas.

Imagem de fórmula estrutural do propadieno. Há 3 carbonos ligados linearmente entre si através de ligações duplas. Os carbonos das extremidades se ligam a dois hidrogênios, cada, através de ligações simples.

Alcadienos conjugados

Nos alcadienos conjugados, as ligações duplas são intercaladas por uma ligação simples. Esse tipo de configuração confere grande estabilidade a essas substâncias. Um exemplo é o buta-1,3-dieno, substância presente no látex, extraído da seringueira e usado na fabricação da borracha natural.

Imagem de fórmula estrutural do buta-1,3-dieno. Na cadeia principal há 4 carbonos, estando os centrais ligados aos carbonos das extremidades, que são grupos C Híndice 2, através de ligações duplas.

Alcadienos isolados

Nesse tipo de substância, as ligações duplas estão separadas por pelo menos duas ligações simples. Um exemplo é o penta-1,4-dieno, substância usada em reações para obtenção de alcanos ramificados.

Imagem de fórmula estrutural do penta-1,4-dieno. Na cadeia principal há 5 carbonos, estando os centrais ligados aos carbonos das extremidades, que são grupos C Híndice 2, através de ligações duplas.

Página trezentos e vinte

Nomenclatura dos alcadienos

As regras de nomenclatura dos alcadienos são as mesmas apresentadas até aqui, com a diferença de quê o infixo deve indicar a presença de duas ligações duplas na estrutura da molécula -dien-.

Composição com duas imagens. A. Fórmula estrutural de molécula com 6 carbonos na cadeia principal, enumerados de um a 6, da direita para a esquerda. Os carbonos um e dois e os carbonos dois e 3 fazem ligações duplas entre si. Ao carbono 5 se ligam dois grupos C Híndice 3, enumerados como 7 e 8. B. Fórmula estrutural de molécula com 4 carbonos na cadeia principal, enumerados de um a 4, da esquerda para a direita. Os carbonos um e dois e os carbonos dois e 3 fazem ligações duplas entre si, e o carbono 4 pertence a um grupo C Híndice 3.

Analisando as fórmulas estruturais das moléculas representadas, na figura A, a cadeia principal tem seis hátomus de carbono e duas ramificações no carbono 5. Dessa forma, o nome dessa substância será

5,5-dimetil-hexadieno.

Na molécula representada na figura B, a cadeia carbônica é formada por quatro hátomus, e não existem ramificações. Nesse caso, o nome da substância será buta-1,2-dieno.

Fotografia de um balde fixado em um tronco de seringueira. Há cortes no tronco, por onde escorrem o látex, que é um líquido branco. Ele é direcionado para o balde.

O látex, extraído de seringueiras (Hevea brasiliênsis), tem alcadienos em sua composição. Gália (SP), 2020.

REFLITA

5 O quê diferencia uma molécula de cadeia aberta de uma molécula de cadeia fechada?

Hidrocarbonetos de cadeia fechada

Até o momento, os hidrocarbonetos de cadeias abertas foram abordados. No entanto, há hidrocarbonetos cujas moléculas são formadas por cadeias de carbono fechadas, constituindo anéis ou ciclos. São os chamados cicloalcanos e os cicloalcenos.

Cicloalcanos e cicloalcenos

Como o nome sugere, os cicloalcanos são hidrocarbonetos saturados, ou seja, formados apenas por ligações simples, cuja cadeia carbônica é fechada em um ciclo. A fórmula geral dêêsse tipo de compôzto está representada a seguir.

Cn H2n (n ≥ 3)

Outro conjunto de hidrocarbonetos de cadeia fechada é o dos cicloalcenos, quê se assemelham aos cicloalcanos com a diferença de quê apresentam uma insaturação na estrutura da molécula. A fórmula geral dessas substâncias está representada a seguir.

Cn H2n2 (n ≥ 3)

Página trezentos e vinte e um

Nomenclatura dos cicloalcanos e dos cicloalcenos

As regras de nomenclatura estabelecidas para os hidrocarbonetos alifáticos valem também para as substâncias de cadeia fechada. Como tanto os cicloalcanos como os cicloalcenos são moléculas cíclicas, faz-se necessário inserir o termo ciclo na frente de seus nomes. A seguir, acompanhe alguns exemplos dessa nomenclatura.

Quantidade de carbonos

Nomenclatura

Cicloalcanos

Cicloalcenos

4

Ciclobutano

Ciclobuteno

5

Ciclopentano

Ciclopenteno

6

Ciclo-hexano

Ciclo-hexeno

Para representar as moléculas cíclicas, pode-se utilizar figuras geométricas, como indicado a seguir. Note quê a estrutura de cada molécula de cicloalcano representada a seguir é formada por um ciclo quê varia em número de hátomus de carbono.

Imagem com fórmulas estruturais de 3 substâncias. Ciclobutano, com 4 carbonos: Fórmula estrutural com 4 grupos C Híndice 2 formando uma cadeia fechada com ligações simples entre si. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um quadrado. Ciclopentano, com 5 carbonos: Fórmula estrutural com 5 grupos C Híndice 2 formando uma cadeia fechada com ligações simples entre si. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um pentágono. Ciclo-hexano, com 6 carbonos: Fórmula estrutural com 6 grupos C Híndice 2 formando uma cadeia fechada com ligações simples entre si. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um hexágono.

A representação dos cicloalcenos também póde utilizar figuras geométricas, sêndo quê a posição da dupla ligação é indicada com um traço na parte de dentro da figura.

Imagem com fórmulas estruturais de 3 substâncias. Ciclobuteno, com 4 carbonos: Fórmula estrutural com dois grupos C Híndice 2 e dois grupos C H formando uma cadeia fechada. Os dois grupos C H fazem uma ligação dupla entre si, e o restante das ligações são simples. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um quadrado com uma linha dupla em um dos lados. Ciclopenteno, com 5 carbonos: Fórmula estrutural com 3 grupos C Híndice 2 e dois grupos C H formando uma cadeia fechada. Os dois grupos C H fazem uma ligação dupla entre si, e o restante das ligações são simples. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um pentágono com uma linha dupla em um dos lados. Ciclo-hexeno, com 5 carbonos: Fórmula estrutural com 4 grupos C Híndice 2 e dois grupos C H formando uma cadeia fechada. Os dois grupos C H fazem uma ligação dupla entre si, e o restante das ligações são simples. Fórmula estrutural simplificada formando a figura de um hexágono com uma linha dupla em um dos lados.

Fotografia de ramos de alecrim floridos.

O óleo essencial extraído do alecrim (Salvia rosmarinus) tem, em sua composição pineno, um cicloalceno.

Página trezentos e vinte e dois

Hidrocarbonetos aromáticos

Os hidrocarbonetos aromáticos são substâncias de cadeia fechada quê apresentam ligações duplas alternadas com ligações simples. O principal hidrocarboneto aromático é o benzeno.

REFLITA

6 Uma substância utilizada no cotidiano póde sêr tóxica?

Benzeno

O benzeno, descoberto por máicou Faraday em 1825, teve um papel importante na história da Química e da indústria. Inicialmente, ele foi isolado como subproduto da produção de gás de iluminação, mas sua estrutura enigmática só foi elucidada em 1865 por Kekulé, quê propôs a conhecida estrutura em anel. Durante o século XIX, o benzeno passou a sêr amplamente utilizado em solventes industriais, em vernizes e em tintas. No entanto, o quê outrora foi considerado inofensivo, mais tarde, revelou-se perigoso, quando se descobriu quê o benzeno é altamente tóxico e carcinogênico, levando à sua restrição em muitos produtos. Curiosamente, apesar dos riscos, foi essencial no desenvolvimento de corantes sintéticos e medicamentos, sêndo uma das substâncias mais estudadas na Química Orgânica.

Com relação à sua estrutura, Kekulé sugeriu quê a substância seria formada por um anel de seis hátomus de carbono, no qual haveria ligações simples e duplas alternadas com um átomo de hidrogênio ligado a cada átomo de carbono. Dessa forma, duas estruturas seriam possíveis para o benzeno.

Imagem de fórmulas estruturais, cada uma representada por um hexágono regular. Em cada um deles há ligações duplas se alternando entre ligações simples. As ligações duplas do hexágono à direita estão em posições opostas às do hexágono à esquerda.

No entanto, estudos posteriores revelaram quê não havia ligações simples e duplas alternadas na estrutura do benzeno, pois todas as ligações entre os carbonos do compôzto seriam equivalentes, ou seja, teriam o mesmo comprimento, quê seria um valor intermediário entre uma ligação simples e uma ligação dupla.

Com base nesses resultados, foi propôsto um novo modelo para a estrutura do benzeno, um híbrido das duas anteriores, indicando quê os elétrons estariam deslocalizados. Esse fenômeno ficou conhecido como ressonância, e a estrutura do benzeno, portanto, seria formada pelo conjunto dêêsses híbridos de ressonância. Assim, uma nova forma de representar a molécula do benzeno foi proposta, de modo a incorporar os híbridos de ressonância.

Imagem de fórmula estrutural representada por um hexágono com um círculo central.

A circunferência interna indica a deslocalização dos elétrons por causa do fenômeno de ressonância. Vale ressaltar que nêm todas as substâncias aromáticas apresentam a estrutura do benzeno na molécula, mas os derivados dele são os mais importantes em termos de aplicação na pesquisa e na indústria.

Página trezentos e vinte e três

AlGO A+
Kekulé e a estrutura do benzeno

Uma grande carga de trabalho na Universidade de Ghent, na Bélgica, onde Kekulé era professor, levou o cientista à exaustão, quê, associada à morte de sua esposa, fez com quê interrompesse suas pesquisas por dois anos. Quando retornou, dedicou-se à resolução do enigma da estrutura do benzeno e à elaboração de um livro de Química Orgânica.

cérto dia, cochilou em frente à lareira e teve um sonho. Leia o trecho de um texto no qual esse sonho é descrito.

Estava sentado escrevendo meu manual, mas o trabalho não progredia; meus pensamentos estavam dispérsos. Virei minha cadeira para a lareira e adormeci. Novamente os hátomus saltavam à minha frente. Desta vez os grupos menóres permaneciam modestamente no fundo. Meu olho mental, aguçado pelas repetidas visões do gênero, discernia estruturas mais amplas de conformação múltipla; longas fileiras às vezes mais estreitamente encaixadas, todas rodando e torcendo-se em movimentos de cobra. Mas veja só! O quê é akilo? Uma das cobras havia agarrado a própria cauda e a forma rodopiava de modo a debochar ante meus olhos. Como se à luz de um relâmpago, despertei; e desta vez, também passei o résto (da noite) tentando estender as consequências da hipótese [...].

CARAMORI, Giovanni Finoto; OLIVEIRA, Kleber TIAGO de. Aromaticidade: evolução histórica do conceito e critérios quantitativos. Química Nova, [s. l.], v. 32, n. 7, p. 1871-1884, 2009. p. 1872-1873. Disponível em: https://livro.pw/tvzgo. Acesso em: 8 out. 2024.

Kekulé, então, propôs quê as substâncias orgânicas poderiam também apresentar moléculas com cadeias fechadas ou anéis e sugeriu quê o benzeno era uma estrutura de seis hátomus de carbono ligados por ligações duplas e simples alternadas.

Composição com duas imagens. A. Caricatura de Kekulé com um anel formado por uma cobra mordendo a própria cauda orbitando sua cabeça. B. Imagem representando 6 átomos de C ligados entre si, formando uma cadeia fechada com ligações duplas alternadas.

Elaborada com base em: KEKULÉ, August. Lehrbuch der organischen chemie. Erlangen: Verlag von Ferdinand Enke, 1866. p. 496.

Caricatura de Kekulé feita com base no sonho narrado pelo cientista (A). Representação do anel benzênico como mostrado no livro didático de Kekulé, Lehrbuch der organischen chemie (“Livro escolar de química orgânica”, em tradução livre) (B) (imagens sem escala; cores fantasia).

O texto “O intrigante do sonho de Kekulé: considerações sobre a história e a natureza da Ciência”, de diêine Raquel Silva de Oliveira, disponível em: https://livro.pw/lomdy (acesso em: 28 set. 2024), contextualiza o quê ficou conhecido como o sonho de Kekulé a respeito da estrutura do benzeno.

Página trezentos e vinte e quatro

Derivados do benzeno

No caso da nomenclatura de derivados do benzeno, ou seja, de moléculas de benzeno quê apresentam uma ramificação, basta nomear a ramificação e acrescentar o sufixo -benzeno. Assim, o mêtílbenzeno (conhecido como tolueno) apresenta uma ramificação metil ligada ao benzeno.

Se houver mais de uma ramificação, a numeração da cadeia deve sêr realizada de modo quê as ramificações fiquem com os menóres números possíveis. Duas ramificações mêtíl, por exemplo, resultam em três possibilidades de posicionamento delas, e as estruturas resultantes são nomeadas como representado a seguir.

Imagem da fórmula estrutural de 3 substâncias. 1,2-dimetilbenzeno: Anel benzênico com um grupo C Híndice 3 nos carbonos um e dois. 1,3-dimetilbenzeno: Anel benzênico com um grupo C Híndice 3 nos carbonos um e 3. 1,4-dimetilbenzeno: Anel benzênico com um grupo C Híndice 3 nos carbonos um e 4.

Moléculas de substâncias aromáticas com dois substituintes também podem sêr nomeadas com base na nomenclatura orto, meta e para. Nela, o termo orto equivale à posição 1,2; o termo meta, à posição 1,3; e o termo para, à posição 1,4. Assim, as substâncias acima podem sêr nomeadas o-dimetilbenzeno, m-dimetilbenzeno e p-dimetilbenzeno. Atualmente, a IUPAC não recomenda essas designações, mas seu uso não foi completamente abandonado ainda.

ATIVIDADES

1. Quais são as substâncias cujas moléculas estão representadas a seguir?

a) Imagem de fórmula estrutural simplificada com quatro carbonos na cadeia principal, com duas ramificações de um carbono nos carbonos dois e 3.

b) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 7 carbonos na cadeia principal.

c) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 5 carbonos na cadeia principal, com duas ramificações de um carbono nos carbonos dois e 4.

2. Nomeie, em seu caderno, os cicloalcanos representados a seguir.

a) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 5 carbonos em cadeia fechada, formando um pentágono.

b) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 5 carbonos, estando 4 deles formando uma cadeia fechada.

c) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 6 carbonos em cadeia fechada, formando de um hexágono.

d) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 8 carbonos em cadeia fechada, formando um octógono.

e) Imagem de fórmula estrutural simplificada com 7 carbonos, estando 6 deles formando uma cadeia fechada.

3. Pesquise em sáites confiáveis alguns alcanos e apresente o nome e a fórmula molecular deles. Indique as principais formas de utilização dessas substâncias.

4. Considere as seguintes substâncias: etano, eteno e etino. Indique as principais diferenças na estrutura molecular delas. Realize uma pesquisa e apresente quais são as principais características de cada uma delas.

5. Os alcinos são altamente inflamáveis, reativos e insolúveis em á gua. Com base na estrutura das moléculas quê os constituem, apresente uma justificativa quê explique essas características.

Página trezentos e vinte e cinco

TEMA
27
Grupos funcionais, funções nitrogenadas e haletos orgânicos

Respostas e comentários dêste Tema estão disponíveis nas Orientações para o professor.

O nitrogênio é um elemento químico fundamental e está presente, por exemplo, na composição dos sêres vivos e na constituição de aminoácidos, moléculas quê formam as proteínas. Ele também póde sêr encontrado em substâncias com aplicações específicas, como no ácido p-aminobenzoico (NH2C6H4COOH), conhecido pela sigla em inglês PABA. Essa substância tem ação antioxidante e capacidade de bloquear os efeitos dos raios ultravioleta, sêndo usada na composição de protetores solares.

Por sua vez, os haletos orgânicos são substâncias formadas pela substituição, em um hidrocarboneto, de um ou mais hátomus de hidrogênio por hátomus de halogênios. Alguns exemplos comuns incluem o clorofórmio (CHC(éli)"3), utilizado como solvente e, em meados do século XIX, como anestésico, e o tetracloreto de carbono (CC(éli)"4), usado principalmente na fabricação de gases para refrigeração e propelentes em aerossóis. Outro exemplo é o cloreto de vinila (C2H3C(éli)"), principal matéria-prima para a produção de pê vê cê, um plástico amplamente utilizado em diversas aplicações industriais e domésticas.

No Tema anterior, foram estudados os hidrocarbonetos, substâncias orgânicas formadas apenas por hátomus de carbono e de hidrogênio. Neste Tema, será abordada a presença de hátomus de outros elemêntos químicos, como o nitrogênio e os halogênios (flúor, cloro, bromo e iodo), o quê aumenta a complexidade das substâncias orgânicas e confere a elas propriedades específicas.

Fotografia de uma mulher passando protetor solar no rosto de uma menina, em uma praia.

O uso de protetor solar é importante para proteger contra os raios ultravioleta do Sol, quê podem sêr bastante prejudiciais e causar câncer de péle, por exemplo.

Página trezentos e vinte e seis

Grupos funcionais

As diferenças na estrutura das moléculas – como a presença ou a ausência de insaturações ou ramificações, de hátomus de elemêntos químicos diferentes ou mesmo de grupos de hátomus – conferem propriedades distintas às substâncias.

Os hátomus ou grupos de hátomus quê se ligam a um carbono de uma molécula OR GÂNICA no lugar de um hidrogênio são chamados de substituintes. Quando incorporados a uma molécula de um hidrocarboneto, os substituintes transformam-na em outra classe de substância e, por isso, são denominados grupos funcionais. Um grupo funcional, portanto, é um átomo ou grupo de hátomus quê, quando presente nas moléculas de uma substância, confere a ela propriedades específicas.

Identificar os grupos funcionais permite agrupar as substâncias de acôr-do com as características das estruturas de suas moléculas, quê, por sua vez, definem as características macroscópicas das substâncias. O conjunto de substâncias cujas moléculas apresentam o mesmo grupo funcional é chamado de função OR GÂNICA.

As funções orgânicas nitrogenadas, nas quais o substituinte principal é o nitrogênio, e os haletos orgânicos, nos quais os hátomus de halogênio conferem as propriedades específicas à substância, serão apresentados nos próximos tópicos.

REFLITA

1 por quê a presença de hátomus de outros elemêntos químicos afeta as propriedades das substâncias? Proponha uma explicação.

Funções nitrogenadas

Os hátomus de nitrogênio são bastante eletronegativos, realizam ligações múltiplas e apresentam um par de elétrons livres.

Por isso, eles podem se ligar a hátomus de carbono de diversas maneiras, formando diferentes funções orgânicas.

As informações a seguir resumem algumas das funções orgânicas nitrogenadas. As notações R, R’ e R’’ representam cadeias carbônicas de tamãnho variável.

Exemplos de funções orgânicas nitrogenadas

Função

Fórmula geral

Função

Fórmula geral

Amina primária

Imagem de fórmula estrutural representando um átomo de N fazendo ligações simples com dois átomos de H e com um radical R. Os dois átomos de H, o átomo de N e as ligações entre eles estão em destaque.

Amina secundária

Imagem de fórmula estrutural representando um átomo N fazendo ligações simples com um H e com dois radicais, R. H, N e a ligação simples entre eles estão em destaque.

Amina terciária

Imagem de fórmula estrutural representando um átomo N fazendo ligações simples com 3 radicais, R. O átomo N está em destaque.

Amida

Imagem de fórmula estrutural representando um C fazendo ligação dupla com um O e ligações simples com um radical R e um grupo N R linha R duas linhas. C, O, N e as ligações entre eles estão em destaque.

Nitrila

R – C N

Imina

R – C NH

REFLITA

2 Você já se perguntou de onde vêm o odor característico de corpos em decomposição?

Página trezentos e vinte e sete

Aminas

As aminas são substâncias orgânicas formadas por uma, duas ou três cadeias carbônicas ligadas a um átomo de nitrogênio (RNH2, RR’NH ou RR’R’’N).

Frequentemente, elas são representadas por meio de suas fórmulas condensadas, com o nome de cada grupo ligado ao nitrogênio escrito d fórma individual, pois, muitas vezes, essa representação é suficiente para identificar a substância. No caso da metilamina, a amina mais simples quê existe, sua fórmula é CH3 NH2, indicando quê um hidrogênio ligado ao nitrogênio foi substituído pelo grupo metila (H3 C—).

As aminas podem sêr classificadas em primárias, secundárias e terciárias, de acôr-do com o número de substituintes ligados ao átomo de nitrogênio: um, dois ou três, respectivamente. Os substituintes R podem sêr iguais ou diferentes. O esquema a seguir resúme essa classificação.

Esquema com as seguintes informações: Aminas primárias: N Híndice 3 menos H com mais radical R: R ligação simples N Híndice 2. Aminas secundárias: N Híndice 3 menos dois H com mais dois radicais R: R ligação simples N H ligação simples R. Aminas terciárias: N Híndice 3 menos 3 H com mais 3 radicais R: N com 3 ligações simples, cada uma ligando com um grupo R.

AlGO A+
As aminas e os maus odores

As substâncias nitrogenadas, como os aminoácidos, quê são moléculas constituintes das proteínas, fazem parte da constituição dos sêres vivos.

Após a morte de um organismo, alguns aminoácidos são decompostos por microrganismos. Nesse processo, são geradas duas substâncias, a cadaverina e a putrescina, cujos nomes, segundo as regras de nomenclatura sistemática da IUPAC, são pentano-1,5-diamina e butano-1,4-diamina, respectivamente. Essas duas substâncias estão associadas ao cheiro de carne pô-dri.

Imagem de fórmulas estruturais simplificadas de duas substâncias: Cadaverina: Híndice 2N seguida de 5 carbonos, com o último ligado a um grupo N Híndice 2. Putrescina: Híndice 2N seguida de 4 carbonos, com o último ligado a um grupo N Híndice 2.

Outra amina associada a maus odores é a trimetilamina, quê se origina da decomposição de peixes.

Composição com duas imagens: A. Ilustração de molécula com um átomo central ligado a 3 átomos, que por sua vez estão ligados cada um a 3 átomos menores. B. Fotografia de diversos peixes mortos flutuando na superfície de um corpo d'água.

Representação tridimensional da molécula de trimetilamina, na qual as esferas pretas representam o carbono, as brancas, o hidrogênio, e a azul, o nitrogênio (imagem sem escala; cores fantasia) (A). Aminas voláteis, como a trimetilamina, têm um cheiro forte e desagradável e são liberadas por peixes em decomposição (B).

Página trezentos e vinte e oito

Nomenclatura das aminas

A nomenclatura das aminas segue as regras estabelecidas pela IUPAC. Para nomeá-las, basta usar o sufixo -amina.

Para as aminas secundárias e terciárias, utiliza-se o prefixo N- antes do nome do substituinte ligado ao átomo de nitrogênio. Essa indicação é importante para especificar quê ele está ligado ao nitrogênio, e não à cadeia principal.

Acompanhe os exemplos a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de duas substâncias: Dois-metilpropanamina: Cadeia principal com 3 carbonos. Há uma ramificação de um carbono se ligando ao segundo. O terceiro se liga a um grupo N Híndice 2. N-metilpropanamina: Cadeia principal com 4 carbonos. Há um grupo N H entre o terceiro e o quarto carbonos.

Outra maneira de nomear as aminas considera cada cadeia carbônica ligada ao nitrogênio como um grupo substituinte. A nomenclatura é construída por meio do nome das cadeias ligadas ao nitrogênio em ordem alfabética (como se fossem as ramificações dos hidrocarbonetos) e do sufixo -amina. Os prefixos di- e tri- podem sêr utilizados quando houver cadeias iguais ligadas ao nitrogênio, permitindo, assim, a simplificação de alguns nomes. É importante mencionar quê essa outra abordagem de nomenclatura não é a recomendada pela IUPAC.

Acompanhe mais alguns exemplos.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de 3 substâncias: N-etil-N-metilbutan-2-amina ou butiletilmetilamina: Cadeia principal com 5 carbonos. Entre o segundo e o terceiro carbonos há um N que se liga a uma ramificação com um carbono. Há outra ramificação com um carbono no terceiro carbono. N,N-dimetilmetanamina ou trietilamina: N ligado a 3 carbonos por ligações simples. N-etil-3-metilbutanamina: Cadeia principal com 6 carbonos. Há uma ramificação com um carbono no segundo carbono. Há um grupo N H entre o quarto e o quinto carbonos.

Vale reforçar quê, apesar de a IUPAC estabelecer regras sistemáticas e padronizadas para a nomenclatura de substâncias orgânicas, muitas nomenclaturas não oficiais, também chamadas de nomes comuns, ainda são amplamente utilizadas. Isso acontece principalmente por razões históricas e práticas. Muitas substâncias foram identificadas antes da criação de um sistema unificado de nomenclatura, por isso o nome comum delas se tornou amplamente aceito e conhecido.

Além díssu, os nomes comuns costumam sêr mais fáceis de se lembrar e de pronunciar, o quê facilita a comunicação em ambientes profissionais, industriais ou mesmo educacionais. Por exemplo, o nome cadaverina é muito mais usado do quê o nome oficial pentano-1,5-diamina. Em muitos casos, a familiaridade e a tradição superam a necessidade de utilizar uma nomenclatura formal.

Por fim, em cértas situações, como no campo farmassêutico ou na indústria, as nomenclaturas comerciais e as marcas registradas também dêsempênham um papel importante, perpetuando o uso de nomes não oficiais.

Amidas

As amidas são substâncias orgânicas cujas moléculas apresentam um grupo amino ligado ao carbono de uma carbonila ( Imagem de fórmula estrutural de um grupo composto por um C com duas ligações simples indicadas e uma ligação dupla com um O.). Esse grupo amino póde, ainda, ter seus hidrogênios substituídos.

As amidas podem sêr representadas pela fórmula condensada do tipo RCONR’R’’, em quê cada grupo R póde sêr uma cadeia carbônica de tamãnho variável ou um átomo de hidrogênio, como representado na estrutura geral a seguir.

Imagem de fórmula estrutural de substância composta por um carbono com ligação simples com um grupo R, ligação dupla com um O e simples com um N. N faz uma ligação simples com um grupo R linha e outra com um grupo R dois linhas.

Página trezentos e vinte e nove

Uma amida muito importante é a penicilina, um antibiótico natural produzido pelo fungo Penicillium chrysogenum (também conhecido como Penicillium notatum), cuja descoberta teve um aspecto acidental. O médico escocês aleksander flêmim (1881-1955) realizava experimentos em seu laboratório com uma colônia de bactérias Staphylococcus Áureus, causadoras de infekições diversas. Após alguns dias de descanso, ele retornou ao laboratório e notou algo diferente. Em uma das placas de Petri (usadas na cultura de bactérias) quê havia guardado, desenvolveu-se um bolor, em volta do qual as bactérias não cresciam.

Imagem de placa de Petri com 3 tipos de manchas. Mancha grande e única: Bolor (fungo Penicillium sp). Manchas arredondadas e separadas: Colônias intactas de Staphylococcus sp. Pontos pequenos e isolados, entre o fungo e as colônias intactas: Colônias de Staphylococcus sp cujo crescimento foi afetado.

Placa de Petri usada por Flemin.

Flemin desconfiou de quê as bactérias estavam sêndo mortas por uma substância secretada pêlos fungos, o quê foi comprovado posteriormente. Flemin atribuiu à substância o nome de penicilina, por causa do nome do fungo quê estudava.

A seguir, são apresentados alguns exemplos de amidas.

Imagem de fórmulas estruturais de 4 substâncias: Metanamida ou formamida: C fazendo ligações simples com um H, com um grupo N Híndice 2 e ligação dupla com um O. Etanamida ou acetamida: Cadeia principal composta por dois carbonos, estando o segundo fazendo ligação dupla com um O e ligação simples com um grupo N Híndice 2. N-etilpropanamida: Cadeia principal composta por 6 carbonos. O quarto carbono faz ligação dupla com um O e entre o quarto e o quinto carbonos há um grupo N H. N,N-dimetiletanamida ou N,N-dimetilacetamida: Cadeia principal composta por 3 carbonos, estando o segundo fazendo ligação dupla com um O e o segundo e o terceiro fazendo ligações simples com um N, que está ligado a uma ramificação com um carbono.

Nomenclatura das amidas

As regras de nomenclatura das amidas são similares às aplicadas às aminas. No caso das amidas, a cadeia principal sempre será, independentemente de seu tamãnho, a quê estiver ligada ao átomo de oxigênio. Nomeia-se essa cadeia pelas regras gerais estudadas até aqui e então coloca-se o sufixo -amida.

Caso o átomo de nitrogênio do grupo amida apresente grupos substituintes, estes também devem sêr nomeados. Os nomes dos substituintes obedecem às regras gerais já estudadas e são colocados, em ordem alfabética, antes do nome da cadeia principal. O prefixo N- também é utilizado para indicar quê um substituinte está ligado ao nitrogênio, e não à cadeia principal.

As amidas também podem sêr cíclicas e, nesses casos, recebem o nome de lactamas. Essa classe de substância tem diversas aplicações na indústria.

Imagem de fórmulas estruturais simplificadas de duas substâncias: Caprolactama: Cadeia fechada com 6 carbonos e um N H. Um dos carbonos adjacentes ao grupo N H faz ligação dupla com um O. Pentano-5-lactama: Cadeia fechada com 5 carbonos e um N H. Um dos carbonos adjacentes ao grupo N H faz ligação dupla com um O.

Página trezentos e trinta

Haletos orgânicos

Além dos hátomus de hidrogênio, oxigênio e nitrogênio, outros elemêntos químicos podem se ligar a cadeias carbônicas, constituindo substâncias com diferentes propriedades e aplicações. Os hátomus do grupo 17 da tabéla periódica, por exemplo, chamados de halogênios, podem formár substâncias orgânicas denominadas haletos orgânicos, cuja fórmula geral é R — X (X = halogênios).

Os haletos orgânicos não são comuns na natureza, mas podem ocorrer em raros casos. Nos sêres humanos, por exemplo, os hormônios T3 e T4, essenciais para o contrôle do metabolismo, apresentam hátomus de iôdo em sua estrutura.

A nomenclatura dos haletos orgânicos deve indicar a localização e o nome do grupo no início do nome da substância, seja um hidrocarboneto ou outras funções orgânicas (como as quê serão estudadas no próximo Tema). Caso haja mais de um grupo na mesma posição, utilizam-se os prefixos diou tri- para indicar a quantidade.

Os prefixos utilizados para indicar a presença dos halogênios na estrutura da molécula são fluoro- (–F), cloro- (–C(éli)"), bromo- (–Br) e iodo- (–I).

Com base nessas regras de nomenclatura, os nomes dos haletos orgânicos podem sêr determinados, como exemplificado a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de 8 substâncias: Dois-cloropentano: Cadeia principal com cinco carbonos. O segundo carbono, da direita para a esquerda, está ligado a um átomo de Cloro (Cl). Ácido trifluoroacético ou ácido trifluoroetanoico: Carbono central ligado a três flúors (F) e a um carbono com dupla ligação com oxigênio e ligação simples com grupo O H. 7-bromo-5-fluorohept-1-en-4-ona: Cadeia principal com sete carbonos, com uma ligação dupla entre os carbonos um e dois, da direita para a esquerda. Há um bromo (Br) no carbono 7, um flúor (F) no carbono 5 e uma dupla ligação com um O no carbono 4. Diclorometano: Carbono central ligado a dois Cl e dois H. Clorofórmio ou triclorometano: Carbono central ligado a 3 Cl e um H. Tetrafluoreteno: Molécula com dois carbonos ligados por dupla ligação, cada um ligado a dois F. Cloroeteno: Molécula com dois carbonos ligados por dupla ligação, sendo um deles ligado a um Cl e a um H e o outro a dois H. 6 vírgula 6 linha-dibromoíndigo: Molécula com dois anéis aromáticos condensados a dois anéis com grupos C dupla O e N H ligados entre si por uma ligação dupla entre dois carbonos. Cada anel aromático tem um Br ligado ao carbono 6. Cada grupo C dupla O está oposto a um N H, formando dois sistemas simétricos.

REFLITA

3 Você sabe o quê são os cê éfe cês e como eles afetam a camada de ozônio?

ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

A principal substância presente no côrante natural púrpura tíria é o 6,6'-dibromoíndigo, extremamente valioso quando não se conheciam corantes sintéticos de cor similar. O texto a seguir conta um pouco sobre a história dêêsse haleto orgânico.
GORVETT, Zaria. Púrpura tíria: o antigo pigmento desaparecido quê valia mais quê ouro.
BBC Future, 17 dez. 2023. Disponível em: https://livro.pw/iunto. Acesso em: 2 maio 2025.

Página trezentos e trinta e um

AlGO A+
Iodo e tireoide

A tireoide é uma glândula endócrina responsável pela secreção dos hormônios tireóideos. Ela é muito importante para o organismo, pois produz os hormônios tri-iodotironina (T3) e tetraiodotiroxina (T4), ou simplesmente tiroxina, fundamentais para a manutenção de um corpo saudável.

O hipotireoidismo (a falta dêêsses hormônios) provoca a diminuição do ritmo metabólico, enquanto o hipertireoidismo (o excésso deles) acelera o metabolismo. Essas anomalias desencadeiam uma série de problemas de saúde.

O equilíbrio na produção dêêsses hormônios é regulado por outro hormônio, o TSH, sigla em inglês para hormônio estimulante da tireoide, também conhecido como tireotropina. A diminuição de T3 e T4 eleva a produção de TSH, enquanto o aumento de T3 e T4 diminui essa produção.

Esse equilíbrio está associado ao consumo de iôdo, por meio de dietas balanceadas. A carência de iôdo provoca quêda na produção de T3 e T4, fazendo com que a tireoide cresça, originando o bócio nodular.

Recomenda-se o consumo diário de 200 microgramas de iôdo para prevenir o mau funcionamento da tireoide. Por isso, há uma lei federal quê torna a adição de iôdo ao sal de cuzinha obrigatória desde 1974.

Fotografia de uma travessa com mexilhões.

Muitos alimentos também são fontes naturais de iôdo. Entre os quê têm maior concentração dêêsse elemento estão alguns peixes marinhos e frutos do mar, como o mexilhão.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de duas substâncias: Tri-iodotironina (T3): Dois anéis aromáticos ligados entre si por um O. Ligada ao segundo anel aromático há uma cadeia com três carbonos, onde o segundo carbono está ligado a um grupo N Híndice 2 e o terceiro a um grupo C O O H. O primeiro anel possui dois átomos de iodo, um grupo O H e um grupo C Híndice 3. O segundo anel possui duas ramificações com um átomo de I. Tiroxina (T4): Estrutura semelhante à da T3, agora com mais um átomo de I ligado ao primeiro anel aromático.

ATIVIDADES

1. Apresente a principal diferença estrutural entre as aminas e as amidas.

2. Pesquise os tipos de penicilina quê existem. Escolha três e apresente, em seu caderno, suas fórmulas moleculares e aplicações. Para cada representação, destaque o grupo funcional característico das penicilinas.

3. A ureia é uma substância usada na fabricação de fertilizantes. Sua molécula apresenta a fórmula CH4N2O e as seguintes configurações.

O átomo de carbono apresenta uma insaturação e duas ligações simples.

O átomo de oxigênio apresenta uma ligação dupla.

Cada átomo de nitrogênio apresenta três ligações simples.

Os hátomus de hidrogênio apresentam apenas ligações simples.

Átomos iguais não se ligam.

Com base nessas informações, proponha no seu caderno uma representação para a estrutura da molécula da ureia.

4. Procure por imagens de moléculas de aminas, amidas e haletos orgânicos na internet e analise as estruturas delas; depois, avalie-as em função das ligações presentes nelas. Registre suas pesquisas e avaliações em uma fô-lha avulsa e entregue-a ao professor.

5. Pesquise a respeito dos clorofluorcarbonetos e represente as moléculas dos principais cê éfe cês. Em seguida, indique o quê essas moléculas têm em comum.

Página trezentos e trinta e dois

TEMA
28
Funções oxigenadas

Respostas e comentários dêste Tema estão disponíveis nas Orientações para o professor.

Diversas substâncias encontradas no dia a dia podem sêr classificadas como funções orgânicas oxigenadas. Presentes nos aromas de flores e frutas, em produtos de limpeza e em combustíveis, essas substâncias dêsempênham papéis essenciais no cotidiano. Muitas vezes, sem perceber, as pessoas interagem com elas ao cozinhar, usar cosméticos ou ao realizar atividades ao ar livre.

O etanol, por exemplo, encontrado em bebidas alcoólicas e usado como biocombustível, é uma substância amplamente conhecida. Outro exemplo é o ácido acético, quê está presente no vinagre e é utilizado na culinária. Também pode-se mencionar o metanol, usado como solvente e combustível, e o éter dietílico, quê já foi utilizado como anestésico em procedimentos médicos. Essas substâncias têm em comum a presença de hátomus de oxigênio em suas moléculas.

êste Tema abordará como essas funções oxigenadas são formadas e como as estruturas de suas moléculas influenciam as propriedades das substâncias. Com base nesse conhecimento, será possível compreender melhor a Ciência por trás de muitos materiais quê fazem parte do cotidiano.

Fotografia de um homem utilizando trajes protetores enquanto segura uma estrutura com favo de mel e abelhas.

Para interagir umas com as outras, as abelhas utilizam uma série de substâncias, chamadas feromônios, quê pertencem à classe da função oxigenada.

As principais funções oxigenadas

O oxigênio precisa fazer duas ligações químicas para atingir a estabilidade de acôr-do com a regra do octeto. Dessa forma, ele póde estar presente nas moléculas orgânicas das seguintes formas: em ligação dupla com um único átomo de carbono; ligado a dois hátomus de carbono, como heteroátomo da cadeia principal; ligado a um carbono e a outro elemento químico, como o hidrogênio; ou uma combinação de mais de uma dessas opções. É importante lembrar quê o átomo de oxigênio apresenta dois pares de elétrons não emparelhados.

As substâncias orgânicas cujas moléculas apresentam o elemento oxigênio, além de carbono e hidrogênio, são chamadas de substâncias orgânicas oxigenadas.

REFLITA

1 O quê póde acontecer com a polaridade de uma molécula se ela tiver um átomo de oxigênio?

Página trezentos e trinta e três

Álcoois

A palavra áucôl é comum no dia a dia. Fala-se de áucôl principalmente para indicar o etanol combustível, material quê contém uma pequena quantidade de á gua e de outras substâncias químicas. O termo também é usado para se referir às bebidas alcoólicas e aos diferentes tipos de áucôl utilizados em limpeza e desinfequição. Em todos os casos, o termo áucôl indica a presença de uma substância: o etanol, ou áucôl etílico.

O etanol faz parte de um grupo de substâncias orgânicas denominadas álcoois, cujas moléculas apresentam o grupo funcional hidroxila (– OH) ligado a um átomo de carbono saturado. Eles podem sêr representados pela fórmula geral R – OH, em quê o grupo R é uma cadeia carbônica.

Fotografia de um caminhão com 3 carrocerias carregando canas-de-açúcar.

Caminhão carregado de cana-de-açúcar recém-colhida a caminho de usina produtora de açúcar e etanol. Laranjeiras (SE), 2024.

Além do etanol, outros exemplos são o metanol, usado como combustível de carro de corrida, o propan-2-ol (ou isopropanol), usado na limpeza de materiais vítreos, como lentes de óculos e telas de eletrônicos, e o propan-1,2,3-triol (ou glicerol), usado na fabricação de sabonêtis quê agem como hidratantes de péle.

Acompanhe a seguir as representações das estruturas de suas moléculas.

Imagem com as fórmulas estruturais de 3 substâncias: Metanol: Híndice 3C ligação simples O H. Propan-2-ol: Carbono fazendo ligação simples com um O H e com dois H. Propan-1,2,3-triol: Cadeia principal com 3 carbonos, cada um ligado a um grupo O H por ligação simples.

O grupo hidroxila confere às moléculas uma polaridade considerável, especialmente se o número de hátomus de carbono presente for pequeno ou o número de hidroxilas for relativamente grande, como no caso do glicerol.

O metanol e o etanol, embora tênham estruturas semelhantes, produzem efeitos bem distintos no organismo. A toxicidade do metanol é consideravelmente maior, pois ele é metabolizado em ácido fórmico, uma substância quê póde ligar-se d fórma permanente a certos receptores, levando ao risco de cegueira.

Ilustração representando uma molécula cuja cadeia principal é composta por uma esfera vermelha e uma preta, estando a preta ligada a 3 esferas brancas e a vermelha a uma esfera branca.

Representação tridimensional da molécula de metanol, na qual a esféra preta representa o carbono; as esféras brancas, o hidrogênio; e a esfera vermelha, o oxigênio (imagem sem escala; cores-fantasia).

ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

O texto a seguir apresenta dados sobre a produção de etanol e de biodiesel no país.
CAMPOS JÚNIOR, Geraldo. Produção de etanol e de biodiesel volta a crescer e bate récorde.
Poder360, [s. l.], 13 jul. 2024. Disponível em: https://livro.pw/qvwvm. Acesso em: 14 out. 2024.

Página trezentos e trinta e quatro

Nomenclatura dos álcoois

A nomenclatura dos álcoois, assim como a dos hidrocarbonetos e a das substâncias nitrogenadas, segue as regras de nomenclatura estabelecidas pela IUPAC. Na formação dos nomes dos álcoois, primeiramente, determina-se o número de carbonos da cadeia principal, para definir o prefixo (met-/et-/prop-, por exemplo). Em seguida, adicionam-se os infixos relativos à saturação da cadeia carbônica (-an-/-en-/-in-). Por fim, adiciona-se -ol, quê é o sufixo característico para o grupo funcional dos álcoois.

Nas moléculas contendo um átomo de carbono ou dois hátomus dêêsse elemento, não há possibilidade de variação na posição da hidroxila. No entanto, quando há três hátomus de carbono ou mais, o grupo hidroxila póde estar ligado a hátomus de carbono em diferentes posições, formando mais de um tipo de áucôl. Para dar nome a essas substâncias, é preciso informar as posições nas quais o grupo funcional está ligado, em relação ao restante da molécula, de uma forma não ambígua. Para isso, numeram-se sequencialmente os carbonos da cadeia, de modo a obtêr o menor número possível para o carbono ao qual o grupo funcional está ligado. Acompanhe os exemplos de dois álcoois com a mesma fórmula molecular, apresentando 3 hátomus de carbono em cada um.

Imagem com fórmula estrutural de duas substâncias: Propan-1-ol: Híndice 3C C Híndice 2 C Híndice 2, enumerados como um, dois e 3, da direita para a esquerda. O carbono um se liga a um grupo O H. Propan-1-ol: Híndice 3C C H C Híndice 3, enumerados como um, dois e 3, da direita para a esquerda. O carbono dois se liga a um grupo O H.

Note quê, diferentemente do propan-1-ol, no caso do propan-2-ol, não importa de quê lado a numeração vai sêr iniciada, uma vez quê ambas as extremidades estão à mesma distância do grupo funcional. Quando há mais de uma hidroxila, todos os números localizadores devem sêr informados, separados por vírgula.

Caso um áucôl apresente uma ligação dupla em sua estrutura, também é preciso indicar sua posição, como nos exemplos a seguir. Neles, a numeração sequencial também parte do carbono ao qual o grupo funcional está ligado.

Imagem com fórmula estrutural simplificada de 3 substâncias: But-2-en-1-ol: Cadeia principal com 4 carbonos, enumerados de um a 4, da direita para a esquerda. O carbono um se liga a um grupo O H e há uma ligação dupla entre os carbonos dois e 3. But-3-en-1-ol: Semelhante à descrita anteriormente, agora com a ligação dupla deslocada para entre os carbonos 3 e 4. But-3-en-2-ol: Semelhante à descrita anteriormente, agora com o grupo O H ligado ao carbono dois.

Enóis

Diferentemente dos álcoois, os enóis são substâncias orgânicas cujas moléculas apresentam uma hidroxila (– OH) ligada a um átomo de carbono quê faz ligação dupla com outro átomo de carbono.

Os enóis podem sêr representados pela estrutura geral mostrada a seguir, em quê os grupos R, R’e R’’ podem sêr hátomus de hidrogênio ou cadeias carbônicas de tamãnho variável.

Imagem da fórmula estrutural simplificada do Enol. Na cadeia principal há dois carbonos ligados por dupla ligação. Um deles se liga aos radicais R e R linha e o outro a um radical R duas linhas e a um grupo O H.

Página trezentos e trinta e cinco

Os enóis são pouco estáveis e se apresentam em equilíbrio com as formas aldeídicas e cetônicas equivalentes (funções abordadas mais adiante). A conversão entre uma forma e outra ocorre pelo deslocamento do hidrogênio da hidroxila para o átomo de carbono quê faz ligação dupla com o átomo de carbono ligado à hidroxila. Esse fenômeno é denominado táutômería. Acompanhe a representação dêêsse processo a seguir.

Imagem representando a conversão. A primeira molécula tem dois carbonos na cadeia principal, ligados por dupla ligação. Um deles se liga aos radicais R e R linha e o outro a um radical R duas linhas e a um grupo O H. A segunda molécula tem dois carbonos na cadeia principal, ligados por uma ligação simples. Um deles se liga aos radicais R, R linha e H. O outro se liga a um radical R duas linhas e faz ligação dupla com um O. Uma seta dupla indica que as duas moléculas podem se converter uma na outra.

Se R’’ for um átomo de hidrogênio, o enol entrará em equilíbrio com um aldeído, e o equilíbrio estabelecido é conhecido como aldo-enólico. Porém, se R’’ for uma cadeia carbônica, o enol entrará em equilíbrio com uma cetona, e será estabelecido um equilíbrio ceto-enólico. Nesses equilíbrios, o enol, em razão de sua instabilidade, está presente em menor proporção. A representação de uma seta diréta maior do quê a invérsa traduz isso, como mostrado nos exemplos a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais representando a conversão entre dois pares de substâncias: Enol e Aldeído: O enol é composto por uma cadeia principal com dois carbonos. Um deles se liga a um grupo O H e o outro a um H. O carbono pertence a um grupo Híndice 2C.  Setas indicam que o H do O H vai para o grupo Híndice 2C e que uma das ligações da ligação dupla entre os carbonos vai para a ligação entre um deles e o grupo O H. Forma-se, então, um aldeído, que é composto por um carbono que faz ligação simples com um Híndice 3C e um H e ligação dupla com um O. Enol e Cetona: O enol é composto por uma cadeia principal com 3 carbonos. O central se liga a um grupo O H, faz ligação simples com um Híndice 3C e ligação dupla com C Híndice 2.  Setas indicam que o H do O H vai para o grupo Híndice 2C e que uma das ligações da ligação dupla entre os carbonos vai para a ligação o carbono central e o grupo O H. Forma-se, então, uma cetona, que é composta por um carbono que faz ligação simples com dois Híndice 3C e ligação dupla com um O.

Nomenclatura dos enóis

O nome dos enóis é dado exatamente da mesma forma quê o dos álcoois. Como sempre, há uma ligação dupla. Deve-se indicá-la (com o infixo -en-) e numerar sua posição (a partir do carbono ligado à hidroxila), utilizando o mesmo sufixo -ol, conforme feito para os álcoois. Acompanhe um exemplo.

Imagem de fórmula estrutural do prop-1-en-1-ol. Há dois carbonos fazendo ligação dupla entre si. Um deles se liga a um grupo Híndice 3C e a um H. O outro se liga a um O H e a um H.

Fenóis

Os fenóis são substâncias orgânicas cujas moléculas apresentam uma hidroxila (–OH) ou mais ligada a um anel aromático. Os fenóis podem sêr representados pela fórmula básica Ar– OH, em quê Ar é um radical arila, como um fenil (C6H5–).

O fenol mais simples é o hidroxibenzeno, também conhecido como fenol comum ou benzenol, quê tem fórmula molecular C6 H5 OH. Acompanhe a representação a seguir.

As ligações químicas nos anéis aromáticos conferem propriedades características a essas estruturas e, consequentemente, às substâncias aromáticas. Entre essas propriedades está o fato de os fenóis serem levemente ácidos, ao contrário dos álcoois, quê têm acidez praticamente nula.

Imagem de fórmula estrutural do hidroxibenzeno. Ele é composto por um anel aromático com um grupo O H ligado a um dos carbonos.

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Acompanhe a seguir as representações das estruturas das moléculas de dois fenóis, a fenolftaleína, indicador de pH, e o bisfenol-A, utilizado para a fabricação de plásticos.

Imagem com fórmulas estruturais de duas substâncias: Fenolftaleína: Estrutura com três anéis aromáticos ligados a um carbono. Dois desses anéis possuem um grupo O H ligados diretamente a eles. O carbono central está ligado a um grupo O, que se liga a um carbono que está ligado a um oxigênio por ligação dupla e a um dos anéis aromáticos por ligação simples, formando uma cadeia fechada adjacente a um dos anéis. Bisfenol-A: Estrutura composta por dois anéis aromáticos, cada um com um O H. Os dois anéis estão ligados a um mesmo carbono central, que está ligado a outros dois carbonos.

Fotografia de embalagens plásticas transparentes.

Nos últimos anos, a preocupação com a composição de plásticos em embalagens de alimentos cresceu devido à comprovação dos danos causados pelo bisfenol-A.

Nomenclatura dos fenóis

Para nomear a função OR GÂNICA fenol, a IUPAC recomenda quê a substância fenol seja considerada um derivado do benzeno. Assim, o prefixo hidroxi- se refere à hidroxila (OH), e os demais ligantes ao anel benzênico são considerados substituintes. Considere os exemplos a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais de duas substâncias: 2-metil-hidroxibenzeno: Anel aromático com um grupo O H ligado ao carbono um e um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono dois. 3-metil-hidroxibenzeno: Anel aromático com um grupo O H ligado ao carbono um e um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono 3.

Note quê o carbono ligado à hidroxila é numerado como 1, e o carbono ligado a outro grupo recebe a menor numeração possível em relação ao carbono do grupo – OH.

Entretanto, a IUPAC também permite o uso do nome comum fenol. Nesse caso, as substâncias derivadas do fenol seguem uma nomenclatura baseada nele, conforme indicado a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais de 3 substâncias: 2-metil-hidroxibenzeno ou 2-metilfenol: Anel aromático com um grupo O H no carbono um e um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono dois. 3-metil-hidroxibenzeno ou 3-metilfenol: Anel aromático com um grupo O H ligado ao carbono um e um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono 3. 4-metil-hidroxibenzeno ou 4-metilfenol: Anel aromático com um grupo O H ligado ao carbono um e um grupo C Híndice 3 ligado ao carbono 4.

ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

O seguinte texto discute a relação entre o consumo de alimentos ricos em polifenóis e a atividade física.
FURLAN, Aline da Silva; RODRIGUES, Lovaine. Consumo de polifenóis e sua associação com conhecimento nutricional e atividade física.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte, [São Paulo], v. 22, n. 6, p. 461-464, nov./dez. 2016. Disponível em: https://livro.pw/xhudj. Acesso em: 14 out. 2024.

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Éteres

A palavra éter foi, por muito tempo, utilizada com uma conotação mística, sêndo passada dos alquimistas para os químicos como um nome para representar um tipo de substância ou de energia quê preenche o espaço ao redor das pessoas. Com o avanço da Ciência, várias teorias e vários modelos foram desenvolvidos para explicar o comportamento do ar, das radiações e de outros fenômenos, até quê o termo éter passou a sêr utilizado apenas para designar um grupo de substâncias orgânicas.

O primeiro éter recebeu esse nome, em 1729, do químico alemão August Sigmúm Frobenius (c. 1700-1741). Ele obteve a substância com propriedades singulares destilando preparados de plantas e a chamou de espírito de vinho etéreo. No artigo em quê apresenta a substância, foram descritas várias de suas propriedades, entre as quais sua volatilidade e inflamabilidade.

Atualmente, o grupo funcional éter é caracterizado pela presença de um átomo de oxigênio ligado a dois hátomus de carbono, ou seja, um átomo de oxigênio no meio da cadeia carbônica, na forma de heteroátomo.

Os éteres podem sêr representados pela fórmula básica R – O – R’, em quê R e R’ são cadeias carbônicas de tamãnho variável (iguais ou não).

Eles podem ocorrer na forma acíclica ou cíclica e apresentar aromaticidade, como o furano. Os éteres menóres são solventes com polaridade intermediária, o quê lhes confere a capacidade de se misturarem a substâncias polares e apolares – porém, com miscibilidade variável em cada caso.

Acompanhe a seguir a representação do éter metoximetano.

Imagem da fórmula estrutural do metoximetano. Ele é composto por um O fazendo ligações simples com dois grupos C Híndice 3.

Gravura representando um inalador antigo.

LYMAN, ênrri. Clover's inhaler for ether ênd nitrous oxide. In: LYMAN, ênrri. Artificial anaesthesia ênd anaesthetics. London: Sampson Low, Marston, Searle & Rivington, 1882. p. 41.

Representação do inalador de Clover para éter e óxido nitroso usado em anestesias. O éter identificado por Frobenius foi utilizado a partir de meados do século XIX como anestésico.

Nomenclatura dos éteres

Para éteres formados por duas cadeias carbônicas diferentes (R e R’), a regra geral consiste em, primeiramente, definir qual das duas é a maior ou a mais compléksa. Essa cadeia deve sêr nomeada sem considerar o átomo de oxigênio.

A cadeia menor ou a mais simples, chamada de grupo alcoxila, é nomeada seguindo as regras de nomenclatura de hidrocarbonetos, porém é acrescentado o sufixo -oxi ao nome. Quando esse grupo é derivado de um alcano, basta utilizar o prefixo indicativo do número de carbonos (met-, et-, prop- etc.) somado a -oxi. Caso seja derivado de um alceno ou alcino, ao prefixo indicativo do número de carbonos é acrescentado -eniloxi e -iniloxi, respectivamente.

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O nome da substância é feito pela junção do nome do grupo alcoxila com o da outra cadeia, sem separação por hífên. Quando a cadeia principal tiver mais de uma posição em quê o grupo alcoxila possa se ligar, essa localização deve sêr indicada antes do nome do grupo alcoxila.

Acompanhe a seguir alguns exemplos.

Nomenclatura de alguns éteres

Estrutura do éter

Cadeia mais simples (alcóxi)

Nome da cadeia mais simples

Cadeia principal

Nome da cadeia principal

Nome do éter

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3.

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3. O trecho Híndice 3C O está circulado em vermelho.

Metóxi

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3. O grupo C Híndice 3 está circulado em vermelho.

Etano

Metoxietano

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla.

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla. O trecho fora do anel aromático está circulado em vermelho.

Etenilóxi

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla. O anel aromático está circulado em vermelho.

Benzeno

Eteniloxibenzeno

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro.

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro. O primeiro carbono e o oxigênio estão circulados em vermelho.

Metóxi

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro. O segundo, o terceiro e o quarto carbonos e a ramificação do terceiro carbono estão circulados em vermelho.

2-metilpropano

1-metóxi-2-metilpropano

Como se póde notar, quando uma das cadeias apresenta ramificações ou insaturações, os nomes ficam mais compléksos. Por isso, há outro modo de os éteres serem nomeados, quê não segue as regras da IUPAC, mas é bastante utilizado e consiste em considerar ambas as cadeias como substituintes. Nesse caso, utilizam-se seus nomes aos quais é acrescentada a palavra éter.

Acompanhe a seguir os mesmos exemplos apresentados antes, mas agora com nomenclatura não oficial.

Estrutura do éter

Substituinte

Nome alternativo da cadeia mais simples

Substituinte

Nome alternativo da cadeia principal

Nome do éter

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3.

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3. O trecho Híndice 3C O está circulado em vermelho.

Metil

Imagem da fórmula estrutural do seguinte composto: Híndice 3C O C Híndice 2 C Híndice 3. O grupo C Híndice 3 está circulado em vermelho.

Etil

Etil mêtíl éter

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla.

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla. O trecho fora do anel aromático está circulado em vermelho.

Etenil

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um anel aromático com um dos carbonos se ligando a um O, que se liga a uma cadeia com dois carbonos que se ligam entre si por ligação dupla. O anel aromático está circulado em vermelho.

Fenil

Etenil fenil éter

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro.

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro. O primeiro carbono e o oxigênio estão circulados em vermelho.

Metil

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, havendo um O entre o primeiro e o segundo carbonos e uma ramificação com um carbono ligado ao terceiro. O segundo, o terceiro e o quarto carbonos e a ramificação do terceiro carbono estão circulados em vermelho.

metilpropil

Metil 2-metilpropil éter

Nomenclatura não oficial de alguns éteres

Nesses casos, os nomes dos substituintes seguem a ordem alfabética. Para éteres formados por duas cadeias iguais, pode-se utilizar o prefixo dimais o nome do substituinte, seguido pela palavra éter.

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Aldeídos e cetonas

Nessas classes de substância, o grupo funcional é formado por uma carbonila (Imagem de fórmula estrutural de um grupo composto por um C com duas ligações simples livres e uma ligação dupla com um O., um átomo de oxigênio ligado a um átomo de carbono por uma ligação dupla.

O quê diferencia, porém, um aldeído de uma cetona é a localização da carbonila na cadeia carbônica. Nos aldeídos, o grupo funcional está localizado sempre em carbonos primários (ou seja, carbonos quê se ligam a somente outro átomo de carbono), apresentando a estrutura básica R – CHO, em quê o grupo R póde sêr um átomo de hidrogênio ou cadeias carbônicas de tamãnho variável. Já as cetonas apresentam a carbonila localizada em carbonos secundários (ou seja, carbonos quê se ligam a dois outros hátomus de carbono), cuja estrutura básica é R – CO – R’, em quê os grupos R e R’ podem sêr cadeias carbônicas de tamãnho variável (iguais ou diferentes).

Acompanhe a seguir as fórmulas estruturais gerais de aldeídos e cetonas.

Imagem da fórmula estrutural de dois compostos: Aldeído: C fazendo ligação dupla com um oxigênio e ligações simples com um radical R e um H. Cetona: C fazendo ligação dupla com um oxigênio e ligações simples com um radical R e um radical R linha.

Os aldeídos e as cetonas apresentam estruturas parecidas e, portanto, têm propriedades semelhantes. A presença de um hidrogênio ligado à carbonila, no entanto, torna o grupo funcional dos aldeídos mais reativo do quê o das cetonas.

Nomenclatura dos aldeídos e das cetonas

Tanto os aldeídos como as cetonas podem sêr nomeados seguindo-se as regras básicas para os hidrocarbonetos, com as mesmas especificidades dos álcoois, alterando apenas os sufixos utilizados. Para os aldeídos, o sufixo adotado é -al (início da palavra aldeído), e, para as cetonas, usa-se o sufixo -ona (fim da palavra cetona).

No caso das cetonas, deve-se indicar a posição da carbonila na cadeia carbônica, especialmente quando há mais de uma possível. A seguir, acompanhe a nomenclatura, estrutura e usos de algumas dessas substâncias.

Metanal (formol)

Apesar de não sêr sua principal aplicação, o formol é conhecido por sua capacidade de conservar tecídos animais, por isso é utilizado em embalsamentos.

Composição com duas imagens. Há a fotografia de uma cobra morta imersa em um líquido dentro de um frasco. Ao lado, a fórmula estrutural simplificada do seguinte composto: Carbono fazendo ligação dupla com um oxigênio e ligações simples com dois H.

Butano-2,3-diona

Tem odor e sabor característicos de manteiga, por isso é incorporada na produção de margarinas.

Composição com duas imagens. Há a fotografia de uma faca dentro de um pote de manteiga. Ao lado, a fórmula estrutural simplificada do seguinte composto: Cadeia principal com 4 carbonos, estando o segundo e o terceiro fazendo ligações duplas com um oxigênio, cada.

Página trezentos e quarenta

Ácidos carboxílicos

A função ácido carboxílico é caracterizada pelo grupo funcional denominado carboxila (–COOH), quê é formado pela ligação de uma hidroxila a uma carbonila. Acompanhe a fórmula estrutural geral dos ácidos carboxílicos, em quê R póde sêr um átomo de hidrogênio ou uma cadeia carbônica de tamãnho variável.

Esquema 'Estrutura geral de ácidos carboxílicos'. Está demonstrado o ácido carboxílico, que é composto por um carbono que faz ligação dupla com um oxigênio e ligações simples com um grupo O H e com um radical R.

A presença da carboxila torna as moléculas dos ácidos carboxílicos bastante polares, e o aumento da densidade de carga negativa, em razão da presença dos hátomus de oxigênio, torna a ligação entre o oxigênio e o hidrogênio da hidroxila mais enfraquecida e o átomo de hidrogênio mais ionizável. Logo, os ácidos carboxílicos se dissociam em meio aquoso, de acôr-do com o equilíbrio químico representado a seguir.

RCOOH(aq) + H2O((éli)") → RCOO (aq) + H3O+ (aq)

Apesar díssu, os ácidos carboxílicos são considerados ácidos fracos quando comparados com ácidos inorgânicos, como ácido clorídrico, ácido nítrico e ácido sulfúrico. Eles podem reagir com bases fortes, formando sais com cátions metálicos, chamados sais de ácidos orgânicos ou sais de ácidos carboxílicos, em reações de neutralização quê podem sêr representadas da seguinte forma:

RCOOH(aq) + NaOH(aq) → RCOONa(aq) + H2O((éli)")

Os ácidos carboxílicos de cadeias longas, não ramificadas e monocarboxílicas, ou seja, com apenas um grupamento carboxila, são chamados ácidos grachos. Essas substâncias podem sêr classificadas em insaturadas (que apresentam insaturação na cadeia carbônica) ou saturadas (que apresentam cadeia carbônica linear e saturada). O ácido oleico (nome comum), presente em azeite de oliva, é exemplo do primeiro, e o ácido láurico (nome comum), presente em óleo de coco, é exemplo do segundo.

Nomenclatura dos ácidos carboxílicos

Antes de havêer uma nomenclatura sistemática, os nomes das substâncias estavam relacionados, principalmente, com sua origem. O ácido metanoico, por exemplo, quando identificado, recebeu o nome de ácido fórmico por sêr encontrado em algumas espécies de formiga quê o utilizam como mecanismo de defesa.

A nomenclatura dos ácidos carboxílicos é relativamente simples, já quê o grupo funcional inclui um dos carbonos terminais da molécula. Para nomeá-los, utiliza-se a palavra ácido seguida do nome do grupo R quê está ligado ao grupo funcional. Por fim, adiciona-se o sufixo -oico.

É importante destacar quê, para realizar a contagem de carbonos, aquele ligado aos hátomus de oxigênio deve sêr considerado.

Para identificar as posições de ramificações, as insaturações e os outros grupos funcionais, contam-se os carbonos a partir daquele ligado aos hátomus de oxigênio.

Fotografia de mão segurando um frasco, vertendo vinagre sobre uma travessa de salada.

O vinagre comercial contém entre 4% e 6% de ácido etanoico (ou ácido acético, o nome comum).

Página trezentos e quarenta e um

A nomenclatura dos sais orgânicos é semelhante à dos sais inorgânicos. Ela é feita pelo nome do ânion seguido do conectivo de e do nome do cátion. Para nomear o ânion orgânico, substitui-se o sufixo -oico do ácido por -ato.

Os nomes de alguns sais formados dos ácidos etanoico e 3-metilbutanoico são apresentados a seguir.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de 4 compostos. Ácido etanoico: Dois carbonos na cadeia principal, estando um deles fazendo ligação dupla com um oxigênio e simples com um grupo O H. Ácido 3-metilbutanoico: 4 carbonos na cadeia principal, estando o primeiro fazendo ligação dupla com um oxigênio e simples com um grupo O H. O terceiro faz ligação simples com outro carbono. Etanoato de potássio: Dois carbonos na cadeia principal, estando um deles fazendo ligação dupla com um oxigênio e simples com um grupo O^-K^+. 3-metilbutanoato de sódio: 4 carbonos na cadeia principal, estando o primeiro fazendo ligação dupla com um oxigênio e simples com um grupo O^-N a^+. O terceiro faz ligação simples com outro carbono.

Ésteres

Outra função OR GÂNICA caracterizada pela presença de dois hátomus de oxigênio é a dos ésteres, substâncias presentes naturalmente em óleos e gorduras, em essências de frutas e flores e nas ceras (de carnaúba e de abelhas, por exemplo). Industrialmente, são empregados na produção de flavorizantes alimentícios (substâncias usadas para dar sabor e aroma), medicamentos, perfumes, cosméticos, biocombustíveis etc.

Eles podem sêr entendidos como derivados de ácidos carboxílicos, resultantes da substituição do hidrogênio da carboxila por uma cadeia carbônica de tamãnho variável. Dessa forma, os ésteres apresentam a fórmula básica R – COO – R’, em quê R póde sêr um átomo de hidrogênio ou uma cadeia carbônica de tamãnho variável, e R’ póde sêr uma cadeia carbônica de tamãnho variável.

Pode-se representar a fórmula estrutural geral dos ésteres da seguinte maneira.

Imagem de fórmula estrutural simplificada com um carbono fazendo ligação dupla com um oxigênio e ligações simples com um radical R e com um oxigênio, que por sua vez faz ligação simples com um radical R linha.

Vale mencionar quê todos os Rs representados até aqui podem sêr substituintes orgânicos (ou seja, cadeias carbônicas ligadas a grupos funcionais). No entanto, nesses casos, passa-se a ter funções orgânicas mistas (por exemplo, em uma mesma molécula, as funções amina e álcool).

Quando os ésteres reagem com substâncias alcalinas em meio aquoso, como o hidróxido de sódio (NaOH), ocorre uma transformação conhecida como hidrólise básica, quê produz um sal orgânico de ácido carboxílico e um áucôl.

A saponificação, nome do processo utilizado para a fabricação de sabões, consiste em uma hidrólise básica de triglicerídios (ésteres com três grandes cadeias carbônicas), produzindo glicerol e sais de ácidos grachos (sais de ácidos carboxílicos com longas cadeias carbônicas, ou seja, sabões).

Fotografia de um sabonete com espuma.

Os sabões são fabricados industrialmente por meio do processo da saponificação.

Página trezentos e quarenta e dois

Nomenclatura dos ésteres

Os nomes dos ésteres são dados por meio da definição dos nomes das duas cadeias carbônicas R e R’. A cadeia R, quê inclui o carbono quê se liga a ambos os hátomus de oxigênio, é considerada a principal.

Para construir seu nome, utiliza-se o sufixo -oato no nome determinado pelas regras de nomenclatura já estudadas. Por exemplo, a cadeia R com um carbono se chama metanoato, já as cadeias R com dois e três carbonos se chamam etanoato e propanoato, respectivamente.

A cadeia R’ recebe o nome comumente utilizado para substituintes, com a adição da letra a ao final. Para compor o nome do éster, utiliza-se ainda a preposição de entre as duas palavras, levando à estrutura final do tipo -oato de -ila. Acompanhe alguns exemplos.

Imagem com fórmulas estruturais de 6 substâncias, com indicação de seus aromas: Acetato de 3-metilbutila (flavorizante de banana e pêra): estrutura com cadeia principal de 6 átomos de carbono. O segundo carbono faz ligação dupla com um oxigênio e ligação simples com outro oxigênio, que também se liga ao terceiro carbono. O quinto carbono se liga a uma ramificação CHíndice 3. Butanoato de metila (flavorizante de maçã e abacaxi): estrutura com cadeia principal de 5 átomos de carbono. O segundo carbono faz ligação dupla com um oxigênio e ligação simples com outro oxigênio, que também se liga ao primeiro carbono. 2-aminobenzoato de metila (componente natural do aroma de algumas uvas): estrutura com anel aromático. Um dos carbonos do anel está ligado a um grupo C O O C Híndice 3. O carbono vizinho está ligado a um grupo NHíndice 2. Acetato de octila (flavorizante de laranja): estrutura com cadeia principal de 10 átomos de carbono. O segundo carbono faz ligação dupla com um oxigênio e ligação simples com outro oxigênio, que também se liga ao terceiro carbono da cadeia. Butanoato de etila (flavorizante de abacaxi): estrutura com cadeia principal de 6 átomos de carbono. O terceiro carbono faz ligação dupla com um oxigênio e ligação simples com outro oxigênio, que também se liga ao segundo carbono da cadeia.

FORMAÇÃO CIDADÃ
Sabões biodegradáveis

Embora os detergentes sêjam eficazes na formação de espuma e na remoção de sujeiras, os sabões apresentam uma vantagem significativa em termos ambientais: eles são menos nocivos, pois são biodegradáveis. Isso ocorre porque são produzidos a partir de óleos e gorduras naturais quê contêm moléculas com cadeias carbônicas lineares. Essas cadeias podem sêr facilmente quêbradas por microrganismos presentes no ambiente, permitindo que os sabões se degradem naturalmente.

Os detergentes, por outro lado, podem sêr tanto biodegradáveis quanto não biodegradáveis, dependendo de sua estrutura química. Os detergentes biodegradáveis são aqueles cujas moléculas possuem longas cadeias carbônicas lineares, com um número par de hátomus de carbono, o quê facilita sua decomposição pelas enzimas de microrganismos aquáticos. No entanto, quando as cadeias são ramificadas ou de estrutura compléksa, os detergentes se tornam resistentes à biodegradação, acumulando-se no ambiente e causando danos ecológicos. Os grandes acúmulos de espuma nos rios, chamados cisnes de detergente, são um exemplo.

O descarte inadequado de alguns produtos, como sabão em pó, detergente e xampu, também contribui para a formação dessas espumas nocivas, quê são intensificadas pela movimentação das águas, como acontece em rios com forte correnteza ou em dias de ventos intensos.

Página trezentos e quarenta e três

Um exemplo recente ocorreu no Rio Tietê, em 2023, quando grandes quantidades de espuma tóxica se formaram por causa do acúmulo de resíduos químicos, prejudicando o éco-sistema local e chamando atenção para a necessidade do descarte consciente e de políticas de contrôle ambiental mais rigorosas.

ATIVIDADES

1. Pesquise leis quê regulam o uso de sabões e detergentes não biodegradáveis no país e apresente-as. Em seu entendimento, essas normas são suficientes para quê os problemas ambientais causados por esses produtos não ocorram mais?

2. Você sabe identificar se um produto é biodegradável? Pesquise, em sáites confiáveis, informações para identificar os detergentes biodegradáveis. Elabore um modo de informar as pessoas sobre sua descoberta, póde sêr um texto curto, uma imagem ou um vídeo, mas lembre-se de incluir nessa elaboração os conhecimentos químicos quê aprendeu.

Fotografia de rio com grande quantidade de espuma. Ao fundo, uma cidade pequena.

Espuma tóxica cobre o Rio Tietê. Salto (SP), 2023.

ATIVIDADES

1. O etanol é produzido de plantas ou raízes, como a cana-de-açúcar, a cevada e o trigo. O etanol é utilizado em muitos países, mas em muitos deles esse áucôl é misturado a outros combustíveis. No caderno, indique as vantagens da adição do etanol em outros combustíveis.

2. Há alguns anos, notícias alarmantes sobre a presença do bisfenol-A (bê p ah) em mamadeiras plásticas deixaram os responsáveis preocupados, causando uma corrida pela troca dêêsse utensílio tão comum nos lares com crianças pequenas. Reportagens afirmavam quê o bê p ah poderia provocar câncer e outras doenças. Posteriormente, pesquisas indicaram quê o alarde parecia exagerado, já quê o bê p ah seria inofensivo nas quantidades presentes nos plásticos utilizados na época. Apesar díssu, a suspeita permaneceu, e a indústria se apressou em produzir mamadeiras com o rótulo contendo a informação de quê o produto era livre de bê p ah. Afinal, essa substância póde ou não causar danos à saúde quando presente em mamadeiras plásticas? Faça uma pesquisa sobre o assunto em sáites confiáveis e escrêeva, no caderno, um pequeno texto resumindo as informações encontradas.

3. Faça uma pesquisa em fontes confiáveis e apresente os principais problemas do uso de formol em tratamentos estéticos para consumidores e profissionais da beleza. Você póde fazer um texto argumentativo, produzir uma imagem, um vídeo ou mesmo uma tirinha de quadrinhos.

4. Os ésteres, substâncias orgânicas comuns na natureza, podem sêr obtidos de uma reação de esterificação entre um ácido carboxílico e um áucôl. Para a indústria de alimentos e de cosméticos, qual é a importânssia de desenvolver novas formas de síntese de ésteres?

5. A fabricação de perfumes depende muito do conhecimento derivado da indústria química. Muitos perfumes de marcas famosas contêm compostos orgânicos específicos, como o decanal (C10H20O). Com base no nome e na fórmula molecular apresentados, indique a quê funções orgânicas essa substância pertence. Pesquise e identifique outras substâncias amplamente utilizadas na fabricação de perfumes.

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TEMA
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isômería

Respostas e comentários dêste Tema estão disponíveis nas Orientações para o professor.

Você já pensou em como as substâncias com a mesma fórmula molecular podem ter comportamentos diferentes? No mundo da Química, isso é mais comum do quê parece. Considere duas moléculas quê parecem idênticas. Elas têm a mesma quantidade e os mesmos tipos de hátomus, mas algo sutil as diferencia, fazendo com quê suas propriedades e até suas aplicações sêjam distintas. Esse fenômeno é chamado de isômería.

A isômería revela um dos aspectos mais intrigantes da Química Molecular, mostrando quê pequenas mudanças na disposição dos hátomus podem gerar grandes variações no comportamento de uma substância. Isso se reflete em muitos processos naturais e em produtos usados no dia a dia, como medicamentos e materiais sintéticos.

Neste Tema, serão abordados os diversos tipos de isômería, considerando a estrutura tridimensional das moléculas e a maneira como os hátomus estão ligados.

REFLITA

1 Com base no quê estudou até agora, sugira uma maneira de distinguir moléculas quê apresentam a mesma fórmula molecular, mas são diferentes.

isômería plana

Por volta do ano de 1820, o químico alemão Justus von Liebig (1803-1873) Minvestigou o fulminato de prata, uma substância explosiva, e determinou sua fórmula molecular (AgCNO). Nessa mesma época, fridichi Wöhler, seu compatriota, estudava outra substância, o cianato de prata, quê tem a mesma fórmula molecular (AgCNO), mas não apresentava comportamento explosivo.

A Ciência da época considerava quê as propriedades de uma substância estavam diretamente ligadas à sua composição química. Portanto, a ideia de quê duas substâncias tão diferentes tivessem a mesma fórmula parecia absurda, levando a crer quê um dos dois cientistas estivesse equivocado.

Foi o químico sueco Jöns Jacob Berzelius quêm ajudou a esclarecer essa questão. Ao analisar os dados de Liebig e Wöhler, assim como de outros cientistas que também haviam obtído resultados intrigantes do mesmo tipo, Berzelius concluiu quê as substâncias com a mesma fórmula molecular poderiam ter estruturas diferentes. Para explicar essa descoberta, ele cunhou o termo isômería, quê em grego significa “mesma composição” (iso) e “partes” (meros).

Assim, a isômería ocorre quando duas ou mais substâncias têm os mesmos hátomus em suas fórmulas, mas eles estão organizados de maneiras distintas. Essas substâncias, chamadas isômeros, apresentam propriedades diferentes justamente por causa dessas variações na disposição dos hátomus, ainda quê suas fórmulas moleculares sêjam idênticas.

A isômería póde sêr dividida em dois grupos principais: a plana e a espacial. Esses tipos de isômería, por sua vez, são divididos em subgrupos.

A isômería plana, também chamada de constitucional, é dividida em cinco classes: isômería de função; isômería de cadeia; isômería de posição; isômería de compensação; e táutômería.

Imagem de caixas e cartelas de remédios.

Na indústria farmacêutica, a existência de isômeros é um fator quê influencía na produção de um medicamento.

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isômería de função

Na isômería de função, as substâncias apresentam a mesma fórmula molecular, mas pertencem a funções orgânicas diferentes.

Para exemplificá-la, analise os isômeros a seguir.

Exemplo de isômeros de função

Substância 1

Substância 2

Fórmula molecular

C2H6O

C2H6O

Fórmula condensada

H3CCH2OH

H3COCH3

Função OR GÂNICA

Álcool

Éter

Nome

Etanol

Dimetil éter

Fórmula estrutural tridimensional (imagens sem escala; cores fantasia).

Ilustração de uma molécula com duas esferas pretas ligadas entre si, estando uma delas ligada a duas esferas brancas e a outra a duas esferas brancas e a uma esfera vermelha, que também se liga a uma esfera branca.

Ilustração de uma molécula com uma esfera vermelha ligada a duas esferas pretas, cada uma ligada a 3 esferas brancas.

As esferas pretas representam hátomus de carbono, as esferas brancas, hátomus de hidrogênio, e as esferas vermelhas, hátomus de oxigênio.

Um dos isômeros é um áucôl, e o outro é um éter. As diferenças estruturais de cada molécula, quê resultam em diferentes interações intermoleculares, conferem propriedades físico-químicas distintas às substâncias.

isômería de cadeia

Na isômería de cadeia, as substâncias têm a mesma fórmula molecular e a mesma função OR GÂNICA, mas apresentam cadeias carbônicas diferentes.

Para exemplificá-la, analise os isômeros a seguir.

Exemplo de isômeros de cadeia

Substância 1

Substância 2

Fórmula molecular

C4H10

C4H10

Fórmula condensada

H3CCH2CH2CH3

H3CCH(CH3)CH3

Função OR GÂNICA

Hidrocarboneto

Hidrocarboneto

Nome

Butano

Metilpropano

Fórmula estrutural tridimensional (imagens sem escala; cores fantasia).

Ilustração de uma molécula com 4 esferas pretas ligadas entre si, linearmente. A primeira e a quarta se ligam a 3 esferas brancas e a segunda e a terceira, a duas.

Ilustração de uma molécula com 4 esferas pretas. Uma delas se liga a uma esfera branca e as outras 3 esferas pretas, que se ligam a 3 esferas brancas, cada.

As esferas pretas representam hátomus de carbono, e as esferas brancas, hátomus de hidrogênio.

Ambos os isômeros são hidrocarbonetos quê diferem em relação à cadeia carbônica. O butano é uma substância de cadeia aberta e normal, enquanto o metilpropano é um hidrocarboneto de cadeia aberta e ramificada. Essas diferenças na cadeia carbônica conferem diferentes propriedades físico-químicas aos isômeros.

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isômería de posição

Na isômería de posição, as substâncias apresentam a mesma fórmula molecular e a mesma função OR GÂNICA, mas diferem na posição em quê o grupo funcional está ligado à cadeia carbônica.

Para exemplificá-la, analise os isômeros a seguir.

Exemplo de isômeros de posição

Substância 1

Substância 2

Fórmula molecular

C3H8O

C3H8O

Fórmula condensada

H3CCH(OH)CH3

H3CCH2CH2OH

Função OR GÂNICA

Álcool

Álcool

Nome

Propan-2-ol

Propan-1-ol

Fórmula estrutural tridimensional (imagens sem escala; cores fantasia).

Ilustração de uma molécula com 3 esferas pretas. Uma delas se liga a uma esfera vermelha, que se liga a uma esfera branca, e às outras duas esferas pretas, que se conectam a 3 esferas brancas, cada.

Ilustração de 3 esferas pretas e uma vermelha ligadas entre si de forma linear. A esfera vermelha se liga a uma esfera branca, a esferas pretas centrais se ligam a duas esferas brancas e a da extremidade, a 3 esferas brancas.

As esferas pretas representam hátomus de carbono, as esferas brancas, hátomus de hidrogênio, e as esferas vermelhas, hátomus de oxigênio.

Ambas as substâncias apresentadas são álcoois. Porém, note quê o propan-1-ol apresenta o grupo funcional ligado a um carbono primário (carbono quê se liga somente a outro átomo de carbono), enquanto no propan-2-ol a hidroxila está ligada a um carbono secundário (carbono quê se liga a dois outros hátomus de carbono).

isômería de compensação

Na isômería de compensação, também chamada de metameria, os isômeros diferem em relação à posição do heteroátomo, ou seja, do átomo diferente de carbono presente na cadeia carbônica. Essa situação póde sêr interpretada como um caso específico de isômería de posição.

Para exemplificá-la, analise os isômeros de fórmula molecular C4 H10 O a seguir.

Exemplo de isômeros de compensação

Substância 1

Substância 2

Fórmula molecular

C4H10O

C4H10O

Fórmula condensada

H3CCH2OCH2CH3

H3COCH2CH2CH3

Função OR GÂNICA

Éter

Éter

Nome

Dietil éter

Metil propil éter

Fórmula estrutural tridimensional (imagens sem escala; cores fantasia).

Ilustração de 4 esferas pretas e uma vermelha ligadas entre si de forma linear. A esfera vermelha está no centro. As esferas pretas das extremidades se ligam a 3 esferas brancas, cada, e as outras, a duas esferas brancas, cada.

Ilustração de 4 esferas pretas e uma vermelha ligadas entre si de forma linear. A esfera vermelha está entre a primeira e a segunda esferas pretas, da esquerda para a direita. As esferas pretas das extremidades se ligam a 3 esferas brancas, cada, e as centrais, a duas esferas brancas.

As esferas pretas representam hátomus de carbono, as esferas brancas, hátomus de hidrogênio, e as esferas vermelhas, hátomus de oxigênio.

Note quê ambas as substâncias são éteres de mesma fórmula molecular. Porém, analisando as fórmulas estruturais tridimensionais, pode-se verificar quê o heteroátomo – átomo de oxigênio – está localizado em posições diferentes em cada molécula.

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táutômería

A táutômería póde sêr considerada um caso particular de isômería de função, na qual os isômeros coexistem em equilíbrio dinâmico. No Tema anterior, foi estudado um exemplo, o equilíbrio entre enóis e cetonas ou entre enóis e aldeídos.

Na táutômería, diferentemente do quê ocorre na isômería de função, as substâncias diferentes existem em equilíbrio.

isômería espacial

Na isômería espacial, a diferença entre os isômeros não está na ligação entre os hátomus, como ocorre na isômería plana, e sim na disposição espacial dêêsses hátomus na estrutura das moléculas.

Há dois tipos de isômería espacial: isômería geométrica e isômería óptica.

REFLITA

2 Como é possível diferenciar um objeto simétrico de um objeto assimétrico?

isômería geométrica

Considere a fórmula estrutural da substância 1,2-dicloroetano representada a seguir.

Imagem representando uma molécula em 3 momentos. Ela é composta por dois carbonos ligados entre si por ligação simples, cada um deles ligados a um Cl e a dois hidrogênios. Nos 3 momentos, o segundo carbono rotaciona de modo que os átomos ligados a ele mudam de posição.

Note quê a ligação simples entre os hátomus de carbono permite a livre rotação da molécula no eixo da ligação. A energia necessária para quê ocorra uma rotação em torno do eixo de uma ligação simples carbono-carbono é relativamente pequena, portanto os carbonos dessas ligações podem rotar livremente, mesmo à tempera-túra ambiente. Nesse caso, as diferentes fórmulas estruturais representam a mesma substância.

Esses arranjos tridimensionais possíveis, quê se convertem um no outro, de modo contínuo e espontâneo, são denominados isômeros conformacionais ou rotâmeros e apresentam energias potenciais diferentes entre si.

Quando há uma ligação dupla entre os hátomus de carbono, no entanto, essa rotação livre no eixo da ligação não é mais permitida. A energia necessária para quê ocorra uma rotação em torno do eixo de uma ligação dupla C ═ C é alta, logo não é possível o intercâmbio entre uma configuração e outra.

Para facilitar a compreensão dêêsse impedimento de rotação causado pela ligação dupla, analise a seguir duas representações da molécula do but-2-eno. Note como a ligação dupla entre os carbonos possibilita dois arranjos possíveis para os grupos mêtíl (– CH3). Essas duas estruturas representadas, uma denominada cis, e a outra, trans, por não poderem sêr convertidas uma na outra de modo espontâneo, constituem substâncias diferentes, com propriedades físico-químicas distintas. Esse é um exemplo de isômería geométrica.

Ilustrações de duas moléculas. Ambas contém dois carbonos na cadeia principal, com o segundo e o terceiro carbono fazendo ligação dupla entre si. Eles também se ligam a um hidrogênio, e os carbonos das extremidades se ligam a 3 hidrogênios, cada. Há um plano horizontal passando pelo meio dos dois carbonos centrais. No cis-but-2-eno, os carbonos das extremidades estão abaixo do plano. No  trans-but-2-eno, o carbono da extremidade direita está acima do plano.

Representação das moléculas de cis-but-2-eno e de trans-but-2-eno, nas quais as esferas pretas representam hátomus de carbono, e as esferas brancas, hátomus de hidrogênio. Os paralelogramos azuis representam planos imaginários quê auxiliam na compreensão da diferença entre os arranjos tridimensionais dos dois isômeros (imagens sem escala; cores fantasia).

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Os termos cis e trans são utilizados como prefixos na nomenclatura de isômeros geométricos quê se diferenciam pela posição de hátomus ou grupos de hátomus em relação a um plano imaginário. Cis vêm do latim e significa “deste lado”. É utilizado quando os hátomus ou os grupos de hátomus iguais se encontram de um mesmo lado do plano. Trans também vêm do latim e significa “através”. É utilizado quando os hátomus ou os grupos de hátomus iguais se encontram em lados opostos do plano.

A isômería cis-trans acíclica é característica dos alcenos ou de seus derivados e ocorre apenas quando cada átomo de carbono está ligado a um átomo de hidrogênio e a um substituinte R.

De forma geral, as diferenças de propriedades físicas, como tempera-túra de ebulição, são pequenas entre esses isômeros, podendo aumentar com a presença de grupos polares.

FORMAÇÃO CIDADÃ
A Química na alimentação saudável

Leia as informações a seguir e responda às atividades.

Gorduras trans

Você já se perguntou o quê realmente são as gorduras trans? Para entender essa quêstão, é preciso saber que as gorduras podem sêr classificadas em dois tipos principais: saturadas, com ligações simples entre os hátomus de carbono, e insaturadas, com uma ligação dupla ou mais entre os carbonos. No caso das gorduras insaturadas, há duas configurações distintas de isômería geométrica: cis e trans.

Quando as gorduras são do tipo cis, as moléculas têm uma forma não linear, o quê facilita sua degradação no organismo. Já as gorduras trans têm uma estrutura linear e rígida, quê as torna mais difíceis de serem processadas pelo corpo e favorece seu acúmulo nos vasos sangüíneos.

De modo geral, quanto maior for o número de insaturações, menor será a superfícíe de contato, e mais fracas serão as interações intermoleculares entre as cadeias, reduzindo assim a chance de acúmulo de gordura nos vasos sangüíneos.

Imagem da fórmula estrutural simplificada de 3 compostos. Todos possuem 18 carbonos na cadeia principal com um grupo carboxílico em uma das extremidades. A gordura cis insaturada possui uma ligação dupla entre os carbonos 9 e 10, de modo que as cadeias adjacentes a cada um desses carbonos estão projetadas para um mesmo plano. A gordura saturada não possui ligações duplas e é espacialmente linear. A gordura trans insaturada possui uma ligação dupla entre os carbonos 9 e 10 e é espacialmente linear.

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Apesar de as gorduras trans serem raras na natureza, elas são amplamente produzidas pela indústria alimentícia para modificar a textura e a durabilidade de alimentos industrializados, como margarinas, biscoitos, salgadinhos e fast foods. O consumo dessas gorduras é bastante associado a problemas de saúde, como o aumento do colesterol ruim (LDL), a redução do colesterol bom (HDL) e o aumento do risco de doenças cardiovasculares e de diabetes.

Por isso, é sempre uma boa prática verificar os rótulos dos alimentos quando for comprá-los. Aqueles quê indicam 0% de gorduras trans e não apresentam o aviso de alto teor de gorduras saturadas podem sêr opções mais saudáveis para o dia a dia.

Imagem com tabela de informação nutricional contendo informações para o valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras saturadas, gorduras trans, gorduras monoinsaturadas, gorduras poliinsaturadas, gorduras totais, colesterol, fibra alimentar e sódio.

Imagem de selo com o escrito 'alto em gordura saturada'.

Desde 2006, os fabricantes precisam especificar na embalagem a quantidade de gordura trans contida nos alimentos, aqueles com alto teor devem conter aviso.

Alimentos orgânicos

[…]

O produtor orgânico se dedica muito para pôdêr entregar produtos com grande valor nutricional e livres de contaminação por agrotóxicos, medicamentos veterinários, transgênicos e tudo mais quê possa pôr em risco a saúde das pessoas, dos animais e do meio ambiente.

Ao adquirir produtos orgânicos, o consumidor leva para casa alimentos saudáveis, cultivados em sistemas produtivos livres de agrotóxicos e materiais sintéticos e contribui para o fortalecimento de um novo modelo de produção agropecuária e agroindustrial, em quê se leva em conta diversas kestões fundamentais à sobrevivência do planêta, como, por exemplo, a manutenção da quantidade e qualidade da á gua e a manutenção da biodiversidade. A sobrevivência e a qualidade de vida das gerações futuras dependem fundamentalmente de nossas práticas produtivas e de nóssos hábitos de consumo.

[…]

BRASIL. Ministério da Saúde. O quê são alimentos orgânicos. Brasília, DF: MS, 26 jan. 2022. Disponível em: https://livro.pw/pnhis. Acesso em: 14 out. 2024.

Fotografia de horta com diversos tipos de hortaliças. Ao redor dela há muita vegetação.

Horta agroecológica de produtos orgânicos em Quatro Barras (PR), 2023.

ATIVIDADES

1. Pesquise quais alimentos contêm gorduras saturadas, insaturadas trans e insaturadas cis.

2. Você sabe o quê é um alimento orgânico? Já comeu algum?

3. Como é possível identificar um alimento orgânico?

4. Pesquise locais de venda de alimentos orgânicos em sua cidade e converse com seus familiares ou responsáveis sobre a possibilidade de substituir os alimentos não orgânicos consumidos em sua residência por alimentos orgânicos, além de evitar comprar alimentos ricos em gorduras saturadas e gorduras trans.

Página trezentos e cinquenta

A isômería cis-trans também ocorre quando a ligação simples entre dois carbonos não póde girar livremente, pois esses carbonos fazem parte de uma cadeia cíclica. Nesse caso, há isômería cis-trans cíclica. Acompanhe um exemplo de um derivado genérico do ciclobutano cujas moléculas estão representadas a seguir.

Imagem da fórmula estrutural simplificada de dois isômeros. Em ambas há uma cadeia fechada com 4 carbonos, estando dois deles ligados a um radical e a um hidrogênio. No isômero cis, os dois radicais R estão no mesmo plano, assim como os hidrogênios. No isômero trans, os radicais R estão em planos diferentes, assim como os hidrogênios.

Analisando as duas representações, nota-se quê a posição das ligações do ciclobutano com os grupos substituintes R em relação aos outros hátomus da molécula não póde sêr alterada, resultando em duas substâncias distintas. Nesse caso também, quando os substituintes R estão do mesmo lado, o isômero é denominado cis; quando estão em lados opostos, o isômero é denominado trans.

isômería E/Z

As regras utilizadas na isômería cis-trans não são suficientes para contemplar casos em quê há mais de um substituinte em pelo menos um dos carbonos da ligação dupla.

Acompanhe o exemplo a seguir.

Imagem da fórmula estrutural simplificada do (E)-2-cloro-but-2-eno. Ele tem 4 carbonos na cadeia principal. Os da extremidade são um grupo C Híndice 3 e os centrais fazem ligação dupla entre si. O carbono da esquerda faz ligação com um Cl e o da direita, com um hidrogênio. Os grupos C Híndice S estão no mesmo plano, assim como Cl e H.

Na molécula representada, cada átomo de carbono da ligação dupla apresenta dois substituintes. Nesse caso, não é possível definir se um isômero apresenta a configuração cis ou trans, pois os substituintes são diferentes. Para isso, uma nova classificação foi estabelecida, utilizando os prefixos E- (do termo em alemão entgegen, quê significa “opostos”) e Z- (do termo em alemão zusammen, quê significa “juntos”).

Para definir qual prefixo será atribuído a cada isômero deve-se identificar os grupos substituintes de maior prioridade. Isso é feito com base nos números atômicos dos hátomus ligados a cada átomo de carbono da ligação dupla. Caso os substituintes com maior número atômico estejam do mesmo lado, é atribuído o prefixo Z- ao isômero. Caso estejam em lados opostos, é atribuído o prefixo E-.

Na representação anterior, para o carbono do lado esquerdo da ligação dupla, os substituintes são o grupo mêtíl e o cloro. Entre eles, define-se como substituinte principal o cloro, pois seu número atômico (Z = 17) é maior do quê o do carbono (Z = 6). No carbono do lado direito da ligação dupla, estão ligados um átomo de hidrogênio e um grupo mêtíl. Nesse caso, o carbono é prioridade em relação ao hidrogênio. Logo, os substituintes com maior número atômico, ou seja, maior prioridade, estão em lados opostos, e o isômero representado é o E.

De maneira análoga, o isômero Z póde sêr representado pela seguinte fórmula estrutural.

Imagem da fórmula estrutural simplificada do (Z)-2-cloro-but-2-eno. Ele é semelhante ao composto descrito anteriormente, mas agora o Cl está no mesmo plano de um dos grupos C Híndice 3, enquanto o H está no mesmo plano do outro grupo C Híndice 3.

Página trezentos e cinquenta e um

isômería óptica

Ao analisar as mãos, pode-se verificar quê uma é a imagem especular da outra. No entanto, as mãos não são simétricas, ou seja, não existe um plano imaginário capaz de dividi-las em duas partes iguais. Além díssu, elas não são sobreponíveis.

Por outro lado, quando é possível existir um plano imaginário quê divída um objeto em duas partes iguais, diz-se quê ele é simétrico.

Infográfico 'Imagens especulares'. Há a ilustração da mão direita de uma pessoa. Ao lado, um espelho, com a imagem especular da mão direita, semelhante à mão esquerda. Ao lado, a mão e seu reflexo estão sobrepostos, e é possível ver que os polegares apontam para direções opostas. Texto: O objeto original (mão direita) e sua imagem especular (mão esquerda) não são sobreponíveis. Há também a ilustração de um frasco de laboratório com simetria radial. Ao lado, um espelho, com a imagem especular do frasco de laboratório, idêntico a ele. Ao lado, o objeto e a imagem sobrepostos. Textos: O objeto original e sua imagem especular são sobreponíveis.

Representação de imagens especulares e plano de simetria (imagens sem escala; cores fantasia).

Esses conceitos de simetria e assimetria podem sêr utilizados para verificar se uma molécula apresenta isômeros ópticos. Se uma molécula for simétrica, ela e sua imagem especular serão sobreponíveis. Caso contrário, elas não serão sobreponíveis.

Considere uma molécula simples, formada por um átomo de carbono e quatro substituintes, e um plano imaginário quê a atravesse, dividindo-a em duas partes, como mostra a representação a seguir.

Imagem representando 4 formas de simetria. Em todas há um carbono central fazendo 4 ligações simples com outros átomos. O primeiro carbono faz ligações simples com 4 átomos diferentes. Texto: Não há plano de simetria. Todos os substituintes são diferentes. O segundo carbono faz ligações simples com dois átomos diferentes e dois iguais. Há um plano de simetria vertical atravessando a molécula, demonstrando que ela é simétrica. Texto: Dois substituintes iguais. O terceiro carbono faz ligações simples com 3 átomos iguais e um diferente. Há um plano de simetria vertical atravessando a molécula, demonstrando que ela é simétrica. Texto: 3 substituintes iguais. O quarto carbono faz ligações simples com 4 átomos iguais. Há um plano de simetria vertical atravessando a molécula, demonstrando que ela é simétrica. Texto: 4 substituintes iguais.

Representação de quatro moléculas simples, formadas por um átomo de carbono (esfera preta) e quatro substituintes genéricos (demais esferas coloridas), e de planos imaginários quê as atravessam (imagens sem escala; cores fantasia).

Note quê, quando os quatro substituintes são diferentes, não há plano de simetria, pois a molécula não é dividida em duas partes iguais. Pode-se concluir, portanto, quê essa molécula não é sobreponível à sua imagem especular e deve apresentar, por isso, isômero óptico.

Os isômeros quê são imagem especular um do outro, mas não são sobreponíveis, são denominados enantiômeros, ou isômeros ópticos.

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Quiralidade

A propriedade quê permite a ocorrência de isômería óptica é a quiralidade do átomo de carbono. Um carbono assimétrico ou quiral apresenta quatro ligantes diferentes entre si. Em representações de moléculas orgânicas, é indicado por meio de um asterisco.

O carbono quiral do ácido 2-hidroxipropanoico (ácido lático) está representado a seguir.

Imagem de fórmula estrutural de uma molécula. A cadeia principal possui a seguinte sequência: Híndice 3C C asterisco C O O H. O carbono C asterisco também se liga a um grupo O H e a um H. Híndice 3C, O, O H e C O O H estão circulados em vermelho.

Note quê o carbono quiral (C*) apresenta quatro ligantes diferentes. Por existir um carbono quiral na estrutura da molécula, existirá um par de enantiômeros quê são imagens especulares um do outro e não são sobreponíveis.

Imagem de fórmula estrutural espacial da molécula descrita anteriormente. Estão demonstradas uma versão onde o grupo Híndice 3C está à esquerda do carbono e o H à direita e uma versão onde o grupo Híndice 3C está à direita do carbono e o H à esquerda.

Representação do ácido 2-hidroxipropanoico e de sua imagem especular.

Propriedade dos enantiômeros

Os isômeros ópticos são substâncias diferentes quê apresentam as mesmas propriedades físico-químicas, não sêndo possível diferenciá-las, por exemplo, por tempera-túra de fusão, ebulição ou densidade. A única propriedade quê diferencia os enantiômeros é a capacidade de desviar o plano de luz polarizada.

Enquanto um isômero óptico desvia a luz polarizada para a direita (sentido horário; usa-se o sinal de positivo entre parênteses), sêndo denominado dextrogiro, o outro a desvia para o lado esquerdo (sentido anti-horário; usa-se o sinal de negativo entre parênteses), denominado levogiro. Esses enantiômeros são classificados como opticamente ativos. A mistura formada por quantidades equimolares de dois isômeros ópticos é chamada de mistura racêmica e não apresenta atividade óptica, sêndo, portanto, opticamente inativa.

Analise as informações de uma possível mistura racêmica de ácido lático.

Imagem representando as moléculas descritas anteriormente e sua composição em uma mistura. Cada molécula compõe 50 por cento de uma mistura racêmica que não é opticamente ativa. Está indicado que a molécula cujo grupo Híndice 3C está à esquerda do carbono é abre parêntese mais fecha parêntese-ácido lático. Texto: Desvia o plano da luz polarizada para a direita. Opticamente ativo. Sobre a molécula cujo grupo Híndice 3C está à direita do carbono: Abre parêntese menos fecha parêntese-ácido lático. Desvia o plano da luz polarizada para a esquerda. Opticamente ativo.

Representação de formação de mistura racêmica de ácido lático (imagem sem escala; cores fantasia).

Página trezentos e cinquenta e três

AlGO A+
A isômería óptica e a atividade biológica

Além de desviar a luz polarizada, os enantiômeros geralmente exibem propriedades biológicas diferentes, interagindo d fórma distinta com as moléculas em organismos vivos, como as enzimas. Isso é particularmente relevante em fármacos quê têm enantiômeros, pois há casos em quê um deles é responsável pelo efeito terapêutico, enquanto o outro póde sêr biologicamente inativo ou, em alguns casos, causar efeitos adversos prejudiciais ao organismo.

Um exemplo notório dêêsse fenômeno ocorreu na década de 1950 com o medicamento talidomida, administrado a mulheres grávidas para aliviar o enjoo matinal. Na época, não se sabia quê apenas um dos enantiômeros da talidomida tinha efeito terapêutico, enquanto o outro era teratogênico, ou seja, causava malformações nos fetos.

Esse episódio destacou a importânssia de compreender as ações individuais de cada enantiômero em fármacos, garantindo quê apenas o isômero com o efeito desejado seja administrado, evitando potenciais danos à saúde.

Fotografia de uma escultura com cadeiras. Em uma delas há uma pessoa com malformações nos membros. A outra está vazia.

STIRNBERG, Bonifatius. [Vítimas da talidomida]. 2012. 2 esculturas, bronze.

As esculturas em memória das vítimas estão expostas em Stolberg (Alemanha).

ATIVIDADES

1. A princípio, a isômería póde parecer um conceito puramente teórico, restrito ao campo da Química. No entanto, para entender melhor sua importânssia prática, faça uma pesquisa na internet usando as palavras-chave: enantiômeros e talidomida.

2. A talidomida é uma substância OR GÂNICA quê foi inicialmente desenvolvida para sêr usada como sedativo e anti-inflamatório. Ela foi administrada a mulheres gestantes, porém a talidomida tem isômeros com diferentes efeitos: a (R)-talidomida tem efeito calmante, enquanto a (S)-talidomida é teratogênica.

a) Faça uma pesquisa sobre efeitos teratogênicos e a história da talidomida. Em seguida, junte-se a um ou dois côlégas para produzir um folheto informativo do assunto, mostrando como o conhecimento científico, em particular em isômería, poderia ter evitado as más-formações ocorridas nas vítimas da talidomida.

b) Com base nas estruturas dos dois isômeros da talidomida, indique qual é o tipo de isômería quê há entre eles.

Imagem contendo duas fórmulas estruturais simplificadas espaciais. Em ambas há um anel aromático ligado a uma cadeia fechada com uma amida terciária. O nitrogênio do grupo se liga a uma cadeia fechada com 5 carbonos e um nitrogênio, que compõe uma amida secundária. Na primeira molécula, a cadeia fechada com 5 carbonos está projetada para frente e é nomeada como R. Na segunda molécula, está projetada para trás e é nomeada como S.

3. Durante a prática intensa de atividade física, o corpo póde produzir ácido lático, quê, em quantidades elevadas, póde causar dores e fadiga muscular. O ácido lático existe em duas formas isoméricas: (+)-ácido lático e o (−)-ácido lático.

a) Qual deve sêr o comportamento de um feixe de luz polarizada ao interagir com cada um dêêsses isômeros?

b) Pesquise por quê a prática de musculação póde levar à formação de ácido lático no organismo.

Página trezentos e cinquenta e quatro

TEMA
30
Polímeros

Respostas e comentários dêste Tema estão disponíveis nas Orientações para o professor.

Você já se perguntou sobre como materiais tão distintos, como plásticos, borrachas e fibras, podem ter algo em comum? Eles fazem parte de um grupo de materiais chamados polímeros, quê estão presentes em muitos objetos do dia a dia, desde os mais simples até os mais compléksos. A descoberta e o desenvolvimento dos polímeros transformaram a ssossiedade moderna, e eles se tornaram essenciais em diversos setores, como na indústria, na medicina e na tecnologia.

Os polímeros são usados em embalagens, roupas, componentes de automóveis e até em dispositivos médicos, mostrando sua versatilidade e importânssia. Eles podem sêr naturais, como a celulose e a borracha, ou sintéticos, como o náilon e o polietileno, encontrados em objetos comuns, como sacolas plásticas e roupas esportivas. Esses materiais são fundamentais para a fabricação de produtos leves, duráveis e de baixo custo.

Ao longo dêste Tema, serão abordados os polímeros e algumas de suas aplicações.

Fotografia de fragmentos de polímeros multicoloridos.

Os polímeros revolucionaram a ssossiedade moderna. Em pouco menos de um século, tornaram-se matéria-prima indispensável para uma série de indústrias e, ao mesmo tempo, um problema ambiental sistêmico.

Unidades constituintes

Na década de 1920, o químico alemão Rérman Staudinger (1881-1965) sugeriu, com base nos postulados apresentados por August Kekulé no século anterior, quê deveria havêer moléculas formadas por milhares de hátomus ligados uns aos outros. Essa hipótese não foi prontamente aceita pela comunidade científica da época. No entanto, com as evidências experimentais obtidas por ele e outros cientistas, comprovou-se quê essas moléculas de fato existiam.

A partir dessa época, desenvolveu-se um ramo de estudo da Química quê hoje é essencial para a ssossiedade: a química das macromoléculas.

Essa classificação compreende grandes estruturas, de alta massa molecular, formada pela repetição de unidades constituintes menóres, de baixa massa molecular. De acôr-do com a IUPAC, essas unidades podem sêr conceituais ou reais.

REFLITA

1 Existe um tamãnho mássimo quê as moléculas podem ter?

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Esquema 'Classificação de unidades constituintes de macromoléculas'. Há quadrados, círculos e triângulos de diferentes cores representando unidades constituintes dentro de um funil triplo. Texto: Unidades constituintes: moléculas individuais presentes em arranjos macromoleculares. O funil separou as unidades em quadrados, triângulos e círculos, cada um com 4 cores. Ao lado estão representadas cadeias com unidades constituintes de mesma forma e cor. Sobre elas, o texto: Unidades reais: moléculas idênticas em uma mesma macromolécula. Representam fielmente as unidades constituintes. Sobre as cadeias formadas por unidades da mesma forma, com cores diversas, o texto: Unidade conceitual: um grupo de moléculas similares, que servem a um conceito definido. Nem sempre são idênticas na mesma macromolécula, embora pertençam ao mesmo grupo.

Representação esquemática de unidades constituintes de macromoléculas (imagem sem escala; cores fantasia).

A definição apresentada neste livro para polímeros é a utilizada pela IUPAC. Apesar díssu, a classificação dos polímeros como substâncias é discutível. Isso porque as moléculas de um polímero não têm uma quantidade fixa de unidades; logo, também não têm massa atômica e fórmula química exatas. Assim, é comum considerar os polímeros como materiais, já quê são formados por misturas de macromoléculas muito parecidas, mas quê diferem em tamãnho.

Assim, pode-se dizêr quê os polímeros são macromoléculas formadas de unidades reais. Já os biopolímeros são macromoléculas formadas de unidades conceituais.

A repetição de unidades reais nas macromoléculas confere aos polímeros propriedades quê se mantêm estáveis, mesmo com algumas variações ou remoções de unidades estruturais. Em outras palavras, a repetição de unidades reais nos polímeros garante quê suas características não sêjam facilmente alteradas por pequenas modificações na estrutura.

Nos biopolímeros, no entanto, a lógica é diferente. Mesmo pequenas alterações nas unidades conceituais, determinadas por sequências específicas, podem interferir em suas funções. Isso ocorre porque o arranjo exato das unidades conceituais define características essenciais para suas funções biológicas.

Materiais poliméricos

Os polímeros não são definidos pelo tamãnho de suas moléculas, já quê ele nem sempre é conhecido. Uma das dificuldades de conhecê-lo está relacionado ao fato de quê o tamãnho da molécula não é constante nos materiais. Dessa forma, para descrever a estrutura de um polímero, é preciso, primeiramente, saber de qual substância ele é formado. Essa substância é chamada de monômero.

O polipropileno, um dos polímeros produzidos em maior quantidade no mundo, é formado de monômeros de propileno (nomenclatura alternativa do propeno) e tem a seguinte estrutura.

Imagem com fórmulas estruturais simplificadas de duas moléculas. A. Há um trecho de uma cadeia principal com 12 carbonos. Eles estão enumerados como um e dois, alternadamente, e aos carbonos de número dois está estão ligadas ramificações com um carbono, todos eles enumerados como 3. B. Cadeia composta por 3 carbonos, um, dois e 3. Os carbonos um e dois se ligam entre si por ligação dupla.

Representação estrutural do polipropileno (A), um polímero formado por monômeros de propileno (B).

REFLITA

2 Se os plásticos são tão necessários, como utilizá-los de modo a minimizar os danos causados ao ambiente?

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A utilização das reticências em ambos os extremos da cadeia polimérica, como a ilustrada anteriormente, indica quê existem outras ligações nesses hátomus, seguindo o padrão apre sentado. Essa representação póde sêr simplificada, como indicado a seguir.

Na representação, n indica quê há uma repetição de n vezes dêêsse monômero.

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um monômero com 4 carbonos na cadeia principal, com um carbono em uma ramificação ligado ao segundo carbono. O monômero está entre colchetes, com o número n subscrito.

Estrutura de materiais poliméricos

Os materiais poliméricos podem ter diferentes estruturas moleculares. Essas estruturas são tão importantes para as propriedades dos materiais quanto os monômeros quê lhes dão origem. Os polímeros mais simples são formados por macromoléculas quê têm monômeros ligados uns aos outros apenas em uma direção, sêndo chamados de lineares.

O exemplo mais simples de polímero linear é o polietileno (PE), cuja estrutura é representada a seguir.

Imagem representando um trecho de um polímero e seu monômero. O trecho contém 10 carbonos, cada um ligado a dois hidrogênios. O monômero possui dois carbonos, cada um ligado a dois hidrogênios. Eles estão entre colchetes com um n subscrito.

As cadeias poliméricas podem sêr ramificadas, como no polipropileno, apresentado anteriormente.

Outras arquiteturas possíveis são os polímeros bidimensionais ou tridimensionais, em quê a própria cadeia cresce em diferentes direções.

Além da variada arquitetura das macromoléculas, sua organização em um material polimérico póde ocorrer de maneiras distintas. A mais simples é um alinhamento paralelo entre as cadeias, quê não cruzam umas com as outras. Já um alinhamento entrelaçado entre as cadeias resulta em polímeros menos flexíveis quando comparados àqueles cujas cadeias têm alinhamento paralelo.

As estruturas entrelaçadas são mantidas pelas interações de der Waals entre as cadeias, quê, além de afetarem a flexibilidade, influenciam outras propriedades, como a viscosidade do polímero no estado líquido.

Além de cadeias poliméricas entrelaçadas, existem polímeros em quê as cadeias se ligam covalentemente, processo denominado vulcanização e utilizado principalmente na produção de borrachas para conferir a elas maior resistência e elasticidade. Esse processo será estudado mais adiante neste Tema.

Nomenclatura dos polímeros

Os polímeros podem sêr nomeados segundo três critérios: o nome tradicional, a denominação com base nos monômeros de origem e a designação de acôr-do com a estrutura da macromolécula. No primeiro caso, utilizam-se os nomes comuns dos monômeros, e não os nomes sistemáticos (por exemplo, vinil, e não etenil). A atribuição dos nomes com base nos monômeros ou na macromolécula segue a regra fundamental de nomenclatura: não póde havêer ambigüidade.

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Todos os nomes começam com o prefixo poli-, quê indica a repetição de várias unidades. Se necessário, o nome após o prefixo é colocado entre parênteses para indicar claramente a unidade repetidora. Muitas vezes, é utilizada apenas a sigla do polímero, derivada da designação tradicional em inglês.

Como os nomes sistemáticos são relativamente complicados, mesmo para os polímeros mais simples, neste livro, serão usados os tradicionais, quê também são os mais empregados.

Nomes de alguns polímeros comuns

Sigla

Nome tradicional

Nome com base na macromolécula

Nome com base nos monômeros

PE

Polietileno

Poli(metileno)

Polieteno

PP

Polipropileno

Poli(1-metiletano-1,2-di-il)

Polipropeno

PS

Poliestireno

Poli(1-feniletano-1,2-di-il)

Poli(etenilbenzeno) ou poli(vinilbenzeno)

pê vê cê

Policloreto de vinila

Poli(1-cloroetano-1,2-di-il)

Poli(cloroeteno)

PVAc

Poliacetato de vinila

Poli(1-acetoxietano-1,2-di-il)

Poli(etanoato de etenila)

PTFE

Politetrafluoretileno

Poli(difluormetileno)

Poli(tetrafluoroeteno)

Fonte: INTERNÉTIONAL UNION OF PURE END APLÁIEDI QUÊMESTRI. Compendium ÓF polymer terminology ênd nomenclature: IUPAC recommendations 2008. quên-brigi: RSC Pãblixim, 2009. p. 260, 405. Tradução nossa.

Propriedades mecânicas dos polímeros

A ampla variedade de polímeros possibilita a disponibilidade de adesivos específicos quê se adéquam a vários materiais diferentes, como papéis, madeiras, tecídos, metais, plásticos e outros polímeros.

A maioria das colas utilizadas é à base de polímeros. Nas colas brancas, a adesão entre duas superfícies ocorre após a evaporação do solvente, a á gua. Nas colas instantâneas, a polimerização dos monômeros acontece quando eles entram em contato com a umidade do ar. As colas epóxi funcionam pela aplicação de duas substâncias, vendidas separada mente, uma contém o monômero, e a outra promove a polimerização. As colas kemtes, por outro lado, são vendidas préviamente polimerizadas, porém são fundidas durante a aplicação e se solidificam em sua nova forma.

Uma das revoluções tecnológicas pela qual a ssossiedade passou no século passado foi a expansão da utilização de móldes para objetos de diversos tamanhos e de várias formas. Assim, muitos objetos e ferramentas quê eram feitos artesanalmente, utilizando-se madeira e metal, passaram a sêr feitos de polímeros, entre os quais os plásticos.

Os plásticos são materiais quê podem sêr moldados por calor ou por compressão. A maioria deles é feita de polímeros sintéticos, embora haja também alguns feitos de substâncias naturais.

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A produção de objetos utilizando plásticos póde sêr feita em escala maior e em tempo menor se comparada aos processos quê não utilizam esse tipo de material, o quê diminui os custos de fabricação. A característica fundamental dos plásticos é a plasticidade.

No entanto, nem todos os plásticos têm alta plasticidade. Muitos só são moldáveis quando fundidos, possibilitando sua distribuição em um mólde.

Quando a natureza do polímero só permite quê ele passe por esse processo uma única vez, ele é classificado como termofixo. Esses materiais se decompõem quando se fundem uma segunda vez. Em contrapartida, aqueles quê podem sêr aquecidos e moldados mais vezes são classificados como termoplásticos.

SOBRE

Em Química, o termo plasticidade se refere à capacidade de um material sólido se deformar irreversivelmente sôbi pressão, sem se romper.

Composição com duas imagens. Na primeira, há uma um molde de garrafa PET aberto, com uma garrafa PET posicionada entre eles. Na segunda, há um monômero. Ele é composto por um carbono que faz dupla ligação com um oxigênio e ligação simples com um carbono que pertence a um anel aromático. O carbono oposto a ele faz parte de um grupo éster, e um dos oxigênios do grupo faz ligação simples e linear com C Híndice 2 C Híndice 2 O.

Na fabricação de garrafas péti, pequenos tubos espessos são colocados em um mólde e preenchidos com ar kemte. No destaque, a fórmula estrutural simplificada do politereftalato de etileno, o polímero conhecido por péti.

Elasticidade

A elasticidade consiste na capacidade de um material sólido se deformar e retornar posteriormente à sua forma inicial. Essa é uma propriedade quê caracteriza muitos materiais conhecidos, em especial os elastômeros, popularmente chamados de borrachas. Esses polímeros são utilizados nos mais diversos objetos, e, muitas vezes, sua presença na constituição de determinado material nem é percebida.

Existem diversos tipos de elastômero. Os primeiros elastômeros desenvolvidos eram de origem natural, sintetizados do látex, extraído de plantas como a seringueira (Hevea brasiliênsis). O látex, por sêr um produto natural, é uma mistura de várias substâncias diferentes e de moléculas quê podem sêr polimerizadas para a produção da borracha.

Já os elastômeros sintéticos geralmente são fabricados de monômeros derivados do petróleo.

Fotografia de Tatiana Webb sobre uma prancha de surfe, em uma onda. Ela usa uma blusa de mangas longas.

O neoprene é um elastômero sintético, utilizado em roupas confeksionadas para esportes, como o surfe. Na imagem, a surfista brasileira Tatiana Webb durante os Jogos Olímpicos de Paris. Teahupo'o (Polinésia Francesa), 2024.

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FORMAÇÃO CIDADÃ
Chico Mendes e a luta pela preservação de seringueiras nativas

No Brasil, o assunto da extração de látex de seringueiras está associado ao nome de Chico Mendes, como ficou conhecido o ativista e ambientalista brasileiro Francisco Alves Mendes Filho (1944-1988), nascido na cidade de Xapuri (AC).

O reconhecimento internacional pelo seu ativismo ambiental, calcado na luta pela preservação das seringueiras nativas, provocou o descontentamento daqueles quê praticavam o desmatamento em busca de maiores lucros.

Fotografia de um rapaz fazendo um corte no tronco de uma seringueira.

A extração do látex é um processo manual, quê deve sêr feito d fórma sustentável.

Chico Mendes foi alfabetizado aos 19 anos. Na década de 1970, começou a ficar conhecido por sua luta em defesa da posse de térra pêlos nativos da região e contra o desmatamento da floresta, quê era a fonte de subsistência de muitos seringueiros da Bacia Amazônica. Foi eleito vereador de Xapuri em 1977, quando passou a receber ameaças de morte. Sua liderança pela preservação da floresta atingiu fama internacional, atraindo a visita de uma comissão da Ônu a Xapuri e levando-o a receber o Prêmio Global 500 da Ônu para iniciativas ambientais.

Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado na casa dele.

Em 2007 foi criado, pela lei número 11.516, de 28 de agosto de 2007, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (í cê ême bíu), uma autarquia em regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, quê intégra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). O instituto tem como principal objetivo elaborar e implementar políticas públicas quê protejam o ambiente e quê promovam o desenvolvimento sustentável, tanto social como economicamente.

Fotografia de uma casa de madeira, pequena. Na frente dela há uma placa com o escrito Casa de Chico Mendes.

A casa de Chico Mendes é um local aberto à visitação. Xapuri (AC), 2022.

ATIVIDADES

1. por quê Chico Mendes recebeu fama internacional ao realizar algo aparentemente tão simples e pontual? Pesquise sobre essa questão em reportagens atuáis.

2. Pesquise sobre o uso do látex da Amazônea na produção de luvas cirúrgicas hipoalergênicas, busque projetos desenvolvidos em universidades a respeito dêêsse tema e escrêeva, no caderno, um pequeno texto resumindo as informações quê encontrou.

3. Pesquise sobre o ciclo da borracha na Amazônea e escrêeva um conto quê explore aspectos históricos e sociais dêêsse processo.

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Vulcanização

Em virtude da vulcanização, muitas borrachas podem sêr consideradas uma única molécula, pois todos os hátomus estão unidos a uma mesma estrutura por ligações covalentes. A vulcanização torna o polímero muito mais estável e resistente, sêndo essencial, por exemplo, se a borracha for utilizada na fabricação de objetos quê serão submetidos a esforços mecânicos e térmicos consideráveis, como os p-neus de automóveis.

Fotografia de um pneu de um carro.

Os p-neus de automóveis precisam resistir ao constante atrito com o asfalto e às altas tempera-túras dêêsse contato e do próprio pavimento. Por isso, a borracha utilizada nesses objetos é vulcanizada.

Normalmente, a vulcanização é realizada pela adição de enxofre às macromoléculas. Na presença de um catalisador, alguns hátomus de hidrogênio dessas macromoléculas são substituídos por hátomus de enxofre. Como os hátomus de enxofre podem fazer duas ligações covalentes, eles fazem ligações entre si, conhecidas por pontes de enxofre ou ligações dissulfeto. Em geral, esses processos são irreversíveis, pois as ligações entre o carbono e o enxofre não se desfazem com facilidade.

Assim, as borrachas são consideradas materiais termofixos, o quê dificulta consideravelmente a reciclagem dêêsses materiais, já quê não podem sêr derretidos e moldados novamente, como acontece com os materiais termoplásticos.

Ilustração representando pontos amarelos com 4 filamentos ligados a cada um deles e os conectando entre si.

Representação de ligações covalentes (pontos amarelos) estabelecidas entre as cadeias poliméricas no processo de vulcanização. A representação mostra as cadeias apenas em duas dimensões, mas o processo químico ocorre d fórma tridimensional (imagem sem escala; cores fantasia).

Copolímeros

As macromoléculas podem sêr formadas por dois ou mais tipos de unidade real quê não fazem parte de um mesmo grupo conceitual. Os materiais formados dêêsse modo são chamados copolímeros.

Acompanhe a seguir uma representação de copolímero alternado. Os símbolos diferentes indicam unidades derivadas de monômeros quê não fazem parte do mesmo grupo conceitual.

Imagem de representando uma sequência onde quadrados azuis e círculos vermelhos se alternam de forma linear.

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Os copolímeros dêêsse tipo têm um padrão claro de repetição; por isso, muitas vezes, eles são tratados como polímeros comuns, nos quais a unidade de repetição é derivada da ligação entre os dois monômeros diferentes.

Um exemplo de copolímero é a borracha de nitrila-butadieno, também chamada de buna-N ou simplesmente nitrila.

Os copolímeros também podem ter mais de duas unidades. Um exemplo é o acrilonitrila-butadieno-estireno, comumente chamado de ABS (sigla originada do nome em inglês, Acrylonitrile-Butadiene-Styrene), produzido de três monômeros. Acompanhe as fórmulas estruturais dos monômeros utilizados na produção de plástico ABS.

Imagem de fórmula estrutural simplificada de 3 compostos. Butadieno: Cadeia principal com 4 carbonos, estando o primeiro e o segundo e o terceiro e o quarto se ligando entre si por dupla ligação. Acrilonitrila: Cadeia principal com dois carbono, estando o primeiro fazendo ligação tripla com um nitrogênio e o segundo e o terceiro fazendo ligação dupla entre si. Estireno: Cadeia principal com 8 carbonos, sendo 6 deles pertencentes a um anel aromático. Ao carbono um, se liga o carbono 7, que faz dupla ligação com o carbono 8.

O plástico ABS tem ampla aplicação na indústria, como na produção de peças de acabamento interno e externo de automóveis, brinquedos, carcaças de eletroeletrônicos (como celulares, telefones e equipamentos de informática) e muitos outros objetos.

Fotografia de peças de montar.

Boa parte dos brinquedos feitos de plástico utilizam o ABS como matéria-prima.

Reações de polimerização

Na produção de polímeros sintéticos, são realizadas reações de polimerização, nas quais as moléculas de monômero se ligam umas às outras, formando as macromoléculas.

Em razão do mecanismo da reação de polimerização, das condições do meio e da presença de catalisadores e de aditivos, as cadeias podem crescer de duas maneiras.

A polimerização em cadeia ocorre quando os monômeros são adicionados um a um à macromolécula. Esse tipo de polimerização é mais comum quando os monômeros se unem por reação de adição (abordada a seguir). Quando ocorre a polimerização em etapas, os monômeros reagem uns com os outros, formando moléculas com pequenos números de unidades, como dímeros, trímeros e tetrâmeros (também chamados de oligômeros). Essas moléculas, por sua vez, reagem entre si, formando blocos cada vez maiores. Esse tipo de crescimento é característico dos monômeros quê reagem por condensação (abordada mais adiante).

REFLITA

3 O crescimento de uma planta tem alguma relação com a polimerização?

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Reações de adição

A reação de adição ocorre quando o monômero tem pelo menos uma ligação dupla ou tripla quê, durante a reação química, torna-se simples ou dupla, respectivamente, disponibilizando um par de elétrons para quê ele possa se unir a outro monômero.

A reação de produção do policloreto de vinila (pê vê cê), plástico muito empregado na fabricação de encanamentos, tubos e utensílios diversos, é de adição. Nela, as moléculas do monômero cloroeteno ou cloreto de vinila reagem umas com as outras. Nesse caso, as ligações duplas são convertidas em ligações simples pela junção a outros monômeros iguais, como representado a seguir.

Imagem representando a fórmula estrutural simplificada de duas moléculas. O cloreto de vinila é n vezes dois carbonos fazendo ligação dupla entre si. Um deles se liga a dois hidrogênios e o outro, a um hidrogênio e a um cloro. A reação é catalisada a 9 a t m de pressão e 60 graus Célsius, e a molécula se converte ao policloreto de vinila. Ele é um monômero que contém dois carbonos que fazem ligação simples entre si, estando um ligado a dois hidrogênios e o outro a um hidrogênio e a um Cl.

Reações de condensação

A reação de condensação resulta na liberação de uma molécula menor, geralmente de á gua.

A maioria dos polímeros de condensação é formada pela reação entre dois monômeros diferentes, e cada um deles tem duas unidades de um dos grupos necessários para iniciar o processo. Nos poliésteres, por exemplo, os grupos hidroxila reagem com os grupos ácido carboxílico, produzindo ésteres e liberando moléculas de á gua. Acompanhe a representação estrutural da reação de produção de um poliéster genérico.

Imagem representando uma equação química com fórmulas estruturais simplificadas. Reagentes: n vezes H O R linha O H. n vezes C O O H R duas linhas C O O H. Produtos: Monômero com cadeia principal O R linha O C R duas linhas C. Os dois C fazem dupla ligação com um oxigênio, cada. 2 vezes n vezes Híndice 2 O.

Nessa reação genérica, pode-se observar quê ambos os grupos R’ e R’’, característicos de cada monômero, são mantidos na estrutura do polímero.

Um exemplo de polímero de condensação é o náilon-6,6, produzido pela polimerização de dois monômeros: o hexano-1,6-diamina e o ácido hexanodioico. Acompanhe a representação da reação de polimerização para formação do náilon-6,6, uma poliamida.

Imagem representando uma equação química com fórmulas estruturais simplificadas. Reagentes: Hexano-1,6-diamina: n vezes Híndice 2N cadeia com 6 grupos metileno N Híndice 2. Ácido hexanodioico: n vezes H O C cadeia com 4 grupos metileno C O H. Os dois C fazem dupla ligação com um oxigênio, cada. Produz: Náilon-6,6: Monômero N cadeia com 6 grupos metileno N C cadeia com 4 grupos metileno C. Os dois C fazem dupla ligação com um oxigênio, cada. n vezes Híndice 2O.

O nome náilon é dado a diversos polímeros de poliamida, e não a um único material. Por isso, foi criada uma nomenclatura específica para eles, quê indica o número de carbonos em cada monômero, ou seja, seis para ambos os monômeros do náilon-6,6.

Fotografia de uma barraca de acampamento montada.

O náilon é utilizado na confekissão de barracas de acampamento.

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Essas reações de polimerização ocorrem em condições de equilíbrio. Na produção industrial, busca-se favorecer a formação do produto para aumentar o rendimento dos processos. Por isso, durante a produção de polímeros de condensação, um procedimento importante é a remoção de subprodutos, como a á gua. Quando essas substâncias são retiradas do sistema, o equilíbrio químico é deslocado para favorecer a polimerização, aumentando o rendimento do processo.

ATIVIDADES

1. Com base no esquema a seguir, indique, no caderno, o tipo de macromolécula formado em (1), (2) e (3).

Esquema representando 3 unidades conceituais, formadas por um quadrado, um triângulo e um círculo, e 12 unidades reais, que são 4 quadrados, 4 triângulos e 4 círculos, cada um nas cores vermelho, verde, azul e amarelo. Um. Há 3 cadeias: uma contém 5 triângulos vermelhos, outra contém 5 quadrados azuis e outra, 5 círculos amarelos. Dois. Há 3 cadeias: uma contém 8 triângulos alternados entre azul e amarelo, outra contém 8 quadrados alternados entre vermelho, verde, amarelo e azul e outra contém círculo verdes alternados com círculo vermelho. 3. Há 3 cadeias: uma contém triângulos vermelhos, círculos azuis e quadrados amarelos, outra contém círculos e triângulos verdes e a outra contém quadrados vermelhos e círculos amarelos.

2. Analise seu material escolar e outros objetos ao seu redor quê sêjam feitos de materiais poliméricos. Caracterize-os quanto à plasticidade e à elasticidade, realizando testes de deformação com as próprias mãos.

3. O nome tradicional do polímero ABS é derivado dos nomes dos seus monômeros. Com base nas suas estruturas moleculares, escrêeva, em seu caderno, o nome sistemático de acôr-do com as regras da IUPAC para cada um dêêsses monômeros.

4. O ácido polilático, conhecido como PLA, tem sido muito utilizado no processo de impressão 3D no lugar do ABS, quê é um derivado do petróleo. Por sêr um material mais fácil de manipular, seu uso possibilita quê várias pessoas se iniciem no universo da impressão 3D sem tanta dificuldade. Além díssu, é um polímero produzido a partir de vegetais, como o milho e a cana-de-açúcar.

a) Comparando as características dos dois polímeros apresentados, explique qual deles é mais adequado para o uso sustentável.

b) Sabendo quê a fórmula molecular do poli(ácido láctico) (PLA) é (C3H4O2)n, represente a estrutura dêêsse polímero.

5. Com base no quê estudou sobre os polímeros, escrêeva um parágrafo, em seu caderno, apresentando a importânssia deles para o desenvolvimento dos transportes, da área médica e da indústria.

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ORGANIZANDO AS IDEIAS

Analise o esquema a seguir, quê apresenta e relaciona os principais conceitos estudados nesta Unidade.

Esquema com ilustrações, fotografias e as seguintes informações: Química orgânica: haletos orgânicos, funções nitrogenadas, isomeria, hidrocarbonetos, funções oxigenadas e polímeros. Funções nitrogenadas: amidas e aminas. Isomeria: tautomeria, compensação, posição, cadeia, função, plana, óptica, geométrica e espacial. Funções oxigenadas: ésteres, ácidos carboxílicos, aldeídos e cetonas, éteres, fenóis, enóis e álcoois. Polímeros: reações de polimerização. Hidrocarbonetos: alcanos, alcenos, alcadienos, alcinos, hidrocarbonetos de cadeia fechada, hidrocarbonetos aromáticos. Hidrocarbonetos de cadeia fechada: cicloalcenos e cicloalcanos. Hidrocarbonetos aromáticos: benzeno.

Imagens ilustrativas e sem escala; cores fantasía.

A relação entre os conceitos é uma característica do conhecimento formal, científico e escolar. Aqui, apresenta-se uma síntese esquemática dos principais conceitos trabalhados nesta Unidade. No caderno, elabore seu próprio esquema, organizando os principais conceitos da Unidade, incluindo nele outros termos e outras ideias quê se relacionam ao quê foi estudado e realizando as associações quê considerar importantes. Por fim, elabore um pequeno texto conectando os conceitos e as ideias presentes no esquema. Essa é uma boa forma de estudar e compreender melhor os conceitos.

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ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Respostas e comentários estão disponíveis nas Orientações para o professor.

Tema 25 – Introdução à Química Orgânica

1. (Fatec-SP) Um dos medicamentos mais utilizados para o tratamento do alcoolismo é o acamprosato, cuja estrutura está representada na figura.

Imagem de fórmula estrutural com os seguintes elementos: C Híndice 3 C N H C Híndice 2 C Híndice 2 C Híndice 2 S Oíndice 4H. O carbono entre o grupo C Híndice 3 e N H faz dupla ligação com um oxigênio.

Observando a fórmula estrutural do acamprosato, é correto afirmar quê esse compôzto é:

a) inorgânico, formado por 3 elemêntos químicos.

b) inorgânico, formado por 4 elemêntos químicos.

c) inorgânico, formado por 5 elemêntos químicos.

d) orgânico, formado por 4 elemêntos químicos.

e) orgânico, formado por 5 elemêntos químicos.

Resposta: e)

2. (UFGD-MS) A partir de 1956, a “Doença de Minamata”, nome derivado de uma cidade costeira do Japão, passou a sêr referência para estudos sobre contaminação por mercúrio (Hg). Diferentes espécies de Hg estão presentes na natureza, mas ações antrópicas como desmatamentos, quêimadas e, principalmente, garimpos aumentam a concentração dessas espécies no meio ambiente. Esses contaminantes têm efeito biocumulativo e costumam causar alterações graves e permanentes no sistema nervoso central, além de implicações renais, cardíacas, dentre outras. No que se refere ao metilmercúrio [MeHg]+, essa espécie química póde sêr classificada como:

a) molécula OR GÂNICA.

b) compôzto com dois hátomus de carbono.

c) metal de transição.

d) uma amálgama.

e) organometálica.

Resposta: e)

Tema 26 – Os hidrocarbonetos

3. (Fuvest-SP) Na obra O poço do Visconde, de Monteiro Lobato, há o seguinte diálogo entre o Visconde de Sabugosa e a boneca Emília:

— Senhora Emília, explique-me o quê é hidrocarboneto.

A atrapalhadeira não se atrapalhou e respondeu:

— São misturinhas de uma coisa chamada hidrogênio com outra coisa chamada carbono. Os carocinhos de um se ligam aos carocinhos de outro.

Nesse trecho, a personagem Emília usa o vocabulário informal quê a caracteriza. Buscando-se uma terminologia mais adequada ao vocabulário utilizado em Química, devem-se substituir as expressões “misturinhas”, “coisa” e “carocinhos”, respectivamente, por:

a) compostos, elemento, hátomus.

b) misturas, substância, moléculas.

c) substâncias compostas, molécula, íons.

d) misturas, substância, hátomus.

e) compostos, íon, moléculas.

Resposta: a)

4. (UFG-GO) A fórmula de um alcano é CnH2n + 2, onde n é um inteiro positivo. Neste caso, a massa molecular do alcano, em função de n, é, aproximadamente:

a) 12n.

b) 14n.

c) 12n + 2.

d) 14n + 2.

e) 14n + 4.

Resposta: d)

5. (PUC-RJ)

Imagem de fórmula estrutural simplificada de um composto com 7 carbonos na cadeia principal. Há uma ligação dupla entre o primeiro e o segundo carbonos e no terceiro há uma ramificação com dois carbonos ligados linearmente.

Segundo as regras da IUPAC, a nomenclatura do compôzto representado anteriormente é:

a) 2-etil-hex-1-ano.

b) 3-metil-heptano.

c) 2-etil-hept-1-eno.

d) 3-metil-hept-1-eno.

e) 3-etil-hept-1-eno.

Resposta: e)

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Tema 27 – Grupos funcionais, funções nitrogenadas e haletos orgânicos

6. (UEPA) A imensa flora das Américas deu significativas contribuições à terapêutica, como a descoberta da lobelina (figura a seguir), molécula polifuncionalizada isolada da planta Lobelia nicotinaefolia e usada por tribos indígenas quê fumavam suas fô-lhas secas para aliviar os sintomas da asma.

Imagem de fórmula estrutural simplificada da lobelina. Ela tem 21 carbonos no total. Há dois anéis aromáticos, um grupo O H, um carbono que faz dupla ligação com um oxigênio e uma amina que se liga a 3 carbonos.

Sobre a estrutura química da lobelina, é correto afirmar quê:

a) possui uma amina terciária.

b) possui um aldeído.

c) possui um carbono primário.

d) possui uma amida.

e) possui um fenol.

Resposta: a)

Tema 28 – Funções oxigenadas

7. (Enem/MEC) Um microempresário do ramo de cosméticos utiliza óleos essenciais e quer produzir um creme com fragrância de rosas. O principal componente do óleo de rosas tem cadeia poli-insaturada e hidroxila em carbono terminal. O catálogo dos óleos essenciais apresenta, para escolha da essência, estas estruturas químicas:

Imagem de fórmulas estruturais simplificadas de 5 compostos. 1. Composto com 8 carbonos na cadeia principal, estando o primeiro ligado a um grupo O H. Entre o segundo e o terceiro e o sexto e o sétimo há uma dupla ligação. Ligando-se aos carbonos 3 e 7 há uma ramificação com um carbono. 2. Composto com 8 carbonos na cadeia principal, estando o primeiro ligado a um grupo O H. Entre o sexto e o sétimo há uma dupla ligação. Ligando-se aos carbonos 3 e 7 há uma ramificação com um carbono. 3. Composto com uma cadeia fechada de 8 carbonos. O primeiro se liga a um grupo O H e faz parte de uma cadeia fechada com 6 carbonos. O segundo se liga a uma ramificação com um carbono que se liga a dois carbonos. O quinto se liga a uma ramificação com um carbono. 4. Composto com uma cadeia fechada de 7 carbonos. O primeiro se liga a um grupo O H e faz parte de um anel aromático. O segundo se liga a uma ramificação com um carbono. O quinto se liga a uma ramificação com um carbono que se liga a dois outros carbonos. 5. Composto com 8 carbonos na cadeia principal. O primeiro se liga a um grupo O H. Entre o segundo e o terceiro e o sexto e o sétimo há uma dupla ligação. Ligando-se aos carbonos 3 e 7 há uma ramificação com um carbono.

Qual substância o empresário deverá utilizar?

a) 1.

b) 2.

c) 3.

d) 4.

e) 5.

Resposta: a)

8. (UEMA) A bactéria anaeróbia Clostridium botulinum é um habitante natural do solo quê se introduz nos alimentos enlatados mal preparados e provoca o botulismo. Ela é absorvida no aparelho digestivo e, cerca de 24 horas, após a ingestão do alimento contaminado, começa a agir sobre o sistema nervoso periférico causando vômitos, constipação intestinal, paralizia ocular e afonia. Uma medida preventiva contra esse tipo de intôksicação é não consumir conservas alimentícias quê apresentem a lata estufada e odor de ranço, devido à formação da substância CH3CH2CH2COOH. O compôzto químico identificado, no texto, é classificado como:

a) cetona.

b) aldeído.

c) ácido carboxílico.

d) éster.

e) éter.

Resposta: c)

Tema 29 – isômería

9. (FMP-RJ) Quando um talho é feito na casca de uma árvore, algumas plantas produzem uma secreção chamada resina, quê é de muita importânssia para a cicatrização das feridas da planta, para matar insetos e fungos, permitindo a eliminação de acetatos desnecessários. Um dos exemplos mais importantes de resina é o ácido abiético, cuja fórmula estrutural é apresentada a seguir.

Imagem de fórmula estrutural simplificada de uma molécula com 3 cadeias fechadas de 6 carbonos, com 4 ramificações, que são: dois grupos Híndice 3C, um grupo C O O H, e um C H ligado a dois Cmolécula de hidrogênio com 3 átomos.

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Um isômero de função mais provável dêêsse compôzto pertence à função denominada:

a) amina.

b) éster.

c) aldeído.

d) éter.

e) cetona.

Resposta: b)

10. (Enem/MEC) O estudo de compostos orgânicos permite aos analistas definir propriedades físicas e químicas responsáveis pelas características de cada substância descoberta. Um laboratório investiga moléculas quirais cuja cadeia carbônica seja insaturada, heterogênea e ramificada.
A fórmula quê se enquadra nas características da molécula investigada é:

a) CH3 – (CH)2 – CH(OH) – CO – NH – CH3.

b) CH3 – (CH)2 – CH(CH3) – CO – NH – CH3.

c) CH3 – (CH)2 – CH(CH3) – CO – NH2.

d) CH3 – CH2 – CH(CH3) – CO – NH – CH3.

e) C6H5 – CH2 – CO – NH – CH3.

Resposta: b)

11. (Cefet-MG) O ácido butanoico é um compôzto orgânico quê apresenta vários isômeros, entre eles substâncias de funções orgânicas diferentes. Considerando ésteres e ácidos carboxílicos, o número de isômeros quê esse ácido possui é:

a) 3.

b) 4.

c) 5.

d) 7.

e) 8.

Resposta: c)

12. (hú- hê- érre jota) Em um experimento, foi analisado o efeito do número de hátomus de carbono sobre a solubilidade de álcoois em á gua, bem como sobre a quiralidade das moléculas dêêsses álcoois. Todas as moléculas de álcoois testadas tí-nhão número de hátomus de carbono variando de 2 a 5, e cadeias carbônicas abertas e não ramificadas.
Entre os álcoois utilizados contendo um centro quiral, aquele de maior solubilidade em á gua possui fórmula estrutural correspondente a:

a)

Imagem de fórmula estrutural simplificada com dois carbonos na cadeia principal, estando um deles ligado a um grupo O H.

b)

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 3 carbonos na cadeia principal, estando o segundo ligado a um grupo O H.

c)

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 4 carbonos na cadeia principal, estando o segundo ligado a um grupo O H.

d)

Imagem de fórmula estrutural simplificada com 5 carbonos na cadeia principal, estando o segundo ligado a um grupo O H.

Resposta: c)

Tema 30 – Polímeros

13. (PUC-PR) O poliestireno (PS) é um polímero muito utilizado na fabricação de recipientes de plásticos, tais como: copos e pratos descartáveis, pêntes, equipamentos de laboratório, partes internas de geladeiras, além do isopor (poliestireno expandido). êste polímero é obtído na polimerização por adição do estireno (vinilbenzeno). A cadeia carbônica dêste monômero é classificada como sêndo:

a) Normal, insaturada, homogênea e aromática.

b) Ramificada, insaturada, homogênea e aromática.

c) Ramificada, saturada, homogênea e aromática.

d) Ramificada, insaturada, heterogênea e aromática.

e) Normal, saturada, heterogênea e alifática.

Resposta: d)

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INTEGRANDO COM...
BIOLOGIA
A Química Orgânica e o tratamento de efluentes

Você já se perguntou o quê acontece com os resíduos produzidos pêlos sêres humanos nas suas residências?

Leia, a seguir, o trecho de uma reportagem sobre a produção de resíduos.

Num país continental como o Brasil, de população superior a 210 milhões de habitantes, cada pessoa produz, em média, 343 kilos de lixo, por ano: no total, cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos.

O número não seria tão impactante para o meio ambiente e a economia, se tanto resíduo fosse reaproveitado ou reciclado. Mas, no Brasil, somente 4% passa por esse processo, segundo a Abrelpe, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Para o diretor-executivo da organização não governamental, Menos 1 Lixo, Wagner Andrade, o alto custo da reciclagem, no país, explica a taxa tão baixa.

[…]

A falta de reciclagem adequada também prejudica o meio ambiente: 40% de tudo quê se produz de resíduo no país é destinado a atêerros controlados ou lixões a céu aberto, locais inadequados para a destinação. A professora da Faculdade de Engenharia Civil e Arquitetura da Unicamp, Emília Rutkowski, explica quê os atêerros, apesar de mais controlados quê os lixões, ainda são espaços impróprios.

[…]

Metade das cidades brasileiras não têm políticas de reciclagem e nem atêerros sanitários. […]

[…]

Os lixões a céu aberto são a pior forma de destinação de resíduos e ainda estão em mêtáde das cidades do país. O quê gera a proliferação de bactérias, a propagação de doenças, contaminação, e causa impactos ambientais, como a contaminação de águas subterrâneas.

MORENO, Sayonara. Brasil gera cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos por ano. Radioagência, Brasília, DF, 3 abr. 2023. Disponível em: https://livro.pw/nhymw. Acesso em: 15 out. 2024.

Fotografia com vista de cima de grande área desmatada, com muito lixo.

Lixão a céu aberto. Santarém (PA), 2023.

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Talvez você não saiba, mas o volume de resíduos quê se costuma considerar não inclui os despejados diretamente no ambiente, como em rios, lagos ou sistemas de esgoto. Esses resíduos, gerados de atividades humanas, industriais, agrícolas ou domésticas, são conhecidos por efluentes. Nas residências, os efluentes domésticos são principalmente derivados da á gua usada em cozinhas e banheiros.

Para evitar danos ecológicos, esses efluentes precisam sêr tratados antes de serem lançados no ambiente. O tratamento é realizado pelas estações de tratamento de efluentes, quê removem poluentes e tornam o líquido menos nocivo à natureza. Esses processos são fundamentais para preservar os recursos hídricos e reduzir o dano causado ao ambiente pelas atividades humanas.

Uma das técnicas mais promissoras para o tratamento de efluentes é a fotocatálise. Nesse método, a luz solar desempenha um papel fundamental, ativando catalisadores como o dióxido de titânio (TiO2). Esses catalisadores aceleram as reações químicas quê decompõem os poluentes orgânicos, tornando a á gua mais limpa. A fotocatálise, assim, aproveita um recurso natural – a luz do Sol – para mitigar os efeitos negativos dos resíduos despejados no ambiente.

Fotografia com vista de cima de área rural onde há uma instalação com tanques ao ar livre.

Estação de tratamento de efluentes de curtume. Itaúba (MT), 2021.

Agora, faça o quê se pede em cada item.

Respostas e comentários estão disponíveis nas Orientações para o professor.

1. Pesquise, em fontes confiáveis, outros tipos de efluentes produzidos pêlos sêres humanos. Identifique e dêz-creva alguns processos químicos usados para tratá-los e reduzir os danos ambientais.

2. Como a Química Orgânica contribui para o tratamento de efluentes e quais são os danos ambientais evitados com o uso de técnicas como a fotocatálise?

3. Considerando o conceito de reconhecimento de padrões, uma estratégia de pensamento computacional, como ele póde sêr aplicado para otimizar o tratamento de efluentes utilizando a fotocatálise?

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