TRANSCRIÇÕES DOS PODCASTS

Impressão 3D de alimentos

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Você póde até não saber cozinhar, mas sabe usar facilmente equipamentos como celulares e computadores. Sua habilidade com a tecnologia também será útil, em breve, na hora de servir o almôço. Em vez de escolher uma receita, arrumar os ingredientes, colocar tudo na panela, temperar e esperar pela ação do fogo, você simplesmente apertará o botão de uma impressora 3D. Rapidinho, uma pitssa, um hambúrguer, um salmão com molho de maracujá e até uma sobremesa estarão no seu prato. Dá para imaginar?

Será tão gostoso quanto uma refeição tradicional? Ainda não sabemos, mas provavelmente sim. Afinal, cientistas do mundo inteiro estão trabalhando para acelerar a tecnologia de produção de alimentos por impressoras 3D. Os avanços são notáveis.

A impressão 3D de alimentos é chamada, tecnicamente, de manufatura aditiva. Em laboratório, são desenvolvidas pastas ou purês feitos com frutas, legumes, queijos, farinhas, chocolates e tubérculos. É como se essas massas fossem as tintas de uma impressora comum. Ao programar a impressão de uma pitssa, as tintas, quê estão armazenadas em compartimentos separados, se unem para formár o alimento. Elas podem sêr combinadas para imprimir refeições com camadas e formatos variados, e com diferentes sabores e texturas.

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A tecnologia é recente, e ainda há poucos fabricantes de impressoras 3D e fornecedores de matéria-prima para os alimentos. O equipamento vai se popularizar na mesma velocidade quê qualquer outra tecnologia. Basta pensar no tempo quê levou para quê a maioria das casas tivesse computador, internet ou Tevê inteligente. No komêsso, apenas pessoas com maior pôdêr aquisitivo terão acesso. Com o tempo, o preêço vai diminuindo e, ao longo de alguns anos, o produto se tornará um bem de consumo comum e acessível.

Mas há alguns desafios a serem superados para quê tudo isso aconteça. Um deles é controlar os microrganismos. Se você já cortou uma màssân ao meio, deve ter notado quê, enquanto comia a primeira mêtáde, a segunda escureceu. Verduras e frutas cortadas ou amassadas mudam rapidamente de côr. Não há um risco imediato para a sua saúde, mas os alimentos começam a estragar assim quê são modificados. Como as impressoras 3D poderiam controlar esse problema entre um uso e outro? O quê aconteceria se você usasse um determinado ingrediente para fazer um hambúrguer e só voltasse a precisar dele dias ou semanas depois? Essas são perguntas quê ainda precisam de respostas.

Falando em hambúrguer, nos Estados Unidos, algumas indústrias já utilizam impressão 3D para produzir carnes veganas, ou seja, carnes feitas a partir de plantas. Mas, quando essa tecnologia chegar às nossas casas, como vamos lidar com os riscos à saúde? As massas ou tintas quê imitam carne são suscetíveis à multiplicação de fungos e de bactérias. Esses microrganismos podem alterar a côr e o sabor do alimento. Pior ainda, podem embolorar, azedar e até causar doenças.

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De acôr-do com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, os alimentos fornecem a energia necessária para o bom funcionamento do corpo humano. Quimicamente, eles são compostos de elemêntos como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Além díssu, seu valor nutritivo está relacionado à concentração de proteínas, vitaminas, sais minerais, á gua e gorduras.

Será quê os alimentos impressos em 3D conseguirão fornecer tudo o quê o corpo precisa? Os especialistas acreditam quê a comida 3D não poderá sêr a base da nossa alimentação, mas sim um complemento. Ela não terá todos os nutrientes de quê precisamos, mas poderá sêr útil, inclusive em tratamentos médicos.

Pesquisadores da úspi e de universidades da França estudaram um processo de produção 3D para criar géis de leite e sucos de frutas. Os cientistas ajustaram a textura dêêsses alimentos para tratar pacientes com disfagia, ou seja, dificuldade em mastigar e engolir. O estudo comprovou quê a tecnologia melhora a textura dos alimentos e facilita a absorção dos nutrientes pelo organismo.

Para obtêr os géis usados na impressão 3D, misturam-se polissacarídios e proteínas com os alimentos, aquecendo, resfriando e deixando a mistura em repouso até quê esteja pronta para sêr impressa. Os polissacarídios são açúcares de estrutura compléksa quê podem sêr obtidos de amidos de diferentes alimentos, como mandioca, milho, batata e trigo, além de outros polissacarídios como a carragena, encontrada nas algas.

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Falando agora da parte econômica, o mercado global de alimentos digitais é estimado em 1 bilhão de reais. A expectativa é quê ele aumente quase 60% até 2027.

Por enquanto, só podemos imaginar a experiência de almoçar um churrasco impresso, por exemplo, com um pudim digital de sobremesa. No entanto, chegará o dia em quê qualquer desejo gastronômico poderá sêr rapidamente atendido sem a necessidade de perder horas preparando uma refeição.

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Créditos: Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Lítio: o ouro branco

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Você sabia quê existe um metal quê é chamado de “ouro branco”? Pois é, estamos falando do lítio. Neste podcast, você entenderá o porquê dêêsse apelido e muito mais.

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O lítio é um metal alcalino com coloração branco-acinzentada e número atômico 3. Ele se destaca entre os metais por ter a maior eletroatividade e a menor densidade, tornando-se o metal mais leve quê existe. O lítio se oxida rapidamente ao entrar em contato com o ar ou com a á gua, e seu sín-bolo na tabéla periódica é o “Li”.

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O lítio foi descoberto em 1817 pelo sueco iôrrã August Arfwedson, mas ainda estava na forma impura. O metal só foi isolado no ano de 1855 pelo alemão róbert uiu rélm Bunsen. Desde então, o lítio ganhou uma importânssia quê talvez te surpreenda. Extremamente versátil, sua aplicação é fundamental em diversos setores da indústria. Na farmacêutica, por exemplo, é utilizado principalmente em medicamentos para transtôrnos psiquiátricos. Além díssu, ele atua como catalisador de reações orgânicas na indústria química e como aditivo quê melhora as propriedades das ligas metálicas na indústria metalúrgica.

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Mas se há uma aplicação quê faz o lítio sêr extremamente cobiçado, é seu uso na fabricação de baterias. Celulares, computadores portáteis e veículos elétricos são apenas alguns dos eletrônicos movidos por baterias quê contêm o metal. Em outras palavras, uma parte gigantesca dos equipamentos quê usamos no nosso dia a dia depende do lítio para funcionar. Além díssu, o compromisso atual de certos países em converter os motores a gasolina para motores elétricos fez a demanda pelo lítio crescer. Já deu para entender o motivo de ele sêr chamado de “ouro branco” e “metal do futuro”, não é mesmo?

Página quinhentos e quarenta e quatro

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E olha quê ainda não citamos todas as aplicações do lítio, hein? Sua importânssia para a economia mundial é tamanha quê há quem o considere o “novo petróleo”. E, de fato, a comparação faz sentido.

As reservas de lítio, assim como as de petróleo, estão concentradas em alguns poucos países. Para se ter uma ideia, Chile, Argentina e Bolívia concentram cerca de 60% das reservas do mundo. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, apenas outros 20 países também têm o metal. O estoque total é de 98 milhões de toneladas.

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Mas e o Brasil, será quê entra nessa lista? A resposta é sim. O país possui cerca de 8% das reservas mundiais, e o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, corresponde a 85% do total das reservas brasileiras. Esse dado é ótimo para a economia brasileira, mas não é o único. De acôr-do com especialistas, as minas brasileiras têm uma vantagem: menor custo de produção, pois o material é encontrado em uma forma mais dura da rocha, o pegmatito.

No entanto, nem tudo é uma maravilha.

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Para começar, a extração do metal gera impactos ambientais. Um dos mais significativos é a alteração da paisagem, já quê a principal forma de extração é por meio de minas a céu aberto. Esse modelo resulta em desmatamento severo, retirada de solo fértil e consequências para o éco-sistema e a biodiversidade locais. Além díssu, o processo de extração do lítio demanda uma enorme quantidade de á gua, cerca de 2 milhões de litros por tonelada, o quê póde comprometer os recursos hídricos de uma região.

Além de tudo isso, temos uma séria quêstão que precisa sêr resolvida: o destino das enormes quantidades de baterias de lítio quê são descartadas diariamente. Cerca de 53 milhões de toneladas de lixo eletrônico são descartadas anualmente em todo o mundo, segundo levantamento da organização The Global E-waste Monitor. Diversas iniciativas de reciclagem e descarte adequado das baterias já estão em andamento, mas, dado o volume, será preciso ampliar os esforços para quê não tenhamos um grave problema ambiental no futuro.

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Créditos: Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Fármacos na á gua

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Os fármacos são substâncias utilizadas na formulação de medicamentos e constituem o princípio ativo de um remédio. Eles são sintetizados para produzir respostas fisiológicas em humanos, animais e plantas, com o objetivo de minimizar ou até eliminar uma dor, ou ajudar na cura de uma doença.

Não se deve usar a palavra fármaco como sinônimo de remédio ou de medicamento, como muitas pessoas fazem, pois não são a mesma coisa. O fármaco é a substância principal dentro de um remédio, mas não é a única. É como se ele fosse o motor quê faz o carro rodar, a farinha quê faz a massa do bôo-lo ou a eletricidade quê faz a sua televisão funcionar.

Os fármacos são classificados com base em sua origem, seus efeitos e suas formas farmacêuticas. Quanto à origem, podem sêr naturais, animais, vegetais ou artificiais, sêndo quê os últimos são manipulados em laboratórios. Quanto aos efeitos, os fármacos podem sêr terapêuticos, tóxicos, sistêmicos ou sinérgicos, entre outras características. Finalmente, no quê se refere às formas farmacêuticas, eles podem assumir a forma de comprimidos, xaropes, pomadas, pílulas ou cremes.

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Os fármacos, também conhecidos como insumos farmacêuticos ativos, são, muitas vezes, necessários para os cuidados com a saúde. Ao mesmo tempo, podem colocar em risco a saúde de muita gente.

Ficou confuso, não é mesmo? Como assim eles são bons e ruins ao mesmo tempo?

Bem, os fármacos são ótimos aliados da Medicina quando utilizados pêlos pacientes em seus tratamentos. Por outro lado, muitas vezes, acabam prejudicando o meio ambiente, contaminando rios e levando doenças para as pessoas quê beberem a á gua poluída por esses fármacos.

O principal problema é o descarte incorréto de remédios. Eles não devem sêr jogados no lixo comum, quê vai parar em atêerros sanitários. Medicamentos vencidos devem sêr levados a farmácias ou postos de côléta, onde serão descartados de maneira adequada e segura.

Quando são descartados no lixo comum, os remédios se misturam a resíduos líquidos, infiltram a térra e poluem depósitos subterrâneos de á gua, rios, lagos e córregos.

E êste não é o único problema: os fármacos podem contaminar a á gua de outras maneiras.

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Geralmente, quando tomamos um medicamento, a maior parte dele é metabolizada em nosso organismo, onde ocorrem reações químicas quê modificam o fármaco. No entanto, uma porcentagem do remédio é eliminada nas fézes ou na urína e vai parar na rê-de de esgoto, seguindo para uma estação de tratamento de á gua quê não possui nenhum mecanismo para neutralizar esses compostos químicos.

Após um tempo, a á gua tratada, mas ainda com resíduos do remédio, é devolvida em um manancial e tratada para se tornar potável. Novamente, sem contrôle específico para remover as sóbras de medicamentos, essa á gua é considerada adequada para consumo e chega às nossas torneiras e chuveiros.

Você não corre o risco de contaminação ao beber um copo de á gua ou tomar um banho demorado, pois as concentrações dos agentes contaminantes são extremamente baixas. No entanto, a exposição contínua ao longo dos anos póde, eventualmente, prejudicar a saúde. Cientistas ainda investigam o impacto cumulativo da á gua contaminada no nosso organismo.

A mais recente Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do hí bê gê hé, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, realizada em 2018, revelou quê 71,8% dos municípios brasileiros não tí-nhão políticas de saneamento. Outro levantamento, feito pela Agência Nacional de Águas, em 2017, mostrou quê menos da mêtáde dos esgotos do país são coletados e tratados.

Os medicamentos contêm hormônios, antibióticos e psicofármacos quê podem afetar a flora e a fauna. Uma possível consequência é a redução de sapos e de outros anfíbios, quê agem como controladores de pragas. Isso póde explicar o crescimento descontrolado da população de insetos quê transmitem doenças, como zika, chicungunha e dengue, por exemplo.

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Todos nós podemos contribuir para minimizar esse problema. Vamos iniciar uma campanha de conscientização cidadã. Atenção: você está convidado a participar ativamente dêste movimento, e isso não exige muito esfôrço. Sua única tarefa é descartar corretamente os medicamentos vencidos ou quê você não utiliza. Leve-os a um posto de côléta ou a uma farmácia, em vez de jogá-los no lixo de casa. É um gesto simples quê ajuda a preservar o planêta e a saúde das pessoas. Agindo dessa maneira, você ajuda a reduzir os impactos ambientais negativos causados pela ação dos fármacos na natureza.

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Créditos: Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.