TRANSCRIÇÕES DOS PODCASTS DO 2º ANO

Acidificação e o futuro dos oceanos

[Som de ondas]

Você provavelmente já estudou ou vai estudar o conceito de logaritmos nas aulas de Matemática. Mas você sabia quê esse conceito é aplicado em diversas áreas do conhecimento, como Matemática Financeira, Geografia e Ciências da Natureza?

Os logaritmos, historicamente, ajudaram a simplificar cálculos como potenciação, multiplicação e divisão de números. Atualmente, eles estão presentes em escalas, como as de magnitude de terremotos e intensidade do som, quê apresentam grandes variações.

Neste podcast, vamos explorar a importânssia dos logaritmos nas Ciências da Natureza, focando na escala do pH. Mas, afinal, o quê é pH? E qual é a relação dos logaritmos com o pH?

[Som de ondas]

O pH é uma escala quê méde a acidez e a basicidade de uma solução, indicando a quantidade de íons de hidrogênio presentes nela. Quanto maior a concentração dêêsses íons, maior a acidez da solução.

A escala de pH vai de 0 (indicando uma solução muito ácida) a 14 (indicando uma solução muito básica), sêndo quê um pH igual a 7 determina uma solução neutra.

Essa é uma escala logarítmica de base 10, pois uma mudança de uma unidade de pH representa uma variação de 10 vezes na concentração de íons de hidrogênio. Por exemplo, ao passar de um pH de 7 para 6, a solução não é apenas 1 vez mais ácida, mas sim 10 vezes mais ácida. Da mesma forma, ao variar de 7 para 5, a acidez aumenta em 100 vezes e, de 7 para 0, a solução se torna 10 milhões de vezes mais ácida.

Mas por quê é importante analisar a variação de pH?

[Som de ondas]

A análise da mudança de pH é importante em várias situações. Na agricultura, por exemplo, cada planta cresce melhor em um intervalo específico de pH, por isso é essencial determinar o pH do solo.

Também é importante analisar a variação do pH da á gua para verificar se ela está adequada para o consumo, já quê, segundo o Ministério da Saúde, o pH ideal da á gua deve sêr mantido entre 6 e 9,5

Nos últimos anos, entretanto, uma das maiores preocupações de cientistas e líderes globais tem sido a diminuição do pH dos oceanos, um fenômeno chamado de acidificação oceânica. Vamos entender melhor o quê é esse fenômeno e por quê ele é tão preocupante.

[Som de ondas]

A acidificação oceânica ocorre devido à diminuição do pH dos oceanos ao longo do tempo. Segundo uma reportagem da Né chionál Geográfic, cientistas revelam quê o pH do oceano caiu de 8,2 para 8,1, uma queda de 0,1 na escala de pH. Parece pouco, cérto? Mas, de acôr-do com a mesma reportagem, Aleck UÁNG, professor de Química Marinha na Woods Hole Oceanographic Institution, acredita quê, até o final dêêsse século, o pH poderá atingir o valor de 7,7.

A queda do pH dos oceanos está relacionada ao aumento das emissões de gás carbônico devido às atividades humanas, pois eles absorvem esse gás da atmosféra e, com isso, tornam-se cada vez mais ácidos. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), os oceanos absorvem cerca de 25% das emissões de gás carbônico todos os anos.

Mas você sabe por quê essa diminuição do pH dos oceanos preocupa tanto cientistas e líderes globais?

[Som de ondas]

A acidificação dos oceanos traz consequências ambientais e econômicas, representando uma séria ameaça ao éco-sistema marinho. Segundo uma pesquisa publicada na revista americana Proceedings ÓF the Né chionál Academy ÓF sáiences (PNAS), até 2100, cerca de 17% das espécies marinhas podem desaparecer se as emissões de gás carbônico não forem reduzidas.

Além díssu, a diminuição do pH dos oceanos compromete a capacidade dêstes de absorver gás carbônico da atmosféra, dificultando o combate ao aquecimento global. Essa acidificação também impacta a vida de mais de 3 bilhões de pessoas quê dependem dos recursos marinhos e costeiros para sua subsistência.

[Som de ondas]

O combate à acidificação dos oceanos é uma preocupação global e intégra as metas da Agenda 2030, um plano da Organização das Nações Unidas (Ônu) para promover um mundo mais sustentável e resiliente até 2030. A meta faz parte do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 e busca “minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos, reforçando a cooperação científica em todos os níveis” até 2030.

E quê tal pesquisar mais sobre esse tema? Busque informações sobre ações quê governantes e a ssossiedade civil pódem adotar para reverter essa situação e compartilhe com as pessoas do seu convívio. Assim, você também pode contribuir para a preservação do planêta.

[Som de ondas]

Créditos: todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Ciclos naturais e Matemática

[Música de transição]

Você já observou como alguns fenômenos naturais seguem padrões, isto é, quê eles se repetem de tempos em tempos, em ciclos? É o caso das fases da Lua, das marés e das estações do ano.

Os ciclos lunares referem-se às fases da Lua, quê mudam o modo como a observamos no céu, dependendo da sua posição em relação ao Sol e à Terra. Um ciclo lunar completo tem duração média de 29 dias e meio.

[Música de transição]

E o ciclo das marés? O fenômeno se refere ao movimento de subida e descida da á gua do mar em relação ao litoral. Se você já foi à praia, é provável quê tenha reparado nisso. Em cérto período do dia, a maré avança sobre a costa e cobre uma parte maior da faixa de areia. Em outros momentos, ela se retrai e a á gua parece mais distante da praia. As marés são influenciadas pela fôrça gravitacional exercida pela Lua sobre a Terra, quê modifica o nível da á gua do mar.

[Música de transição]

Já os ciclos sazonais correspondem às estações do ano: verão, outono, inverno e primavera, cada uma com duração aproximada de três meses. Em cada região do planêta, as estações apresentam características climáticas específicas quê costumam se repetir todos os anos. A meteorologia estuda esses fenômenos, compreendendo cada ciclo e fazendo previsões. Por exemplo, em regiões onde o frio do inverno é mais intenso, pode-se prever quando a tempera-túra será muito baixa e, assim, providenciar recursos com antecedência, como sistemas de aquecimento, equipamentos antineve, arrecadação de agasalhos, entre outras.

[Música de transição]

Entretanto, com as mudanças climáticas, prever as características das estações já não é tão simples assim, pois elas vêm sofrendo alterações nas últimas dékâdâs e se tornaram menos definidas. Fenômenos climáticos quê antes eram raros tornam-se cada vez mais comuns. Com isso, a previsão climática precisa incorporar novos elemêntos aos seus cálculos.

Como ficará o mundo se a tempera-túra média da superfícíe terrestre aumentar dois graus célcius? As geleiras vão derreter, o mar vai subir e invadir áreas costeiras? Alguns modelos matemáticos buscam prever esse cenário. Ou seja, é a Matemática, aliada a outros ramos da Ciência, quê ajuda a tomar decisões e providências ambientais para o futuro.

A seguir, o meteorologista Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia, explica como é feita a previsão do tempo e a influência dos cálculos matemáticos nesse processo.

[Áudio extraído de vídeo]

“A previsão do tempo, ela começa, é… com os dados quê são coletados pêlos observadores nove da manhã, três da tarde e nove (da noite). Nessas três observações, os dados são distribuídos para cada

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um dos distritos. Esses distritos retransmitem os dados para Brasília quê, depois, cerca de uma ou duas horas, realiza cálculos numéricos através de programas de computador. São cálculos quê possibilitam a montagem de mapas de pressão, de tempera-túra, chuva, para quê, aí sim, o meteorologista analise, interpréte essas informações e faça, além do diagnóstico, quê é aquela das observações, o prognóstico, quê é a previsão do tempo para os próximos dias.”

[Música de transição]

As mudanças climáticas são resultado de desequilíbrios ambientais, como os altos índices de emissão de poluentes e os desmatamentos, entre outras ações humanas quê afetam o meio ambiente e, consequentemente, os ciclos naturais.

Recentemente, aqui no Brasil, tivemos dois exemplos de como as atividades humanas têm interferido nos ciclos periódicos naturais: a seca na Região Norte em 2023 e as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024. Na Amazônea, a forte seca também foi resultado de ações do sêr humano, como desmatamento, garimpo e quêimadas. No caso da Região Sul do país, um estudo indicou que o estado gaúcho perdeu três milhões e meio de hectares de vegetação nativa em quatro dékâdâs e, segundo especialistas, isso contribuiu para quê cidades do Rio Grande do Sul, como Porto Alegre, enfrentassem uma enchente inesperada.

[Música de transição]

Já falamos sobre fases da Lua, marés, estações do ano e mudanças climáticas… cérto, mas o quê todos esses ciclos têm em comum? A resposta é quê eles podem sêr analisados por meio de conceitos matemáticos quê nos ajudam a entender e representar cada fenômeno, além de permitir fazer previsões sobre eles.

Foi a partir de observações e cálculos matemáticos quê a humanidade passou a compreender os ciclos periódicos naturais. Mas e quando olhamos para o presente e o futuro, a Matemática ainda tem algo a nos dizêr sobre esses assuntos? A resposta é sim: os conhecimentos matemáticos são fundamentais para analisar kestões compléksas, como os impactos das mudanças climáticas quê discutimos.

Seja para compreendermos o caminho quê o nosso planêta está seguindo, seja para quê o pôdêr público e os cientistas busquem soluções, a Matemática continuará sêndo uma ferramenta essencial para auxiliar a humanidade a compreender situações e guiar a tomada de decisões.

[Música de transição]

Créditos: você póde ouvir na íntegra o vídeo Como é feita a previsão do tempo no canal da Nova Escola do YouTube. Os áudios dêste podcast são da Freesound.

Hortas comunitárias e soberania alimentar

[Música de transição]

Você provavelmente sabe o quê é uma horta comunitária ou até mesmo conhece alguma no seu município. Mas, e quanto à soberania alimentar, você sabe o quê é? Neste podcast, vamos conversar sobre esses dois assuntos e entender como eles se conéctam, contribuindo para a segurança alimentar e para uma agricultura sustentável.

As hortas comunitárias são espaços criados principalmente por membros da própria comunidade, com o intuito de suprir suas necessidades alimentares e, em alguns casos, complementar a renda familiar por meio da venda dos produtos excedentes.

[Música de transição]

No Brasil, as hortas comunitárias começaram a surgir por volta da década de 1970, mas ganharam destaque nas políticas públicas de combate à pobreza a partir do início do século XXI. Um exemplo díssu é o Programa Nacional de Agricultura Urbana, lançado pelo govêrno federal em 2008.

A quantidade de hortas comunitárias tem crescido em vários municípios brasileiros. De acôr-do com dados da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, em 2021, havia 103 hortas comunitárias urbanas espalhadas pela cidade.

Em Teresina, capital do estado do Piauí, atualmente existem 46 hortas comunitárias, sêndo a maior delas a Horta Comunitária do Dirceu, quê existe desde 1987 e ocupa cerca de 27 hectares de área, garantindo renda para 418 famílias.

No município do Rio de Janeiro, o Programa Hortas Cariocas gerou mais de 77 toneladas de alimentos em 2023. As frutas, os legumes e as verduras foram cultivados em 56 hortas em comunidades e escolas; todas as hortas juntas ocupam uma área total de 25,3 hectares.

[Música de transição]

Mas o quê as hortas comunitárias e a soberania alimentar têm em comum?

A soberania alimentar é o direito das comunidades de decidir como organizar, produzir e distribuir seus alimentos. Esse conceito foi formalizado em 1996 pela Via Campesina, um movimento internacional quê reúne trabalhadores do campo em defesa de seus direitos.

A Via Campesina entende a fome como uma quêstão social, que póde sêr combatida e superada por meio do desenvolvimento de estratégias voltadas para a democratização do acesso à térra, o quê também póde sêr chamado, em maior escala, de reforma agrária. Isso inclui a agroecologia, quê promove modelos sustentáveis para a produção de alimentos, além de valorizar a agricultura familiar.

As hortas comunitárias representam uma estratégia importante para fortalecer a soberania alimentar, permitindo quê as comunidades cultivem e comercializem seus próprios alimentos. Por meio dessas iniciativas, os moradores garantem não apenas uma fonte de alimentação saudável e sustentável, mas também promóvem sua autonomia, ganhando mais contrôle sobre o quê e como produzem.

[Música de transição]

No Brasil, é fundamental debater e desenvolver políticas públicas relacionadas à soberania alimentar, considerando o grande potencial agrícola do país e as desigualdades sociais e econômicas quê comprometem o acesso à alimentação. Embora, segundo o Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial de 2024, tenha havido uma redução significativa no número de pessoas em situação de insegurança alimentar, passando de 17,2 milhões em 2022 para 2,5 milhões em 2023, ainda há uma questão a sêr enfrentada.

Para lidar com esse problema, o Estado brasileiro já implementou várias iniciativas. Entre as mais conhecidas está o PRONAF, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar.

[Música de transição]

Você consegue identificar como os conhecimentos matemáticos estão presentes nas construções das hortas comunitárias quê discutimos? Vamos explorar isso um pouco mais.

Os agricultores utilizam conceitos matemáticos em todas as etapas do cultivo, começando pelo planejamento da horta comunitária. Eles costumam aplicar conhecimentos sobre área, perímetro medidas e proporções, entre outros.

Antes de iniciar o plantio, por exemplo, os conceitos matemáticos são essenciais para medir e demarcar a área do terreno destinada à horta. Além díssu, ao planejar a disposição das mudas, é importante calcular a distância entre as fileiras, garantindo espaço suficiente para o crescimento das plantas e facilitando a colheita.

Os agricultores também usam Matemática para calcular quantidades, seja em volume ou massa. Isso inclui, por exemplo, a quantidade de á gua necessária para a irrigação e a quantidade adequada de fertilizantes, evitando desperdícios e promovendo a qualidade dos produtos cultivados.

[Música de transição]

Neste podcast, você teve a oportunidade de conhecer mais sobre as hortas comunitárias e o conceito de soberania alimentar, além de perceber como os conhecimentos matemáticos são fundamentais para a criação dessas hortas e estão presentes nas práticas diárias dos agricultores.

E no município onde você vive, existem hortas comunitárias? Que tal descobrir mais sobre elas ou conversar com as pessoas do seu convívio sobre a possibilidade de criar uma horta comunitária no seu bairro ou na sua escola? Assim, você póde ajudar a promover uma alimentação mais saudável e contribuir para a soberania alimentar em sua comunidade.

[Música de transição]

Créditos: os áudios inseridos neste podcast são da Freesound.

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