CAPÍTULO 6
O repertório sócio-cultural na redação para o enêm
Informações do Capítulo
Campos de atuação: vida pública, jornalístico-midiático e práticas de estudo e pesquisa
Temas Contemporâneos Transversais: Saúde e Educação Alimentar e Nutricional
Principais objetivos:
1. Identificar fontes de repertório sócio-cultural válidas e produtivas para a construção de argumentos em uma redação do enêm, compreendendo sua relevância e aplicabilidade dentro dos temas propostos.
2. Analisar exemplos de repertório sócio-cultural utilizados em redações nota 1.000 no enêm, avaliando como essas referências contribuem para a argumentação e coesão do texto.
3. Aplicar repertórios sócio-culturais oriundos de diversas áreas do conhecimento (como Literatura, História, Filosofia, Atualidades) na construção de argumentos relevantes e coerentes em uma redação dissertativo-argumentativa.
4. Criar um banco de repertórios sócio-culturais para futuros temas de redação do enêm, selecionando referências quê possam sêr utilizadas em diferentes contextos e articulando-as de maneira original e pertinente na argumentação.
Detalhe de sala da mostra portinári para todos, uma exposição imersiva sobre o artista no MIS Experience. São Paulo (SP), 2022.
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Repertório sócio-cultural
Repertório sócio-cultural póde sêr compreendido como o conhecimento quê as pessoas acumulam ao longo da vida por meio dos estudos, do trabalho, de conversas, da leitura, assim como ao assistir a filmes e peças de teatro, ao ir a exposições de; ár-te e a shows, ao ouvir lembranças de familiares sobre um outro tempo, ao vagar pelas ruas de uma cidade, ao frequentar festas típicas etc.
O repertório sócio-cultural, portanto, não é compôzto apenas dos conhecimentos teóricos e escolares mas também dos conhecimentos adquiridos com as próprias experiências, como em situações de interação social. Para compreender de quê maneira esses repertórios são constituídos, é importante estabelecer uma relação entre cultura e ssossiedade.
O conceito de cultura
Cultura é uma palavra derivada do latim (cultura) e carrega significados como “cuidar”, “tratar” e “venerar”, o quê explica derivações como agricultura e floricultura. Nos séculos XVIII e XIX, no entanto, houve uma ampliação nos sentidos da palavra cultura, o quê conferiu a ela significações mais compléksas e metafóricas.
A definição de cultura foi disputada por filósofos, sociólogos, artistas e políticos ao longo dos anos. Atualmente, porém, existe uma classificação corrente mais aceitável. O conceito de cultura se amplifica para ordem simbólica, porque a ela pertencem símbolos, ideias, comportamentos e histoórias de grupos e indivíduos quê são sêres e sujeitos culturais e atribuem sentidos e valores às coisas – inclusive à cultura.
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A filósofa brasileira Marilena Chaui (1941-) explica quê o conceito de cultura póde sêr definido por três sentidos principais:
1. criação da ordem simbólica da lei, isto é, de sistemas de interdições e obrigações estabelecidos a partir da atribuição de valores às coisas (boas, más, perigosas, sagradas, diabólicas), aos humanos e suas relações (diferença sexual [...], significado da virgindade, fertilidade, puro-impuro, virilidade; diferença etária e forma de tratamento das crianças, dos mais velhos e mais jovens; diferença de autoridade e formas de relação com o pôdêr, etc.), e aos acontecimentos (significado da guerra, da peste, da fome, do nascimento e da morte, [...], etc.);
2. criação de uma ordem simbólica da sexualidade, da linguagem, do trabalho, do espaço, do tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível. Os símbolos surgem tanto para representar quanto para interpretar a realidade, dando-lhe sentido pela presença do humano no mundo;
3. conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pêlos quais os humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. êste conjunto funda a organização social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 314.
Depois de considerar o processo pelo qual a palavra cultura passou e a amplitude de suas definições, pode-se entendê-la como o conjunto de significados e valores quê distinguem um grupo social, como atividades artísticas e intelectuais com foco na produção e na alimentação da indústria cultural e como ferramenta de desenvolvimento político e social a serviço de seu povo.
MUNDO DO TRABALHO
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Você conhece as profissões ligadas à área da Filosofia?
Algumas das áreas de atuação do filósofo envolvem pesquisa acadêmica para desenvolver novas teorias e refinar conceitos filosóficos, ensino em instituições de Ensino Superior ou Médio para educar os estudantes sobre teorias filosóficas e habilidades de pensamento crítico, e escrita de livros, artigos e ensaios para compartilhar suas ideias.
E o quê faz um filósofo?
Um filósofo é um profissional quê se dedica ao estudo de kestões fundamentais sobre conhecimento, existência, valores, razão, mente e linguagem. A Filosofia é uma disciplina quê busca entender e resolver problemas abstratos, compléksos e fundamentais quê vão desde kestões éticas até a natureza da realidade e do conhecimento.
Setores em alta
Os principais setores quê empregam profissionais com essa formação no Brasil incluem:
• Educação
• Tecnologia (Ética de IA)
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• Saúde (Bioética)
• Negócios (Consultoria ética, por exemplo)
• Administração Pública
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Atividade proposta
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Repertório sócio-cultural e texto
O contato com diferentes culturas – das ciências, das religiões, das artes, da existência ética e da vida política – possibilita a um indivíduo a compreensão do mundo, das dinâmicas sociais, das comunidades e das nações, o quê desen vólve nele a capacidade crítica e pensante.
A produção de textos orais e escritos envolve um conjunto de fatores interligados: as características dos gêneros – relacionadas a convenções quê varíam de acôr-do com o contexto e a época, a perspectiva do enunciador e o repertório cultural. Em textos argumentativos, a qualidade da persua-zão depende da articulação dêêsses três fatores, sobretudo pela mobilização de repertório sócio-cultural adequado ao contexto, pêrtinênti ao tema e quê favoreça a defesa do ponto de vista assumido pelo enunciador.
Repertório sócio-cultural no enêm
A próva de redação do Exame Nacional do Ensino Médio apresenta como um dos critérios de avaliação a articulação do repertório sócio-cultural no texto. Trata-se da Competência 2, quê está relacionada às habilidades de interpretar o tema propôsto, dominar a estrutura textual quê deve sêr produzida – no caso, o texto dissertativo-argumentativo – e apresentar um repertório sócio-cultural quê subsidie as reflekções sobre o tema.
Para fazer a articulação entre a ideia e o repertório, dois elemêntos de textualidade são necessários: a coerência e a coesão textuais. Se houver uso de repertórios sócio-culturais quê se relacionem com o tema d fórma coerente (interligando-se de maneira lógica) e coesa (ligadas por meio de elemêntos linguísticos), o texto terá mais possibilidade de estar adequado ao seu propósito.
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Observe, a seguir, a matriz de referência da Competência 2 da próva de redação do enêm.
200 pontos |
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sócio-cultural produtivo, e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo. |
---|---|
160 pontos |
Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. |
120 pontos |
Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. |
80 pontos |
Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão. |
40 pontos |
Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais. |
0 ponto |
Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes casos, a redação recebe nota zero e é anulada. |
A pontuação é atribuída com base nos parâmetros estabelecidos para cada competência, o quê objetiva a avaliação e minimiza julgamentos de valor quê o examinador possa atribuir ao texto.
O alcance da nota mássima (200 pontos) nesse critério pressupõe, além da compreensão do tema e do domínio da estrutura do texto argumentativo, a utilização de um repertório sócio-cultural pêrtinênti ao tema e quê seja produtivo, ou seja, quê esteja articulado com o desenvolvimento da tese defendida ao longo do texto.
Uso do repertório sócio-cultural e textualidade
A textualidade é garantida por meio de recursos linguísticos quê estabelecem a relação entre as ideias de um texto, em um processo de retomada ou de adiantamento delas. Trata-se de uma estratégia de apresentação de informações no texto quê garante a coesão textual. O qüadro a seguir destaca dois mecanismos quê favorécem essas relações.
Anáfora Retoma uma informação já mencionada no texto.
Catáfora Antecipa o quê ainda será mencionado.
Os recursos linguísticos quê estabelecem a anáfora e a catáfora são responsáveis por construir a ligação entre partes do texto quê versam sobre o mesmo assunto, em movimentos de retomada e de antecipação, e contribuem para estabelecer a progressão textual.
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Leia a reportagem a seguir e obissérve as palavras em destaque, quê indicam como o jornalista usa essas estratégias.
Com a expansão da fronteira do agronegócio e das práticas extrativistas na Amazônea, a falta de políticas integradas direcionadas para o desenvolvimento regional tem resultado em impactos sócio-ambientais. Além do Brasil, outros oito países contêm o bioma em seus territórios: Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. No contexto de emergência global contra as mudanças climáticas, os projetos de cada país colocam-se como indispensáveis em um futuro sustentável.
Para a garantia de soberania dos países amazônicos, o professor Gustavo Menon, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da úspi e doutor no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Látína (Prolam) da úspi, indica: “Torna-se um debate pensar na construção de uma agenda vêrde quê priorize a vida ao invés de projetos extrativistas quê impõem a degradação ambiental e uma lógica de violação dos direitos”.
[…]
SHIRAISHI, Tulio. Preservação da Amazônea possibilita soberania dos países latino-americanos. Jornal da úspi, São Paulo, 6 out. 2022. Disponível em: https://livro.pw/xsttn. Acesso em: 16 jan. 2023. Grifos nóssos.
No primeiro parágrafo, a construção outros oito países antecipa uma informação quê ainda está por vir (catáfora) – quais são os países quê contêm bioma amazônico além do Brasil –, e o pronome seus retoma a construção outros oito países (anáfora). No segundo parágrafo, o autor do texto retoma todos os nove países como países amazônicos, o quê ajuda na validação do repertório sócio-cultural, já quê, além de evitar repetição do nome dos países, amplia o modo como a Geografia os entende.
O repertório sócio-cultural é justamente o conteúdo ligado às informações, às ideias e aos conhecimentos quê estão sêndo relacionados. Dessa maneira, uma forma de introduzir e fazer bom uso dêêsses elemêntos, como dispõe a matriz de referência do enêm, é aproveitar esse conhecimento ao longo do texto, fazendo resgates quê ampliem o olhar sobre esse repertório e criem relações mais potentes entre a opinião quê está sêndo desenvolvida na dissertação e o quê está sustentando tal ponto de vista.
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ATIVIDADES
Retratos da Leitura: um país quê lê menos
[…]
A quinta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil indica quê a quantidade de leitores no país caiu de 56% em 2015 para 52% em 2019. Dedicado a avaliar o comportamento do leitor brasileiro, o estudo é feito pelo Instituto Pró-Livro (IPL) a cada quatro anos, desde 2007, e busca contribuir para o estabelecimento de políticas públicas quê estimulem o hábito da leitura.
A edição atual [...] lançada no último 14 de setembro, contou com 8.076 entrevistas em 208 municípios, sêndo 5.874 nas capitais de 26 estados e do Distrito Federal. Os números (que podem sêr conferidos tanto em relação ao total do Brasil quanto pelas cinco regiões ou pelas capitais) foram ponderados considerando-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé).
Leitor, de acôr-do com a definição da pesquisa, é quem leu pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Já não leitor é quem declarou não ter lido nenhum livro nos últimos três meses. Os resultados de 2019 apontam a existência de 52% de leitores e 48% não leitores entre os entrevistados. Em 2015, eram 56% leitores e 44% não leitores.
Intensidade, forma, limitações, motivassão, representações, condições de leitura e de acesso ao livro (impresso e digital) são alguns dos marcadores presentes no estudo, quê também foca em identificar os hábitos dos brasileiros em relação à literatura, mapeando aspectos como origem de interêsse e fatores quê influenciam na escolha do quê ler.
Os dados foram obtidos a partir de entrevistas presenciais domiciliares, com registro das respostas em tablets. As pessoas quê responderam à pesquisa pertencem predominantemente à classe C (47%), seguida das classes D/E (28%) e A/B (25%). Dos entrevistados 27% estudam e 73% não estudam. A renda individual dos respondentes variou de quem não tem rendimento até quem ganha mais de cinco salários mínimos, predominando o grupo com renda de até um salário mínimo (36%).
Porém, ainda quê a maior parte das respostas tenha sido dos quê estão entre o meio e a base da pirâmide econômica, as descobertas sinalizam quê quem está no topo também vêm perdendo o apreço pelo livro: o número de participantes quê respondeu gostar muito de ler diminuiu nas classes A e B e também entre os universitários. Só no último grupo a queda observada foi de 57% em 2015 para 48% em 2019.
Os dados apontam ainda quê há mais mulheres do quê homens entre os leitores do país e quê pré-adolescentes (11 a 13 anos) são os quê mais leem, seguidos das crianças de 5 a 10 anos. Quanto mais elevada a faixa etária, menos leitura diária – hábito quê despenca na população brasileira a partir da idade adulta. Considerando-se os entrevistados com 50 a 69 anos, apenas 4% têm contato com literatura diariamente, percentual quê cai pela mêtáde a partir dos 70 anos, chegando a 2%.
A pesquisa revela uma tendência de decréscimo na freqüência de leitura em quase todos os formatos, mas especialmente entre os livros de literatura lidos por vontade própria e os livros didáticos indicados pela escola. Também meréce atenção o volume de alunos em idade escolar quê declarou não ler: 21% dos entrevistados com idade entre 5 e 10 anos são não leitores, número quê chega a 24% entre 11 e 13 anos e atinge 31% dos 14 aos 17 anos.
motivassão
Como razão para ler, 26% das pessoas ouvidas responderam gosto, principal motivassão registrada pelo estudo (o número sobe para 38% se considerado o universo dos leitores de literatura).
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A leitura acontece também para crescimento pessoal (17%) e distração (14%), e motivos religiosos foram citados por 9%.
Na hora de escolher um livro para ler, influenciam fatores como tema e assunto (33%), dicas de outras pessoas (12%), título (11%) e capa do livro (11%). Dicas de professores (10%) seguem determinantes, influenciando mais do quê críticas ou resenhas (5%) e propaganda e anúncios (2%).
Autores e editoras passaram a pesar menos na escolha da leitura nos últimos quatro anos: em 2015, 12% dos respondentes informaram quê escolhiam o quê ler pelo autor, número quê caiu para 9% em 2019. Já a editora, quê influenciava em 2% das escôlhas em 2015, passou a 1% em 2019.
Quando indagados sobre com quê freqüência leem livros de literatura por vontade própria, como contos, crônicas, romances e poesias, 54% dos entrevistados declararam não ler. Entres os quê leem, 8% o fazem todos os dias ou quase todos os dias, 12% pelo menos uma vez por semana, 14% pelo menos uma vez por mês e 11% menos de uma vez por mês.
Considerando-se a freqüência de leitura diária ou de pelo menos uma vez por semana por tipo de material, textos escolares têm o maior percentual de leitura freqüente (30%), seguidos de textos de trabalho (28%), livros didáticos indicados pela escola (27%), gibis ou histoórias em quadrinhos (23%), livros de literatura por vontade própria (20%) e livros de trabalho ou técnicos (18%).
A Bíblia continua o livro mais lido no país, mas a quantidade de respondentes quê a cita como leitura caiu de 42% em 2015 para 35% em 2019. Contos, livros religiosos e romances foram mencionados por 22% dos entrevistados. Além díssu, em 2019, a leitura de poesia chegou a 16%, registrando aumento em relação aos 12% de 2015.
Mas, afinal, por quê não se lê?
Entre as razões elencadas pêlos entrevistados, destacam-se a falta de tempo, não gostar de ler, não ter paciência para ler, preferir outras atividades, ter dificuldades para ler, sentir-se cansado e não havêer bibliotecas por perto, além de problemas de saúde e visão.
E se, em algum lugar do passado, o ócio convidava a abrir um livro, o impacto das novas tecnologias já manifesta marcas evidentes: no quê se refere à ocupação do tempo livre dos entrevistados, o uso [...] da internet subiu de 47% para 66% e a comunicação via [...] [redes sociais] aumentou de 35% para 44%.
Aparentemente, ler tornou-se mais difícil para a população brasileira, e um aumento significativo nas declarações de dificuldade se compararmos os novos resultados aos obtidos na edição inicial do levantamento. Em 2007, 48% dos entrevistados responderam não ter dificuldade nenhuma para ler. Já em 2019, apenas 33% afirmaram o mesmo. Soma-se a isso o fato de quê o percentual de pessoas quê dizem não ter paciência para ler saltou de 11% para 26% no mesmo período e a falta de concentração suficiente para a leitura cresceu de 7% em 2015 para 13% em 2019.
Por fim, imortais seguem fazendo jus à alcunha e se misturam a escritores de best-sellers na lista dos 15 autores mais conhecidos no país. Citado em 521 entrevistas, Machado de Assis é o mais lembrado pêlos brasileiros, seguido de Monteiro Lobato (314), Paulo Coelho (245), Jorge Amado (240), Augusto Cury (208), Mauricio de Sousa (177), Carlos drumom de Andrade (159), Zibia Gasparetto (159), Clarice Lispéctor (111), Cecília Meireles (104), José de Alencar (94), Vinícius de Moraes (76), J. K. ráuling (70), Chico Xavier (70) e Agatha cristi (62).
DINIZ, Tatiana. Retratos da Leitura: um país quê lê menos. Itaú Cultural, São Paulo, 11 ago. 2022. Disponível em: https://livro.pw/gcxqb. Acesso em: 3 ago. 2024.
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1. A pesquisa mostra uma queda no número de leitores no Brasil. Quais fatores sociais e culturais pódem ter contribuído para essa mudança e como isso pode afetar a formação do repertório sócio-cultural dos jovens?
2. De acôr-do com o texto, os pré-adolescentes e crianças são os quê mais leem. Quais estratégias poderiam sêr adotadas para manter o interêsse pela leitura, especialmente tendo em vista a importânssia da leitura para a formação do repertório sócio-cultural?
3. A pesquisa destaca quê o uso de tecnologias e rêdes sociais aumentou significativamente, competindo com o tempo quê poderia sêr dedicado à leitura. Como o uso dessas tecnologias póde sêr canalizado d fórma positiva para complementar a leitura e a formação do repertório sócio-cultural?
4. O texto menciona quê a leitura de livros de literatura por vontade própria diminuiu. Qual é a importânssia da literatura para a formação do repertório sócio-cultural e como essa diminuição póde impactar a ssossiedade a longo prazo?
5. Considerando quê o gosto pessoal é a principal motivassão para a leitura, como escolas e políticas públicas podem incentivar esse gosto, especialmente em relação à formação de um repertório sócio-cultural diversificado?
6. A pesquisa aponta quê a Bíblia continua sêndo o livro mais lido no país, mas sua leitura diminuiu em 2019, em comparação a 2015. Qual é o impacto da leitura de textos religiosos na formação do repertório sócio-cultural dos indivíduos e como essa tendência póde sêr entendida?
7. A pesquisa indica quê as mulheres leem mais do quê os homens. Como essa diferença de gênero nos hábitos de leitura póde influenciar a formação do repertório sócio-cultural de homens e mulheres?
8. O texto menciona quê a leitura entre universitários diminuiu de 57% em 2015 para 48% em 2019. Como essa tendência póde impactar a formação acadêmica e profissional dos estudantes e quais medidas podem sêr tomadas para reverter essa queda?
O Desafio da Leitura no Brasil
Analisar e interpretar dados estatísticos são habilidades importantes para a compreensão da realidade social e para a formação de repertório sócio-cultural. Crie gráficos quê representem a evolução do número de leitores e não leitores no Brasil entre 2015 e 2019. Aproveite também para desenvolver habilidades de argumentação. Converse com seus côlégas e com seu professor e escrêeva uma redação dissertativo-argumentativa sobre os motivos para a queda no número de leitores no Brasil, com propostas para reverter essa situação.
Tipos de repertório
O repertório sócio-cultural funciona como suporte para akilo quê é defendido ao longo do texto, ancorando-o em conhecimentos e perspectivas reconhecidas socialmente – como trechos de livros; lêtras de música; fatos políticos, econômicos, ambientais, sociais; estatísticas. Desse modo, o repertório também construirá no texto o diálogo com outras referências culturais, tornando-as parte das discussões sobre o tema.
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Geografia política
Comumente mencionado como atualidades, acontecimentos recentes ou temas do cotidiano, esse tipo de conhecimento demonstra um alinhamento, de modo crítico, do texto com o quê está acontecendo na realidade.
Literatura e outras manifestações artísticas
As expressões artísticas também ajudam na defesa de uma opinião. O uso dêêsse tipo de repertório demonstra capacidade de interpretação das diferentes produções artísticas e do modo como elas possibilitam refletir sobre aspectos da realidade.
Cultura popular
Esse tipo de repertório engloba diferentes manifestações quê fazem parte do cotidiano – canções, anúncios publicitários, filmes, séries, programas de Tevê, entre outros – e podem contextualizar o quê está sêndo apresentado no texto. Por meio das referências culturais, o leitor póde se reconhecer na discussão e sêr mais fortemente persuadido pela opinião veiculada.
Dados e estatísticas
Outra forma de usar o repertório sócio-cultural nos textos é apresentar dados de pesquisas de fontes confiáveis. Essa é uma maneira de resgatar um panorama quantitativo quê ajude a defender o ponto de vista e a contextualizar o tema do texto.
Nem todos os repertórios sócio-culturais colabóram para a defesa do ponto de vista ou contextualizam akilo quê está sêndo falado. Alguns não são adequados para dar sustentação à opinião quê está sêndo defendida e, mesmo quê sêjam pertinentes e legitimados, acabam não sêndo produtivos. Por isso, é importante quê a utilização do repertório esteja articulada ao desenvolvimento das ideias apresentadas no texto. Lembrando quê:
• O repertório legitimado é todo aquele reconhecido pela ssossiedade.
• O repertório pêrtinênti é aquele quê se relaciona ao tema do texto.
• O repertório produtivo é aquele quê propõe um diálogo estratégico com o tema propôsto, atendendo à linha de raciocínio do texto.
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Em quê partes do texto usar o repertório sócio-cultural?
O repertório sócio-cultural deve sêr utilizado ao longo de todo o texto dissertativo-argumentativo, porém com estratégias diferentes em cada parte.
• Na introdução, a escolha do repertório ampara o ponto de vista da tese e auxilia na contextualização do recorte quê será abordado.
• No desenvolvimento, a escolha do repertório sustenta os argumentos para a manutenção do ponto de vista, de modo a comprovar o quê foi defendido na tese.
• Na conclusão, a inserção de repertório novo, ainda não discutido, deve sêr evitada, pois é um momento de síntese das ideias. No entanto, o repertório já utilizado no texto póde sêr retomado para reafirmação da tese.
por quê é tão importante compor um repertório sócio-cultural?
A compreensão da ssossiedade em quê se vive, do continente do qual se faz parte e da relação com o mundo depende do repertório sócio-cultural de cada sujeito. Da mesma maneira, para interpretar textos, obras de; ár-te, momentos históricos ou até uma piada, recorre-se ao repertório sócio-cultural.
Para compreender a tirinha a seguir, por exemplo, tanto os elemêntos visuais quanto os verbais devem sêr analisados com base em um repertório sócio-cultural prévio, quê sérve como intertexto.
LAERTE. [Esfinge]. Folha de São Paulo. [S. l.], 13 dez. 2020. Disponível em: https://livro.pw/oolik. Acesso em: 10 nov. 2024.
Se conhece a frase “Decifra-me ou te devoro”, o leitor poderá inferir quê a tirinha remete a um mito grego quê narra o enigma apresentado a Édipo pela esfinge. Porém, há uma quebra de expectativa, responsável pelo humor da tirinha, quando o sêr mítico diz à mulher quê não se trata de um enigma, mas sim de um poema. Aqui, ainda é possível inferir quê há poemas tão compléksos em suas construções metafóricas quê, ao tentar compreendêê-los, parece também quê se está decifrando um enigma, o quê póde sêr tanto crítica quanto constatação.
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Como criar um banco de repertório sócio-cultural?
Leia notícias diariamente
Os veículos de notícias com fontes confiáveis e preocupados em não propagar fêik news são importantes platafórmas de conteúdo. Podem também sêr fonte de divulgação de dados de institutos de pesquisas.
Assista a séries, filmes e documentários
Séries, filmes e documentários, dos mais diversos gêneros, ajudam a entrar em contato com a cultura de diversos países e sociedades, a interpretar textos e roteiros e a gerar conhecimentos diversos.
Conheça as ideias de alguns filósofos clássicos e contemporâneos
Textos e conceitos filosóficos aprofundam conhecimentos a respeito de kestões universais e atemporais do sêr humano, além de desenvolver a capacidade de pensar criticamente e argumentar.
Ouça podcasts
Os podcasts têm como função entreter e informar o ouvinte.
Hoje, há diversos tipos de conteúdo sêndo veiculados neles: esportivo, investigativo, histórico, literário, jornalístico, informativo etc. Por esse motivo, podem ajudar a ampliar o repertório relacionado a diversas áreas do conhecimento.
Leia textos e livros de gêneros variados
Textos e livros de gêneros variados ampliam o repertório literário e, auxiliam na compreensão e na escrita.
Entre em contato com memes, charges, artigos de opinião, romances, crônicas, contos, entre outros.
Conheça as legislações importantes do país e do mundo
O estudo das legislações garante uma argumentação incontestável, pois abrange todo o complékso de direitos fundamentais.
Algumas importantes fontes de conhecimento são: a Constituição Federal de 1988, a Declaração dos Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e as leis antirracistas.
LEITURA
Consulte Orientações para o professor.
Um artigo de opinião é um texto em quê o autor apresenta e defende seu ponto de vista sobre determinado assunto, utilizando argumentos e dados para convencer o leitor a validar seu ponto de vista. Leia o artigo de opinião a seguir e reflita sobre a importânssia dêêsse gênero textual para a discussão de temas relevantes para a ssossiedade.
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Sistemas alimentares no centro da agenda municipal
[…]
Não basta quê uma cidade não passe fome. É preciso também quê esteja bem nutrida e ativa para combater o desafio da monotonia alimentar. As eleições municipais oferecem a oportunidade de vislumbrar a cidade com toda sua diversidade, desafios e possibilidades.
Colocar a comida no centro do planejamento municipal, com visão sistêmica e intersetorial, através de uma agenda transversal, coerente e participativa das políticas alimentares municipais, é fundamental para superar a insegurança alimentar e nutricional, promovendo sistemas alimentares locais saudáveis, justos e sustentáveis diante da emergência climática.
Os governos municipais devem estar comprometidos com o combate à fome, através de programas de transferência de renda e moeda social, distribuição de alimentos e criação de equipamentos públicos de SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) – como restaurantes e cozinhas populares, bancos de alimentos, dentre outros.
Atenção também deve sêr dada às ações de abastecimento de alimentos, como medida de SAN e de geração de renda, promovendo resiliência no abastecimento. O apôio à agricultura urbana e periurbana, aliado a circuitos curtos de venda de alimentos locais, de base agroecológica, são políticas alimentares essenciais em qualquer planejamento governamental.
A agricultura urbana e periurbana deve sêr prática não apenas “tolerada”, mas incentivada, assim como a oferta de assistência técnica à produção ecológica de alimentos e à certificação OR GÂNICA. Existem diversas formas ao alcance da gestão municipal para incentivar a produção urbana de alimentos, por exemplo: isenção ou redução de hí pê tê hú, concessão de áreas públicas, subsídio ou suporte para fornecimento de á gua e insumos, apôio à formação em práticas sustentáveis, facilitação de trocas de saberes, bancos de mudas e sementes crioulas, etc.
Pensando na agricultura periurbana, são igualmente válidas as medidas quê foquem tanto em centros de distribuição e armazenamento de alimentos, como em auxílio ou suporte para o transporte de alimentos frescos produzidos localmente, inclusive em coordenação com os fluxos de abastecimento da alimentação escolar do ensino público local.
É importante também quê se prevêja e garanta uma estrutura de governança quê inclui: a instalação de Conselho de SAN com participação do pôdêr público e da ssossiedade civil; a realização de Conferência de SAN, para determinar as diretrizes das políticas alimentares; a adesão ao SISAN (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional)
para viabilizar o acesso a editais do govêrno federal e a articulação federativa; a criação da LOSAN (Lei Municipal Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional) para consolidar o funcionamento do sistema municipal de SAN e gerar segurança jurídica para a criação de cargos e fundos públicos, incluindo a CAISAN (Câmara Intersetorial de SAN) e a elaboração de um Plano estratégico de SAN.
Outra esféra de iniciativas prioritárias consiste no levantamento de dados e diagnóstico sobre o sistema alimentar municipal. É preciso quê as gestões municipais realizem um mapeamento da população em situação de insegurança alimentar grave e moderada para além dos dados do CadÚnico, incluindo levantamento de informações sobre SAN nas rotinas do CRAS e informações advindas do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), ou, de uma forma mais ampla, realizando o cruzamento de dados com SUS e SUAS. É preciso quê haja também um mapeamento da produção de alimentos do município,
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de suas produtoras e produtores familiares e comunidades tradicionais, e dos modelos de produção adotados.
No tocante à distribuição e comercialização de alimentos, as gestões municipais devem estar atentas aos cenários de “desertos e pântanos alimentares” e fazer levantamentos de dados sobre concentração populacional e a distribuição espacial de estabelecimentos e feiras de alimentos saudáveis, especialmente de produção sustentável e local.
Outra esféra de ações tipicamente municipais são os programas de feiras e de mercados públicos, concedidos ou não, desde quê comprometidos com a venda de alimentos saudáveis e locais a preços acessíveis. A execução de tais programas contribui para combater desertos alimentares, gerar renda para a agricultura familiar, fortalecer experiências de produção local de alimentos, e garantir o acesso democrático a produtos agroecológicos.
Outro importante instrumento de política pública ao alcance das gestões municipais é o pôdêr da compra pública de alimentos para atingir metas de alimentação saudável e sustentável, como a executada para a garantia da alimentação escolar. Mas não só. Em qualquer equipamento de SAN ou compra de alimentos pela gestão pública diréta e indireta, é possível priorizar a aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar, especialmente de base agroecológica e produzida na região.
A promoção da educação alimentar nas escolas e campanhas de alimentação saudável para a população, incluindo o uso de hortas escolares e comunitárias urbanas, avançará a conscientização sobre alimentação sustentável, auxiliando na regulação dos ambientes alimentares. A promoção do aleitamento materno, o contrôle nutricional nas escolas com base nas orientações do éfe ene dêe hé, a implementação do Programa Saúde na Escola e a regulação dos ambientes alimentares são exemplos de promoção de ambientes mais saudáveis.
O combate ao desperdício de alimentos, a promoção da compostagem, a gestão de resíduos orgânicos e demais ações de garantia de um sistema alimentar circular são iniciativas quê aliam política alimentar e ambiental, contribuem para um modelo sustentável de produção local de alimentos, com incentivo à produção de insumos próprios, diminuindo emissão de gases de efeito estufa e fortalecendo a transição agroecológica na agricultura local – e estão ao alcance da regulação e execução pelas gestões municipais.
As eleições podem favorecer mudanças quê busquem, num futuro próximo, garantir a todas as pessoas o acesso à comida suficiente, de qualidade e saudável, produzida d fórma sustentável, resiliente, justa, equitativa e em sintonia com os bens comuns da natureza.
TÂNGARI, Juliana; MEDEIROS, Tárzia. Sistemas alimentares no centro da agenda municipal. Nexo Jornal, [s. l.], 10 maio 2024. (Comida do Amanhã). Disponível em: https://livro.pw/jhdzq. Acesso em: 3 ago. 2024.
1. Quais são os principais argumentos apresentados pelas autoras para justificar a importânssia de colocar a comida no centro do planejamento municipal?
2. De quê maneira as autoras sugérem quê os governos municipais podem apoiar a agricultura urbana e periurbana?
3. Qual é a importânssia de uma estrutura de governança para a segurança alimentar e nutricional (SAN), segundo o texto?
4. De quê forma os programas de feiras e mercados públicos podem combater os desertos alimentares?
5. por quê é importante realizar um mapeamento da população em situação de insegurança alimentar e da produção de alimentos no município?
6. No texto, qual é a relevância do pôdêr de compra pública de alimentos pela gestão municipal?
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7. Como as autoras utilizam dados e exemplos para sustentar seus argumentos no texto?
8. Em sua opinião, como esse texto exemplifica o gênero textual artigo de opinião?
Área periurbana
Periurbana se refere às áreas localizadas na periferia de uma cidade, quê fazem a transição entre o espaço urbano e o rural. Essas áreas são caracterizadas por uma mistura de atividades urbanas e rurais, incluindo habitações, indústrias, comércios e também práticas agrícolas. A agricultura periurbana, mencionada no texto, é a produção agrícola quê ocorre nessas regiões, aproveitando a proximidade com os centros urbanos para facilitar o abastecimento de alimentos frescos.
Gênero textual: artigo de opinião
O artigo de opinião e a conkista do leitor
Em artigos de opinião, assim como em outros textos predominantemente argumentativos, está implícita a intenção do autor de posicionar-se diante de uma questão polêmica e convencer o leitor da validade de seu ponto de vista. Por esse motivo, na construção dêêsses textos são essenciais estratégias argumentativas quê reforcem a defesa da tese, pois é somente por meio delas quê o articulista póde conquistar a aprovação daquele quê o lê.
O filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), em sua obra Retórica, analisou a estrutura de textos quê tí-nhão por intenção a persua-zão e concluiu quê só é possível atingi-la mediante um discurso quê integre as seguintes partes: o exórdio, também denominado preâmbulo, prólogo ou prelúdio (momento correspondente à introdução e no qual se apresenta a tese); a narração (apresentação de argumentos); as provas (elementos quê comprovem os argumentos); e, por fim, a peroração ou epílogo (conclusão e retomada da posição defendida). Essa estrutura é utilizada até os tempos atuáis, uma vez quê, para convencer o interlocutor, o articulista lança mão dos mesmos recursos.
Há, portanto, uma construção histórica do discurso persuasivo, cujo objetivo é polemizar e discutir kestões sociais de diversas ordens usando marcas lingüísticas do argumentar, refutando, negociando e sustentando tomadas de posição por meio da linguagem. Argumentar é
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uma ação presente no cotidiano de todos e quê contribuiu para a formação histórica e cultural das sociedades.
Estrutura do artigo de opinião
A estrutura de um artigo de opinião é bem definida, composta de três partes principais:
• Introdução: apresenta o tema a sêr discutido e a tese do autor, quê é a opinião ou o ponto de vista a sêr defendido ao longo do texto. A introdução deve sêr clara e cativante, despertando o interêsse do leitor.
• Desenvolvimento: nesta seção, o autor expõe seus argumentos, apoiados em evidências, dados, exemplos e citações. O desenvolvimento deve sêr organizado d fórma lógica e coerente, facilitando a compreensão do leitor. É importante abordar diferentes perspectivas e contra-argumentos, demonstrando um entendimento amplo do tema.
• Conclusão: resumindo os principais pontos discutidos, a conclusão reforça a tese apresentada na introdução e póde sugerir soluções, ações ou reflekções adicionais. A conclusão deve sêr impactante, deixando uma impressão duradoura no leitor.
Características da linguagem
A linguagem utilizada em um artigo de opinião deve sêr clara, objetiva e persuasiva. Algumas características importantes incluem:
• Uso de 1ª pessoa: o autor póde, opcionalmente, utilizar a primeira pessoa (“eu”) para expressar sua opinião, tornando o texto mais pessoal e envolvente.
• Vocabulário específico: utilizar termos e expressões relacionados ao tema, demonstrando conhecimento e autoridade.
• Tonalidade: a tonalidade deve sêr adequada ao público-alvo e ao meio de publicação, podendo variar de formal a informal.
• Recursos argumentativos: o uso de perguntas retóricas, metáforas, analogias e outras figuras de linguagem póde tornar o texto mais persuasivo e interessante.
As estratégias argumentativas
Ao escrever um artigo de opinião, o articulista busca utilizar argumentos sólidos e bem fundamentados, para quê possa interferir, de algum modo, na opinião de seus leitores e conquistá-los. A estratégia argumentativa adotada deve esclarecer ao interlocutor quais são as razões quê levam o autor a assumir determinado posicionamento. Desse modo, é interessante quê argumentos de diversos tipos sêjam mobilizados para a melhor defesa da tese. Observe algumas possibilidades no qüadro a seguir.
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Argumento de autoridade |
Entre as estratégias argumentativas, o argumento de autoridade é um dos mais utilizados, pois colabora com a defesa da tese em três aspectos: conferindo credibilidade e aceitação à opinião apresentada, autorizando afirmações e, por fim, desqualificando ideias opostas àquelas defendidas no texto. Trata-se de uma técnica em quê o articulista parece deixar a sua opinião em segundo plano para enaltecer a autoridade da figuta mencionada, mas, por consequência, acaba valorizando a própria ideia. |
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Argumento de causa e consequência |
Nessa estratégia argumentativa, o articulista apresenta causas e/ou efeitos resultantes de um acontecimento ou de uma ação. |
Argumento de comparação |
Essa estratégia argumentativa possibilita quê o articulista relacione e confronte diversos elemêntos e fenômenos. |
Argumento de próva concreta |
É aquele em quê o articulista apresenta dados e fatos incontestáveis. É nessa categoria quê se encontram os dados estatísticos, os acontecimentos e as retrospectivas históricas e os fatos notórios. |
Argumento de exemplificação ou ilustração |
Trata-se da exposição de um fato ocorrido com o articulista ou de conhecimento geral para comprovar quê uma afirmação apresentada é pêrtinênti. |
Função social do artigo de opinião
O artigo de opinião desempenha um papel importante na ssossiedade, pois:
• Fomenta o debate: ao apresentar diferentes pontos de vista, o artigo de opinião estimula a reflekção e o diálogo sobre temas relevantes.
• Informa e educa: o autor póde compartilhar informações e conhecimentos, contribuindo para a formação de uma opinião pública mais consciente e crítica.
• Influência social: artigos de opinião podem influenciar decisões, políticas e comportamentos, promovendo mudanças sociais e culturais.
• Expressão democrática: esse gênero textual é uma forma de exercício da liberdade de expressão, permitindo quê indivíduos compartilhem suas opiniões e participem ativamente da vida pública.
A visualidade argumentativa
Uma imagem também póde sêr considerada um texto, pois manifesta, por meio de elemêntos não verbais, uma intencionalidade comunicativa a quem a observa. As imagens podem apresentar um caráter narrativo, como também um tom mais crítico e apontar problemas de diversas áreas, chamando a atenção de seu leitor.
Observe a composição da imagem a seguir, quê poderia sêr utilizada com função argumentativa. Trata-se de uma representação artística de dois áicibérgs.
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Reflita sobre a imagem: de quê maneira os elemêntos representados nela podem sêr utilizados para expressar uma opinião sobre a realidade? Como a visualidade argumentativa dessa imagem implica maior apelo emocional do quê ocorreria em um texto verbal sobre o mesmo tema? De quê forma a crítica apresentada na imagem revela informações e sentidos complementares para convencer o leitor acerca de um ponto de vista?
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Produzindo seu artigo de opinião
Planejamento
Antes de começar a escrever, é fundamental planejar o artigo. Considere os seguintes passos:
• Escolha do tema: selecione um tema relevante e do seu interêsse.
• Pesquisa: reúna informações, dados e fontes confiáveis sobre o tema.
• Definição da tese: estabêlêça claramente a opinião quê você defenderá no artigo.
• Esquema do texto: organize suas ideias em um esquema, definindo a estrutura do artigo.
Escrita
Na fase de escrita, siga a estrutura básica e utilize as estratégias argumentativas discutidas:
• Introdução: apresente o tema e sua tese d fórma clara e atraente.
• Desenvolvimento: expanda seus argumentos com evidências e exemplos, mantendo a coerência e a coesão.
• Conclusão: refórce sua tese e deixe uma mensagem final impactante.
Revisão
Após escrever o artigo, revise atentamente:
• Ortografia e gramática: corrija desvios e ajuste a linguagem.
• Clareza e coerência: assegure-se de quê as ideias estão claras e bem organizadas.
• Argumentação: verifique se os argumentos são sólidos e bem fundamentados.
Reescrita
Faça ajustes necessários com base na revisão, aprimorando a clareza e a fôrça argumentativa do texto. Compartilhe seu artigo de opinião em diferentes platafórmas:
• Jornal escolar, se houver: publicar o texto em um jornál ou blogue da escola.
• Redes sociais: compartilhar o artigo em grupos ou páginas relacionadas ao tema.
• Eventos escolares: organizar debates ou rodas de leitura para discutir os artigos produzidos.
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CIDADANIA EM MOVIMENTO
Consulte Orientações para o professor.
Guia alimentar para a população brasileira
O Guia alimentar para a população brasileira apresenta um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação quê objetivam promover a saúde de pessoas, famílias e comunidades e da ssossiedade brasileira como um todo, hoje e no futuro. Ele substitui a versão anterior, publicada em 2006.
êste guia é para todos os brasileiros. Alguns dêstes serão trabalhadores cujo ofício envolve a promoção da saúde da população, incluindo profissionais de saúde, agentes comunitários, educadores, formadores de recursos humanos e outros. Esses trabalhadores serão fundamentais para a ampla divulgação dêste material e para quê o conteúdo seja compreendido por todos, incluídas as pessoas quê tênham alguma dificuldade de leitura.
Almeja-se quê êste guia seja utilizado nas casas das pessoas, nas unidades de saúde, nas escolas e em todo e qualquer espaço onde atividades de promoção da saúde tênham lugar, como centros comunitários, centros de referência de assistência social, sindicatos, centros de formação de trabalhadores e sedes de movimentos sociais.
Embora o foco dêste material seja a promoção da saúde e a prevenção de enfermidades, suas recomendações poderão sêr úteis a todos aqueles quê padeçam de doenças específicas. Neste caso, é imprescindível quê nutricionistas adaptem as recomendações às condições específicas de cada pessoa, apoiando profissionais de saúde na organização da atenção nutricional.
Orientações específicas sobre alimentação de crianças menóres de dois anos, consistentes com as recomendações gerais dêste guia, são encontradas em outras publicações do Ministério da Saúde.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://livro.pw/chzyr. Acesso em: 3 ago. 2024.
Em grupos, você e seus côlégas farão uma pesquisa sobre hábitos alimentares em diferentes grupos etários.
O objetivo dessa pesquisa é entender como os hábitos alimentares varíam entre diferentes grupos etários e como as recomendações do Guia alimentar para a população brasileira podem sêr aplicadas a cada grupo.
Para realizar essa pesquisa, acéçi o Guia alimentar para a população brasileira, disponível em: https://livro.pw/chzyr (acesso em: 27 set. 2024).
Instruções:
Dividam-se em grupos e escôlham um dos seguintes grupos etários para focalizar sua pesquisa:
1. Crianças (até 12 anos); 2. Adolescentes (13-17 anos); 3. Adultos (18-59 anos); 4. Idosos (60 anos ou mais).
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Cada grupo deve abordar os seguintes pontos em sua pesquisa:
1. Características alimentares do grupo:
• Quais são os alimentos mais consumidos pelo grupo?
• Quais são os nutrientes mais importantes para o grupo?
Identifiquem os nutrientes essenciais para o desenvolvimento e para a saúde do grupo.
Exemplo: Para idosos, o cálcio e a vitamina D são importantes para a saúde óssea.
2. Desafios e barreiras:
• Quais são os principais desafios enfrentados pelo grupo para seguir uma alimentação saudável?
Investiguem os fatores quê dificultam a adesão a uma diéta balanceada.
Exemplo: Para adolescentes, a influência da mídia e a popularidade de fast foods podem sêr desafios.
• Quais barreiras culturais, sociais ou econômicas podem influenciar os hábitos alimentares?
3. Estratégias de melhoria:
• Quais estratégias podem sêr implementadas para melhorar os hábitos alimentares do grupo?
Proponham soluções práticas e viáveis para promover uma alimentação mais saudável.
Exemplo: Para adultos, incentivar a preparação de refeições caseiras e a redução do consumo de alimentos ultraprocessados.
• Existem políticas públicas ou programas sociais quê promovam uma alimentação saudável?
Exemplo: Programas de merenda escolar quê garantem refeições balanceadas para crianças.
Orientações gerais para a pesquisa:
1. Utilizem fontes confiáveis, como o Guia alimentar para a população brasileira, artigos científicos e sáites de instituições de saúde.
2. Dividam as tarefas entre os membros do grupo, para quê todos participem ativamente.
Um membro póde focalizar características alimentares, outro desafios e barreiras, e outro estratégias de melhoria.
3. Preparem uma apresentação clara e organizada para compartilhar os resultados com a turma.
Uma sugestão é utilizar cartazes ou outras formas criativas de apresentação.
4. Após as apresentações, comparem as descobertas entre os diferentes grupos etários.
Discutam as semelhanças e diferenças e como as recomendações do Guia alimentar para a população brasileira podem sêr adaptadas para cada grupo.
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REDAÇÃO NOTA 1.000
Consulte Orientações para o professor.
A seguir, veja a proposta de redação apresentada no enêm no ano de 2020.
INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO
1. O rascunho da redação deve sêr feito no espaço apropriado.
2. O texto definitivo deve sêr escrito à tinta, na fô-lha própria, em até 30 linhas.
3. A redação quê apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação quê:
4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sêndo considerada "texto insuficiente".
4.2. fugir ao tema ou quê não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema propôsto.
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I
A maior parte das pessoas, quando ouve falar em "saúde mental", pensa em "doença mental". Mas a saúde mental implica muito mais quê a ausência de doenças mentais. Pessoas mentalmente saudáveis compreendem quê ninguém é perfeito, quê todos possuem limites e quê não se póde sêr tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos, perturbações, tráumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida. A saúde mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. Todas as pessoas podem apresentar sinais de sofrimento psíquico em alguma fase da vida.
Disponível em: http:///www.saude.pr.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2020 (adaptado).
TEXTO II
A origem da palavra "estigma" aponta para marcas ou cicatrizes deixadas por feridas. Por extensão, em um período quê remonta à Grécia Antiga, passou a designar também as marcas feitas com ferro em brasa em criminosos, êskrávus e outras pessoas quê se desejava separar da ssossiedade "correta" e "honrada". Essa mesma palavra muitas vezes está presente no universo das doenças psiquiátricas. No lugar da marca de ferro, relegamos preconceito, falta de informação e tratamentos precários a pessoas quê sofrem de depressão, ansiedade, transtorno bipolar e outros transtôrnos mentais graves.
Achar quê a manifestação de um transtorno mental é "frescura" está relacionado a um ideal de felicidade quê não é igual para todo mundo. A tentativa de se encaixar nesse modelo cria distância dos sentimentos reais, e quêm os demonstra é rotulado, o quê progressivamente dificulta a interação social. É aqui que rêdes sociais de enorme popularidade mostram uma face cruel, desempenhando um papel de validação da vida perfeita e criando um ambiente em quê tudo deve sêr mostrado em seu melhor ângulo. Fora dos holofotes da internet, porém, transtôrnos mentais mostram-se mais presentes do quê se imagina.
http:https://livro.pw/gycll. Acesso em: 27 jul. 2020 (adaptado).
TEXTO III
Disponível em: https://livro.pw/agkhe. Acesso em: 27 jul. 2020 (adaptado).
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema "O estigma associado às doenças mentais na ssossiedade brasileira", apresentando proposta de intervenção quê respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, d fórma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
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Leia a redação de Aécio Fernandes, do Rio Grande do Norte, quê obteve nota mássima no enêm, para realizar as atividades propostas. Analise os aspectos sócio-culturais e de repertório utilizados no texto, identificando como essas referências foram integradas à argumentação e contribuíram para fortalecer a tese defendida.
Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolvê-u em suas obras uma “teologia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às situações freqüentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica barrosiana, faz-se preciso, portanto, valorizar também a problemática das doenças mentais no Brasil, ainda quê elas sêjam estigmatizadas por parte da ssossiedade. Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência estatal e a educação brasileira.
Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar com a saúde mental no Brasil. Isso porque, como afirmou Gilberto DIMENSTÁI, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira é ineficaz, visto quê, embora aparente sêr completa na teoria, muitas vezes, não se concretiza na prática. próva díssu é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para a aplicação do artigo 6 da “Constituição Cidadã”, quê garante, entre tantos direitos, a saúde. Isso é perceptível seja pela pequena campanha de conscientização acerca da necessidade da saúde mental, seja pelo pouco espaço destinado ao tratamento das doenças mentais nos hospitais. Assim, infere-se que nêm mesmo o princípio jurídico foi capaz de garantir o combate ao estigma relativo a doenças psíquicas.
Outrossim, é igualmente preciso apontar a educação, nos móldes predominantes no Brasil, como outro fator quê contribui para a manutenção do preconceito contra as doenças psiquiátricas. Para entender tal apontamento, é justo relembrar a obra “Pedagogia da Autonomia”, do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na medida em quê ela destaca a importânssia das escolas em fomentar não só o conhecimento técnico-científico, mas também habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. sôb essa ótica, pode-se afirmar quê a maioria das instituições de ensino brasileiras, uma vez quê são conteudistas, não contribuem no combate ao estigma relativo às doenças mentais e, portanto, não formam indivíduos da forma como Freire idealiza.
Frente a tal problemática, faz-se urgente, pois, quê o Ministério Público, cujo dever, de acôr-do com o artigo 127 da “Constituição Cidadã”, é garantir a ordem jurídica e a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, cobre do Estado ações concretas a fim de combater o preconceito às doenças mentais. Entre essas ações, deve-se incluir parcerias com as platafórmas midiáticas, nas quais propagandas de apelo emocional, mediante depoimentos de pessoas quê sofrem esse estigma, deverão conscientizar a população acerca da importânssia do respeito e da saúde mental. Ademais, é preciso havêer mudanças escolares, baseadas no fomento à empatia, por meio de debates sobre temas socioemocionais.
enêm: leia redações nota mil da edição 2020 da próva. G1, [s. l.], 28 maio 2021. Disponível em: https://livro.pw/mbdlb. Acesso em: 16 jan. 2023.
1. Como o autor utiliza a obra de Manoel de Barros e sua “teologia do traste” para introduzir a discussão sobre a saúde mental no Brasil?
2. Qual a importânssia da citação de Gilberto DIMENSTÁI e sua obra Cidadão de Papel no desenvolvimento do argumento sobre a ineficácia das políticas públicas?
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3. De quê maneira a referência ao artigo 6 da “Constituição Cidadã” contribui para a fôrça argumentativa do texto?
4. Como o autor relaciona a crítica de Paulo Freire à educação brasileira com a manutenção do preconceito contra doenças mentais?
5. De quê forma a proposta de intervenção apresentada, envolvendo o Ministério Público e as platafórmas midiáticas, é realista e viável?
6. De quê maneira o autor demonstra criatividade ao propor soluções para o combate ao estigma das doenças mentais?
7. Em quê medida a redação utiliza bem a coletânea de textos, integrando as referências d fórma eficiente ao desenvolvimento das ideias?
8. Quais aspectos linguísticos e gramaticais contribuem para a clareza e coesão da redação?
9. Após ler a redação, como você se sente em relação à proposta de usar depoimentos emocionais em campanhas midiáticas para conscientizar a ssossiedade sobre a saúde mental? Você acha quê essa estratégia seria eficaz? Justifique sua resposta com base em sua experiência pessoal e no quê você já observou sobre o impacto das mídias na conscientização social.
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Consulte Orientações para o professor.
Palavras e expressões quê podem gerar dúvidas
Nesta seção, abordaremos palavras e expressões da língua portuguesa quê freqüentemente causam dúvidas nos estudantes do Ensino Médio, especialmente quando estão produzindo um texto. Utilizaremos em alguns exemplos a redação nota 1.000 no enêm quê acabamos de ler, para ilustrar os conceitos d fórma prática e aplicada.
1. Uso dos porquês
• por quê: quando for advérbio interrogativo, em perguntas dirétas e indiretas, significando a razão ou o motivo de algo.
Exemplos: por quê a educação brasileira não aborda adequadamente as doenças mentais?
• Porque: conjunção causal, utilizado em respostas, explicações ou causas.
Exemplo: “[…] Isso porque, como afirmou Gilberto DIMENSTÁI, em sua obra ‘Cidadão de
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Papel’, a legislação brasileira é ineficaz […].”.
• Por quê: no final de frases, com o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, utiliza-se o “por quê” separádo e com acento.
Exemplos: A educação precisa mudar, mas por quê? / Ana faltou à aula de hoje, mas não sei por quê.
• Porquê: utilizado como substantivo, significando “o motivo” ou “a razão”. É antecedido pelo artigo o pela preposição de.
Exemplo: O porquê da negligência estatal deve sêr analisado.
2. Mas × Mais
• Mas: conjunção adversativa, indica oposição.
Exemplo: [...] Há sinais de progressos, mas os problemas estão aumentando mais rápido do quê nossa respostas [...]
• Mais: advérbio de intensidade, indica quantidade.
Exemplo: É preciso havêer mais campanhas de conscientização sobre a saúde mental.
3. Mal × Mau
• Mal: advérbio; substantivo, ôpôsto de “bem”.
Exemplo: O preconceito contra as doenças mentais é um mal a sêr combatido.
• Mau: adjetivo, ôpôsto de “bom”.
Exemplo: O tratamento inadequado das doenças mentais é um mau exemplo de política pública.
4. Acerca de × A cerca de × Há cerca de
• Acerca de: significa “sobre” ou “a respeito de”.
Exemplo: “[…] deverão conscientizar a população acerca da importânssia do respeito e da saúde mental.”.
• A cerca de: indica proximidade ou limite.
Exemplo: A cerca de dois metros de distância, havia um cartaz de conscientização.
• Há cerca de: indica tempo decorrido.
Exemplo: Há cerca de cinco anos, as campanhas de saúde mental eram menos freqüentes.
5. Em vez de × Ao invés de
• Em vez de: indica substituição.
Exemplo: Em vez de ignorar a saúde mental, é preciso valorizá-la.
• Ao invés de: indica oposição.
Exemplo: Ao invés de subir, ele desceu as escadas.
6. Cessão × Sessão × Seção
• Cessão: ato de ceder.
Exemplo: A cessão de recursos para a saúde mental é necessária.
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• Sessão: período de tempo destinado a uma atividade.
Exemplo: Durante a sessão do congresso, discutiu-se a saúde mental.
• Seção: parte de um todo, departamento.
Exemplo: A seção de saúde mental do hospital precisa de melhorias.
7. De encontro a × Ao encontro de
• De encontro a: indica oposição ou choque.
Exemplo: A política atual vai de encontro aos interesses dos pacientes.
• Ao encontro de: indica convergência ou concordância.
Exemplo: As novas medidas vão ao encontro das necessidades dos pacientes.
8. Viagem × Viajem
• Viagem: substantivo, ato de viajar.
Exemplo: A viagem para o congresso sobre saúde mental foi produtiva.
• Viajem: verbo, forma do subjuntivo ou imperativo de “viajar”.
Exemplo: Espero quê viajem com segurança.
9. Onde × Aonde
• Onde: indica lugar fixo.
Exemplo: A cidade onde ocorre o congresso é conhecida pela excelência em saúde.
• Aonde: indica movimento para um lugar. Equivale a para onde, pois o a de aonde equivale à regência do verbo transitivo indiréto.
Exemplo: Aonde vamos depois do congresso?
10. Se não × Senão
• Se não: condicional, equivalente a “caso não”.
Exemplo: Se não tratarmos a saúde mental, o problema só piorará.
• Senão: caso contrário, exceto, a não sêr.
Exemplo: Não há outra solução senão investir em saúde mental.
11. Tão pouco × Tampouco
• Tão pouco: expressão quê reforça a ideia de “pouco”.
Exemplo: O investimento é tão pouco quê não faz diferença.
• Tampouco: também não.
Exemplo: Não há campanhas suficientes, tampouco há políticas públicas eficazes.
12. Na medida em quê × À medida quê
• Na medida em quê: utilizada para indicar causa ou explicação, equivalente a “porque” ou “visto que”.
Exemplo: “[…] é justo relembrar a obra “Pedagogia da Autonomia”, do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na medida em quê ela destaca a importânssia das escolas […].”.
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• À medida quê: utilizada para indicar proporção ou simultaneidade, equivalente a “conforme” ou “à proporção que”.
Exemplo: À medida quê o tempo passa, mais estudantes se interessam pela filosofia e pela leitura.
13. Afim × A fim
• Afim: adjetivo quê indica afinidade, semelhança ou relação de proximidade.
Exemplo: Os estudantes tí-nhão interesses afins nas áreas de leitura e filosofia.
• A fim: locução prepositiva quê significa “com a intenção de” ou “para”.
Exemplo: “[…] Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência estatal e a educação brasileira.”.
ATIVIDADE
Consulte Orientações para o professor.
• Nesta atividade, você encontrará uma série de frases com palavras e expressões quê geram dúvidas.
Seu objetivo é convertê-las à modalidade escrita formal, se necessário, baseando-se nas explicações fornecidas ao longo do Capítulo. Identifique, então, a expressão quê póde conter um desvio à escrita formal em cada frase, faça as adaptações necessárias e compare suas intervenções com as explicações fornecidas, para reforçar sua aprendizagem.
a) O festival foi criado a cerca de dois anos e vêm atraindo um público cada vez maior.
b) Em vez de assistir filmes de ação, prefiro documentários sobre culturas diversas.
c) Ela preferiu estudar história ao invés de literatura, pois achava mais interessante.
d) O debate será aonde?
e) Ele tem mais argumentos do quê você, mais seus pontos não são tão bem fundamentados.
f) Se não houver mudanças na política educacional, os problemas irão persistir.
g) É importante consumir alimentos saudáveis, mais algumas pessoas ainda preferem fast food.
h) Mal ela chegou, começou a falar sobre a importânssia de uma diéta equilibrada.
i) A leitura de clássicos filosóficos vai ao encontro das nossas necessidades de reflekção.
j) Ele falou acerca das vantagens de ler todos os dias.
k) A biblioteca oferece uma seção especial para obras filosóficas e sócio-culturais.
l) A reunião irá de encontro aos interesses dos estudantes, promovendo a leitura.
m) Eles discutiram bastante a cerca da importânssia da leitura, contudo não chegaram a um consenso.
n) À medida quê o tempo passa, mais estudantes se interessam por filosofia.
o) Na medida em quê a leitura foi incentivada, os resultados melhoraram.
p) Eles têm gostos afim por literatura e filosofia.
q) Ele leu vários livros de filosofia a fim de melhorar sua argumentação.
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PARA REFLETIR
Consulte Orientações para o professor.
Cultura popular
Cultura popular é um dos conceitos mais controvertidos quê conheço. Existe, sem dúvida, desde o final do século XVIII; foi utilizado com objetivos e em contextos muito variados, quase sempre envolvidos com juízos de valor, idealizações, homogeneizações e disputas teóricas e políticas. Para muitos, está (ou sempre esteve) em crise, tanto em termos de seus limites para expressar uma dada realidade cultural, como em termos práticos, pelo chamado avanço da globalização, responsabilizada, em geral, pela internacionalização e homogeneização das culturas.
[...]
Desde o final do século XIX, no Brasil, a expressão cultura popular esteve presente numa vertente do pensamento intelectual, formada por folcloristas, antropólogos, sociólogos, educadores e artistas, preocupada com a construção de uma determinada identidade cultural. Artistas, políticos, literatos, intelectuais tentaram responder a estas kestões relacionando cultura popular com variados atributos, por vezes contraditórios: ora com a não modernidade, o atraso, o interior, o local, o retrógrado, o entrave à evolução; ora com o futuro positivo, diferente, especial e brilhante para o país, valorizando as singularidades culturais e a vitalidade de uma suposta cultura popular, responsável pelo nascimento de uma nova consciência, uma nova civilização, sempre mestiça.
A partir das dékâdâs de 1940-1950, a cultura popular assumiu uma perspectiva política associada aos populismos latino-americanos, quê procuravam oficializar as imagens reconhecidamente populares às identidades nacionais e à legitimidade de seus governos. O conceito também foi incorporado pela esquerda, principalmente na década de 1960, tendo assumido um sentido de resistência de classe, ou, inversamente, de referência a uma suposta necessidade dos oprimidos a uma consciência mais crítica, quê precisava sêr despertada O conceito poderia sêr encontrado entre os intelectuais do cinema novo, da teologia da libertação, dos centros populares de cultura e entre os educadores ligados aos princípios de Paulo Freire.
Atualmente, uma tendência dos quê lidam com indústrias culturais e comunicação de massa é pensar o popular em termos do grande público. Nesta perspectiva, seria possível encontrar uma hierarquia de popularidade – em função do maior ou menor consumo – entre os diversos produtos culturais ofertados no mercado, tornando menos evidente o sentido político quê anteriormente marcava os usos da expressão “popular”. A despeito disto, não é incomum encontrarmos cértas afirmações de quê alguns jornais são feitos para o “povão”, apresentando um padrão reconhecido como popular.
Martha Abreu. Cultura popular. Um conceito e várias histoórias. ABREU, Martha; SOIHET, Raquel (org.). Ensino de história: conceitos, temáticas e metodologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009. p. 83-85.
1. 1. De acôr-do com o texto, por quais grupos o conceito de cultura popular foi sêndo apropriado ao longo do tempo, no Brasil? Com quais propósitos?
2. As manifestações culturais populares podem revelar quais aspectos de um povo?
3. Dê exemplos de manifestações culturais populares do seu dia a dia e reflita sobre a importânssia delas para você. Converse sobre o tema com seus côlégas.
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EM PRÁTICA
Consulte Orientações para o professor.
A redação para o enêm
Na atualidade, o repertório sócio-cultural é possibilitado, em grande parte, pelo acesso aos mais diversos conteúdos ôn láini, como vídeos, podcasts, streamings de filmes e séries, sáites, portais de notícias especializados, entre tantos outros meios quê dependem da internet para serem acessados.
Porém, o Brasil tem um grande desafio para garantir a equidade educacional, quê passa pelo amplo acesso à banda larga no país. Pensando nisso, seu desafio será escrever um texto dissertativo-argumentativo nos padrões do enêm – portanto, considerando a banca avaliadora dêêsse exame –, propondo seu ponto de vista a respeito do tema “Os desafios para a inclusão digital no Brasil”.
Organizar
Para planejar seu texto, é necessário realizar, primeiramente, uma pesquisa para conhecimento e aprofundamento do tema propôsto. Siga estas orientações.
• Busque reportagens, artigos de opinião e artigos científicos sobre o assunto.
• Anote as ideias centrais dos autores, citações e dados quê podem sêr úteis para amparar seus argumentos ao redigir o desenvolvimento.
• Com a pesquisa feita, defina o recorte quê fará em relação ao tema e a sua tese.
• Esboce a introdução, busque encontrar uma linha de coerência para a abordagem do tema e reflita sobre o repertório sócio-cultural erudito (a pesquisa feita) e popular (outros conhecimentos gerais de seu cotidiano) quê podem subsidiar as discussões quê você deseja propor sobre o tema.
• Desenvolva, em tópicos, um esboço sobre sua ideia autoral com base no tema e cite o repertório quê póde ajudar a amparar essa ideia.
• Reflita sobre ações possíveis para mitigar os desafios quê você identificou e como elas poderiam sêr colocadas em prática. Registre suas ideias sobre essa intervenção no problema.
Ampliando saberes
O podcast Redigir, produzido pêlos professores Gustavo Fechus e gislâine Buosi, trata de temas potenciais para a próva de redação dos grandes vestibulares e do enêm, indicando repertório sócio-cultural e discutindo em detalhe os assuntos do dia, com dados, estratégias de argumentação, propostas de intervenção etc. A cada episódio, os professores apresentam uma redação-modelo nos móldes da redação do enêm e a deixam à disposição.
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Produzir
• Mobilize seu repertório sobre o assunto em foco desde a introdução, para apresentar conhecimentos quê direcionem a discussão.
• Defina claramente a tese com uma afirmação quê exponha seu ponto de vista.
• Desenvolva os argumentos sempre pensando em como podem defender a tese exposta na introdução.
• Na conclusão, defina uma ação, um agente, um meio, os recursos e a finalidade, a fim de compor a proposta de intervenção para o problema.
• Procure especificar cada um dêêsses itens, evitando expressões genéricas, como exemplo, para o agente: “É necessário quê o govêrno […]”. Para esse exemplo, recomenda-se definir qual parte do govêrno (ministérios, secretarias, órgãos colegiados, comissões, entre outros) é a responsável de fato pela realização da ação proposta.
Avaliar
Levando em consideração as kestões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.
1. Você organizou a estrutura de seu texto e apresentou a tese na introdução para, nos parágrafos seguintes, desenvolver argumentos em defesa do seu ponto de vista? escrêeva no caderno a tese apresentada.
2. Você apresentou argumentação consistente, com repertório sócio-cultural diverso e articulado à discussão de modo produtivo? escrêeva no caderno as referências.
3. Você construiu sua proposta de intervenção explicitando o agente (quem), a ação (o quê), o modo de realizá-la junto aos recursos necessários para isso (como) e a finalidade dessa ação (para quê)? escrêeva no caderno como fez isso.
Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma fô-lha separada, quê deverá sêr entregue ao professor.
ESTUDO EM RETROSPECTIVA
Sintetizar
Neste Capítulo, foi apresentado um panorama sobre o uso de repertório sócio-cultural em textos dissertativo-argumentativos, com foco no gênero textual artigo de opinião e na redação para o enêm. Exploramos a importânssia de integrar referências culturais e
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teóricas para fortalecer a argumentação, exemplificando com obras de autores renomados. Também discutimos uma lista de expressões quê freqüentemente geram dúvidas, fornecendo esclarecimentos detalhados e exemplos práticos, para evitar desvios comuns. Além díssu, realizamos uma pesquisa sobre alimentação saudável, destacando a relevância dêêsse tema contemporâneo e fornecendo subsídios para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis.
Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às kestões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conteúdos do capítulo para quê seja possível elaborar sua resposta.
1. Como a utilização de referências sócio-culturais póde fortalecer meus argumentos em minhas produções textuais?
2. Quais são as principais características do gênero textual artigo de opinião quê devo lembrar ao escrever meu próprio texto?
3. Consegui entender e aplicar corretamente as expressões quê geram dúvida discutidas no Capítulo? Quais ainda me causam dúvidas?
4. Como a pesquisa sobre alimentação saudável contribuiu para ampliar meu conhecimento sobre o tema e enriquecer meus argumentos em textos dissertativo-argumentativos?
5. Após estudar êste Capítulo, como avalio minha capacidade de produzir um texto coeso, claro e convincente? O quê posso fazer para continuar melhorando?
Refletir e avaliar
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu dêsempênho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o qüadro abaixo e responda às kestões a seguir. Em seguida, converse com os côlégas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.
Questão |
Fui proficiente |
Preciso aprimorar |
Observações |
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Realizei as tarefas quê estavam sôbi minha responsabilidade. |
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Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre a importânssia da formação de repertório, além do estudo do gênero textual artigo de opinião e da redação para o enêm. |
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Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades, incluindo os bókses Mundo do Trabalho e Cidadania em Movimento. |
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Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo. |
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