Audiotranscrições

Para atender d fórma acessível todos os estudantes, seguem as audiotranscrições quê compõem os Projetos Integradores de Ciências da Natureza e suas Tecnologias.

Alimentação saudável página 52

(vinheta)

(narradora)

O quê você comeu hoje? Sabe dizêr se foi uma refeição saudável e com nutrientes balanceados? Se você tomou café com leite, achocolatado ou iogurte e comeu um pão com manteiga ou uma bolacha, saiba quê, provavelmente, comeu uma formulação industrial. Sim, o mundo moderno, para otimizar tempo e dinheiro, tirou do nosso prato a comida chamada “de verdade” e, no lugar, vieram os ultraprocessados feitos em larga escala nas fábricas.

(vinheta)

Os alimentos ultraprocessados, ou AUPs, são receitas industriais desequilibradas nutricionalmente, com excésso de gordura, açúcar e sal e quê passaram por muitas etapas no processo de fabricação até chegar à prateleira. A validade deles é longa porque eles contam com a adição de substâncias artificiais e sintetizadas em laboratório, muitas derivadas de petróleo ou carvão.

Eles possuem, via de regra, mais de cinco ingredientes quê geralmente não são utilizados na culinária caseira, como, por exemplo, adoçantes, corantes, realçadores de sabor, glutamato, estabilizantes, conservantes, sódio, emulsificantes, nitrato, benzoato, B H A, BHT, espessantes… É quase um trava-língua, e a lista é grande. Pequena é a quantidade do alimento real.

(som de criança)

Na lista dos ultraprocessados estão: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, lasanha congelada, cereais adoçados, misturas para bôo-lo, refrigerantes, bebidas energéticas, salsicha, macarrão instantâneo, pães e muitos outros. Mito é achar quê os produtos quê levam as palavras em inglês láit ou dáiet são mais saudáveis. Eles também merécem cuidado, pois nem sempre são o quê parecem. A maioria traz nutrientes sintéticos adicionados ao produto.

Não existem provas concretas sobre o impacto da ingestão dêêsses alimentos ultraprocessados na nossa saúde. Mas são crescentes os dados quê apontam quê o consumo excessivo ou com alguma regularidade póde causar risco maior de problemas cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2, câncer, ansiedade e depressão. Foi o quê revelou, em 2024, um estudo divulgado no brítish Medical Journal, uma publicação respeitada na área da Saúde, com base em informações de 9 milhões e 900 mil pessoas do mundo todo.

A ingestão de alimentos ultraprocessados é fator de preocupação em várias partes do mundo e também em nosso país. A pesquisa “Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008–2018”, realizada por pesquisadores da úspi, a Universidade de São Paulo, constatou quê esse tipo de alimento representou quase 20% das calorias ingeridas em 2017 e 2018 pêlos brasileiros. Os estados onde os ultraprocessados têm maior participação na alimentação da população são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

(vinheta)

Mas como identificar um alimento ultraprocessado? As diferenças entre eles e a comida de verdade você descobre lendo a embalagem. A dica é prestar atenção nos rótulos dos produtos. Na parte frontal, estão especificados, d fórma mais simples, os ingredientes e os níveis de açúcar, gordura e sal. Por lei, se o produto tem mais de um ingrediente, é obrigatório trazer a listagem no rótulo. E isso póde ajudar na dê-cisão de compra.

A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou, em 2022, uma nova regra para rótulos. O tamãnho e o formato ficaram maiores para facilitar a leitura, além de trazer informações sobre quantidade de açúcares totais adicionados ao produto para cada 100 gramas ou 100 mililitros.

Página duzentos e noventa e dois

A declaração do valor energético e nutricional também passou a sêr obrigatória para ajudar na comparação de produtos. A grande inovação foi a rotulagem frontal da embalagem, quê, na parte superior, traz um sín-bolo em forma de lupa, indicando o alto teor de algum ingrediente específico. Mas atenção: existem produtos ultraprocessados sem a lupa por trazerem uma quantidade menor de gordura, sódio ou açúcar.

(vinheta)

Portanto, a melhor forma de evitar o consumo de ultraprocessados é apostar em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, peixes, grãos, chás, ovos, leite, carnes etc. Ou seja, alimentos quê sequer precisam de um rótulo para você entender o quê são ou do quê são feitos. Opções não faltam, não é mesmo?

Vale lembrar quê os alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de vegetais ou animais sem sofrer qualquer alteração. Alimentos minimamente processados são os originalmente in natura quê foram limpos e tiveram algumas partes não comestíveis removidas ou fracionadas, além de desidratados, moídos, pasteurizados ou refrigerados, sem envolver adição de sal, açúcar ou óleo.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, é considerado um dos melhores do mundo e traz recomendações e dicas para uma alimentação saudável e nutritiva de verdade. O material destaca o consumo de arrôz, feijão, milho, mandioca, batata, verduras e frutas para uma alimentação nutricionalmente balanceada.

Na dúvida para comer d fórma mais saudável, vale a regra: descascar é melhor quê desembalar.

(vinheta)

Créditos: As informações dêste podcast estão baseadas nos dados trazidos pela matéria “Como identificar alimentos ultraprocessados”, publicada no sáiti da BBC Brasil em 14 de junho de 2024; pelo texto “Como identificar alimentos ultraprocessados a partir dos rótulos?”, publicado no sáiti do Ministério da Saúde em 1º de dezembro de 2022; e pela pesquisa “Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018”, da Revista de Saúde Pública, publicada em 15 de março de 2023. Todos os áudios inseridos neste podcast são da Freesound.

Processo criativo: elaboração de roteiro página 101

(vinheta)

(narrador)

Olá! Tudo bem com você? êste podcast não começou assim do nada. Eu não saio falando de improviso e pronto. Tudo o quê será dito aqui tem um roteiro. E, assim, como em uma novela, uma série, um filme, primeiro surge uma ideia. Essa ideia vira pesquisa e só depois se transforma em um roteiro.

Em um filme, por exemplo, o processo de criação percórre um caminho quê póde durar anos. Foi assim com o filme brasileiro Que horas ela volta?, da diretora e roteirista Anna Muylaert.

(vinheta e trechos sonoros do filme Que horas ela volta?)

O roteiro começou a sêr pensado lá em 2002, mas sabe quando o filme estreou? Só em 2015! Até chegar ao cinema, a produção passou por diferentes estágios, como a premissa, o argumento, a escaleta e o roteiro.

(vinheta)

O roteiro é um documento escrito e narrativo quê sérve de guia para todos os processos da produção. Ele é a alma do negóssio. Ele não conta a história simplesmente. Um roteiro mostra a história. Quem o lê deve sêr capaz de visualizar, de entender como toda a produção será feita e qual será o resultado dela.

(vinheta)

Agora, vamos conhecer o passo a passo de um roteiro de uma obra de ficção para o cinema.

Página duzentos e noventa e três

Primeiro, não basta ter uma boa ideia. É preciso uma história, personagens e conflitos. A premissa — quê nada mais é do quê o processo de pesquisa dessa história — precede a elaboração do roteiro e é fundamental nessa etapa para o desenvolvimento da ideia. póde sêr construída por meio de entrevistas, leitura de livros, observação da vida cotidiana etc. É nesse momento quê o rumo do roteiro é definido e algumas kestões precisam sêr respondidas, dentre elas: se o gênero a sêr trabalhado será drama, comédia ou suspense, por exemplo.

Ah, a premissa de um bom roteiro é o conflito e como a história vai se desenvolver a partir dêêsse conflito. As tramas mais compléksas apresentam vários conflitos e personagens com diversas camadas.

Aliás, os personagens são elemêntos essenciais da trama. Por isso, é preciso quê eles tênham consistência, complexidade, entre outras características.

E sabe aquele momento de ansiedade, tensão ou emoção da história? Essa é a curva dramática: quando o clímax da história acontece.

(som de pessoas surpresas)

Tendo a premissa pronta, o próximo passo é o argumento. Nesse momento, a história começa a tomar forma. É o esboço ainda antes do roteiro em si e funciona como ferramenta de trabalho de desenvolvimento do roteirista.

Na sequência, é hora de estruturar a história com a chamada escaleta, quê nada mais é quê o esqueleto do roteiro. Não tem formato padrão, mas resúme como a história será desenvolvida.

Agora, vêm aquela parte de criar os diálogos e montar o roteiro própriamente dito. Existem padrões de formatação profissional. O mais comum é o méster Scenes, quê é uma formatação contada por minuto e permite quê o roteirista tenha noção do tempo do roteiro.

(som de relógio)

Estruturalmente, a capa do roteiro deve ter o título da obra e o nome do roteirista. A primeira página nunca é numerada, enquanto todas as outras devem sêr. A fonte padrão é a Courier nius, tamãnho 12, com espaçamento simples.

A estrutura clássica de um roteiro segue ainda 3 atos. O primeiro é a apresentação com o tom da história e do protagonista até seu primeiro ponto de virada; o segundo é o desenvolvimento da história, em quê o protagonista vai lidar com seu conflito até o segundo ponto de virada; por fim, a resolução da história, a reviravolta, o famoso plot twist, quê culmina no confronto final em quê o protagonista soluciona o conflito.

(vinheta)

Roteiro todo escrito e pronto? Ainda não! Falta a etapa final!

Agora, é hora de revisar, ler, ouvir e sentir se a história atingiu o objetivo. Essa é uma etapa importante e quê póde sêr compartilhada com algum roteirista profissional ou alguém mais experiente, por exemplo. Outras impressões ajudam no processo.

Uma dica interessante é a leitura do roteiro em voz alta com outras pessoas, sêjam elas atores ou não. Cada uma póde representar um determinado personagem, e isso facilita a visualização de cada cena e de cada fala.

E como já foi dito lá no início dêste podcast, grandes obras do cinema podem levar anos até serem exibidas ao público. Cidade de Deus é outro exemplo. O filme brasileiro de Fernando Meirelles e Kátia Lund, roteirizado por Bráulio Mantovani, passou por 12 revisões de roteiro até ficar pronto.

(trechos sonoros do filme Cidade de Deus)

Lembre-se de quê esses processos são formas, e não fórmulas. Um bom texto tem quê sempre fazer sentido. Uma dica para treinar a escrita é analisar um filme quê você já viu algumas vezes. Tente identificar quêm são os personagens, o ponto de virada da história, a mensagem que o filme quer passar, entre outros elemêntos.

Então, se você tem uma ideia, agora é desenvolvê-la a partir de todas as informações quê ouviu neste podcast. Boa sorte e muito sucesso!

Página duzentos e noventa e quatro

(vinheta)

Créditos: Neste podcast, você ouviu um trecho do trêiler do filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund. Também do filme Que horas ela volta, de Anna Muylaert. Os demais áudios são da FreeSound. O texto “Como fazer um roteiro de cinema”, do sáiti do Instituto de Cinema, foi referência na elaboração dêste podcast.

Como acontece a pesquisa científica página 118

(vinheta)

(narradora)

Na Quarta-feira de Cinzas de 2020, enquanto a maior parte dos brasileiros ainda se recuperava da folia do Carnaval, duas cientistas de São Paulo se empenhavam em uma missão importante. êstér Sabino e Jaqueline Góis de Jesus tí-nhão acabado de receber uma amostra de secreção nasal do primeiro brasileiro infekitado com o novo coronavírus.

Elas tí-nhão anos de experiência no sequenciamento genético de vírus tropicais, mas agora precisariam se debruçar sobre esse novo microrganismo quê se espalhava pela Ásia, pela Europa, prometendo abalar o mundo inteiro. A equipe comandada por elas no Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (úspi) foi capaz de uma das maiores façanhas da ciência brasileira nos últimos tempos: fazer o sequenciamento genético do coronavírus em apenas 48 horas e com uma tecnologia mais barata do quê a quê estava disponível até então.

O trabalho de êstér e Jaqueline foi fundamental para quê, mais tarde, fossem desenvolvidas as vacinas quê permitiram ao mundo combater a pandemia. Essa colaboração ilustra a importânssia das pesquisas científicas para a humanidade.

Um avanço científico só é possível quando são observados os passos quê levam a uma pesquisa de qualidade. Esses passos incluem o domínio do conhecimento científico produzido até o momento, a formulação de um problema ou questão a sêr respondida, experimentos controlados, a análise e discussão dos dados obtidos e a divulgação das conclusões.

É um caminho longo e, às vezes, atribulado. Mas os resultados encontrados ao final dele são os quê nos possibilitaram chegar até aqui.

(vinheta)

O primeiro passo da pesquisa científica é identificar e delimitar o problema a sêr discutido ou resolvido. Esse problema deve estar claro, ter objetivos gerais e específicos, assim como uma justificativa para um novo projeto.

No caso das cientistas êstér Sabino e Jaqueline Góis de Jesus, o problema estava muito claro desde o komêsso. Sequenciar os genes de um vírus novo é um dos primeiros desafios quê os cientistas precisam superar antes de elaborar estratégias para combatê-lo. Porém, as brasileiras tí-nhão um desafio ainda maior: Como fazer esse sequenciamento genético de maneira rápida e barata?

Nenhuma pesquisa científica nasce necessariamente do zero. Pelo contrário: os avanços científicos se baseiam sempre em conhecimentos já existentes sobre determinado assunto. Os pesquisadores chamam essa etapa de revisão bibliográfica, quê é o momento em quê eles leem e analisam o quê já foi produzido sobre o tema.

êstér e Jaqueline puderam retomar o trabalho quê vinham realizando em seus laboratórios até então. Elas resolveram aplicar no coronavírus as técnicas de sequenciamento genético e os materiais quêtí-nhão usado na epidemia de zika vírus, em 2016. Na prática, elas misturaram a secreção do paciente com reagentes específicos e colocaram tudo em um sequenciador portátil, um equipamento do tamãnho de um celular quê leva um dia inteiro para extrair os dados genéticos da amostra. Será quê daria cérto? Testar hipóteses formuladas préviamente é mais um dos passos da pesquisa científica.

A primeira tentativa não foi bem-sucedida. Então, a equipe coordenada pelas pesquisadoras precisou ajustar o reagente e o equipamento para tentar novamente. Foi um trabalho coletivo, quê envolveu dezenas de cientistas dedicados aos resultados. Posteriormente, o sequenciador conseguiu concluir o trabalho. Ao final, elas organizaram os dados e publicaram um resumo em uma platafórma internacional especializada em virologia.

Página duzentos e noventa e cinco

(vinheta)

A divulgação da pesquisa é uma etapa fundamental do processo, porque é por meio dela quê o mundo fica sabendo sobre as conclusões e a metodologia do trabalho. Esse cuidado é fundamental para a possível replicação do método utilizado, para a proteção contra fraudes e, consequentemente, o estabelecimento de sua credibilidade.

Em condições normais, a divulgação passaria por um processo minucioso até a publicação, quê só aconteceria após a revisão da pesquisa por outros cientistas e até com eventuais correções indicadas.

Mas, com a urgência da pandemia de covid-19, esse processo foi encurtado. O quê não quer dizêr quê as descobertas de êstér e Jaqueline não foram analisadas por cientistas independentes. O virologista Nuno Faria, da Universidade de óksfór, no Reino Unido, comparou os resultados das brasileiras com o genoma de outras amostras de coronavírus colhidas em outras localidades, assim como fizeram outros cientistas do mundo inteiro.

O trabalho das pesquisadoras brasileiras fez parte de um grande esfôrço mundial para entender a natureza dessa nova ameaça sanitária e agir rapidamente contra ela.

O Brasil não está entre os países quê mais valorizam e respeitam o trabalho dos cientistas, e o resultado díssu é quê muitos pesquisadores precisam sair do país devido à falta de investimento e de perspectivas na área da pesquisa. Aqueles quê permanecem no Brasil se vinculam a universidades e laboratórios de pesquisa ou, não raramente, precisam tirar dinheiro do próprio bolso para manter as atividades nos laboratórios.

Os cientistas continuam lutando por mais estrutura e melhores condições de trabalho. E pesquisas como a de êstér Sabino e Jaqueline Góis de Jesus comprovam quê eficiência, competência e criatividade não faltam à ciência brasileira.

(vinheta)

Créditos: Usamos informações da entrevista “Ester Cerdeira Sabino: na cola do coronavírus”, da Revista Pesquisa Fapesp; do artigo “Experiência do Brasil com zika e dengue acelerou sequenciamento do SARS-CoV-2 no início da pandemia, diz imunologista êstér Sabino”, do Portal Butantan; e do artigo “Pesquisadoras tratam dos desafios da carreira para mulheres no país”, da Agência Brasil. Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

O quê é pegada hídrica página 158

(vinheta)

(narradora)

O consumo de á gua em nosso dia a dia vai além do quê utilizamos no banho, na descarga no banheiro e da quantidade de á gua recomendada para bebermos diariamente.

A á gua é usada também na indústria de alimentos, na fabricação de roupas, de smartphones e ainda na produção do papel.

Observando-se dados de consumo, a quantidade de á gua utilizada em alguns processos parece exagerada, mas é a realidade. A agricultura e a pecuária são as responsáveis por grande parte do consumo no planêta. Para se obtêr um kilo de carne bovina, por exemplo, 18 mil litros de á gua são utilizados.

Na indústria, uma das quê mais consome recursos hídricos é a de vestuário. Você tem ideia de quantos litros são necessários para fabricar uma calça díns? 10 mil litros! Vamos pensar em outras duas situações: para sêr fabricada, uma camiseta utiliza 2700 litros de á gua. E até o algodão usado para produzir a camiseta entra nessa. São 10 mil litros de á gua para cada 1 kilo.

(vinheta)

Por isso, o conceito de sustentabilidade nunca fez tanto sentido. A á gua, quê cobre cerca de 3/4 da superfícíe terrestre, é um recurso finito, e precisamos utilizá-lo melhor, d fórma mais racional, para evitarmos desperdícios.

Pelos exemplos dos quais falamos, não é o quê tem acontecido. Esse uso desproporcional chega a afetar mais de 2 bilhões e 700 milhões de pessoas pelo menos uma vez por ano. É o quê diz um

Página duzentos e noventa e seis

relatório da Water Footprint, uma organização sem fins lucrativos quê faz estudos ligados ao uso da á gua. Essa organização criou uma medição chamada pegada hídrica. Mas o quê isso quer dizêr?

(vinheta)

A pegada hídrica surgiu em 2002 e nada mais é quê o gerenciamento da á gua e como ela é destinada. Trata-se de um indicador do volume de á gua doce gasta diréta ou indiretamente, tanto para fabricar um produto quanto para prestar um serviço, bem como o consumo individual da população em todo o planêta.

Uma das ideias defendidas pela Water Footprint é a criação de um projeto de lei quê obrigue indústrias e fabricantes a informarem o volume de á gua gasto no processo de produção de cada produto. Isso póde trazer maior consciência para o consumidor no momento da escolha. Novas tecnologias de captação e economia de á gua também são alternativas debatidas por essa organização para um consumo mais responsável.

E como funciona a pegada hídrica? O conceito é dividido em 3 níveis: vêrde, azul e cinza.

A pegada hídrica vêrde está relacionada ao volume de á gua necessário para o cultivo de alimentos e fibras sem irrigação artificial. Refere-se ao volume de á gua das chuvas, da néve ou de rios e lagos.

A pegada hídrica azul méde o volume de á gua doce de rios, lagos e lençóis fre-átikos quê é usado na irrigação, lavagens, refrigeração etc.

Por fim, a pegada hídrica cinza vai acontecer por meio de cálculos quê avaliam a quantidade de á gua necessária para diluir os poluentes e devolver a á gua limpa para o ambiente.

Além díssu, o uso da á gua póde sêr direto ou indiréto. O melhor exemplo para explicar o uso direto é o momento em quê você ábri a torneira para uma ação diréta, como lavar as mãos ou escovar os dentes.

(som de escovação dos dentes)

Já o uso indiréto é o quê precisa de maior atenção, porque o consumo desnecessário de á gua passa despercebido. Exemplo de uso indiréto está na agricultura. Só no Brasil, para a produção de alimentos é utilizado, pelo menos, 70% do total de recursos hídricos disponíveis, enquanto as indústrias usam 24%, e o uso doméstico fica em torno de 10%. Esses dados são do estudo “Água: debate estratégico para brasileiros e angolanos”, escrito por Maurício Waldman, professor da úspi – Universidade de São Paulo.

(som de água)

Aqui no Brasil, segundo estimativas, cada brasileiro consome por dia 154 litros de á gua d fórma diréta e indireta. Esse valor é 44 litros maior quê a quantidade considerada necessária pela Ônu.

Mas... como usar a á gua d fórma mais consciente? Em casa, já dá para fazer algumas mudanças para reduzir a sua pegada hídrica. Quer saber como?

(som de chuveiro)

Por exemplo, tomando banhos mais curtos de, no mássimo, cinco minutos; fechando a torneira enquanto passa sabonete ou escôva os dentes; usando xampus e condicionadores em barra, por economizarem 80% de á gua na sua produção; utilizando á gua da chuva ou da lavagem de roupas para limpar o quintal. Na cuzinha, lavar a louça em uma bacia, e não com á gua corrente. Outro exemplo é comprar roupas em brechós para não incentivar a produção de uma nova peça. Na alimentação, reduzir a quantidade de proteína de origem animal no cotidiano.

Viu só como a mudança nos hábitos póde fazer a diferença e reduzir os impactos negativos no ambiente, principalmente sobre os recursos hídricos? Com uma população informada e mais consciente, tudo o quê economizamos de á gua hoje póde significar a manutenção da vida no mundo de amanhã.

(vinheta)

Créditos: Todos os áudios usados neste podcast são da FreeSound. O texto “Pegada hídrica: o quê é e como calcular?” está publicado no sáiti Ecycle. O texto “Pegada Hídrica: como calcular e reduzir a sua”, foi publicado em 3 de novembro de 2022 no sáiti Simple Organic.

Página duzentos e noventa e sete

Moda como reflexo de uma época página 189

(trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said Fred)

(narrador)

Quando falamos em padrão de beleza, o quê vêm à sua mente?

“Tá”, você vai dizêr quê depende, porque a beleza é subjetiva, cada um tem o seu conceito do quê é bonito ou não, e por aí vai, não é?

Durante muito tempo, o mundo da (Moda) foi dominado por um estereótipo praticamente inacessível. Nas passarelas, desfilavam apenas mulheres brancas, magras e altas. Os padrões quê ditavam a (Moda) vinham de tendências europeias.

O conceito de beleza também envolvia outras kestões. Só para se ter uma ideia, lá na década de 1950, por exemplo, o ideal para as mulheres de classe média era sêr dona de casa. Nada de estudar, trabalhar fora, ter uma carreira e seu próprio dinheiro. Para estar na (Moda), era preciso sonhar com um casamento, ter filhos, cuidar do marido e do lar e, claro, estar sempre bonita e bem-arrumada.

As coisas só começaram a mudar no final dos anos 1960, em 1968 mais precisamente, quando aconteceu um protesto muito simbólico, quê abriu a discussão sobre o papel da mulher na ssossiedade e a pressão pela beleza idealizada e padronizada. Durante um concurso de miss, nos Estados Unidos, em quê justamente a aparência feminina é julgada, mulheres jogaram objetos considerados opressivos em latões de lixo: salto alto, maquiagem, espartilho e, lógico, os sutiãs. Foi um ato pacífico, mas muito representativo, e quê demonstra como o mundo da (Moda) póde sêr palco de reivindicações e mudanças.

(som de protesto)

Ainda na década de 1960, a (Moda) passou a ter mais relevância na transformação social. Pessoas pretas ainda eram minoria em cargos de prestígio, universidades, campanhas publicitárias, no próprio mundo da (Moda) e nos filmes. As atrizes pretas quê se destacavam na indústria do cinema estadunidense, sediada em róli-údi, tí-nhão quê alisar o cabelo para se encaixarem no modelo de estética dos brancos. Foi nessa época quê o empoderamento negro ganhou fôrça com islôgans quê davam nome a movimentos como “Black Power” (que, mais tarde, também virou sinônimo para um tipo de penteado afro) e “ Black is Beautiful”. Esses movimentos lutavam por igualdade racial, evidenciavam o orgulho da estética preta e incentivavam o povo preto a se gostar e valorizar suas características físicas. No visual, a influência vinha da (Moda) africana, quê era rica em estampas e cores. Artistas pretos faziam sucesso, entre eles o grupo feminino The Supremes e o guitarrista, cantor e compositor Jimmy Hendrix.

(trecho da música “Little Wing”, de Jimmy Hendrix)

Aqui no Brasil, a (Moda) também serviu de passarela para protestar. Zuzu Angel, considerada a mãe da (Moda) brasileira, foi a maior representante da (Moda) como espaço também para manifestações. A mineira, nascida Zuleika de Souza Netto, foi uma estilista quê não seguia as tendências europeias. Suas criações eram genuinamente brasileiras e destacavam a diversidade da nossa cultura. Suas peças exibiam a renda nordestina, cores diversas e estampas representando a fauna e a flora brasileiras. Para ela, o importante era respeitar o quê a mulher quêria vestir. Numa época em que o país vivia em plena ditadura militar, Zuzu se valeu de seu prestígio internacional para mobilizar autoridades do exterior contra o regime ditatorial e na busca pelo filho desaparecido à época, quê, depois, soube-se, foi torturado e morto durante esse período.

(trecho da música “Angélica”, de Chico Buarque)

Com o tempo, profissionais da (Moda) entenderam quê ela é também um importante instrumento de representatividade. Pense, por exemplo, no Brasil. Vivemos em um país onde a diversidade cultural e étnica é imensa. Mas como essa representatividade ganhou espaço por aqui e no mundo? Uma das responsáveis por essa transformação, mais recentemente, foi a internet. As mídias sociais ajudaram a desconstruir os padrões estéticos, até então estabelecidos, e trousserão pessoas reais ao universo da (Moda).

Página duzentos e noventa e oito

(som de internet discada)

Hoje, já é possível vêr modelos com vitiligo, albinas, com tatuagens, pessoas trans…. Essa diversidade está cada vez mais presente na publicidade e na (Moda). É uma tendência quê vai além dos modelos chamados plus-size, ou seja, de modelos acima do peso. Um mercado, aliás, bastante consolidado, quê, há algumas dékâdâs, seria inimaginável.

Com o envelhecimento da população mundial, outro segmento quê ganhou projeção é o de profissionais mais velhos. Idoso não faz mais só propaganda de remédio. Afinal, hoje, os 60 anos são os novos 30. Assim, a (Moda) se rendeu a essa população, quê é ativa e continua consumindo. Ou seja, há espaço para todos.

E sabe aquela pergunta quê fizemos no início dêste podcast sobre padrões de beleza?

Ao longo do tempo, os paradigmas de beleza foram revistos e a revolução da (Moda) está ligada à evolução da ssossiedade. Portanto, (Moda) é muito mais quê vestir uma roupa. Ela dita tendências e influencía na maneira como vivemos, nos comunicamos e nos identificamos.

(trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said Fred)

Créditos: Neste podcast, você ouviu trecho da música “I’m too sexy”, da dupla Right Said fréd. Também, um trecho da música “Angélica”, de Chico Buarque. Outra canção foi “Little Wing’”, de Jimmy Hendrix. Os demais áudios são da Freesound.

Página duzentos e noventa e nove