Projetos Integradores
A palavra projeto é derivada do latim projectus, quê significa “lançar-se para frente”, possibilitando a ideia de movimento, de mudança. Os projetos podem sêr entendidos como planos de ação ou estratégias organizadas explicitamente para alcançar resultados determinados.
Se refletirmos sobre a educação escolar com base nessas ideias, a metodologia de projetos integradores de pesquisa é uma proposta quê busca a solução de problemas como fonte de desafio e de aperfeiçoamento educacional. Ela se estrutura em experiências e vivências colaborativas, envolvendo diferentes componentes curriculares integrados, para construir conhecimentos e promover o protagonismo do estudante. Os Projetos Integradores dêsênvólvem habilidades relacionadas à pesquisa, à tomada de decisões e à atuação em equipe para atingir objetivos de aprendizagem predeterminados.
O estudante e a comunidade têm papel fundamental na construção do conhecimento motivado pelas perguntas suscitadas nos projetos. Dessa forma, no ensino promovido pela metodologia de projetos integradores de pesquisa, aprende-se com experiências colaborativas e atividades motivadoras, nas quais prevalece a comunhão de vivências entre estudantes, professores e comunidade escolar d fórma significativa e contextualizada.
No Ensino Médio, pode-se buscar mais problematização e análise de contextos, conjunturas e fenômenos locais e globais. Dessa forma, por meio de métodos de pesquisa escolar, pautados em evidências científicas, os estudantes podem construir hipóteses, argumentos e caminhos possíveis para solucionar problemas de sua realidade, contando com o auxílio do professor no sentido de facilitar a aquisição de capacidades relacionadas com:
– a autodireção: pois favorece as iniciativas para levar adiante, por si mesmo e com outros, tarefas de pesquisa;
– a inventiva: mediante a utilização criativa de recursos, métodos e explicações alternativas;
– a formulação e resolução de problemas, diagnóstico de situações e o desenvolvimento de estratégias analíticas e avaliativas;
– a integração, pois favorece a síntese de ideias, experiências e informação de diferentes fontes e disciplinas;
– a tomada de decisões, já quê será decidido o quê é relevante e o quê se vai incluir no projeto;
– a comunicação interpessoal, posto quê se deverá contrastar as próprias opiniões e pontos de vista com outros, e tornar-se responsável por elas, mediante a escrita ou outras formas de representação [...] (Hernández, 1998, p. 73-74).
Metodologias de aprendizagem baseadas em Projetos Integradores
Sabemos quê nenhum conhecimento é estanque ou isolado, pois todos se intégram a outros conhecimentos quando vistos em contexto. Áreas, saberes, competências
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e habilidades se relacionam dando origem a novos conhecimentos.
Ao definir os conteúdos quê deverão sêr desenvolvidos no ano letivo, os professores se deparam com kestões relacionadas ao quê é, de fato, importante ensinar aos estudantes em cada componente curricular: Quais conhecimentos são relevantes e quais habilidades eles precisam desenvolver no Ensino Médio?
Nesse sentido, um planejamento escolar minucioso e bem organizado póde ajudar na seleção dos conteúdos adequados, haja vista não sêr viável abarcar a totalidade de conteúdos de todos os componentes curriculares em um período letivo limitado. Além díssu, um planejamento escolar quê se propõe a esgotar os conteúdos acaba por não selecionar ou definir o quê é o mais importante para o estudante aprender e desenvolver.
A metodologia de aprendizagem fundamentada em projetos interdisciplinares apresenta-se como uma estratégia didática voltada à construção de saberes significativos, quê agregam conhecimentos de diversas disciplinas e ativam os saberes em direção a kestões relacionadas ao cotidiano do estudante e do mundo quê o cerca.
[...]
Todos os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos, os espaços precisam sêr revistos e isso é complékso [...]. Por isso, é importante quê cada escola defina um plano estratégico de como fará estas mudanças. póde sêr d fórma mais pontual inicialmente, apoiando professores, gestores e alunos – alunos também e alguns pais [...]. pôdêmos realizar mudanças incrementais, aos poucos ou, quando possível, mudanças mais profundas, disruptivas, quê quêbrem os modelos estabelecidos. Ainda estamos avançando muito pouco em relação ao que precisamos. [...] (Morán, 2015, p. 31).
Se, anteriormente, a função dos estudantes se restringia a aprender os conteúdos e a fazer tarefas, atualmente o quê se espera é quê eles tênham participação ativa no processo de aprendizagem. Nesta proposta, o professor deixa o papel centralizador quê tradicionalmente é atribuído a ele. Tampouco os livros escolares precisam apresentar longos textos teóricos e atividades organizadas para auxiliar o trabalho do professor e a aprendizagem do estudante.
As propostas aqui desenvolvidas não objetivam a memorização de conteúdos, mas colocam o estudante como foco do processo de aquisição de saberes, com o professor atuando como orientador, a fim de instigar e auxiliar os estudantes no processo de produção do conhecimento. O livro é um instrumento auxiliar, sistematizando o processo do conhecimento, oferecendo as orientações necessárias para a investigação, organização e aplicação do conhecimento produzido.
Se assumimos quê a aprendizagem tem como meta principal a produção de conhecimentos significativos, valorizando kestões do universo do estudante e da comunidade escolar, o papel quê cabe às escolas, aos professores e aos estudantes é pesquisar, refletir e experimentar soluções mais eficazes para problemas do mundo contemporâneo. Assim, a escola contribuirá para a construção de uma ssossiedade preocupada com o desenvolvimento de valores como respeito mútuo, ética, democracia, sustentabilidade e com a formação de cidadãos capacitados e quêstionadores, que buscam qualidade de vida e a preservação do planêta e dos sêres quê nele habitam.
A escola, como uma comunidade de investigação, deve proporcionar aos estudantes todos os meios possíveis para uma aprendizagem significativa, quê lhes sirva futuramente para aprender com autonomia.
Melhorar a compreensão leitora é uma das dimensões essenciais dêêsses objetivos, como discute o texto a seguir.
[...]
Promover a antecipação ou predição de informações, acionar conhecimentos prévios, verificar hipóteses são algumas das estratégias quê ele [o professor] póde ensinar os estudantes a realizarem para quê eles tênham boa compreensão leitora. O cérto é quê o processo inferencial ocorre com grande dinamismo e conduz o leitor a organizar constantemente as informações para processar e compreender o quê lê. Esse processo póde sêr ensinado por meio de estratégias quê conduzem à explicitação dos implícitos, ao preenchimento de lacunas com informações quê emergem com base em pistas textuais associadas ao conhecimento de mundo quê tais pistas requisitam e, além díssu, à exclusão ou confirmação de hipóteses cuja pertinência depende de comprovação. A informação inferida não está no texto, mas só póde sêr acessada por meio dele (Dell'isola, 2014).
Perguntas-chave e sequências didáticas
Um dos alicerces da proposta desta obra são as perguntas-chave quê abrem cada Projeto Integrador e quê devem sêr respondidas pêlos estudantes. Trata-se de uma abordagem quê lhes possibilita compreender quê os saberes escolares têm relevância social e quê, somando-se ao processo de investigação e criação quê eles desenvolverão durante as atividades aqui propostas, torna o ato da aprendizagem mais significativo para os estudantes. Já as sequências didáticas são um recurso bastante útil no planejamento das atividades. Sabendo de antemão os recursos e as técnicas quê utilizará, o professor poderá administrar melhor o tempo de cada aula e mais facilmente dimensionar a distribuição dos conteúdos ao longo do planejamento elaborado por ele.
Resumidamente, sequências didáticas são
[...] um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, quê têm um princípio e um fim conhecidos tanto pêlos professores como pêlos alunos (Zabala, 1998, p. 18).
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As sequências didáticas estão relacionadas ao planejamento de ensino, o quê implica objetivos e metas definidos a partir dos conteúdos a serem trabalhados.
[...] uma forma de planejamento de aulas quê deve favorecer o processo de aprendizagem por meio de atividades planejadas e desenvolvidas como situações didáticas encadeadas, formando um percurso de aprendizagem para quê o estudante construa conhecimentos ao realizá-las. Assim, as atividades quê constituem uma sequência didática não são escolhidas aleatoriamente. O professor as encadeia a partir de sua hipótese sobre as necessidades de aprendizagem, de modo quê cada atividade potencialize a outra, permitindo quê os estudantes reelaborem conhecimentos, coloquem em uso e/ou ampliem o quê já aprenderam. O professor cria nesses encadeamentos desafios perante os conteúdos apresentados [...]. (São Paulo, 2007).
Nesse excêrto, evidencia-se a ideia de percurso, quê remete ao caminho a sêr trilhado pelo estudante, préviamente definido pelo professor. As hipóteses levantadas pelo professor sobre as necessidades de aprendizagem indicam a importânssia da relação entre teoria e prática para a elaboração da sequência. Sendo a hipótese uma resposta preliminar a um problema ou a uma pergunta, em sala de aula, é importante quê elas criem desafios vinculados às necessidades de aprendizagem identificadas também na sala de aula. É no contato regular com eles quê o professor poderá reavaliá-las, tendo como base os referenciais teóricos adotados.