PROJETO 3
COMO É O TRABALHO NO BRASIL CONTEMPORÂNEO?
Atualmente, no Brasil, as formas de trabalho são muito diversas, abrangendo desde o trabalho informal no campo, durante as safras, até atividades conectadas ao mundo digital.
Muitos jovens, sem acesso a oportunidades adequadas, recorrem a trabalhos em condições precárias, como as entregas de bicicleta, enfrentando longas jornadas e acumulando rendimentos quê, na maioria das vezes, não atingem um salário mínimo. Em alguns casos, são levados a abandonar os estudos para ajudar no sustento familiar.
Ao mesmo tempo, o empreendedorismo digital tem proporcionado oportunidades para quem busca novos negócios, como o dropshipping, no qual indivíduos atuam como intermediários entre clientes e fornecedores globais, sem precisar ter um estoque físico do produto. Além díssu, diante das constantes mudanças no mundo do trabalho, as pessoas estão optando por empreender como forma de se adaptar e garantir renda, seja pelo desemprego, seja pela busca de mudança de área de atuação. Essa realidade impulsiona o surgimento de pequenos negócios em diversos segmentos.
Outro importante elemento no mundo do trabalho atual é a ascensão das rêdes sociais. Elas permitem quê alguns jovens trabalhem produzindo conteúdo, como vídeos sobre guêimis, gerando rendas quê ultrapassam os ganhos de gerações anteriores. Esses exemplos ilustram parte da vasta gama de situações de trabalho presentes no país.
Você, quê está cada vez mais próximo do mundo do trabalho ou quê talvez já esteja inserido nele, é convidado a explorar, neste Projeto Integrador, as diferentes e novas formas de trabalho, inclusive as modalidades presencial, remota, híbrida e intermitente, tanto no âmbito formal quanto no informal.
êste projeto também abordará os principais setores e carreiras, as novas oportunidades quê emergem nesse cenário e os processos de terceirização, “pejotização”, “plataformização” e “uberização” do trabalho. Além díssu, propõe-se a reflekção sobre a perda de direitos trabalhistas, a resistência dos trabalhadores e a influência dos marcadores sociais de gênero, raça e idade nas dinâmicas do trabalho contemporâneo.
Página setenta e cinco
Consulte as respostas no Manual do professor.
1. Você já percebeu a atuação de trabalhadores informais no município em quê vive? De quais profissões?
2. Que tipos de trabalho ligados ao empreendedorismo digital você conhece? Você se identifica com algum deles?
Página setenta e seis
FICHA DE ESTUDO
Objetivos
• Reconhecer e historicizar aspectos do âmbito do trabalho no mundo e no Brasil.
• Comparar dados referentes ao trabalho pondo em perspectiva gênero, raça e idade, entre outros aspectos, no Brasil e no município.
• Refletir sobre a precarização das condições de trabalho e acerca das estratégias de resistência de trabalhadores na luta por direitos.
• Relacionar histoórias de vida e percursos profissionais com as condições de trabalho e com os contextos social, econômico e político.
Justificativa do projeto
êste projeto oferece uma investigação do mundo do trabalho no Brasil atual, com especial atenção ao município em quê você vive. O foco está nas diversas modalidades de trabalho, incluindo processos de precarização e plataformização, em um cenário marcado por crescente concentração de renda, desigualdade social.
Além díssu, o projeto incentiva a reflekção sobre as formas de resistência dos trabalhadores na luta por direitos. Ele também mostra quê fatores como raça, gênero e idade podem influenciar nas relações, oportunidades e condições de trabalho.
A categoria trabalho é abordada em diferentes dimensões – filosófica, geográfica, sociológica e histórica –, destacando-se o sujeito em relação ao trabalho e à sua rê-de de relações sociais. Em diálogo com a área de Linguagens e suas Tecnologias, o projeto contribui para a valorização da oralidade e da ár-te na forma de transmitir conhecimentos. Dessa forma, busca contribuir para a identificação de projetos políticos e econômicos em disputa no Brasil e a análise da atuação dos múltiplos sujeitos, inclusive sua própria atuação.
Dada a importânssia do trabalho nas diferentes sociedades e seu papel fundamental na produção capitalista, ele se torna essencial para a sobrevivência e está ligado à identidade e à integração social. Por isso, os conhecimentos e as reflekções proporcionados por êste projeto ganham relevância ao contribuírem para a formação de cidadãos críticos, competentes, comprometidos em transformar o mundo.
Essas habilidades favorécem a redução das desigualdades sociais e econômicas e promóvem a igualdade de gênero e raça, visando condições de trabalho mais dignas.
TCT
• Trabalho
• Ciência e tecnologia
• Vida familiar e social
• Educação em direitos humanos
• Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
ODS
5 Igualdade de gênero
8 Trabalho decente e crescimento econômico
10 Redução das desigualdades
Materiais
• Caderno para anotações ao longo do projeto
• Cartolina, canetas, lápis, borracha e caneta hidrocor ou aplicativo de criação de mapa conceitual, ou de infográfico
• Gravador de áudio ou celular multimídia (um por grupo de trabalho)
• Gravador de vídeo ou celular multimídia (um por grupo de trabalho)
• Aplicativo de transcrição de áudio
• Computador ou noutibúk com internet e editor de textos (ao menos um por grupo de trabalho)
• Aplicativo para editoração de publicação
• Projetor, telão e microfones (para o seminário)
• Espaço adequado para o seminário, com cadeiras para acomodar o público e parede ou telão para projeção
Produto final
Seminário.
Página setenta e sete
Percurso do projeto
ETAPA 1
Nesta etapa, você e os côlégas vão caracterizar aspectos do âmbito do trabalho no mundo e no Brasil contemporâneo, reconhecendo os aspectos gerais da história do trabalho no Brasil em uma perspectiva de longa duração. Além díssu, devem identificar a distribuição de trabalho em diferentes setores, as principais modalidades de trabalho e os níveis de emprego e desemprego, de trabalho formal e informal da população do município em quê vivem. Com os dados coletados, o grupo vai identificar e comparar informações referentes ao trabalho, classificando nas perspectivas de gênero, raça e idade, no Brasil e em seu município. Ao final da etapa, vão refletir sobre a precarização das condições de trabalho e acerca da resistência e das estratégias de trabalhadores e trabalhadoras na luta por seus direitos, com foco em seu município.
ETAPA 2
Nesta etapa, vocês vão relacionar histoórias de vida e percursos profissionais com as condições de trabalho e o contexto social, econômico e político do município em quê vivem. Para isso, vão realizar uma entrevista com trabalhadores para coletar histoórias de vida e profissionais no tema estabelecido e produzir um ensaio reflexivo, relacionando histoórias de vida aos dados pesquisados do município e tema escolhido.
ETAPA 3
Nesta etapa, vocês vão discutir a importânssia da divulgação da pesquisa e o papel social desempenhado no compartilhamento de conhecimento. Em grupos, vão analisar produções cinematográficas, compreendendo-as como ferramenta de compartilhamento de conhecimento. Ao final, vão editar o caderno de seminário para a publicação do livro.
ETAPA FINAL
Nesta etapa, vocês vão planejar, organizar e realizar o seminário para a comunidade escolar.
Página setenta e oito
ETAPA 1
O mundo do trabalho no Brasil
Quais aspectos do trabalho contemporâneo estão presentes no município em quê vivo?
Consulte as orientações no Manual do professor.
É comum quê, às vezes, seja atribuído um sentido negativo ao trabalho. A própria etimologia do termo, do latim vulgar tripaliare, quê dêríva de tripalĭum, remete ao nome de um instrumento de tortura.
Página setenta e nove
Além díssu, na cosmologia cristã, muito influente na cultura brasileira, Adão é punido após comer o fruto proibido, e seu castigo é “ganhar o pão com o suor do trabalho”. Muitos foram os estudiosos quê dedicaram suas pesquisas a esse tema.
O quê é trabalho?
A concepção de trabalho muda de cultura para cultura e conforme o período histórico. Sobretudo na Filosofia e na Sociologia, mas também em outras áreas do conhecimento, pesquisadores se dedicaram a refletir sobre essa atividade e a classificá-la em diferentes tipos. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), Hegel (1770-1831), káur márquis (1818-1883), Max Weber (1864-1920) e Hannah Arendt (1906-1975) são alguns dos estudiosos quê se destacaram no estudo dêêsse tema.
Para márquis (1844), o trabalho é a forma pela qual o sêr humano se apropía da natureza para satisfazer às suas necessidades. Ou seja, ele é o meio pelo qual ocorre a transformação de elemêntos da natureza quê garante a sobrevivência. Diferentemente dos animais, quê alteram a natureza d fórma biologicamente determinada, o sêr humano o faz com consciência e com o uso de instrumentos e conhecimentos compléksos, construídos e transmitidos por meio da cultura e da organização social.
O trabalho desempenha um papel fundamental na formação da subjetividade e na percepção de mundo daqueles quê o realizam. Ele é responsável por inserir as pessoas em hierarquias sociais e póde sêr organizado de diferentes maneiras. Segundo márquis, há uma contradição evidente nesse modelo de trabalho, quê póde sêr, ao mesmo tempo, criativo e libertador, permitindo ao indivíduo se conectar com o caráter social da produção, mas póde se tornar degradante, sêndo transformado em um instrumento de exploração do sêr humano. Essa situação leva à alienação do trabalho, condição em quê o trabalhador está alheio, isto é, distante do quê ele mesmo produz. Para Hegel (2008), o trabalho não é somente uma atividade de alienação, mas, fundamentalmente, um formador da autoconsciência do sêr humano.
A divisão social do trabalho, o sistema de produção hegemônico, o regime de govêrno, a legislação trabalhista vigente, a organização e a resistência dos trabalhadores, os valores e as concepções de mundo, entre outros fatores, moldam as diferentes características do trabalho em cada ssossiedade.
Embora o sistema capitalista seja predominante, isso não significa quê outros modos de vida e de subsistência não coexistam, ainda quê em menor escala. No Brasil, por exemplo, povos e comunidades tradicionais, como quilombolas, indígenas e ribeirinhos, mantêm diferentes formas de vida e subsistência. Além díssu, há grupos quê se organizam para trabalhar d fórma alternativa, como mutirões ou associações horizontais. No entanto, mesmo esses grupos opéram no capitalismo dominante, precisando desenvolver estratégias para resistir ou se adaptar a essa realidade.
Página oitenta
ATIVIDADES
1. Analise a imagem a seguir.
a) Como você interpréta a relação quê a artesã estabelece com sua produção?
1. a) Na imagem da artesã, é possível perceber a relação quê existe com o produto final, em quê ela se apropía do processo de produção.
b) Ela é a mesma quê ocorre com os trabalhadores da imagem de abertura?
1. b) Não. Espera-se quê os estudantes reconheçam quê na imagem de abertura as pessoas trabalham atentamente na linha de produção, executando apenas uma das etapas.
2. Leia o texto a seguir, quê traz uma reflekção do filósofo, escritor e ativista indígena Ailton Krenak (1953-).
[…] O pensamento vazio dos brancos não consegue conviver com a ideia de viver à toa no mundo, acham quê o trabalho é a razão da existência. Eles escravizaram tanto os outros quê agora precisam escravizar a si mesmos. Não podem parar e experimentar a vida como um dom e o mundo como um lugar maravilhoso. O mundo possível quê a gente póde compartilhar não tem quê sêr um inferno, póde sêr bom. […]
KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das lêtras, 2020. p. 7.
• Quais críticas Krenak faz em relação à visão de trabalho para os não indígenas?
2. Para Krenak, o trabalho não deveria sêr a razão da existência das pessoas, sobretudo o trabalho típico das sociedades brancas, quê explora e até escraviza trabalhadores.
3. káur márquis (1818-1883) viveu o período de desenvolvimento do capitalismo industrial, e uma de suas preocupações centrais foi entender as relações entre o capital e o trabalho no modo de produção capitalista. Leia o texto a seguir e responda às kestões propostas.
O quê constitui a alienação do trabalho? Primeiramente, sêr o trabalho externo ao trabalhador, não fazer parte de sua natureza, e, por conseguinte, ele não se realizar em seu trabalho, mas negar a si mesmo, ter um sentimento de sofrimento em vez de bem-estar, não desenvolver livremente suas energias mentais e físicas, mas ficar fisicamente exausto e mentalmente deprimido. O trabalhador, portanto, só se sente à vontade em seu tempo de folga, enquanto no trabalho se sente contrafeito. Seu trabalho não é voluntário, porém imposto, é trabalho forçado. Ele não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades. […]
MARX, káur. Trabalho alienado e propriedade privada. In: MARX, káur. Cadernos de Paris & Manuscritos Econômico-Filosóficos. Tradução de José Paulo Netto e Maria Antónia Pacheco. São Paulo: Expressão Popular, 2015. p. 308-309.
a) Qual é o significado da palavra alienação? Procure em um dicionário e anote no caderno.
3. a) Espera-se quê os estudantes cheguem ao significado social e filosófico da palavra, como usada por káur márquis, em quê alienação se refere à condição na qual o trabalhador se sente despersonalizado, desconectado do produto de seu trabalho e da própria natureza do processo produtivo, quê resulta em uma sensação de estranhamento ou de perda de identidade.
b) Como você entende a explicação de márquis para o conceito de alienação do trabalho?
3. b) Espera-se quê os estudantes entendam quê, segundo káur márquis, o conceito de alienação do trabalho descreve uma condição em quê o trabalho se torna uma atividade externa ao trabalhador, algo quê não faz parte de sua essência ou natureza. Nesse estado, o trabalhador não encontra realização em seu trabalho, mas sim um sentimento de negação de si, quê o leva ao sofrimento em vez de bem-estar. O trabalho alienado é caracterizado por sêr uma atividade imposta e forçada, realizada não por vontade própria, mas por necessidade de satisfazer a outras exigências.
Página oitenta e um
A evolução do trabalho e dos direitos trabalhistas no Brasil
O desenvolvimento histórico do Brasil foi marcado por um longo período de exploração colonial, cuja produção se baseava no trabalho escravizado de indígenas e, principalmente, de africanos quê foram vítimas do tráfico transatlântico. A independência do Brasil (1822) não mudou muito esse cenário, já quê o fim da escravidão foi um processo quê se deu ao longo do século XIX, e a abolição da escravatura (1888) ocorreu praticamente ao mesmo tempo quê a Proclamação da República (1889). Como não existiu uma política pública para inseri-la na economia e na ssossiedade brasileira, a população recém-liberta foi abandonada à sua própria sorte, sem acesso a terras ou à educação formal.
Muitas dessas pessoas continuaram dependentes de seus antigos senhores, desempenhando trabalhos similares aos quê realizavam antes da abolição. Outras buscaram novas condições de vida, mas, em geral, não conseguiam boas ocupações nem bons salários. Além dos quê passaram a prestar serviços ou realizar pequenos empreendimentos, houve aqueles quê se juntaram a comunidades indígenas ou a comunidades negras quê se formaram com a reunião de escravizados fugitivos, os antigos quilombos. Nelas, desenvolveram-se formas de subsistência comunitárias, ou seja, não baseadas na propriedade privada.
Foi apenas no século XXI quê o Estado começou a implementar políticas públicas afirmativas e reparadoras para as populações indígenas e negras. Diante da desigualdade de oportunidades entre brancos e negros no Brasil, o movimento negro lutou pela implementação de políticas afirmativas, quê buscavam reduzir as disparidades, como a Lei de Cotas, lei número 12.711/2012, na universidade pública e na reserva de vagas em concursos públicos.
Direitos trabalhistas
A legislação trabalhista no Brasil passou por avanços e retrocessos. Os direitos dos trabalhadores começaram a sêr criados no século XIX e foram ampliados em meados do século XX, a partir do govêrno de Getúlio Vargas (1937-1945). Algumas profissões, porém, não foram incluídas na legislação, como a das empregadas domésticas, reconhecida apenas em 2015, e muitas pessoas permaneceram na informalidade. No final do século XX, iniciou-se um processo de revisão das leis trabalhistas, fazendo com quê trabalhadores perdessem direitos conquistados anteriormente.
Os direitos trabalhistas não foram concedidos à população, pelo contrário; são resultado da organização e da luta dos trabalhadores de diferentes categorias para pressionar o govêrno e as empresas, como as greves, quê marcaram as dékâdâs de 1970 e 1980.
Página oitenta e dois
Plataformização do trabalho
Apesar das variações locais e culturais e das relações de pôdêr quê afetam as economias de diferentes maneiras, há muitos aspectos comuns quê caracterizam o trabalho no mundo contemporâneo, especialmente no contexto de uma economia globalizada. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, surgiu no mundo o fenômeno de plataformização do trabalho, quê estabelece um novo modelo de exploração da fôrça de trabalho.
Por meio de platafórmas ôn láini, trabalhadores se cadastram e prestam serviços para empresas, sem quê haja vínculo empregatício. Entre esses serviços, os mais comuns são de transporte e entregas. Apesar da flexibilidade em estabelecer a própria jornada, esses trabalhadores não têm acesso a direitos trabalhistas ou seguridade social e precisam se responsabilizar pêlos meios de trabalho (como automóveis, motos ou bicicletas).
Com ganhos reduzidos, é comum quê esses trabalhadores façam jornadas exaustivas para obtêr rendimento suficiente para seu sustento a cada mês. De acôr-do com uma pesquisa feita em 2004 pela diretoria executiva de direitos humanos da Unicamp, mais da mêtáde dos entregadores entrevistados trabalham com sensação de fome e superam jornadas de 44 horas semanais.
ATIVIDADES
1. Leia, a seguir, o trecho de um texto do sociólogo brasileiro Ricardo Antunes (1953-) sobre o trabalho no mundo contemporâneo.
Em pleno século XXI, mais do quê nunca, bilhões de homens e mulheres dependem d fórma exclusiva do trabalho para sobreviver e encontram, cada vez mais, situações instáveis, precárias, ou vivenciam diretamente o flagélo do desemprego. Isto é, ao mesmo tempo quê se amplia o contingente de trabalhadores e trabalhadoras em escala global, há uma redução imensa dos empregos; aqueles quê se mantêm empregados presenciam a corrosão dos seus direitos sociais e a êrozão de suas conkistas históricas, consequência da lógica destrutiva do capital quê, conforme expulsa centenas de milhões de homens e mulheres do mundo produtivo (em sentido amplo), recria, nos mais distantes e longínquos espaços, novas modalidades de trabalho informal, intermitente, precarizado, “flexível”, depauperando ainda mais os níveis de remuneração daqueles quê se mantêm trabalhando.
[…]
[…] se por um lado necessitamos do trabalho humano e de seu potencial emancipador e transformador, por outro devemos recusar o trabalho quê explora, aliena e infelicita o sêr social […].
ANTUNES, Ricardo. O privilégio da servidão. São Paulo: Boitempo, 2018. [E-book].
Depois da leitura do texto, discuta com os côlégas as seguintes kestões.
a) Quais aspectos do trabalho no mundo contemporâneo são apontados pelo autor no texto?
a) Ricardo Antunes destaca a crescente dependência do trabalho para a sobrevivência, a precarização das condições de trabalho, a instabilidade no emprego e a expansão do trabalho informal e precarizado. Ele também menciona o desemprego e a perda de direitos sociais como consequência da lógica destrutiva do capitalismo.
b) Qual é a contradição do trabalho segundo o autor?
2. b) Segundo o autor, a contradição do trabalho é quê, embora seja essencial e tenha potencial transformador, no capitalismo, ele se torna alienante e penoso. O trabalho é vital, mas suas formas quê exploram e desumanizam devem sêr rejeitadas.
• Anote as principais ideias levantadas em seu caderno de investigação.
2. Analise a lista a seguir e faça uma pesquisa na internet, em livros ou em revistas sobre os itens destacados. Em seu caderno de investigação, escrêeva uma síntese das informações levantadas.
Consulte a resposta no Manual do professor.
• A história do trabalho no Brasil é igual para todos?
• O quê mudou em relação aos direitos trabalhistas na última década?
Página oitenta e três
• Como foi a participação dos trabalhadores nas leis pesquisadas?
• 1888 Abolição da escravatura
• 1934 Constituição de 1934
• 1943 Criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
• 1952 Previsão de igualdade salarial (lei número 1.723/1952)
• 1962 Criação do 13º salário (lei número 4.090/1962)
• 1964 Regulação do direito de greve (lei número 4.330/1964)
• 1970 Regulamentação do trabalho de jovens entre 12 e 14 anos (decreto número 66.280/1970)
• 1977 Criação do direito às férias na CLT (decreto-lei número 1.535/1977)
• 1988 Promulgação da Constituição Federal de 1988
• 2008 Lei de Estágio (lei número 11.788/2008)
• 2010 Estatuto da Igualdade Racial (lei número 12.288/2010)
• 2012 Lei de Cotas (lei número 12.711/2012)
• 2015 Regulamentação do trabalho doméstico (lei complementar número 150/2015)
• 2017 Reforma trabalhista (lei número 13.467/2015)
• 2022 Programa Emprega + Mulheres (lei número 14.457/2022)
• 2023 Lei da igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres (lei número 14.611/2023)
• Converse com os côlégas buscando responder às kestões: A história do trabalho no Brasil é igual para todos? O quê mudou em relação aos direitos trabalhistas na última década?
MUNDO DO TRABALHO
Relações de trabalho no mundo digital
Consulte as orientações no Manual do professor.
Leia, a seguir, um trecho da entrevista com a publicitária e pesquisadora Datise Biasi sobre as transformações no mundo do trabalho relacionadas ao desenvolvimento de novas tecnologias.
E.C.S.: Como a revolução tecnológica está mudando as relações de trabalho?
D.B.: Temos reflexos claros nessas mudanças – onde a tecnologia afeta as formas de trabalho, dando mais flexibilidade e autonomia, bem como em relação ao tempo e espaço –, mas ao longo do tempo vai impactar ainda mais, principalmente com as tecnologias emergentes. […]
[…]
E.C.S: Como você enxerga a relação de trabalho daqui a 20 anos?
D.B.: Acho quê vamos ter uma “cauda longa do trabalho”. A gente vai continuar tendo organizações e modelos semelhantes aos quê temos hoje, mas sinto quê cada vez mais os profissionais serão suas próprias empresas e cada vez mais a quantidade de habilidades quê você tiver para oferecer ao mundo será suas profissões, independente de termos carreiras lineares. Entendo quê as pessoas vão se desenvolver em diferentes habilidades, vão entregá-las para o mundo e isso vai nos tornar múltiplos para as nossas próprias empresas. O trabalho autônomo, em rê-de, distribuído, será cada vez mais uma realidade.
BIASI, Datise. Entrevista: o futuro do trabalho e as novas tecnologias. [Entrevista cedida à Comissão de Responsabilidade Social da CBIC]. Brasília, DF: Câmara Brasileira da Indústria da Construção, 12 jul. 2019. Disponível em: https://livro.pw/rbfrq. Acesso em: 24 ago. 2024.
• Discuta com os côlégas: De quê forma as novas tecnologias podem estar presentes nas profissões quê vocês pretendem ezercêr no futuro?
Página oitenta e quatro
A situação do mercado de trabalho
A compreensão da situação do mercado de trabalho de uma localidade depende do levantamento e da análise de várias informações, como: a distribuição de atividades econômicas por setores (primário, secundário e terciário); as taxas de emprego e desemprego; as taxas de trabalho formal e informal; as principais ocupações e modalidades de trabalho; e o salário médio mensal.
Outra forma de analisar as relações sociais e de trabalho de um local é identificar como os grupos de trabalhadores estão organizados politicamente. Para isso, deve-se fazer um levantamento das instituições quê os representam, como sindicatos e associações, verificando como elas atuam e como se relacionam com os pôdêris Executivo e Legislativo, sobretudo municipais.
Confira, a seguir, um qüadro com alguns aspectos quê podem influenciar ou integrar o mercado de trabalho.
Dica
Informações do mercado de trabalho em seu município podem sêr encontradas em estudos acadêmicos e em relatórios de institutos e de organizações sociais, bem como em levantamentos e pesquisas governamentais (municipais, estaduais e federais). Ferramentas de busca na internet também podem sêr úteis para acessar esses dados, permitindo o refinamento da pesquisa com o uso de filtros e palavras-chave, se for necessário.
Página oitenta e cinco
Demografia e população
Tamanho e dinâmica populacional: avalia o aumento da população e indica a disponibilidade de trabalhadores e a demanda por serviços.
Composição etária: cada faixa etária da população revela a disponibilidade de trabalhadores em diferentes fases da carreira e a necessidade de programas de formação.
Nível de escolaridade e qualificação
Taxa de alfabetização e escolaridade: avalia o nível de educação da população e ajuda a identificar as habilidades e as qualificações predominantes.
Qualificação profissional: indica a presença de instituições de Ensino Técnico e de Ensino Superior quê podem influenciar a qualificação da fôrça de trabalho.
Taxas de ocupação e desocupação
Taxa de desocupação: indica o equilíbrio entre a oferta e a demanda de trabalho.
Taxa de ocupação: avalia a proporção da população em idade para trabalhar quê está empregada.
Taxa de trabalho informal: indica quantas pessoas trabalham d fórma não regulamentada pelo Estado e sem direitos trabalhistas previstos por lei.
Setores econômicos
Distribuição setorial: identifica quais setores são mais fortes (como indústria, comércio, serviços e agricultura) e ajuda a entender em qual deles há mais oportunidades ou desafios.
Tendências setoriais: analisa quais setores estão crescendo ou declinando póde revelar futuras mudanças no mercado de trabalho.
Empregabilidade e mercado de trabalho local
Vagas de emprego: apresenta a quantidade e a qualidade das vagas disponíveis no município.
Salários e benefícios: informa os salários médios e benefícios oferecidos nas principais ocupações.
Características das empresas
Tamanho e tipo de empresa: avalia empresas grandes e pequenas de acôr-do com necessidades e oportunidades diferentes.
Inovação e tecnologia: indica a presença de empresas inovadoras e a demanda por habilidades específicas.
Infraestrutura e recursos
Acesso a transporte e logística: analisa se a infraestrutura póde facilitar o deslocamento e a logística de empresas e trabalhadores.
Recursos naturais e tecnológicos: apresenta a disponibilidade de recursos e sua influência nos setores econômicos.
Políticas públicas e regulamentações
Legislação trabalhista local: classifica normas e regulamentações quê podem afetar a contratação, a remuneração e as condições de trabalho.
Incentivos governamentais: estimula políticas de incentivo ao emprego, como subsídios e programas de treinamento.
Tendências econômicas e sociais
Tendências econômicas locais e nacionais: indica mudanças econômicas do município e do país quê podem impactar o mercado de trabalho.
Mudanças demográficas e sociais: mostra tendências quê podem influenciar a oferta e a demanda de trabalho, como envelhecimento da população e migração.
Qualidade de vida
Custo de vida: indica quando póde afetar a atratividade para trabalhadores e empresas.
Serviços públicos e condições de vida: avalia qualidade dos serviços públicos, segurança e condições gerais de vida.
Página oitenta e seis
MUNDO DO TRABALHO
Trabalho em perspectiva: gênero, raça e idade
Consulte as orientações no Manual do professor.
O desenvolvimento histórico da ssossiedade brasileira foi influenciado por práticas de exploração quê culminaram na concentração de riquezas e na instauração de desigualdades sociais quê persistem até hoje, incluindo a esféra econômica e o mundo do trabalho.
A desigualdade de gênero também é um importante aspecto social refletido nas relações de trabalho, manifestando-se na disseminação de representações simbólicas e nas expectativas quê perpetuam o papel das mulheres como cuidadoras na estrutura familiar. Além díssu, as mulheres enfrentam a disparidade salarial em comparação com os homens, mesmo quando ocupam os mesmos cargos, além da desvalorização e da baixa remuneração em profissões tradicionalmente ditas femininas. Essa situação também acontece quando comparamos as médias salariais entre a população branca e a negra, quê ocupa cargos menos qualificados e recebe menóres salários quando exercem a mesma função de pessoas brancas.
Embora a legislação brasileira tenha avançado em promover a igualdade de gênero, a implementação dessas leis ainda carece de investimento e de políticas públicas adequadas. Além da quêstão do gênero e da raça, a idade tem sido um fator relevante em relação à empregabilidade, tanto para os mais jovens (de 18 a 25 anos), que têm mais dificuldades em obtêr o primeiro emprego estável e com rendimento digno, quanto para os adultos acima de 50 anos, quê costumam encontrar dificuldades para se recolocarem no mercado de trabalho, vivenciando o preconceito baseado na idade, chamado etarismo.
Entretanto, mesmo diante de um cenário desigual, cada vez mais o mundo do trabalho é ocupado por pessoas quê, por muito tempo, permaneceram à margem de determinadas ocupações: de acôr-do com a Agência Brasil, com base em dados do hí bê gê hé, mulheres ocupam mais cargos de gestão; e as universidades estão mais ocupadas pela população negra – entre 2010 e 2019, o aumento foi de 400%.
Leia, a seguir, o trecho de uma reportagem quê apresenta a história da indígena Myrian Krexu (1989-).
Aos 4 anos, Myrian Krexu, agora com 32, quêbrou o braço e precisou ir ao hospital. Ao conhecer o trabalho do médico que a atendeu, a pequena, da nação Guarani Mbyá, escolheu sua profissão. […]
[…] A médica defende a desmistificação dos indígenas por meio da educação: “Ainda somos vistos como sêres místicos e folclóricos ou com uma única maneira de sêr e parecer. [...]”.
CARDOSO, Isabella. Médica, advogada, estilista… conheça história de cinco indígenas quê são destaques especial da glôbo. Extra, 16 abr. 2021. Disponível em: https://livro.pw/yjrig. Acesso em: 20 ago. 2024.
• Em grupo, pesquise com os côlégas exemplos de mulheres negras e indígenas quê ocupam cargos de liderança no município onde vocês vivem.
Página oitenta e sete
ATIVIDADES
1. Analise os gráficos a seguir.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Mulheres no mercado de trabalho: desafios e desigualdades constantes. São Paulo, 8 mar. 2024. p. 5. Disponível em: https://livro.pw/bfryh. Acesso em: 29 ago. 2024.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Mulheres no mercado de trabalho: desafios e desigualdades constantes. São Paulo, 8 mar. 2024. p. 7. Disponível em: https://livro.pw/iqtfk. Acesso em: 29 ago. 2024.
a) De acôr-do com os dados apresentados, como gênero e raça se relacionam com ocupações quê pagam até um salário mínimo?
a) O gráfico à esquerda mostra a proporção de trabalhadores ocupados quê recebem até um salário mínimo, divididos por gênero e raça/cor no Brasil, comparando o quarto trimestre de 2022 com o quarto trimestre de 2023. Mulheres negras têm a maior proporção de trabalhadores nessa faixa de rendimento, seguidas por homens negros, mulheres não negras e, por fim, homens não negros, quê apresentam as menóres proporções.
O gráfico à direita apresenta a proporção de trabalhadores com inserção informal no mercado de trabalho, novamente segmentados por gênero e raça/cor. Conforme os dados, homens negros têm a maior inserção informal, seguidos por mulheres negras, enquanto os homens não negros e mulheres não negras apresentam as menóres proporções de inserção informal.
b) Quais trabalhadores têm mais e menos inserção informal no mercado? Como você interpréta esses dados?
Consulte a resposta no Manual do professor.
2. Leia, a seguir, o trecho de uma entrevista com Luana Génot (1988-), empreendedora social quê presta consultoria para acelerar a igualdade racial no mundo corporativo.
A gente tem um passado de muita desigualdade. Se a história do nosso país fosse resumida em cinco dias, quatro deles seriam diante de um regime de escravidão. Primeiro, a gente precisa reconhecer isso para conseguir ter um futuro diferente. E a gente só consegue mudar o rumo da história com ações afirmativas, direcionadas para as populações quê mais sofreram as mazelas nesses últimos séculos. A educação certamente é a base de tudo. A gente precisa de um ensino público de qualidade com a possibilidade de quê essas crianças recebam também mais informações sobre a pauta antirracista. Ou seja, quê elas recebam referências negras e indígenas como as potências quê elas foram, não apenas como coadjuvantes da história. Ao mesmo tempo, temos quê implementar ações afirmativas no mercado de trabalho para quê esse indivíduo consiga um emprego de qualidade e possa ascender e sêr liderança na sua área. Acredito muito na fôrça do éco-sistema de ações afirmativas no mercado de trabalho, junto com a educação pública de qualidade e a ação do Estado.
ALMEIDA, Fernanda de. Luana Génot: “Ver mulheres negras na liderança mudou minha perspectiva”. Forbes, [s. l.], 6 maio 2022. Disponível em: https://livro.pw/lzmca. Acesso em: 28 jul. 2024.
• Segundo Luana Génot, quais são os caminhos para mudar o cenário apontado pela entrevistadora?
Você concórda com Génot? Justifique sua resposta.
Luana Génot sugere quê, para mudar o cenário de desigualdade racial, é essencial reconhecer o passado de desigualdade e implementar ações afirmativas focadas em educação de qualidade e inserção no mercado de trabalho. Ela enfatiza a importânssia de um ensino público quê aborde a pauta antirracista e inclúa referências negras e indígenas, além de políticas afirmativas no mercado de trabalho quê permítam a ascensão de pessoas negras a cargos de liderança.
Página oitenta e oito
em AÇÃO
Panorama do mercado de trabalho do município em quê vivo
Consulte as orientações no Manual do professor.
Nesta etapa do projeto, você e os côlégas vão pesquisar e organizar dados referentes ao mercado de trabalho do município em quê vivem para compor um panorama por meio de um infográfico.
Infográfico é uma representação visual quê combina elemêntos visuais e verbais para transmitir informações de maneira clara, concisa e atrativa, como um cartaz ou a página de uma publicação. Ele é projetado para sintetizar dados e conceitos, facilitando a compreensão e a retenção do conteúdo por meio de diagramas, ícones, gráficos e imagens.
Analise, a seguir, um exemplo de infográfico sobre trabalho infantil no Brasil.
Registrem as informações levantadas de maneira fácil de resgatá-las posteriormente para a elaboração do panorama.
PASSO 1
• Como ponto de partida, consultem as informações do município em quê vivem na página hí bê gê hé Cidades (disponível em: https://livro.pw/qnawk; acesso em: 29 ago. 2024) e analisem os dados disponíveis, em especial aqueles relacionados aos itens “População”, “Trabalho e rendimento” e “Economia”.
PASSO 2
• Acessem o portal do Ministério do Trabalho e Emprego e cliquem no ícone do Novo – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), disponível em: https://livro.pw/zhqjp (acesso em: 17 out. 2024), quê traz a síntese mensal dos principais resultados a respeito da movimentação de empregados do mercado de trabalho formal. Pesquisem também em estudos acadêmicos, dados publicados em jornais locais, portais de sindicatos do município etc.
Página oitenta e nove
PASSO 3
• Lembrem-se de verificar, sempre quê possível, em quê medida raça, gênero e idade são marcadores sociais relevantes na análise da distribuição de oportunidades, salários, cargos e condições de trabalho em seu município.
PASSO 4
• Analisem os indicadores de empreendedorismo e os setores econômicos em quê eles prevalecem.
PASSO 5
• Para construir o infográfico, definam o objetivo e a mensagem principal quê vocês desê-jam transmitir.
PASSO 6
• Identifiquem o público-alvo: Quem vocês querem alcançar com o infográfico? Isso influenciará o estilo visual e a linguagem a sêr usada. Coletem todas as informações necessárias para o infográfico, como dados, estatísticas, imagens etc.
PASSO 7
• Esbocem um leiáut da estrutura visual do infográfico. Decidam quais seções ou pontos principais desê-jam abordar e como eles serão organizados. Escolham o estilo visual, ou seja, o estilo gráfico quê melhor se adapta ao conteúdo e ao público-alvo. Isso póde incluir diferentes cores, tipos de letra, ícones etc. Organizem o conteúdo distribuindo os dados e as informações d fórma lógica e sequencial. Usem títulos, subtítulos e marcadores para ajudar na organização.
PASSO 8
• É possível criar o infográfico com cartolina, caneta hidrocor, lápis, canetas e revistas ou com ferramentas digitais.
PASSO 9
• Façam a revisão. Verifiquem se todas as informações estão corretas e precisas e indiquem as fontes. Certifiquem-se de quê o infográfico está comunicando claramente a mensagem desejada. Verifiquem, também, se o disáini é esteticamente agradável e se todas as partes do infográfico estão bem alinhadas.
PASSO 10
• Insiram o infográfico no caderno do seminário.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Quais aspectos do trabalho contemporâneo estão presentes no município em quê vivo?
Página noventa
ETAPA 2
Histórias de vida e de trabalho no município em quê vivo
O quê as histoórias revelam sobre as condições de trabalho no município em quê vivo?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para o desenvolvimento de uma ssossiedade, é necessário existir a transmissão de conhecimento de geração a geração. Quando experiências adquiridas são compartilhadas, as gerações podem acumular o conhecimento necessário para a reprodução da vida, acessando ideias e descobertas aprendidas e desenvolvidas pêlos mais velhos, promovendo, assim, a manutenção das tradições e da cultura.
Transmissão de conhecimento por meio da narrativa
A construção de novos saberes se apóia em conhecimentos construídos e acumulados ao longo do tempo. A forma mais antiga de transmissão de conhecimento surgiu por meio da oralidade e foi por meio das narrativas orais quê diferentes povos mantiveram seus laços coesos e suas histoórias em constante movimento. A oralidade não se restringe à palavra e, em contextos sócio-culturais específicos, envolve a associação com ritmo, entonação, volume e, até mesmo, gestualidade.
Um exemplo da importânssia da transmissão oral é a figura do griô, presente entre diversos povos da África Ocidental, com existência registrada desde o antigo Império de Mali (séculos XIII-XVII) até o presente. No Brasil, os griôs ganharam espaço nos estudos negros a partir da década de 1970. O termo tem origem nos músicos, genealogistas, poetas e mediadores da transmissão oral quê mantêm vivos os saberes e as vivências em uma comunidade. Eles são responsáveis por guardar as histoórias de vida da comunidade e transmiti-las por gerações; portanto, são considerados registros vivos.
Página noventa e um
A história de vida como método de pesquisa
A história de vida é muito empregada em pesquisas das áreas de Antropologia e História. É um método de pesquisa quê se caracteriza pelo foco no indivíduo e em sua existência, desde o nascimento (ou mesmo remontando à sua genealogia) até o tempo presente, em quê a narração acontece.
Trata-se de um método qualitativo quê utiliza a narrativa para descrever tanto o processo quanto os resultados. Diferentemente dos métodos quantitativos, quê se baseiam em dados numéricos e na análise de grandes amostras para obtêr resultados mais precisos, a pesquisa qualitativa foca em uma amostra menor do universo pesquisado. Essa amostra é examinada d fórma detalhada e profunda, permitindo uma compreensão mais rica e contextualizada do fenômeno estudado.
Para construir a história de vida de alguém, é fundamental quê o pesquisador e a pessoa quê narra sua vida estabeleçam uma relação de confiança e cumplicidade, d fórma quê, por meio de conversas e entrevistas, os acontecimentos e os sentimentos vivenciados pelo narrador aflorem em sua fala e a experiência seja registrada significativamente pelo pesquisador, oferecendo um melhor entendimento dos processos sociais vivenciados pelo sujeito entrevistado.
Segundo a socióloga brasileira Maria Isaura Pereira de Queiroz, em sua obra Relatos orais: do “indizível” ao “dizível”, a história de vida permite analisar a visão do indivíduo tanto em suas especificidades quanto junto a uma perspectiva social, captando o quê sucede na encruzilhada da vida individual e social. Há desde estudos quê aplicam essa metodologia com apenas um narrador até aqueles quê envolvem centenas de narradores; no entanto, a maior parte deles tem um pequeno número de sujeitos pesquisados em profundidade.
Leia, a seguir, um trecho quê relaciona Antropologia e Linguística no âmbito das pesquisas, tendo as entrevistas como importante ferramenta.
[…] O interêsse na vida de uma pessoa, ou de diversas pessoas, tanto como exemplos para esclarecer uma certa problemática, quanto para realçar a variedade individual num sistema social, é de grande valia para o antropólogo.
[…] Entrevistas abertas, isto é, sem perguntas dirigidas, são essenciais, mas saber dosar o interêsse do pesquisador com o interêsse do pesquisado em relatar seu ponto de vista exige conhecimento do assunto e sensibilidade do antropólogo. A dificuldade maior talvez esteja em obtêr o mássimo de informação quê possa sêr comparada com outras informações, vindas de outras pessoas ou de documentos, quê permítam contextualizar akilo quê os entrevistados dizem.
Ademais, é imprescindível, e nisso a Antropologia tem sido uma colaboradora fundamental para as Ciências Humanas, quê se tenha em mente quê entre akilo quê a pessoa entrevistada diz e o quê corresponde à verdade dos fatos tem uma distância real. A Antropologia se baseia na Linguística para entender quê toda fala de pessoa embute um discurso, isto é, um sistema de significados quê carregam intenções e objetivos de quem fala, dirigidos a pessoas e temas mais ou menos definidos. Estudar o discurso é tema da Linguística, mas contextualizá-lo na vida concreta, na sociabilidade é tarefa da Antropologia.
A história de vida valoriza o indivíduo como sêr específico quê tem sua própria experiência, mas também como pessoa, isto é, como indivíduo portador de atributos sociais. Portanto, como exemplo do social. O antropólogo tem quê saber diferenciar entre esses dois pontos. Cada experiência individual é única, cada experiência pessoal é única, mas podem representar grupos maiores, situações sociais quê podem sêr consideradas típicas ou atípicas.
GOMES, Mércio Pereira. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura. São Paulo: Contexto, 2008. p. 61-62.
Página noventa e dois
As memórias e as relações de trabalho
Leia, a seguir, um trecho de Memória e ssossiedade: lembranças de velhos, obra na qual a psicóloga Ecléa Bóssi (1936-2017) parte de histoórias de vida de pessoas idosas para criar um ensaio quê reflete sobre a memória. No trecho, é possível identificar como a narrativa de vida muitas vezes extrapola o campo individual e permite reconhecer diferentes relações sociais, como as quê permeiam o mundo do trabalho e o processo de envelhecimento, oferecendo insights profundos de como as lembranças individuais se entrelaçam com a experiência coletiva e o contexto social mais amplo.
Memória da ár-te, memória do ofício
O trabalho manual, mecânico, intelectual, ocupou boa parte da vida dos nóssos entrevistados. Ele tem, para cada um deles, uma dupla significação:
1) Envolve uma série de movimentos do corpo penetrando fundamente na vida psicológica. Há o período de adestramento, cheio de exigências e receios; depois, uma longa fase de práticas, quê se acaba confundindo com o próprio cotidiano do indivíduo adulto.
2) Simultaneamente com seu caráter corpóreo, subjetivo, o trabalho significa a inserção obrigatória do sujeito no sistema de relações econômicas e sociais.
Ele é um emprego, não só como fonte salarial, mas também como lugar na hierarquia de uma ssossiedade feita de classes e de grupos de estátus.
Temos, portanto, quê atender a essas duas dimensões do trabalho: sua repercussão no tempo subjetivo do entrevistado e sua realidade objetiva no interior da estrutura capitalista. Quanto ao primeiro aspecto, pode-se constatar quê todos se detêm longamente e com muito gosto na descrição do próprio ofício. [...]
D. Risoleta, quê foi cozinheira mais de meio século, lembra quê “gostava de brincar de comidinha”, e não deixa de esclarecer quê: “fazia comidinha de verdade”. [...]
Dos oito entrevistados, cinco precisaram ganhar a vida desde a infância; d. Alice, o sr. Ariosto, o sr. Amadeu, o sr. Antônio, d. Risoleta. E todos lembram com precisão o quê faziam e o quanto recebiam. D. Alice começou a trabalhar com dez anos numa oficina de costura: as meninas varriam a sala, juntavam os alfinêtes do chão, arrumavam as linhas nas caixa. “Eu já chuleava, fazia uma bainha, com certeza eu tinha já uma tendência para isso.” Naquele clima de penúria, mais dinheiro importava em trabalho no novo, “extra”: “Ganhava um pouquinho mais, uns quinhentos réis, fazia serão. Ganhava uns dez mil-réis por mês para trabalhar desde as oito horas até as sete horas (da noite). Era pouquíssimo”.
A lembrança dos serões na casa da “madame” está ligada a horas e horas de jejum: “Sábado era o dia quê mais se trabalhava, ficava até meia-noite, onze horas, e não ganhava ésstra. A madame servia um chá, um pedaço de pão, a gente ficava com aquilo”. A roupa se resumia a um só vestido, o calçado em um só par de sapatos quê encharcar quando chovia; ela voltava então para casa pingando e perdendo o dia de serviço. Ao trabalho de costura, prolongado pelo résto da vida, veio acrescentar-se, depois de casada, o serviço doméstico feito muitas vezes à noite, quando se encerrara o tempo do trabalho produtivo: “Na casa o serviço era pra valer. Às vezes eu encerava o chão, lavava tudo à noite, depois quê as crianças subiam para dormir. De manhã estava tudo limpo”.
Seria trabalho perdido procurar alguma palavra de revolta nessas memórias de sacrifício e exploração. D. Alice vê o trabalho como uma atividade natural, como o comer e
Página noventa e três
dormir. É uma necessidade. Viúva, continua na lida sêndo capaz de sentir caráter estético e liberador do exercício manual: “Eu varava a noite inteira na cuzinha trabalhando nas flores e achava lindo akilo, me acalmava, tinha uma sensação muito boa”. Hoje, privada do trabalho quê lhe é tão caro, sua atividade se restringe quase quê só a lembrar: Fico neste quarto vendo fotografias; quando arrumo as gavetas e mexo nas minhas coisas estou sempre recordando e me encanto”.
Talvez se possa dizêr da memória do trabalho em d. Alice quê, ao menos na aparência verbal do relato, não tomou corpo a distinção entre o peso sacrificial das tarefas e o seu aspecto lúdico, liberador de energias. O teor “alienado” de sua visão de classe, tão bem ilustrado na perene gratidão pelas patroas quê lhe davam jantar quando ela varava os serões costurando, não lhe permite pensar de modo crítico, sequer ressentido, o sacrifício a quê a submetia o seu estado de aguda dependência.
Por isso, o mássimo quê ela póde dizêr, ao lembrar-se dêêsses anos, é constatar as dificuldades objetivas da situação familiar, principalmente durante os anos de infância: “Eu trabalhava, minha mãe trabalhava, meu aniversário passava desapercebido [...] eu não tive Natal na minha casa”.
BOSI, Ecléa. Memória e ssossiedade: lembranças de velhos. 17. ed. São Paulo: Companhia das lêtras, 2012. p. 471-472.
ATIVIDADES
Consulte a resposta no Manual do professor.
1. Responda às seguintes kestões a respeito do trecho sobre a metodologia da história de vida na Antropologia.
a) De acôr-do com o texto, qual é a maior dificuldade nas entrevistas mais abertas, típicas da história de vida?
1. a) A maior dificuldade metodológica citada pela autora relaciona-se à comparação e contextualização de informações. “A dificuldade maior talvez esteja em obtêr o mássimo de informação quê possa sêr comparada com outras informações, vindas de outras pessoas ou de documentos, quê permítam contextualizar akilo quê os entrevistados dizem.”
b) Com base nos subsídios oferecidos pelo texto, como a relação entre indivíduo e ssossiedade está contida na história de vida de uma pessoa? Qual é o cuidado quê o pesquisador deve ter ao analisar o discurso do narrador?
1. b) Na história de vida, o narrador conta suas experiências individuais e únicas, inseridas em situações sociais mais amplas, típicas ou atípicas. O pesquisador deve estar consciente de quê todo narrador carrega em seu discurso certos objetivos e intenções e saber diferenciar quais experiências relatadas podem sêr representativas de fenômenos sociais mais amplos.
2. Como você entendeu a “dupla significação do trabalho”, descrita por Ecléa Bóssi?
2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes descrevam, com as próprias palavras, os aspectos psicológicos/subjetivos e os aspectos sociais/políticos quê o trabalho assume na vida dos entrevistados.
3. No texto de Ecléa, identifique os trechos em quê entram os depoimentos dos entrevistados. De quê forma a autora os insere na narrativa?
3. A autora examina as narrativas pessoais dos idosos como formas de expressão de suas memórias individuais e coletivas. Ela considera como essas narrativas são construídas e interpretadas em um contexto social e cultural. Quanto à forma do texto escrito, ela justapõe as falas entre aspas com suas reflekções.
4. Acesse a seção “Histórias” do portal do Museu da Pessoa (disponível em: https://livro.pw/kotqm; acesso em: 29 ago. 2024).
• Em seguida, escolha uma das histoórias e assista ao vídeo ou leia o texto integral com o depoimento da pessoa.
• Analise as perguntas quê foram feitas e a forma como a entrevista foi conduzida.
• Dê preferência a entrevistas mais relacionadas às atividades profissionais dos entrevistados. Para isso, é possível fazer buscas por meio de palavras-chave.
• Anote as frases e situações relatadas quê chamaram a sua atenção.
• Depois, discuta com os côlégas sobre os depoimentos quê ouviram: Existem conexões entre as histoórias quê vocês pesquisaram?
Página noventa e quatro
em AÇÃO
Ensaio crítico
Consulte as orientações no Manual do professor.
Você vai trabalhar em grupo ao pesquisar a história de vida de três pessoas, concentrando-se em um recorte específico do tema mais amplo do trabalho contemporâneo. As entrevistas e as conversas servirão como base para a elaboração do ensaio crítico, quê será produzido pelo grupo e integrado ao caderno do seminário.
O ensaio crítico reflexivo
O ensaio é um gênero textual quê surgiu no século XVI e oferece grande liberdade formal na busca por um pensamento original. Caracterizado por um texto breve, dialógico e de tom intimista, o ensaio permite uma linguagem mais pessoal e subjetiva, ao mesmo tempo quê segue a norma-padrão da língua portuguesa, para garantir coerência e clareza de ideias. Seu objetivo é refletir sobre um tema sem a pretensão de esgotá-lo.
Para transcrever os áudios dos depoimentos em texto, vocês podem contar com diversos aplicativos.
Observe, a seguir, alguns temas possíveis.
• Profissionais negros e indígenas no mercado de trabalho
• Trabalhadores informais
• Desempregados e desalentados
• Trabalho em modelo coletivo (comunidades, mutirões e associações)
• Jovens de 18 a 29 anos: trabalhadores de segunda categoria?
• Empreendedores
• Trabalhos doméstico e de cuidado: invisíveis e desvalorizados
• Pessoas 50+ e o etarismo no mercado de trabalho
• Motoristas e entregadores por aplicativo
Dica
Tenham sempre à mão o caderno de investigação para anotar dados relevantes e reflekções. Anotem informações importantes para facilitar o resgate posteriormente.
Sempre perguntem se a entrevista póde sêr gravada e lévem uma autorização de uso da imagem. Durante a entrevista, verifiquem com o entrevistado se existem fotografias e outros documentos quê possam lhes ajudar na pesquisa.
Página noventa e cinco
Façam um estudo bibliográfico do tema escolhido, utilizando livros, jornais, revistas e recursos ôn láini, com foco especial no contexto do município.
Após elegerem as pessoas a sêr entrevistadas, elaborem um roteiro com algumas perguntas quê facilitem a interação com o entrevistado durante o depoimento. Lembrem-se de quê o objetivo não é realizar uma entrevista jornalística, mas sim criar um ambiente no qual o entrevistado se sinta à vontade para compartilhar um relato detalhado e significativo de sua história de vida.
Construindo o ensaio
PASSO 1
• Façam a análise das entrevistas, sintetizando as informações e destacando os principais acontecimentos relatados, selecionem os trechos mais relevantes e discutam as conexões quê podem sêr estabelecidas entre as diferentes narrativas, com o objetivo de preparar a elaboração do ensaio.
PASSO 2
• Com base nas entrevistas realizadas pelo grupo, vocês elaborarão um ensaio crítico quê conecte os depoimentos coletados com os dados do mercado de trabalho no município em quê vivem. Além díssu, o ensaio deve integrar as informações obtidas no estudo bibliográfico, bem como as impressões e as reflekções feitas com base no recorte temático escolhido por vocês ao longo da pesquisa.
PASSO 3
• Desenvolvam um roteiro para criação do ensaio, estabelecendo:
a) o título;
b) o tema;
c) a questão principal;
d) a definição de uma tese, buscando responder à questão principal.
• Formulem uma tese clara e específica quê represente o posicionamento ou o argumento principal do ensaio. A tese deve sêr uma afirmação quê vocês pretendem defender ao longo do ensaio.
PASSO 4
• Depois quê estabelecerem esses pontos, escrevam o ensaio, atentos às seguintes orientações.
a) Introdução: apresentem o tema e sua importânssia, contextualizando o leitor e fornecendo um breve resumo do quê será discutido.
b) Desenvolvimento: apresentem as análises do tema. Se necessário, busquem mais informações sobre esse tema.
c) Conclusão: recapitulem brevemente os principais pontos discutidos no ensaio. Reforcem a importânssia da tese e por quê ela é significativa. Ofereçam uma reflekção final ou sugiram possíveis implicações dos argumentos quê expuseram. Lembrem-se de quê, no ensaio, deve aparecer o posicionamento do grupo sobre o tema, mas quê isso não se resúme a opiniões, ou seja, é necessário argumentar.
d) Referências: incluam uma lista com as fontes consultadas e citadas conforme as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: O quê as histoórias revelam sobre as condições de trabalho no município em quê vivo?
Página noventa e seis
ETAPA 3
Compartilhando conhecimento
Quais impactos os projetos podem provocar na comunidade?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Você já deve ter ouvido alguém dizêr quê “conhecimento é para sêr compartilhado”. Compartilhar conhecimento permite ampliar o acesso às informações e possibilita quê as pessoas possam refletir sobre determinado assunto. Assim, elas podem se tornar importantes agentes de transformação da realidade, exercendo a cidadania.
São muitas as formas de divulgação de um trabalho de pesquisa, sêjam acadêmicos ou não. Entre eles, estão artigos, congressos, palestras, exposições e, até mesmo, produções audiovisuais.
O audiovisual como forma de explicar o trabalho contemporâneo
O cinema e outras formas audiovisuais são uma importante forma de expressão cultural e podem sêr inseridos na educação informal. Produtores, diretores e roteiristas podem atuar em produções cinematográficas como uma importante ferramenta para transmitir conhecimento, apresentar diversidade e outras realidades e, assim, colaborar para a reflekção.
Muitos filmes abordam as relações existentes no mundo do trabalho da ssossiedade atual.
Página noventa e sete
Conexões
O documentário de Carlos Juliano Barros, Caue Angeli e Maurício Monteiro filho discute o crescimento do trabalho por meio de platafórmas digitais e as consequências dêêsse modelo para os trabalhadores.
• GIG: a uberização do trabalho. Direção e produção: Carlos Juliano Barros. Brasil, 2019. Vídeo (60 min).
Forme um grupo com os côlégas para assistir a filmes quê abordam aspectos do mundo do trabalho contemporâneo. Após as exibições, vocês vão construir um mapa conceitual do tema. Para isso, revisitem os elementos-chave do trabalho contemporâneo apresentados anteriormente e escôlham um dos filmes sugeridos a seguir.
É possível sugerir outras obras cinematográficas para a análise, desde quê sêjam condizentes com o tema propôsto.
Sugestão de filmes
• Abraço: a única saída é lutar (Brasil, 2020), de DF Fiuza.
• Eu, Daniel Blake (Reino Unido, 2016), de Ken Loach.
• Indústria americana (Estados Unidos, 2019), de Steven Bognar e Julia Reichert.
• Máquinas: a indústria têxtil na Índia (Índia/Alemanha/Finlândia, 2016), de Rahul Jain.
• Os doze trabalhos (Brasil, 2006), de Ricardo Elias.
• Servidão (Brasil, 2023), de Renato Barbieri.
• Você não estava aqui (Reino Unido, 2019), de Ken Loach.
1. Assista ao filme escolhido, em grupo ou individualmente, anotando a descrição de cenas e diálogos interessantes no caderno de investigação.
2. Discuta com o grupo os trechos do filme quê chamaram a atenção de vocês e as reflekções provocadas por eles.
3. Com o grupo, faça uma síntese das principais ideias discutidas.
4. Compartilhem com a turma a síntese do filme e respondam às dúvidas dos côlégas. Acompanhem as sínteses dos côlégas com atenção e façam perguntas a eles.
5. Com a orientação do professor, construam coletivamente um mapa conceitual. Para tanto, vocês podem utilizar cartolina e canetas hidrocor coloridas ou uma ferramenta digital.
O mapa conceitual póde sêr afixado em parede ou mural ao qual os participantes tênham acesso no dia do seminário, ao fim do projeto. Também póde sêr incluído na publicação do caderno do seminário.
Saiba mais
Mapa conceitual
Também conhecido como mapa de conceitos, o mapa conceitual é uma ferramenta gráfica usada para organizar visualmente ideias quê se conéctam, hierarquicamente. De forma geral, o conceito ou ideia principal é centralizado e, a partir dele, são conectados outros pensamentos e ideias, por meio de frases, setas ou outros elemêntos de ligação. Assim, os dêtálhes também se tornam evidentes.
Página noventa e oito
Impactos sociais de uma pesquisa
Você já pensou nos impactos sociais quê êste projeto póde promover na comunidade em quê está inserido?
Leia, a seguir, o trecho de um texto de Giovanna Lima, doutora em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, sobre o impacto social da pesquisa.
O impacto social da pesquisa póde sêr definido como as consequências ou os efeitos da pesquisa percebidos na e pela ssossiedade. A consequência, ou impacto, póde (i) sêr positiva ou negativa, (ii) sêr de diferentes tipos ou naturezas, (iii) acontecer em diferentes tempos e escalas, e (iv) resultar do processo de pesquisa em si, assim como de seus resultados.
Página noventa e nove
O impacto ou efeito da pesquisa na ssossiedade póde sêr caracterizado como positivo quando gera um benefício, uma mudança positiva em alguma questão ou problema social. pôdêmos falar em aumento na expectativa de vida das pessoas ou no seu bem-estar, ou talvez da redução de custos de um produto ou serviço. Outros exemplos incluem o aumento no número de pessoas quê compreendem problemas compléksos, ou o aumento na conectividade entre essas pessoas.
[…]
[…] A complexidade sobre definir o impacto social da pesquisa como positivo ou negativo póde sêr ainda exacerbada se considerarmos a subjetividade dessa análise, e quê um mesmo impacto póde sêr percebido como positivo por alguns grupos e negativo por outros. […]
Além de positivo ou negativo, podemos também classificar o impacto da pesquisa focalizando a dimensão social sobre a qual o impacto incide. Ou seja, podemos classificar o impacto como socioeconômico, ambiental, sobre políticas públicas ou ainda saúde e bem-estar. A classificação do impacto em seus diferentes tipos ou naturezas ajuda a entender os diferentes setores e agentes sociais beneficiários da pesquisa. É comum quê um projeto de pesquisa tenha mais de um tipo de impacto.
LIMA, Giovanna. Compreendendo o impacto social da pesquisa. Metricas.edu, 14 mar. 2023. Disponível em: https://livro.pw/dtfna. Acesso em: 8 ago. 2024.
ATIVIDADES
1. Segundo a autora, o quê são impactos sociais positivos ou negativos de uma pesquisa?
1. Giovanna Lima define os impactos sociais de uma pesquisa como os efeitos quê ela gera na ssossiedade. Esses impactos podem sêr positivos, trazendo benefícios como melhoria na qualidade de vida ou redução de custos, ou negativos. A percepção do impacto póde variar entre grupos, pois o quê é considerado positivo por uns póde sêr negativo para outros.
2. Discuta com a turma os impactos – tanto positivos como negativos – quê a pesquisa de vocês póde ter na comunidade. Para isso, considerem as diferentes dimensões sociais quê podem sêr afetadas. Depois, reflitam sobre como a forma de divulgar os resultados da pesquisa póde gerar desdobramentos para a comunidade.
2. Os estudantes devem refletir sobre os impactos positivos, como a melhoria na compreensão de problemas sociais e o potencial benefício para a comunidade. Também é importante quê considerem possíveis impactos negativos, como interpretações equivocadas dos resultados ou o agravamento de problemas sociais. A discussão ajudará a planejar a comunicação dos resultados para minimizar efeitos indesejados.
Saiba mais
Pesquisas quê impactam a comunidade
As pesquisas produzidas na escola podem impactar positivamente a comunidade onde ela está inserida.
Leia, a seguir, um exemplo de pesquisa realizada por estudantes do Ensino Médio e quê resultaram em impacto positivo para a comunidade.
[…]
Aplicativo para côléta seletiva
O App criado pela dupla Bruno Gaspar e Wesley Oliveira, [...], de Mogi das Cruzes, é planejado para organizar a seleção e côléta dos reciclados (vidro, metal, papel, orgânico). Nos primeiros testes realizados na própria unidade escolar, a platafórma identificou problemas e encontrou soluções na rotina de alunos e funcionários. [...] Em março, o aplicativo também foi destaque na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e chamou atenção da prefeitura quê está realizando testes em bairros da cidade.
[…]
AÇÕES de alunos da rê-de transformam realidade da comunidade. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 4 jan. 2018. Disponível em: https://livro.pw/yeciu. Acesso em: 29 set. 2024.
Página cem
em AÇÃO
Caderno do seminário
Consulte as orientações no Manual do professor.
Chegou o momento de organizar as descobertas do projeto para divulgar à comunidade. Proporcionar ao público mais conhecimento e consciência sobre o mercado de trabalho do município em quê vivem póde contribuir para o aprendizado e protagonismo para suas ações como trabalhadores e cidadãos.
Nesta etapa, vocês vão organizar tudo o quê a turma pesquisou e criou para comunicar à comunidade escolar os resultados das investigações.
Edição do caderno do seminário
Para apresentar as pesquisas elaboradas pela turma à comunidade escolar, serão produzidos um caderno do seminário e uma exposição oral.
O caderno do seminário será um importante documento porque vai trazer as informações pesquisadas e sistematizadas por vocês no decorrer do projeto.
Ele deverá sêr compôzto de ficha de créditos, sumário, introdução, panorama do mercado de trabalho do município e ensaios reflexivos dos grupos.
Na criação da publicação, vocês atuarão como uma editora. Para isso, organizem-se em grupos para atuarem de acôr-do com as respectivas habilidades.
PASSO 1
Reunião dos textos originais e definição das funções
• Considerem as últimas versões do panorama e dos ensaios como os arquivos originais da publicação, ou seja, a matéria-prima da edição.
PASSO 2
Edição dos textos
• Pensem na sequência em quê eles ficarão e na inserção de imagens acompanhadas de legendas e créditos. O grupo também será responsável por escrever uma breve introdução à obra. É possível incluir recursos de áudio e vídeo no PDF por meio de línkis ou QR Codes.
PASSO 3
Projeto gráfico
• Neste momento, um dos grupos deve criar o projeto gráfico para a publicação em formato de livro, elaborando capa e contracapa, diagramando textos e imagens e garantindo harmonía, organização e legibilidade do material.
Página cento e um
PASSO 4
Revisão do material
• O grupo deve revisar o texto já diagramado de acôr-do com as regras ortográficas e gramaticais da Língua Portuguesa, estabelecendo padronizações (como o uso de negrito para destacar palavras e itálico para indicar palavras estrangeiras), garantindo a clareza, a coerência e a coesão do texto.
PASSO 5
Impressão do material ou criação de e-book no formato PDF
• Sugere-se quê o caderno de seminário seja criado em um aplicativo gratuito específico para edição de livros.
Para se certificarem de quê o caderno do seminário cumpre o quê foi propôsto, elaborem um checklist para organizar a produção. Insiram pontos importantes, como os elencados a seguir.
• Os títulos e subtítulos estão adequados?
• Os títulos e as páginas indicadas no sumário estão corretos?
• Foram criados sumário, página de crédito e introdução para o caderno?
• O infográfico com o panorama do mercado de trabalho do município foi inserido no caderno?
• As imagens foram inseridas nos lugares mais adequados em cada página? As imagens estão com créditos e legendas aplicados?
• A ordem dos ensaios ficou interessante?
• A capa dialoga com o conteúdo do caderno?
• Foram feitas correções e inclusões nos textos com base no diálogo com os autores?
• A capa dialoga esteticamente com o miolo do caderno? E com o tema da publicação?
• O leiáut do caderno está bem organizado?
• Há margens em branco quê dão leveza às páginas?
• Foram escolhidos elemêntos gráficos e fontes, quê se repetem ao longo do livro, d fórma padronizada, dando uniformidade e identidade à publicação?
• As imagens estão com bom tamãnho e boa resolução?
• Foram aplicados os números nas páginas?
• Os textos foram revisados, garantindo correção ortográfica e gramatical, com ciência dos autores?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Quais impactos os projetos podem provocar na comunidade?
Página cento e dois
ETAPA FINAL
Seminário
Consulte as orientações no Manual do professor.
A realização de um seminário demanda planejamento, produção e divulgação. A seguir, são apresentadas algumas etapas para orientar você e os côlégas na realização dêêsse evento.
PASSO
1
Definição do título e do objetivo
Definam um título para o seminário, d fórma a abarcar a produção de todos os estudantes. Sugere-se um título amplo, para quê todos os grupos sêjam contemplados. Em seguida, detalhem o objetivo do seminário.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Como é o trabalho no Brasil contemporâneo?
PASSO
2
Planejamento
Estabeleçam as equipes de trabalho, formadas por estudantes, professores e outros funcionários e a responsabilidade de cada um. Com a direção da escola, definam a data e o horário, considerando a participação da comunidade externa à escola.
Página cento e três
• Programação: definam o tempo e a ordem das apresentações durante o seminário.
• Mediadores: definam o responsável por introduzir e finalizar o evento – fazendo os devidos fechamentos e agradecimentos –, o responsável por controlar o tempo das apresentações e quem vai apresentar os convidados e cada grupo antes da apresentação oral.
• Contribuição: pensem em uma forma de o público pôdêr fazer perguntas e definam o responsável por organizar a ordem.
• Projeção: definam o responsável pela projeção das apresentações de apôio às exposições.
• Registro ou transmissão ôn láini: se possível, criem formas de registrar o evento por meio de fotografias e vídeos. Transmitir as apresentações d fórma ôn láini póde sêr interessante para ampliar o alcance de público do evento.
• Avaliação do evento: preparar um formulário impresso ou ôn láini para quê os participantes avaliem o evento. Incluam uma quêstão para dimensionar qual foi o impacto do projeto na vida da pessoa, como: “Você aprendeu algo importante neste seminário?” ou “Você acha que êste seminário póde sêr útil de alguma forma em sua vida profissional e/ou pessoal?”.
• Treine a apresentação com seu grupo para testar o tempo quê leva, a fim de assegurar quê não vão extrapolar o tempo previsto.
PASSO
3
Divulgação
Após todas as definições, vocês devem elaborar cartazes e anúncios utilizando as rêdes sociais da escola para divulgar o seminário.
Se possível, criem um formulário ôn láini para as pessoas se inscreverem no seminário, d fórma a antecipar qual será exatamente o público participante.
Página cento e quatro
PASSO
4
Organização
• Antes do evento, certifiquem-se de quê o local tenha todos os equipamentos à disposição, como projetores, microfones e computadores, além de cadeiras e outros mobiliários quê considerem necessários.
• Entreguem ao público a programação do evento por meio de fôlder impresso ou digital. Para facilitar o acesso ao fôlder digital, considerem criar um QR Code, cóódigo escaneável com celulares quê levará ao línki com a programação.
• Distribuam exemplares do caderno criado para o seminário, se ele for impresso, ou criem outro QR Code para quê os participantes acessem a publicação digital.
• Garantam quê o seminário siga o cronograma estabelecido, incluindo o tempo reservado para a participação do público, e quê todos os aspectos técnicos estejam funcionando corretamente.
PASSO
5
Finalização
• Ao final do seminário, reúnam as respostas do público sobre o impacto da pesquisa de vocês para cada um. Com o resultado, formem uma roda e discutam:
• Qual foi o impacto da realização do projeto para vocês?
• Qual foi o impacto gerado pelo projeto na comunidade?
Página cento e cinco
AUTOAVALIAÇÃO
Para finalizar êste Projeto Integrador, é importante avaliar tanto a participação individual quanto a coletiva. Para isso, responda às seguintes perguntas no caderno.
1. Construção do infográfico
a) Levantei dados relevantes sobre o mundo do trabalho no município em quê vivo?
b) O leiáut e as informações no infográfico colaboraram para o entendimento dos dados?
c) Consegui realizar uma análise das condições de trabalho no Brasil atual?
2. Realização da entrevista
a) Conseguimos criar uma atmosféra de confiança, deixando o entrevistado à vontade?
b) Fizemos perguntas interessantes, quê incentivaram o entrevistado a contar sua história de vida, aproximando-se do tema da pesquisa?
c) Conseguimos registrar a entrevista por meio de áudio, vídeo e fotografias de qualidade?
d) Fizemos a transcrição da entrevista, garantindo quê os textos orais fossem adaptados para o texto escrito d fórma a garantir o sentido original no novo suporte?
3. Avaliação do texto sobre a história de vida
a) O texto incluiu a data da entrevista, o nome completo e a idade da pessoa?
b) O texto tem uma introdução contextualizando o depoimento?
c) O texto está coerente, coeso e claro?
d) O texto sintetiza a história de vida da pessoa, destacando informações relevantes para a pesquisa?
4. Avaliação do ensaio
a) O texto segue a estrutura e as características do gênero textual ensaio?
b) O texto segue a norma-padrão?
c) O ensaio articula todas as histoórias de vida realizadas pelo grupo?
d) As fontes e as referências bibliográficas foram incluídas?
5. Caderno do seminário
a) A divisão de tarefas entre as pessoas do grupo foi feita com base no diálogo e no respeito, considerando as características e as habilidades de cada integrante do grupo?
b) Quando alguém precisou de ajuda com alguma tarefa, recebeu apôio dos côlégas?
c) Os grupos entregaram os originais de seu ensaio na data acordada e seguindo as regras definidas por toda a equipe?
d) Os arquivos foram disponibilizados corretamente?
6. Seminário
a) Como cada grupo avalia a própria exposição oral?
b) Como a turma avalia sua participação no debate?
c) Como foi a experiência de debater com os convidados?
d) Quais foram as maiores dificuldades e os maiores problemas? E quais foram as soluções encontradas?
e) O quê poderia sêr melhorado?
f) Como poderão sêr utilizados os registros do seminário?
Página cento e seis