Vídeo Ícone de Vídeo

Giradança

Neste vídeo, vamos conhecer a trajetória da Giradança, uma companhia de dança contemporânea que reúne bailarinos com e sem deficiência e, com seu trabalho, amplia debates sobre inclusão e representatividade na dança.

A Giradança tem um grupo formado por corpos diversos e desafia padrões na dança contemporânea. Como a presença de corpos com e sem deficiência na companhia pode ampliar o debate sobre arte e inclusão? Converse com seus colegas.

Transcrição

[Música animada] 

[Audiodescrição da abertura] Vinheta animada em textura de papel amassado, colagens com diversas fotos de jovens conversando e sorrindo. Na tela, o título: 

[Narradora] Giradança.

[Audiodescrição] Apresentadora na tela

[Papel rasgando]

[Apresentadora] Olá! Antes de falar sobre o tema deste vídeo, vou fazer minha audiodescrição. Sou uma mulher branca, tenho cabelos longos e castanhos. Estou usando blusa rosa e calça branca. Estou em uma sala com parede azul-marinho, sentada em uma poltrona clara. No canto inferior direito, há uma janela com intérprete de Libras e, ao lado dela, legendas descritivas. 

Neste vídeo, vamos explorar a trajetória da Giradança, uma companhia de dança contemporânea fundada em 2005, em Natal.

Antes de falarmos sobre a Giradança, você se lembra do que é Dança Contemporânea?

Usamos a palavra “contemporâneo” para nos referir a algo relacionado ao tempo presente, ao período atual. No entanto, quando falamos em Dança Contemporânea, não utilizamos o termo nesse sentido comum.

A dança contemporânea é um conjunto de práticas coreográficas e estéticas que não se define por um estilo de movimento específico, mas por uma multiplicidade de possibilidades, vendo a dança como reflexo do tempo e da sociedade.

No Brasil, a dança contemporânea floresce de forma autoral, muitas vezes independente, em diálogo constante com questões éticas e sociais. É nesse movimento que a Giradança se insere. A companhia reúne bailarinos com e sem deficiência, e sua proposta artística é ampliar o universo da dança. Para isso, o grupo desenvolve uma linguagem própria em que o corpo é entendido como uma ferramenta de experiências.

A seguir, Álvaro Dantas, um dos diretores artísticos da companhia, fala sobre a Giradança. Vamos conferir?

[Audiodescrição] Legenda do vídeo: Álvaro Dantas. Vídeo de homem branco, de cabelos curtos e pretos e bigode, falando para a câmera, veste camisa branca com linhas verdes. Ao fundo, parede verde lisa.

[Ávaro Dantas] Olá! Eu sou Álvaro Dantas, sou um dos diretores artísticos da companhia Giradança. E a companhia Giradança, ela tem 19 anos, né? Então, desde a sua formação, lá em 2005, a gente sempre trabalhou nessa premissa de trabalhar com corpos diversos [hesita] dentro da dança contemporânea. Então, para mim, e trazendo um pouco uma reflexão sobre a arte e a cultura, o que é a arte e a cultura se não também registrar no tempo o meio que se vive, o período que se vive? E como não falar do Brasil e não falar da diversidade, né? Para a gente, o Brasil, é... Todo mundo que vive no Brasil sabe o quanto o Brasil é diverso, só que a desigualdade existe, existem corpos marginalizados que vivem sempre às margens.

E para a companhia Giradança... [hesita] a proposta da companhia Giradança é exatamente isso, é trazer essa reflexão que esses corpos, eles podem habitar e coabitar com todos os corpos possíveis, os corpos diferentes, com ou sem deficiência, também questão de raça, questão de classe, eles podem habitar qualquer lugar que eles queiram. [hesita] Então, pra mim é isso, é de extrema importância que a gente esteja fazendo esse trabalho. Então, a gente já circulou pelo Brasil inteiro e já fez turnê fora, também, levar para a sociedade essa reflexão de que todos os corpos podem habitar todos os lugares, podem trabalhar... Você imagina, né? Quando você vai pensar em dança, normalmente, geralmente, as pessoas pensam em quê? Em corpos magros, corpos longilíneos. [hesita] Pra algumas pessoas, seria possível uma pessoa com nanismo, por exemplo, dançar, estar no palco fazendo dança. Uma pessoa gorda, por exemplo, como é que uma pessoa gorda pode dançar? Ela pode. [ri] Todos podemos dançar. Então, nosso trabalho é muito também sobre isso, sobre levar é essa questão para as pessoas, que todos os corpos, eles podem estar onde eles quiserem.

E que vocês aí, que estão vendo esse vídeo, também possam levar essa mensagem da diversidade, que cada vez mais a gente possa fazer e construir um mundo cada vez menos desigual.

[Audiodescrição] Apresentadora na tela.

[Apresentadora] Vamos conhecer um pouco do trabalho da companhia? O trecho a seguir é do espetáculo “Die einen, die anderen”, criado em 2017, em colaboração com a companhia de Berlim Toula Limnais.

[Audiodescrição] Legenda do vídeo: trecho do espetáculo "Die einen, die anderen", da companhia Giradança, de 2017. Vídeo de homem de roupas brancas, falando ao microfone em sala vazia, de paredes pretas, enquanto duas mulheres e dois homens performam no palco. Ao fundo, telão mostrando imagens de cômodos vazios.

[Trecho do espetáculo]

[Homem entra em cena]

[Homem] Boa noite. Sejam todos bem-vindos.

[Audiodescrição] Homem faz movimentos de acordo com fala guiada.

[Homem] Wilson, salta. Mais alto, salta. Me acompanha.

[Audiodescrição] Entra mulher.

[Suspiro]

[Homem] E gira.

Me acompanha.

[Música intensifica]

[Homem] Sacode os braços pra cima e pra baixo. Pra cima e pra baixo. Vem, Wilson.

Tapete.

[Música intensifica]

[Homem] Vira a cabeça. Barulho.

[Wilson grunhe]

[Homem] Se desloca.

[Audiodescrição] Entra mulher.

[Homem] Força! Se desloca. Mais. Mais. Para. E pés.

[Música intensifica]

[Homem] Escala, Wilson.

[Música intensifica]

[Audiodescrição] Entra homem.

[Homem] E barulho.

[Wilson rosna]

[Homem] Me acompanha.

Se coça. Mais rápido, se coça. Mais forte. Se coça, se coça, se coça. Barulho.

[Wilson grunhe] 

[Homem] Salta. Mais alto, salta. Barulho.

[Wilson grunhe]

[Homem] Vem.

E gira.

Me acompanha.

Vira para frente, Wilson.

[Música intensifica]

[Homem] Bate no peito. Mais forte. Mais rápido, bate no peito, Wilson. Bate no peito. Mais forte. Mais forte, bate no peito.

Mais rápido, Wilson. Barulho.

[Wilson ruge]

[Homem] Rola pelo chão. E salta. Sacode os braços para cima e para baixo. Mais rápido, para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Está ao contrário, para cima e para baixo. Salta. Me acompanha. E barulho.

[Wilson grunhe]

[Homem] Salta. Se coça, Wilson. Caminhando, se coça. Se coça. Se coça. Se coça, mais rápido, mais forte. Se coça. Salta. Barulho.

[Wilson grunhe]

[Homem] Gira. Salta, Wilson. De novo, salta.

[Audiodescrição] Entra homem em cadeira de rodas. Ele cai.

[Música tensa]

[Homem] Wilson, guarda o casaco e o microfone. 

[Audiodescrição] Apresentadora na tela.

[Apresentadora] Álvaro Dantas, um dos idealizadores do espetáculo, falou um pouco sobre ele. Vamos ver?

[Audiodescrição] Legenda do vídeo: Álvaro Dantas. Ele fala para a câmera.

[Álvaro Dantas] Bom, vou falar um pouco sobre o trabalho “Die einen, die anderen”. “Die einen, die anderen” é um título alemão. Depois eu vou explicar um pouco porque ele é alemão. Mas, a tradução, mais ou menos, seria “Alguns outros”. Então, esse trabalho em tradução seria “Alguns outros”. “Die einen, die anderen” tem esse título porque nós, da companhia Giradança, fizemos uma colaboração, uma construção de um espetáculo, junto com uma companhia alemã chamada Toula Limnaios. [hesita] Foi um trabalho muito legal que a gente fez, assim, que a gente conseguiu se encontrar, né? O pessoal de lá, da Alemanha, dessa companhia, veio para o Brasil. A gente fez um processo aqui de vivência, vivendo o país, vivendo… Eles trocando muito com a gente sobre o que eles fazem lá. E logo após, nós fomos também para Alemanha para concluir essa montagem desse espetáculo. [hesita] A companhia Toula Limnaios também é uma companhia muito diversa. Falam na questão de nacionalidade. Lá tem diversas nacionalidades, isso é muito legal de perceber. Trazendo também uma comparação com a companhia Giradança, que trabalha com essa diversidade. Então, foi uma grande mistura de 14 pessoas no elenco tentando se comunicar e dialogar a partir das suas vivências. E o espetáculo foi montado desse modo. [hesita] Uma curiosidade é que a maioria das pessoas da companhia Giradança não falavam inglês. E a gente conseguia se comunicar, de alguma forma, com a linguagem do corpo, com a linguagem da dança. Então, foi uma troca muito bonita. Esse trabalho, ele tem inspiração nas palestras radiofônicas “O corpo utópico”, de Foucault, que vem falar um pouco sobre esses lugares, sobre espaços e a complexidade desses espaços, dessas camadas que existem. As camadas que existem entre um ser humano e outro. Então foi muito a partir dessa troca que a gente foi trazendo reflexões sobre o espetáculo. É um espetáculo muito bonito, traz várias questões, tem várias camadas, inclusive essa camada da presença e da ausência. Foi um espetáculo montado junto, mas ele pode ser apresentado separadamente, a companhia Toula e a companhia Giradança. E a gente trabalha com essa ausência e a presença a partir do vídeo. A gente tem um vídeo atrás, uma projeção atrás, que traz os bailarinos que não estão com a gente no momento real, do palco, mas estão, de certa forma, presentes a partir do cinema e do audiovisual. Então, a gente traz muito esses dois lados da moeda, como trabalhar a presença e a ausência, e a complexidade desses lugares. Todos os lugares em que a gente vive, Foucault traz essa reflexão. Por exemplo... se você está refletindo um espaço num espelho, que complexidade é essa desse espelho? Será que esse espelho também não é um lugar real ou irreal? Então, a gente traz muito essas reflexões.

[Audiodescrição] Apresentadora.

[Apresentadora] Vamos conhecer outro trabalho da companhia? A seguir, apresentamos um trecho do espetáculo “Bando: dança que ninguém quer ver”, que estreou em 2021.

[Audiodescrição] Legenda do vídeo: trecho do espetáculo "Bando: dança que ninguém quer ver", da companhia Giradança, de 2021. Vídeo de grupo de pessoas de diferentes etnias e vestindo roupas pretas performando em sala vazia de paredes de tijolos e chão preto. Ao fundo, tubos de metal dispostos verticalmente.

[Trecho do espetáculo em tela]

[Ofegos]

[Música suave]

[Audiodescrição] Fazem movimentos repetitivos.

[Ofegos]

[Audiodescrição] Caminham lentamente.

Mulher caminha rápido.

[Música intensifica]

[Audiodescrição] Todos imitam o seu movimento.

Entra cadeirante.

Todos correm em círculos.

[Homem] Foi.

[Mulher] Foi, foi.

[Segunda mulher] Foi.

[Terceira mulher] Foi.

[Audiodescrição] Apresentadora na tela.

[Apresentadora] A direção artística do espetáculo é de Ana Vieira e Álvaro Dantas. A seguir, ela fala sobre o espetáculo e sobre a importância dos corpos com deficiência na dança. Vamos conferir?

[Audiodescrição] Legenda do vídeo: Ana Vieira. Vídeo de mulher branca, de cabelos curtos e pretos, falando para a câmera. Veste regata preta e colar com pingente no pescoço. Ao fundo, parede verde lisa.

[Ana Vieira] “Bando” foi criado em 2015, em comemoração aos 10 anos da companhia Giradança. Nesse trabalho, nós, bailarinos, buscamos discutir questões que nos fazem existir enquanto sujeitos que dançam na contemporaneidade. É uma experiência estética, uma autorregulação dos corpos, que pulsantemente reativa nossa presença no mundo como comunidade, como grupo, como um bando. A companhia Giradança é um grupo de pessoas com e sem deficiência, que trabalham, nesse trabalho, com a improvisação. A importância aqui dos corpos com deficiência na dança é mais para uma construção da autonomia, a exposição da sua imagem, a criatividade e a expressividade de se sentirem, enquanto corpos, habilitados para atividades motoras e psíquicas, possibilitando também mudanças nas diversas situações de preconceito e, acima de tudo, com a comunicação. 

[Audiodescrição] Apresentadora na tela.

[Apresentadora] Espero que tenham gostado de conhecer a companhia Giradança e alguns de seus espetáculos. Até a próxima!

[Fundo musical] 

[Audiodescrição] Entram textos em tela com os créditos e as referências utilizadas no vídeo. 

 

Créditos 

Freepik/Freepik 

Freepik/Freepik 

Freepik/Freepik 

Giradança

 

Referências bibliográficas

BANDO: dança que ninguém quer ver. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (57 min). Publicado pelo canal Companhia Giradança. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=z89GBnPsQ_o. Acesso em: 20 set. 2024.

DANÇA contemporânea. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo, 2024. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo14399/danca-contemporanea. Acesso em: 20 set. 2024.

DIE einen die anderen. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (32 min). Publicado pelo canal Companhia Giradança. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cE9_z39eTIE. Acesso em: 20 set. 2024.


Trilha Sonora

Juqboxmusic – All Time High