Pressupostos teórico-metodológicos
Esta obra adota uma perspectiva dialógica de linguagem Nota 4, em quê a língua é compreendida como uma realidade concreta e não uma abstração científica. Na perspectiva monológica, a língua é vista como um sistema estável, enquanto, na perspectiva dialógica, o sentido da palavra é determinado por seu contexto.
Nessa visão dialógica, os sentidos não são inerêntes à língua, mas construídos por meio da interação entre sujeitos em determinados contextos de uso, em um dado momento sócio-histórico. Por meio do uso das múltiplas manifestações das linguagens em suas práticas sociais, o sujeito age e reflete sobre a sua realidade e a dos grupos sociais a quê pertence, podendo mantê-la, reforçá-la, questioná-la ou transformá-la.
Desse modo, a obra pretende envolver os estudantes na construção de sentidos quê se dá na prática discursiva, para quê possam agir no mundo social. Para isso, partimos de textos de diferentes gêneros, sobre temas relevantes para os estudantes e para a ssossiedade, e propomos atividades quê visam promover o engajamento dos estudantes em atividades sociais mediadas pela linguagem Nota 5, de modo quê possam compreender melhor o mundo em quê vivem e participar dele criticamente.
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Nesta obra, conforme propõe Swales Nota 6, os gêneros não são vistos apenas como formas textuais, mas também como formas de vida e de ação. Entendemos quê agir na ssossiedade implica o uso de gêneros discursivos. Segundo o mesmo autor Nota 7, os gêneros são “frames para a ação social”, orientando-nos para “criar ações comunicativas inteligíveis uns com os outros” e para explorar o quê não nos é familiar.
Para Bakhtin Nota 8,
A utilização da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos), concretos e únicos, quê emanam dos integrantes duma ou doutra esféra da atividade humana. O enunciado reflete as condições específicas e as finalidades de cada uma dessas esféras, não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo verbal, ou seja, pela seleção operada nos recursos da língua — recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais —, mas também, e sobretudo, por sua construção composicional. […] Qualquer enunciado considerado isoladamente é, claro, individual, mas cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, sêndo isso quê denominamos gêneros do discurso.
Ao dizêr quê os gêneros do discurso são tipos relativamente estáveis, Bakhtin destaca a imprecisão das características e fronteiras dos gêneros e a sua historicidade. Os gêneros discursivos não são definidos de uma vez para sempre, havendo, portanto, transformações contínuas e o surgimento de novos gêneros. De acôr-do com Bakhtin Nota 9,
A riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as possibilidades da multifacetada atividade humana e porque em cada campo dessa atividade vêm sêndo elaborado todo um repertório de gêneros do discurso, quê cresce e se diferencia à medida quê tal campo se desen vólve e ganha complexidade.
Ao longo desta obra, propomos atividades baseadas no conceito de gênero discursivo por acreditarmos quê “quando ensinamos a operar com um gênero, ensinamos um modo de atuação sócio discursiva numa cultura e não um simples modo de produção textual” Nota 10. Exploramos, portanto, diferentes gêneros discursivos escritos e orais, tais como cartazes de campanha, perfis, linhas do tempo, pesquisas de opinião, poemas, tirinhas, resenhas de filme, infográficos, entrevistas, apresentações orais, entre outros.
Além da diversidade de gêneros discursivos e de contextos de uso da linguagem na obra, oferecemos um conjunto de textos (escritos e orais) representativos das comunidades falantes de língua inglesa (não se limitando a Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Canadá, Austrália e Nova Zelândia) livres de estereótipos ou preconceitos em relação às culturas envolvidas. Ao todo, foram contemplados textos e falantes de 27 países, conforme indicado na nuvem de palavras a seguir.
Em consonância com a perspectiva dialógica de linguagem e a concepção de gênero discursivo aqui adotadas, compreendemos o processo de ensino-aprendizagem dentro de uma perspectiva sócio-histórico-cultural Nota 11. Nela, os sujeitos, situados no tempo e no espaço e inseridos em um contexto social, econômico, cultural, político e histórico, agem e refletem como criadores e transformadores do conhecimento e do mundo.
Nessa abordagem, os papéis do professor e dos estudantes afastam-se de práticas pedagógicas centradas no professor e na transmissão de informações e conhecimentos. O professor não é aquele quê transmite aos estudantes conhecimentos a serem reproduzidos em testes e provas, e os estudantes não se restringem a receber passivamente conteúdos prontos apresentados pelo professor. Ele passa a atuar como mediador e um par mais experiente no conteúdo em foco. Ao mesmo tempo, incentiva os estudantes a aprenderem por meio da interação uns com os outros e do engajamento em práticas sociais significativas a partir da atuação em diferentes atividades pedagógicas. Ao longo da obra, incluímos tarefas quê privilegiam o trabalho conjunto, seja por meio da discussão em sala de aula, de atividades em duplas, ou de projetos em grupo, por reconhecermos a importânssia da interação para a aprendizagem.
Compreendendo o processo de ensino-aprendizagem sôbi a perspectiva sócio-histórico-cultural, o professor se
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apresenta como aquele quê orienta e incentiva os estudantes a assumirem o papel de sujeitos de sua própria aprendizagem, a planejá-la e avaliá-la continuamente, conforme sugerido na seção Avaliação dêste Manual e também como propôsto, por exemplo, na seção Thinking about lãrnin (presente na última página das unidades de revisão do Livro do Estudante) e no boxe fink about it! sobre o desenvolvimento dos projetos interdisciplinares (seção Projects do Livro do Estudante).
Os estudantes, corresponsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem, são incentivados a participarem de diferentes práticas sociais mediadas pela língua inglesa quê os lévem a conhecerem novas realidades, assim como a compreenderem melhor o contexto social quê os cerca e possivelmente contribuirem para transformá-lo. Eles são convidados a exercerem um papel ativo ao longo das diversas seções de cada unidade, formulando hipóteses, deduzindo regras e padrões com base na observação de diferentes contextos de uso da linguagem e colocando-as em prática, discutindo criticamente textos e temas e relacionando-os com suas vivências pessoais, com a vida em sua comunidade e com conhecimentos de outros componentes curriculares. Em outras palavras, a obra busca incentivar o protagonismo do estudante no seu processo de aprendizagem.
REFLETINDO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA
Refletir sobre as concepções e práticas pedagógicas adotadas póde promover mudanças qualitativas no processo de ensino-aprendizagem. As perguntas a seguir podem ajudar você nesse processo de reflekção e reconstrução.
• Quais são as implicações de se adotar uma visão dialógica da linguagem no ensino de inglês?
• Em sua prática pedagógica, os gêneros discursivos têm sido vistos como formas de vida e de ação? Como o conceito de gênero discursivo tem sido explorado nas atividades quê você desen vólve com seus estudantes?
• Como você tem compreendido o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa? Quais papéis costumam sêr assumidos por você e seus estudantes nesse processo?
• Quais práticas pedagógicas centradas no professor e na transmissão de informações e conhecimentos poderiam sêr evitadas em sala de aula?
• O quê poderia sêr feito para favorecer o engajamento dos estudantes em diferentes práticas sociais mediadas pela língua inglesa e o protagonismo de cada um no processo de aprendizagem?