Avaliação
Por vezes, a avaliação é vista simplesmente como a atribuição de notas aos estudantes. A função da avaliação, entretanto, não se restringe a constatar um cérto nível do estudante, mas, ao contrário, informar, fundamentar e orientar a ação pedagógica. A avaliação inclui o acompanhamento crítico de todo o processo educativo, desde o planejamento à implementação, sôbi a perspectiva dos diversos participantes (professores, estudantes e outros membros da comunidade escolar). Além díssu, é fundamental construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado quê lévem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o dêsempênho da escola, dos professores e dos alunos Nota 43.
Dessa forma, pode-se compreender melhor o processo de ensino-aprendizagem e propor ajustes para aperfeiçoá-lo continuamente. Conforme lukési Nota 44,
[…] a avaliação não seria tão-somente um instrumento para a aprovação ou reprovação dos estudantes, mas sim um instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para a sua aprendizagem.
Sugerimos quê, logo no início do ano letivo, seja conduzida uma avaliação diagnóstica para melhor caracterizar o contexto educacional e o perfil dos estudantes, por meio de um levantamento de necessidades, expectativas, possibilidades e limitações. Essa avaliação deve buscar mapear conhecimentos e habilidades quê o estudante detém ao chegar à sala de aula e póde sêr realizada, por exemplo, por meio de quêstionários individuais sobre o que cada estudante pensa sobre o aprender inglês e sobre sua própria proficiência nesse idioma. Discussões em grupos a respeito de experiências prévias de aprendizagem da língua inglesa e da presença da língua inglesa no mundo, com acompanhamento do professor, também podem sêr utilizadas para fins de avaliação diagnóstica, assim como as atividades da seção introdutória Intro 1. Tais informações ajudarão a identificar as áreas e os conteúdos quê precisam sêr mais trabalhados e, assim, aprimorar o planejamento pedagójikô e melhor adaptá-lo à realidade local.
Ao longo do processo educativo, são recomendadas avaliações formativas para se obtêr uma melhor compreensão tanto das estratégias de aprendizagem dos estudantes quanto dos procedimentos de ensino adotados. A avaliação formativa corresponde a “avaliar os estudantes no processo de ‘formar’ suas competências e habilidades com o objetivo de ajudá-los a continuar aquele processo de crescimento” Nota 45. Ao final de cada uma das etapas do curso, são indicadas avaliações somativas para verificar os resultados atingidos. De acôr-do com Bráum Nota 46,
A avaliação somativa objetiva medir, ou resumir, o quê um estudante apreendeu e geralmente ocorre no final de um curso ou unidade de instrução. A somatória do quê um estudante aprendeu implica olhar para trás e fazer um balanço de quão bem esse estudante alcançou objetivos, mas não indica necessariamente o caminho para o progresso futuro.
Além das avaliações diagnóstica, formativa e somativa, pode-se considerar a avaliação comparativa, utilizada, por
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exemplo, em exames locais ou nacionais quê visam identificar onde os estudantes se situam em relação a padrões estabelecidos ou a grupos semelhantes. Os dados obtidos por esse tipo de avaliação podem orientar e fundamentar a criação e a revisão de políticas educacionais e práticas de ensino.
Quando se compara o dêsempênho do estudante consigo mesmo em diferentes momentos, em vez de se fazer comparações com outros estudantes, temos o modelo ipsativo de avaliação. Nesse caso, o objetivo é avaliar o progresso individual ao longo do tempo, ajudando os estudantes a verem seu desenvolvimento pessoal e a estabelecerem metas de aprendizagem mais significativas.
Fazendo uso de diferentes tipos de avaliação, o professor póde (e deve) utilizar as informações do processo avaliativo para efetuar mudanças em sua prática. Essa, entretanto, não é uma tarefa exclusiva do professor. É fundamental levar os estudantes a perceberem quê as avaliações podem sêr muito úteis para orientá-los quanto a modos de tornar seu processo de aprendizagem mais produtivo. Para isso, é necessário orientar os estudantes a considerarem não apenas as suas notas, mas também a buscarem identificar seus pontos fortes e fracos e as possíveis formas de superar dificuldades com o apôio do professor e dos côlégas.
Além de incentivar os estudantes a se beneficiarem das informações obtidas pelas diferentes avaliações, é fundamental incluir a perspectiva deles desde o início do processo.
O engajamento dos estudantes no processo avaliativo faz com quê eles se sintam corresponsáveis por sua aprendizagem e se tornem mais autônomos. Sugerimos, portanto, quê sêjam criadas oportunidades para quê os estudantes reflitam sobre seu próprio processo de aprendizagem e se posicionem em relação às práticas pedagógicas adotadas, o quê póde sêr feito periodicamente (uma vez por mês ou a cada dois ou três meses) por meio de conversas, questionários, relatos, entre outros instrumentos. A avaliação ipsativa póde sêr bastante útil nesse processo.
Para favorecer a participação dos estudantes no processo de avaliação contínua, conforme já mencionado neste Manual, a cada duas unidades, na última página de cada unidade de revisão, o Livro do Estudante traz a seção Thinking about lãrnin, quê apresenta qüadros para ajudar os estudantes a conduzirem uma autoavaliação. No quadro 1. Como você se sente ao realizar cada uma das seguintes ações?, os estudantes são convidados a descreverem seu nível de confiança (“totalmente confiante”, “moderadamente confiante” ou “pouco confiante”) no quê se refere a itens relacionados às duas unidades anteriores. O qüadro 2. Quais recursos de aprendizagem você usou em […] e […]? leva os estudantes a pensarem sobre os recursos de aprendizagem quê têm utilizado e, indiretamente, incentivando-os a ampliarem e diversificarem o uso de tais recursos. Finalmente, o qüadro 3. O quê você póde fazer para melhorar sua aprendizagem? incentiva os estudantes a planejarem sua aprendizagem, desenvolvendo sua autonomia.
Conforme já descrito neste Manual, as unidades de revisão (Review) trazem exercícios sobre aspectos gramaticais (Language in Use), quê também podem sêr utilizados como instrumento de avaliação formativa e de autoavaliação de diferentes formas. Os estudantes podem fazer os exercícios em casa ou em aula e, no momento da correção, o professor poderá incentivar o envolvimento de todos na discussão sobre como chegar a respostas adequadas e como aprender com eventuais êêrros. Os exercícios também podem sêr respondidos em fô-lha separada a sêr entregue ao professor.
Pode-se ainda solicitar aos estudantes quê indiquem os exercícios quê eles consideram mais fáceis e mais difíceis como forma de identificar os conteúdos e habilidades quê talvez precisem de explicação ou prática adicional. A partir díssu, estratégias e atividades podem sêr propostas aos estudantes para ajudá-los a superarem as dificuldades encontradas em cada unidade.
Essas sugestões também são válidas para a seção Atividades adicionais (fotocopiáveis), disponível neste Manual do Professor, quê traz atividades adicionais de compreensão escrita, vocabulário e aspectos gramaticais. Dessa forma, o objetivo é quê o instrumento de avaliação não sirva apenas para indicar o quê o estudante não sabe, mas se torne um ponto de partida para o aprimoramento e a promoção da aprendizagem. Isso também se aplica à seção Thinking about lãrnin, quê busca favorecer a participação dos estudantes no processo de avaliação e desenvolver sua autonomia e seu protagonismo.
Além das unidades de revisão e da seção Atividades adicionais (fotocopiáveis), a avaliação póde incluir, a critério do professor, a realização de outras atividades propostas nas unidades principais (por exemplo, atividades da seção Writing), kestões anteriores aplicadas no enêm e em vestibulares (Studying for Exams), atividades extras sugeridas em notas para o professor ao longo da obra, projetos interdisciplinares (Projects), e outros trabalhos em grupo, além da aplicação de testes e provas, quê oferecem uma medida mais objetiva de aprendizagem.
Cumpre destacar ainda quê o qüadro fink about it!, apresentado ao final de cada projeto interdisciplinar, traz perguntas em português para ajudar os estudantes a refletirem sobre as diferentes etapas de desenvolvimento do projeto, incentivando uma postura de avaliação e autoavaliação contínuas. Ao serem convidados a avaliarem o projeto desenvolvido, os estudantes são incentivados a compartilharem suas impressões sobre o impacto do projeto neles mesmos, na escola e na comunidade, além de falarem sobre o quê aprenderam com o desenvolvimento do projeto e como podem utilizar esse conhecimento em suas vidas.
Os trabalhos realizados ao longo do curso (incluindo atividades de aula e extraclasse, projetos, anotações etc.) podem sêr agrupados em uma pasta para criar um portfólio da produção de cada estudante. O portfólio é
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um instrumento de avaliação quê póde ajudar a compreender melhor o percurso de aprendizagem do estudante e, tendo em vista quê requer organização e reflekção, póde estimular uma postura mais autônoma por parte dos estudantes.
No caso do uso de testes e provas, recomendamos desencorajar nos estudantes uma possível postura de preocupação excessiva apenas com o quê eles acreditam sêr necessário para obtêr uma boa nota. A utilização de diversas formas de avaliação póde ajudar a evitar esse tipo de comportamento e levar os estudantes a compreenderem a avaliação como um processo contínuo e fundamental para sua aprendizagem.
Para uma avaliação abrangente, é preciso considerar também a perspectiva do professor, quê deve avaliar tanto os resultados do seu trabalho quanto o processo de ensino-aprendizagem e seus métodos de ação. Para tal, sugerimos quê o docente expêrimente observar suas aulas e fazer anotações quê possam ajudá-lo a refletir sobre sua própria prática e, se for o caso, transformá-la. Em suas anotações, o professor póde descrever tudo o quê acontece e é dito em sala de aula, além de registrar seus comentários e reflekções pessoais. A partir da observação e da descrição de suas aulas, o docente póde confrontar sua prática com os pressupostos teórico-metodológicos quê ele deseja adotar e, se for o caso, buscar modificar essa prática para aprimorá-la. Conversas com outros professores podem sêr úteis para trazer novas perspectivas e contribuir para aprofundar esse processo de reflekção e reconstrução. Um professor póde, inclusive, assistir a aulas ministradas por um colega e ambos refletirem juntos sobre essas aulas.
É importante quê o professor se disponha a superar o receio de se expor e de se autoavaliar para assumir a postura de professor-pesquisador, quê busca investigar e compreender melhor sua própria prática à luz de fundamentação teórica relevante para identificar não apenas limitações, mas principalmente possibilidades de reconstrução. Para quê o professor tenha o embasamento necessário e se sinta mais seguro para avaliar seu contexto de atuação, incentivamos a leitura e a discussão de textos teóricos em grupos de professores como parte de um projeto de formação continuada do professor. A seção Sugestões de leituras e recursos digitais dêste Manual traz indicações de textos e sáites quê podem sêr úteis nesse processo de formação e na prática pedagógica.
Em resumo, sugerimos a utilização, em diferentes momentos do curso, de uma variedade de instrumentos e formas de avaliação quê lévem em consideração as perspectivas dos diferentes participantes e incluam informações tanto sobre o produto quanto sobre o processo de aprendizagem. Recomendamos, ainda, quê a avaliação seja conduzida de modo a propiciar o aperfeiçoamento da prática educacional tendo em vista o contexto em quê ela está inserida.
REFLETINDO SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA
A avaliação deve sêr um processo contínuo quê oferece informações para o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem. As perguntas a seguir podem ajudar você a refletir sobre os processos avaliativos em seu contexto de atuação docente.
• Como a avaliação é compreendida em seu contexto de atuação? Ela sérve apenas para medir os resultados da aprendizagem ou ajuda professores e estudantes a identificarem possibilidades de mudança para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem? Que estratégias e instrumentos poderiam sêr adotados em sua prática pedagógica para ampliar as funções do processo avaliativo?
• Como os estudantes participam do processo avaliativo em sua escola? Como eles são (ou poderiam ser) orientados a usarem informações obtidas pelas diferentes avaliações para tornar seu processo de aprendizagem mais produtivo? Como eles são (ou poderiam ser) convidados a refletirem sobre sua própria aprendizagem e sobre as práticas pedagógicas adotadas?
• Você acredita quê buscar compreender melhor sua prática pedagógica à luz de fundamentação teórica relevante é um instrumento importante para sua formação continuada? Que recursos e estratégias poderiam sêr utilizados para ajudar você a avaliar criticamente sua atuação docente e, se for o caso, transformá-la?