Objeto digital

Clique no play e acompanhe a reprodução do áudio. Após o áudio será apresentada a sua transcrição para acessibilidade.

A distribuição dos vertebrados tetrápodes na Terra

A sobrevivência dos seres vivos está atrelada às condições ambientais. Assim, se determinado organismo não tolera o clima de um ambiente, ele não será encontrado nesse local. Neste vídeo, descubra como fatores relacionados às condições climáticas, como temperatura e precipitação, podem interferir na distribuição de anfíbios, répteis, aves e mamíferos pela superfície da Terra.

Transcrição do áudio para acessibilidade

[VINHETA DE ABERTURA]

[MARI]

A distribuição dos vertebrados tetrápodes na Terra.

[CONCLUSÃO DA ABERTURA]

[MARI]

Olá, tudo bem? Aqui é a Mari e hoje o assunto é biodiversidade! Você já parou para pensar em como a vida na Terra é diversa e em como cada espécie se relaciona com o ambiente para sobreviver? Nesse episódio, vamos falar um pouco dos fatores que favorecem ou limitam a distribuição de alguns grupos de animais pelo planeta. Falaremos especificamente dos tetrápodes, que são os animais vertebrados de quatro membros. Os tetrápodes evoluíram de um grupo específico de peixes há milhões de anos, conquistando o ambiente terrestre e se distribuindo entre os variados ecossistemas desse ambiente. Estão incluídos nessa classificação os anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos. Vamos conhecer alguns dos fatores que podem explicar essa distribuição? Vem comigo!

[VINHETA DE SEPARAÇÃO]

[MARI]

Para começarmos, imagine dois ambientes distintos. O primeiro seria um local desértico, com o Sol iluminando aquela imensidão de areia. Já o segundo é um ambiente de floresta, com árvores gigantes, onde chove quase todo dia. Em qual desses lugares você acha que nós encontraríamos mais espécies de animais?

[EFEITO SONORO DE RELÓGIO SEGUIDO DE SINO]

[MARI]

Talvez influenciados por nossas próprias necessidades de sobrevivência, a floresta pareça ser um local mais acolhedor para se estabelecer. Lá, podemos encontrar com mais facilidade água e comida e estaremos menos expostos à radiação solar. Mas será que isso vale também para os demais mamíferos, as aves, os anfíbios ou para os répteis?

[VINHETA DE SEPARAÇÃO]

[MARI]

Na história da ecologia, uma hipótese em discussão entre os cientistas é a existência de um gradiente latitudinal de biodiversidade, de acordo com o qual haveria menor diversidade de espécies próximo aos Polos Norte e Sul. Essa diversidade aumenta à medida que nos aproximamos da linha do equador. Porém, as razões para essa diferença na distribuição das espécies ainda não é consenso entre os pesquisadores. Então, para tentar entender como os animais estão distribuídos na superfície do planeta, cientistas realizaram uma pesquisa que buscava evidências dos fatores que influenciam a ocorrência das espécies em cada região. Os dados sobre anfíbios e mamíferos foram retirados de relatórios produzidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, a IUCN Para as aves, os dados foram obtidos do banco de dados "Birdlife International" Já os dados sobre répteis são de um levantamento feito pelo GARD consórcio de cientistas de todo o mundo ligado à Universidade de Tel Aviv, localizada em Israel. No total, foram analisadas oito mil, novecentos e trinta e nove espécies de répteis, cinco mil, novecentos e oitenta e três de anfíbios, cinco mil e quatro de mamíferos e nove mil, seiscentos e trinta de aves. De modo geral, o trabalho confirmou um gradiente de biodiversidade, com maior diversidade de espécies associadas a regiões próximas à linha do equador e menor nas regiões mais afastadas. No entanto, esse gradiente não é tão homogêneo como se pensava. Os padrões de distribuição diferem um pouco entre os grupos avaliados, com diferenças relacionadas às características de cada um desses grupos. O estudo mostrou que dois fatores são os mais relevantes para explicar a distribuição dos tetrápodes: a temperatura e a disponibilidade de água. No entanto, a disponibilidade de água foi mais importante para os anfíbios, as aves e os mamíferos, enquanto, para os répteis, a temperatura foi mais relevante. Vamos refletir um pouco sobre como as características desses grupos podem estar associadas a esses fatores?

[VINHETA DE SEPARAÇÃO]

[MARI]

As aves e os mamíferos são animais endotérmicos, ou seja, têm a capacidade de regular a temperatura corporal por meio de mecanismos internos. Devido a essa capacidade, esses dois grupos são mais tolerantes às baixas temperaturas do que os demais grupos avaliados no estudo. Eles são, portanto, mais facilmente encontrados em latitudes maiores, que apresentam temperaturas médias mais baixas em determinadas épocas do ano. Por outro lado, os recursos alimentares são fatores muito relevantes para esses dois grupos. Por demandarem bastante energia para suas atividades metabólicas, as aves e os mamíferos necessitam de grande quantidade de alimento e precisam se alimentar com certa regularidade. Por isso, a água, mais especificamente a frequência e o volume das chuvas, é mais relevante para esclarecer a distribuição desses dois grupos. Vou explicar! A água é muito importante para os vegetais e, por isso, a disponibilidade dela impacta a produtividade primária de um ecossistema, que é a quantidade de matéria orgânica produzida por seres vivos autótrofos, como as plantas. As plantas são a base de diversas cadeias alimentares. Assim, a disponibilidade de água é importante para as aves e para os mamíferos, uma vez que impacta a produtividade primária e, portanto, os recursos alimentares do ecossistema.

[VINHETA DE SEPARAÇÃO]

[MARI]

Embora a temperatura não tenha sido tão importante para explicar a distribuição das aves e dos mamíferos, esse é um fator muito relevante para anfíbios e répteis. Esses grupos são ectotérmicos, ou seja, não conseguem controlar a temperatura corporal por meio de mecanismos internos e precisam de fontes externas de calor para que isso ocorra. Um dos pesquisadores brasileiros que participaram desse estudo, o professor Márcio Martins, disse em entrevista ao Jornal da USP que esses animais podem congelar se ficarem no frio, pois não suportam temperaturas mais baixas como as aves e os mamíferos são capazes de suportar! Os anfíbios têm uma pele fina, sem pelos ou escamas, então trocam calor com o ambiente com facilidade. Assim, a maioria das espécies desse grupo ocupa ambientes quentes e úmidos. Já os répteis têm pele coberta por escamas e suportam maior exposição ao sol. Essas características os tornam mais comuns em áreas quentes.

[VINHETA DE SEPARAÇÃO]

[MARI]

O estudo mostrou que a disponibilidade de água não é um fator tão relevante na distribuição dos répteis como é para os anfíbios. Os répteis apresentam diversas adaptações para a restrição de água, como a pele seca e coberta por escamas e um ovo de casca rígida e porosa, não dependendo da água para se reproduzirem. Já para os anfíbios, a água é muito importante, especialmente para a reprodução. Então, considerando fatores limitantes e favoráveis à sobrevivência, o deserto talvez não seja aconchegante para nós, mas será comum encontrar répteis e um certo número de aves e mamíferos, mas quase nenhum anfíbio.

[VINHETA DE ENCERRAMENTO]

[MARI]

Não é uma novidade que o ambiente tem grande influência sobre os seres vivos que nele habitam. Ao longo da evolução, todos os organismos passam por um processo de seleção natural, relacionado à adaptação das espécies ao ambiente. O planeta segue em transformação, e nossas ações têm refletido na disponibilidade dos recursos importantes não só para nossa sobrevivência, mas para a de todos os outros seres vivos. Como será que nossas ações impactam a biodiversidade? Pense nisso! Um abraço! Até a próxima!

[VINHETA FINAL]

[MARI]

Essa produção usou áudios de Yan Maran e Envato Elemens. Voz de Mari Guedes.

Fontes de pesquisa:
CUSTÓDIO, Julia. Como explicar a distribuição de animais na Terra? Jornal da USP, São Paulo, 27 mar. 2024. Disponível em: https://s.livro.pro/bki3fn. Acesso em: 25 set. 2024.
Raz, T. et. al. Diversity gradients of terrestrial vertebrates – substantial variations about a common theme. Journal of Zoology, London, n. 322, fev. 2024, p. 126-140. Disponível em: https://s.livro.pro/exnypt. Acesso em: 25 set. 2024.

Ações antrópicas, como desmatamento, queimadas, poluição do ar, do solo e da água, alteram as condições favoráveis e necessárias à vida dos seres vivos e colocam em risco a biodiversidade da Terra. A perda da biodiversidade pode causar desequilíbrios ecológicos que afetam os seres humanos e outras formas de vida. Precisamos, com urgência, refletir sobre nossas ações e mudar hábitos para garantir um meio ambiente ecologicamente equilibrado para a atual e as futuras gerações.