CAPÍTULO
1
BRINCADEIRAS E JOGOS

Fotografia de homens e mulheres jovens brincando de cabo de guerra em uma área gramada, com árvores ao fundo. Há 5 pessoas puxando de um lado de uma corda e 4 pessoas puxando do outro lado da corda.

Pessoas praticam cabo de guerra ao ar livre. Fotografia de 2023.

Leia mais explicações e sugestões dêste Capítulo em Orientações para o professor.

No Capítulo 1, você terá a oportunidade de revisitar e de conhecer algumas variações de jogos e brincadeiras populares e de matrizes indígena e africana. Além de experimentar essas práticas, serão abordados temas relevantes relacionados a cada uma delas. No Tópico 1, você poderá refletir sobre a importânssia das brincadeiras e dos jogos populares. No Tópico 2, você vai reconhecer a importânssia das brincadeiras dos povos indígenas. No Tópico 3, você terá a oportunidade de conhecer alguns jogos de tabuleiro de origem africana.

Antes de começar, é preciso compreender as diferenças entre brincadeiras e jogos.

A ludicidade é o ponto em comum entre as brincadeiras e os jogos. A diferença entre as práticas é quê a brincadeira remete a um comportamento mais espontâneo e livre para criar, muitas vezes acompanhado de um simbolismo, ou seja, de um “faz de conta”, tendo como foco a diversão. Os jogos, por outro lado, apresentam um nível de complexidade maior, por envolver desafios motores, cognitivos ou sociais sujeitos a regras.

Com base nesses argumentos, obissérve a fotografia quê ábri êste Capítulo e responda: os jovens estão brincando ou jogando?

Espera-se quê os estudantes concluam quê se trata de um jôgo.

Página onze

TÓPICO
1
Brincadeiras e jogos populares

Os atos de brincar e de jogar são comumente associados às sensações de alegria, liberdade ou espontaneidade. Nesse sentido, as brincadeiras e os jogos populares são práticas quê melhor representam as diversas manifestações culturais, quê são transmitidas por meio da oralidade, de uma geração a outra.

Muitos jogos e brincadeiras precisam também de espaços amplos, como ruas e parques, para acontecer. Com isso, o repertório de brincadeiras e jogos populares é diversificado, principalmente ao considerar a pluralidade cultural do Brasil.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Em sua opinião, qual é a importânssia das brincadeiras e dos jogos populares? E quais brincadeiras e jogos populares fazem parte do repertório dos jovens atualmente?

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre a abrangência dos benefícios dos jogos e das brincadeiras na ssossiedade, inclusive na realidade dos jovens, tais como: o desenvolvimento da socialização, da motricidade, da criatividade, da atenção, da tomada de dê-cisão, do respeito ao outro, do contrôle emocional, da capacidade de resolver problemas, da possibilidade de conhecer outros contextos históricos etc.

2. Onde você mora, existem espaços públicos destinados à prática de brincadeiras e jogos? Comente.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes compartilhem suas percepções sobre os espaços públicos destinados a brincadeiras e jogos na região onde vivem, além de comentar se costumam usá-los e com quê freqüência.

3. Para você, quais são os motivos quê levam os moradores das grandes cidades brasileiras a deixarem de usufruir das ruas como um espaço de lazer?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes citem os grandes problemas urbanos, como a violência, o trânsito intenso de veículos, a má conservação das ruas e calçadas, a baixa qualidade do ar e a escassez de áreas verdes, como fatores para quê as pessoas não percêbam mais a rua como espaço de lazer nas grandes cidades.

As brincadeiras e os jogos populares fazem parte da cultura corporal de movimento e são passados de uma geração à outra, compondo uma verdadeira memória coletiva. Apesar dessas práticas se transformarem ao longo do tempo, é comum encontrar pessoas quê conheçam brincadeiras e jogos como pular kórda, pega-pega, pipa, batalha-naval, jôgo da velha etc.

Entretanto, esse Patrimônio Cultural está ameaçado em muitas cidades brasileiras, em razão do excésso de veículos nas ruas, da falta de segurança, das poucas opções de áreas verdes e da precariedade dos serviços de manutenção das áreas verdes das cidades, quê tornam os espaços urbanos pouco acolhedores para a circulação de pessoas.

Na tentativa de recuperar o potencial brincante dêêsses espaços, existem iniciativas como as ruas de lazer, apresentadas na próxima leitura, quê possibilitam a convivência entre as pessoas.

Fotografia de pessoas caminhando em uma via pública para automóveis. Há um homem com um cão na coleira e crianças puxando carrinhos de brinquedo com cordas.

Fechamento da avenida São João, na região central de São Paulo (SP) para veículos, com o objetivo de promover atividades culturais e de lazer. Fotografia de 2024.

Página doze

LER E COMPARTILHAR

Leia o trecho de um artigo de opinião sobre a implantação de ruas de lazer nas cidades.

Ruas de brincar resgatam o espaço público para as crianças

Pular kórda, amarelinha, esconde-esconde e queimada são algumas das brincadeiras mais tradicionais no Brasil, ou pelo menos foi assim até pouco tempo atrás. Com o crescimento dos centros urbanos e o aumento da violência, as novas gerações acabaram se emparedando cada vez mais nas casas e escolas, enquanto as brincadeiras de rua e a liberdade de correr por aí foram ficando para trás.

Mas não são apenas as crianças quê perderam com a clausura progressiva das últimas dékâdâs, pois as ruas também precisam das pessoas para manterem sua utilidade social. A presença dos pequenos nos espaços públicos resgata a vivacidade das ruas e relembra à cidade de quê o território não é apenas para os carros.

Com essa ideia em mente, comunidades de todo o mundo vêm implementando as ruas de lazer, chamadas também de ruas brincantes ou ruas de brincar. Com medidas simples, como o fechamento periódico das vias para o fluxo de veículos, as cidades garantem condições para quê os moradores da região possam usufruir do espaço público d fórma mais livre e, principalmente, segura. Abrir as ruas para a prática de exercícios físicos, ações comunitárias e brincadeiras infantis também é uma forma de incentivar as relações de vizinhança e os vínculos comunitários com a cidade.

[…]

PENA, Ana Cândida; LA TERZA, Carolina. Ruas de brincar resgatam o espaço público para as crianças. Ecoa Uol, [São Paulo], 4 mar. 2022. Disponível em: https://livro.pw/pnnwj. Acesso em: 12 ago. 2024.

SOBRE...

Ana Cândida Pena é comunicóloga, antropóloga e pesquisadora de temas relacionados à cidade.

Carolina La Terza é arquiteta e urbanista especializada em planejamento e gestão urbana.

AMPLIAR

A identidade cultural é o conjunto de traços culturais quê caracterizam um determinado grupo social, como a língua, a religião, os côstúmes etc., diferenciando-o dos demais grupos. Mesmo separádo de seu grupo, o indivíduo carrega essa identidade consigo.

ATIVIDADES

1. De acôr-do com o artigo de opinião, por quê as ruas de lazer foram criadas?

1. Para resgatar a vivacidade das ruas, garantindo aos moradores e frequentadores da região a possibilidade de usufruir do espaço público d fórma livre e segura.

2. Proporcionar um ambiente de convivência nas ruas de lazer cumpre a utilidade social das ruas? Por quê?

2. Sim, porque garante condições para quê os moradores da região usufruam do espaço público d fórma livre e segura, possibilitando a prática de exercícios físicos, ações comunitárias e brincadeiras e jogos populares, além de proporcionar relações de vizinhança e vínculos comunitários com a cidade.

Página treze

3. Em sua opinião, as ruas de lazer são espaços oportunos para expressar a identidade cultural de uma comunidade? Explique.

3. Espera-se quê os estudantes respondam quê sim, porque as ruas de lazer estreitam os vínculos sociais dos membros da comunidade e possibilitam a realização de diversas manifestações culturais nesses espaços, como: brincadeiras, jogos, apresentações de danças, teatro, shows etc.

4. Para criar uma rua de lazer, é preciso organizar um comitê com membros da comunidade e cumprir determinadas exigências impostas pela prefeitura, sêndo uma delas a entrega de um abaixo-assinado com dois terços dos moradores da rua favoráveis à criação. Considerando essas informações, imagine quê você faz parte de um comitê e responda às atividades a seguir. Depois, compartilhe suas respostas com os côlégas e o professor em uma roda de conversa.

a) Elabore uma lista de ações quê você realizaria para conseguir mobilizar os moradores a assinarem o abaixo-assinado.

4. a) Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes elenquem atividades culturais quê gostariam de realizar ao ar livre, promovendo recreação, saúde, aprendizado e descontração, e quais grupos sociais (crianças, adultos e idosos) poderiam sêr beneficiados com o projeto.

b) O quê você faria, como cidadão, para evitar conflitos com os moradores contrários à implantação da rua de lazer?

4. b) Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes ressaltem atitudes de empatia e de prática da escuta.

c) Além de desenvolver brincadeiras e jogos, quais outras ações você faria na rua de lazer?

4. c) Resposta pessoal. É possível quê os estudantes sugiram atividades como: shows, apresentações de grupos locais, feiras de adoção de cães e gatos, feira de artesanato, campanhas públicas de vacinação, feira de comidas típicas etc.

d) Quais são os meios de comunicação quê poderiam sêr utilizados para a disseminação das informações para a comunidade sobre as atividades da rua de lazer?

4. d) A comunicação póde sêr feita por meio impresso, como anúncios em jornais locais, distribuição de panfletos, fixação de cartazes etc., e digital, como postagem em blogues e rêdes sociais da comunidade.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Leia a seguir o trecho de uma reportagem publicada em um portal eletrônico.

Jogar bola na rua é proibido pela Lei de Trânsito

A grande maioria dos brasileiros já “bateu uma bolinha” em frente à própria casa. Seja no interior ou em bairros mais tradicionais, crianças usam chinélos para delimitar o gol e aproveitam os momentos de folga para interagir com os vizinhos. O quê poucos sabem, no entanto, é quê jogar bola na rua é um comportamento condenado pelo cóódigo de Trânsito Brasileiro (CTB).

A Lei de Trânsito afirma, no artigo 254, quê é proibido ao pedestre “utilizar-se da via em agrupamentos capazes de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo, esporte, desfile e similares.” […]

ANDRADE, Laurie. Jogar bola na rua é proibido pela Lei de Trânsito. Autopapo, [s. l.], 13 nov. 2020. Disponível em: https://livro.pw/lhqyo. Acesso em: 12 ago. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Se você precisasse justificar um posicionamento favorável ao trecho do artigo 254 do cóódigo de Trânsito Brasileiro, citado na reportagem, quê argumentos utilizaria?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes argumentem quê o objetivo do trecho do artigo 254 é orientar a conduta do pedestre, a fim de garantir a segurança de pedestres e motoristas, evitar acidentes, perturbação do trânsito e riscos de gerar dano patrimonial a terceiros.

2. Agora, se você precisasse justificar um posicionamento contrário ao trecho do artigo 254 do cóódigo de Trânsito Brasileiro, lido no artigo, quais seriam os seus argumentos?

2. Resposta pessoal. É possível quê os estudantes argumentem sobre a intenção de promover um momento de recreação em via pública, desconsiderando a segurança de pedestres e motoristas.

3. Como garantir quê as ruas sêjam ocupadas por pessoas usufruindo de momentos de lazer sem quê elas coloquem sua segurança pessoal em risco? Reflita sobre o assunto e converse com os côlégas e o professor.

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes concluam quê as ruas de lazer são uma alternativa para garantir a segurança das pessoas nas ruas em seus momentos de lazer.

Página quatorze

CONEXÕES com...
ár-te
Representação artística das brincadeiras e dos jogos populares

Faixa 1: Cirandeiro.

Transcrição da faixa de áudio 1: Cirandeiro, cirandeiro, oh! / A pedra do teu anel brilha mais do quê o Sol / Cirandeiro, cirandeiro, oh! / A pedra do teu anel brilha mais do quê o mar // Eu fui fazer uma casa de farinha / Tão maneirinha quê o vento possa levar / Oi, passa Sol, passa chuva, passa vento / Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar / Oi, passa Sol, passa chuva, passa vento / Só não passa o movimento do cirandeiro rodar // Achei bom, bonito, meu amor cantar / Ciranda faceira, vêm cá cirandeira, vêm cá cirandar / La la la la lá / La la la la lá / Ciranda faceira, vêm cá cirandeira, vêm cá cirandar

As brincadeiras vividas na infância serviram de inspiração para o artista Ivan Cruz (1947-) produzir a série Brincadeiras de criança, com pinturas e esculturas de bronze quê representam mais de 100 brincadeiras populares, como crianças pulando kórda e amarelinha, jogando bola, empinando pipa, brincando de ciranda, entre várias outras práticas.

Nas obras de Ivan Cruz, as crianças não têm as formas do rrôsto, das mãos e dos pés definidas, para quê a brincadeira retratada tenha destaque. As cores são vivas e o cenário é sempre o mesmo, com ruas de barro e moradias com telhados triangulares, representando as ruas de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, local onde o artista brincava quando criança.

Fotografia de Ivan Cruz. Ele é um homem idoso, com a barba grisalha, usando uma boina e uma camisa colorida. Ele está sentado em seu ateliê ao lado de pinturas representando crianças sem rosto brincando, vestidas com roupas coloridas.

O artista Ivan Cruz junto a algumas de suas obras da série Brincadeiras de criança. Fotografia de 2020.

SOBRE...

Ivan Cruz é um artista plástico, pintor, escultor e advogado carioca. Suas obras retratam diversas brincadeiras e têm como base a frase criada por ele: “A criança quê não brinca não é feliz, ao adulto quê quando criança não brincou, falta-lhe um pedaço no coração”.

Transcrito de: NESTE Dia das Crianças, conheça as obras do universo infantil de Ivan Cruz || portalmultiplix.com. [Arraial do Cabo]: Portal Multiplix, 2022. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Portal Multiplix. Disponível em: https://livro.pw/kdlxz. Acesso em: 12 ago. 2024.

Página quinze

Pintura representando um menino e uma menina sem rosto, sentados no chão de uma rua, usando roupas coloridas, brincando com um peão e uma boneca. Ao fundo há fachadas de casas coloridas.

CRUZ, Ivan. Piorra e menina com boneca. 1999. Acrílica sobre tela, 1 m x 1 m.

INDICAÇÃO

NESTE Dia das Crianças, conheça as obras do universo infantil de Ivan Cruz || portalmultiplix.com. [Arraial do Cabo]: Portal Multiplix, 2022. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Portal Multiplix. Disponível em: https://livro.pw/kdlxz. Acesso em: 12 ago. 2024.
O vídeo apresenta uma entrevista com o artista Ivan Cruz.

1. Mesmo com a ausência de sorriso e de expressões faciais em suas personagens, Ivan Cruz consegue passar alegria por meio de suas obras? Justique sua resposta.

1. Espera-se quê os estudantes respondam quê sim. A alegria está representada na temática das brincadeiras e nas cores vivas utilizadas pelo artista.

2. Se Ivan Cruz tivesse vivido em outro país, as brincadeiras praticadas por ele na infância e retratadas em suas obras seriam as mesmas quê foram representadas em suas criações? Por quê?

2. Provavelmente não, pois as brincadeiras mudam conforme o contexto, a cultura e a época em quê são exploradas, e o artista retrata dêtálhes das brincadeiras quê ele viveu.

3. Volte ao boxe Sobre… quê consta na página anterior e releia a frase criada por Ivan Cruz. Você concórda com a afirmação do artista ou discorda dela? Por quê?

Resposta pessoal.

4. Pesquise na internet pinturas e esculturas da série Brincadeiras de criança e selecione até cinco delas para analisar. No caderno, registre informações sobre as obras, como título, ano, técnica e dimensões.

Durante a análise, idenfique quê brincadeira ou jôgo popular é retratado em cada obra e quê cenário é representado nas pinturas. Depois, faça um comparativo entre as obras e registre suas conclusões no caderno por meio de uma síntese.

Em uma roda de conversa com os côlégas e o professor, compartilhe as informações sobre as obras selecionadas e a síntese quê elaborou. Depois, comente se as brincadeiras e os jogos populares retratados por Ivan Cruz são semelhantes ou não às práticas quê você vivenciou durante a infância. Ouça as considerações dos côlégas, e, ao final, a turma póde estabelecer comparações entre as vivências, procurando refletir sobre o contexto de cada estudante.

4. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes realizem a pesquisa sugerida com o apôio do professor de ár-te e estabeleçam comparações entre suas vivências pessoais e as obras de Ivan Cruz relacionadas a brincadeiras e jogos populares.

Página dezesseis

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Pique-bandeira

Nesta atividade, você terá a oportunidade de experienciar em grupo uma variação do jôgo popular pique-bandeira, com o objetivo de promover a cooperação, desenvolver o pensamento estratégico e aprimorar a agilidade.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em um espaço retangular ou quadrado e amplo, onde seja possível delimitar quatro áreas (nos quatro cantos do espaço), conforme indicado na ilustração a seguir.

Ilustração representando uma quadra de formato retangular com quadrados delimitados nos quatro cantos, cada um deles com uma bandeira retangular no chão no centro dos quadrados. Cada uma das bandeiras tem uma cor.

Ilustração demonstrativa de espaço destinado ao jôgo pique-bandeira.

2. Os materiais necessários para a atividade são:

diversas tiras de tecido de quatro cores diferentes, conforme a quantidade de jogadores em cada equipe;

quatro pedaços de tecido liso, nas mesmas cores das equipes, medindo 50 cm x 70 cm cada.

Os materiais também podem sêr adaptados de acôr-do com a disponibilidade e a criatividade dos praticantes.

3. Para preparar a atividade, é preciso dispor, em cada área delimitada nos cantos do espaço escolhido, o pedaço de tecido medindo 50 cm × 70 cm, na côr de cada equipe, quê representará a bandeira de cada uma.

4. Em seguida, serão definidas quatro equipes (uma de cada côr) e seus jogadores receberão uma tira de tecido com a respectiva cor da equipe. A tira deve ficar pendurada na calça ou bermuda dos estudantes, com uma das pontas transpassada no cós da vestimenta e a outra solta.

Página dezessete

Praticar

1. Antes de iniciar a atividade, as equipes terão 2 minutos para elaborar suas estratégias coletivamente.

2. O objetivo do jôgo é conquistar uma ou mais bandeiras das equipes adversárias e trazê-las para dentro da sua respectiva área, mas essa ação só poderá sêr realizada pêlos jogadores quê estiverem com a tira da sua equipe pendurada no cós da calça ou bermuda. A captura da bandeira elimina a equipe correspondente do jôgo. Para quê isso aconteça, a bandeira capturada deverá sêr levada até o canto da equipe quê a capturou.

Ilustração de um menino de uniforme escolar, com uma faixa roxa presa na cintura, correndo atrás de uma menina, também uniformizada, com uma faixa verde presa na cintura. Eles estão em uma quadra com um quadrado delimitado em um canto, com uma bandeira laranja no chão do quadrado.

Ilustração demonstrativa de jovens em prática de pique-bandeira no pátio da escola.

3. A atividade inicia com os jogadores espalhados por todo o espaço quê está fora das quatro áreas onde estão as bandeiras.

4. O jogador quê tenha a sua tira retirada por um adversário deverá sair imediatamente do espaço de jôgo e retornar somente na próxima rodada.

5. O jôgo termina quando todas as bandeiras forem capturadas ou quando terminar o tempo combinado préviamente. A equipe quê conseguir capturar a última bandeira ou eliminar todos os jogadores das equipes adversárias ganha o jôgo.

Avaliar

Ao finalizar a atividade, organize uma roda de conversa com os côlégas e o professor e compartilhe com eles suas percepções sobre o jôgo quê experienciou.

Respostas pessoais.

1. Houve cooperação entre os companheiros de equipe?

2. A estratégia quê tinha sido elaborada coletivamente foi cumprida?

3. Quais mudanças de estratégia você faria se tivesse a oportunidade de jogar novamente?

4. Em quais momentos do jôgo você percebeu o estímulo ao desenvolvimento da agilidade?

5. Quais foram as principais dificuldades enfrentadas pela sua equipe durante o jôgo e como vocês as superaram?

Página dezoito

TÓPICO
2
Peteca: herança brincante dos povos indígenas

No Brasil, vivem mais de 300 etnias indígenas, quê falam mais de 270 línguas diferentes. Cada etnia possui uma identidade cultural própria, quê a torna única. Com tantas identidades e culturas indígenas diferentes, é natural quê também existam muitas variações no repertório de brincadeiras e jogos dêêsses povos.

Algumas brincadeiras dos povos originários foram incorporadas por outras culturas. É o caso do pião, natural da etnia galibi do oiapoque, quê vive no Amapá, e da perna de pau, oriúnda da etnia xavante quê vive no Mato Grosso.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Qual é a importânssia de conhecer as brincadeiras dos povos originários?

1. A construção do respeito aos povos originários e a quebra de estereótipos em relação a eles passam pelo conhecimento de suas culturas. As brincadeiras, como expressões culturais, oportunizam o acesso aos saberes e a valorização do conhecimento das tradições dos diferentes povos indígenas.

2. O quê as brincadeiras podem dizêr sobre a etnia indígena da qual fazem parte?

2. Por meio das brincadeiras de cada etnia, é possível conhecer as relações entre os indivíduos da comunidade, a maneira pela qual as tradições são passadas de uma geração à outra, a relação das pessoas com a natureza, o processo artesanal de construção dos brinquedos e as regras quê norteiam a convivência entre os membros da comunidade.

3. É possível traçar quais paralelos entre a convivência das culturas das diferentes etnias indígenas e das diversas culturas juvenis?

3. Em ambos os casos, os diferentes saberes, comportamentos sociais e estilos de vida produzidos por grupos diversificados compõem sua riqueza sócio-cultural e identitária e, caso esses diferentes grupos habitem espaços ou lugares compartilhados, devem coexistir por meio da tolerância e do respeito mútuo.

Um brinquedo de origem indígena bastante conhecido e quê fomentou diferentes brincadeiras e jogos é a peteca, quê faz parte de várias culturas dos ameríndios desde antes da colonização.

A palavra peteca tem origem no termo tupi pe’teka e significa “golpear com as mãos”.

Esse brinquedo também recebe outras denominações. É chamado de tobda'é pelo povo xavante, quê vive no Mato Grosso, e de mangá pelo povo guarani, quê vive em São Paulo. Para os bororo, quê também vivem no Mato Grosso, a peteca é paopaó; para os parintintim, da Amazônea, seu nome é jitayhy'gi.

Assim como as denominações mudam de uma cultura para outra, a brincadeira ou o jôgo de peteca também varia. A brincadeira com o mangá guarani é similar àquela conhecida por não indígenas, quê tem o objetivo de rebater o brinquedo entre os participantes, para mantê-lo no ar o maior tempo possível. Já o tobda'é xavante é usado em um jôgo de arremesso, disputado entre dois participantes ou grupos, muito parecido com o jôgo de queimada.

Página dezenove

LER E COMPARTILHAR

Leia a seguir o trecho de um relato sobre a brincadeira do povo xavante com o tobda’é, publicado em um livro.

Peteca

[…]

O senhor Toptiro é cacique da aldeia Xavante Abelhinha, no Mato Grosso. Ele conhece o tempo alongado em quê o brincar acontece, e diz quê uma única brincadeira por dia é suficiente para motivar as crianças. Para quem vive a aceleração das grandes cidades, póde parecer incrível quê um grupo de crianças de quatro a treze anos consiga permanecer ocupado um dia inteiro com apenas uma brincadeira. Só a busca das palhas na roça já produz aventuras extras pelo caminho e oferece preenchimentos múltiplos.

Com a matéria-prima nas mãos, é preciso olhar bem para quem sabe fazer para conseguir tramar seu próprio brinquedo. Tempo de olhar, de tentar, de errar, de refazer e aprender. É hora de brincar com os dedos dentro das palhas, sem pressões de terminar ou de fazer perfeito.

O senhor Toptiro exibe um sorriso maroto quando se vê rodeado por meninos e meninas quê acompanham suas mãos, ainda fortes, trançando o tobdaé, nome da peteca em xavante. Além dos olhos e das mãos, o senhor Toptiro utiliza também um dos dedos do pé. Amarra nele o fio de buriti, quê esticado auxilia no acabamento em espiral do fundo do brinquedo. Esse detalhe o diferencia de outros modelos […].

Ao contrário de outras versões da peteca, nesta as galinhas e suas penas são poupadas.

Em um tobdaé só há palha sobre palha.

Depois de pronto, o brinquedo xavante está leve e ágil para sêr usado em um jôgo quê exige as mesmas habilidades dos participantes: leveza e agilidade.

Muito parecido com uma partida de “queimada” – aquele jôgo de arremessar a bola no adversário –, nessa modalidade indígena há as seguintes diferenças: troca-se a bola por meia dúzia de tobdaés; não existe um campo definido por linhas no chão; e, no lugar de duas equipes, dois adversários disputam a partida.

Fotografia de um grupo de indígenas em roda, de mãos dadas, dançando com os joelhos levemente flexionados e o tronco inclinado para a frente. Eles dançam sobre um piso de areia, com vegetação ao fundo.

Crianças e jovens indígenas da etnia xavante interagem com indígena adulto (de calção preto, à esquerda), em Campinápolis (MT). Fotografia de 2022.

Cada jogador começa a partida com uns três tobdaés nas mãos. Ao mesmo tempo quê faz seus lançamentos, precisa fugir das investidas do adversário para não sêr queimado. Esse corre e pega permanéce até quê uma pessoa seja atingida por um dos tobdaés do outro. O “queimado” sai do jôgo e cede a vez para um novo adversário, e a disputa recomeça.

A cada colheita do milho, as partidas recomeçam, e assim as crianças xavante se reencontram nas habilidades de se lançarem diante dos outros.

[…]

MEIRELLES, Renata. Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2007. E-book.

SOBRE...

Renata Meirelles (1970-) é mestre em Educação e idealizadora dos projetos Território do Brincar, quê difunde a cultura infantil, e Bira – Brincadeiras Infantis da Região Amazônica, quê pesquisa brinquedos e brincadeiras pelo Brasil desde a década de 1990.

Fotografia de Renata Meirelles. Ela é uma mulher sorridente, de cabelos longos.

Renata Meirelles, em São Paulo (SP). Fotografia de 2017.

Página vinte

ATIVIDADES

1. De acôr-do com o texto, o senhor Toptiro afirma quê “uma única brincadeira por dia é suficiente para motivar as crianças”. O quê é possível depreender dessa afirmação?

1. Espera-se quê os estudantes percêbam os diversos aspectos quê uma brincadeira póde conter, a exemplo do tobda’é, citado no texto: coletivamente, os participantes buscam a palha na roça, vivenciam as aventuras pelo caminho, confeccionam o próprio brinquedo e interagem com os adversários no jôgo.

2. Em sua opinião, a relação temporal citada pelo cacique xavante é a mesma presente atualmente nos grandes centros urbanos?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes respondam quê, de maneira geral, a relação temporal não é a mesma, pois, atualmente, nos grandes centros urbanos, muitas pessoas têm a impressão de quê a passagem do tempo não é “alongada”, mas “acelerada”, de maneira quê os estímulos sobrepõem-se uns aos outros, restando menos oportunidades de vivenciar as nuances quê algumas situações poderiam proporcionar.

3. A confekissão artesanal do tobda’é, desde a obtenção da matéria-prima até a finalização do brinquedo, desen vólve o respeito, a determinação, o cuidado e a capacidade de lidar com a frustração. trans crêva no caderno o trecho do texto quê apresenta esse processo.

3. “Com a matéria-prima nas mãos, é preciso olhar bem para quem sabe fazer para conseguir tramar seu próprio brinquedo. Tempo de olhar, de tentar, de errar, de refazer e aprender.”

4. Quais palavras você utilizaria para se referir à percepção das crianças xavantes sobre o senhor Toptiro?

4. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes citem palavras como respeito, sabedoria, reverência, admiração etc.

5. Depois de côlher a matéria-prima, os xavantes tramam o próprio brinquedo. Quais partes do corpo são utilizadas para a confekissão dos tobda’és? Qual é o detalhe quê diferencia o modelo de tobda’é citado no texto em relação a outros?

5. Além dos olhos e das mãos, pode-se utilizar também um dos dedos do pé, como faz o senhor Toptiro. O detalhe é o fio de buriti quê o senhor Toptiro amarra em um dos dedos do pé, o qual, ao sêr esticado, ajuda no acabamento em espiral do fundo do brinquedo.

6. Quais são as regras do jôgo com tobda’és no contexto do povo xavante, segundo o relato apresentado no texto?

6. O jôgo é disputado por dois adversários em uma área não delimitada. Cada jogador inicia a partida com, aproximadamente, três tobda’és. O objetivo dos jogadores é acertar um tobda’é no seu oponente para eliminá-lo, ao mesmo tempo quê evitam sêr atingidos pelo adversário. É permitido correr para tentar atingir o adversário ou fugir dele. O jogador eliminado é substituído por outro, reiniciando a disputa.

7. O jôgo do povo xavante, quê foi apresentado no texto, utiliza a peteca (tobda’é) para acertar um alvo, personificado na figura do jogador oponente. Você conhece outras maneiras de jogar peteca ou brincar com ela? Quais?

7. Respostas pessoais. É possível quê os estudantes citem experiências quê já tiveram com familiares, amigos, côlégas ou pessoas próximas. Incentive-os a falar de suas vivências, bem como a fornecer dêtálhes de como eram essas brincadeiras ou jogos, onde ocorriam, quantas pessoas brincavam ou jogavam e de quê maneira se divertiam.

8. Qual é a relação entre a confekissão dos tobda’és e a agricultura do povo xavante?

8. Como a matéria-prima dos tobda’és é a palha, os jogos e brincadeiras com tobda’és recomeçam quando a colheita do milho póde sêr feita e, então, há palha disponível para uso. Assim, cria-se uma estreita relação entre a agricultura e o jôgo ou a brincadeira.

9. Além das brincadeiras, dos jogos e dos brinquedos, existem várias outras marcas culturais dos povos originários na cultura brasileira, inclusive na culinária. Quais pratos típicos brasileiros com influências indígenas e feitos à base de milho você conhece?

9. Resposta pessoal. Os estudantes podem citar, como exemplo, o bôo-lo de milho, a pamonha, o angu e a canjica (preparada, geralmente, com milho branco), entre outros alimentos.

10. por quê é importante compreender e valorizar a pluralidade cultural dos diversos povos indígenas do Brasil? De quê forma é possível preservá-la? Compartilhe suas respostas com os côlégas e o professor.

10. Compreender a diversidade histórico-cultural das diferentes etnias indígenas é importante para fortalecer o respeito e a valorização de suas identidades com todas as suas especificidades, incentivando o reconhecimento dos aspectos culturais das diferentes etnias, como as comidas, as práticas corporais, os rituais, as crenças e os valores. Para preservar todas essas culturas, é importante não apenas compreender, valorizar e respeitar mas também saber quê os direitos dos indígenas estão previstos na Constituição Federal, com artigos quê garantem a preservação das comunidades e a demarcação das terras indígenas.

AMPLIAR

Nos Jogos Olímpicos de Verão ocorridos na Antuérpia (Bélgica), em 1920, os nadadores da delegação brasileira brincavam de peteca nos intervalos das competições, o quê chamou a atenção de atletas de outras nacionalidades, os quais se encantaram com a brincadeira e perguntaram sobre suas regras, ainda inexistentes, motivando o chefe da delegação brasileira a formatar as regras do jôgo. Com o tempo, as regras originais passaram por várias modificações, e a peteca foi oficialmente transformada em esporte somente no ano de 1985.

INDICAÇÃO

TERRITÓRIO do brincar | Série de MiniDocs | Brincadeiras com petecas nas diversas regiões do Brasil. [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Território do Brincar. Disponível em: https://livro.pw/vjfig. Acesso em: 7 ago. 2024.
êste vídeo apresenta a confekissão e a brincadeira da peteca em diferentes regiões do Brasil.

Página vinte e um

REFLETIR E ARGUMENTAR

A passagem do tempo e o envelhecimento são reverenciados nas culturas indígenas. Leia a seguir um depoimento do filósofo, escritor e líder indígena Ailton Krenak (1953-) sobre o assunto.

[…]

Contamos a idade a partir de marcas quê são próprias da cosmogonia de cada um dêêsses povos, inseridos numa cosmovisão tão singular… Uma pessoa guarani, ou uma pessoa yanomami ou uma pessoa krenak vai perceber o envelhecimento com um traço de semelhança, onde quanto mais o tempo passa, mais interessante você fica. E aí a contagem dêêsse tempo é feita a partir dos ritos. São rituais, a vida é ritualizada. Talvez essa maravilha de permanecer por tanto tempo, por tantos séculos marcando a passagem do tempo por ritos, por rituais bem identificados, permita quê a experiência de envelhecer se torne também uma experiência de descarte. Essas sociedades não descartam ninguém. Elas não são sociedades do descarte. Elas são sociedades de uma crescente associação, valorização, a gente poderia dizêr assim, de um engrandecimento do sêr. Vamos imaginar uma árvore na floresta, quanto mais antiga essa árvore na floresta, mais diversidade de vida ela expressa, porque, no seu crescimento, ela começa a abrigar muitos outros organismos e forma verdadeiros bosques em seu corpo. Então, é como se o tempo mostrasse naquela árvore majestosa uma produção incessante de benefícios para si e para os quê estão ao redor dela. Para mim, é a própria ideia da prosperidade.

[…]

KRENAK, Ailton. Ed. 84 – Entrevista com Ailton Krenak. [Entrevista cedida a] Mais 60. Mais 60, São Paulo, v. 33, n. 84, dez. 2022. Disponível em: https://livro.pw/zxtro. Acesso em: 12 ago. 2024.

cosmogonia
: conjunto de doutrinas ou princípios quê explicam a origem do universo.
cosmovisão
: concepção do mundo.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Essa percepção das etnias guarani, yanomami e krenak em relação ao envelhecimento, citada por Ailton Krenak, também póde sêr observada na relação entre as crianças xavantes e o senhor Toptiro, apresentada no relato quê está na seção Ler e compartilhar? Explique.

1. Sim. Espera-se quê os estudantes identifiquem a reverência das crianças pelo senhor Toptiro, reconhecendo no cacique xavante uma fonte de sabedoria e conhecimento acumulados ao longo da vida, sêndo aquele quê compartilha sua experiência com as pessoas quê o rodeiam.

2. Você compartilha da ideia de prosperidade associada ao envelhecimento? Como as pessoas idosas são percebidas na sua comunidade?

2. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes demonstrem respeito e admiração pelas pessoas idosas e tênham posicionamentos contrários a preconceitos e estereótipos em relação às pessoas mais velhas.

3. Quais são os fatores quê podem contribuir para quê uma ssossiedade seja considerada uma “sociedade do descarte”?

3. Resposta pessoal. Proponha uma reflekção com os estudantes sobre kestões quê podem resultar na desvalorização da pessoa idosa em algumas sociedades, como: a valorização excessiva dos bens materiais em detrimento dos bens imateriais, a imposição estética e de padrões de beleza, a supervalorização do trabalho e o aumento da produtividade laboral.

4. A intergeracionalidade é o termo quê trata da interação entre pessoas de diferentes gerações. Você acha quê a forma como as pessoas exercem a intergeracionalidade é a mesma em diferentes culturas? Justifique seu ponto de vista.

4. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes respondam quê as diferentes culturas não enxergam da mesma forma a intergeracionalidade, justificando com argumentos quê analisem as diferentes culturas, comunidades, relações e valores.

Página vinte e dois

BUSCAR MAIS CONHECIMENTO

Brincadeiras e jogos dos povos indígenas

Você já aprendeu quê as brincadeiras e os jogos podem variar conforme as etnias indígenas. Apesar das diferenças, essas práticas têm dois pontos em comum em todos os povos: a valorização das culturas indígenas e o objetivo de promover diversão. Nesta seção, você e os côlégas terão a oportunidade de participar de uma pesquisa documental para investigar brincadeiras e jôgos indígenas e, depois, escolher uma dessas práticas para apresentar à turma, convidando-a para experimentar a brincadeira ou o jogo pesquisado.

Primeira etapa

1. Reúna-se com mais três côlégas para compor um grupo de trabalho quê irá realizar uma pesquisa exploratória. O objetivo de uma pesquisa exploratória é descrever ou caracterizar o quê se quer conhecer.

2. Faça uma busca na internet por brincadeiras, jogos ou práticas corporais características das culturas indígenas.

3. Leia as descrições das brincadeiras e jogos e escolha, com o seu grupo, uma dessas práticas para sêr desenvolvida com toda a turma. É importante quê cada grupo escolha uma brincadeira ou jôgo diferente.

4. Prepare um relatório, quê deve conter as seguintes informações da brincadeira ou jôgo: nome da prática; descrição detalhada dela; nome da etnia quê pratíca a brincadeira ou jôgo; local onde vive a etnia; características da etnia e sua população atual aproximada; significado da brincadeira ou jôgo para a etnia.

Segunda etapa

1. Depois de finalizar o relatório, você e seu grupo precisam preparar a apresentação da brincadeira ou jôgo quê será feita aos demais côlégas. Caso a prática escolhida utilize algum material, é importante providenciá-lo com antecedência.

2. Com os demais integrantes do grupo, definam os responsáveis pelas atribuições a seguir: apresentar a etnia, o local onde vive e o significado da brincadeira ou jôgo para ela; explicar a dinâmica da brincadeira ou jôgo; propor a prática para a turma realizar. Se, originalmente, a dinâmica envolver poucas pessoas, é possível separar os côlégas em grupos menóres e distribuí-los pelo espaço, para quê todos tênham a oportunidade de praticar ao mesmo tempo.

3. Quando finalizarem a prática, organize com a turma uma roda de conversa para conhecer a opinião dos côlégas sobre a brincadeira ou jôgo quê o grupo pesquisou. Aproveite para refletir sobre as sensações experimentadas durante as vivências, assim como sobre formas de valorização e preservação das culturas indígenas por meio das práticas corporais.

4. Por fim, você e os côlégas podem compartilhar com o restante da comunidade escolar o relatório produzido na primeira etapa. Para isso, conversem com o professor e utilizem as rêdes sociais ou o sáiti da escola.

Página vinte e três

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Adaptação do jôgo xavante tobda'é

A proposta da atividade é a vivência de uma adaptação do jôgo xavante com peteca (tobda’é), quê você estudou na seção Ler e compartilhar dêste tópico. A dinâmica do jôgo apresenta um caráter competitivo e incentiva a agilidade, a precisão no arremesso e a habilidade de esquivar-se com rapidez.

Planejar

1. Defina, com os côlégas e o professor, o espaço adequado para realizar a atividade, quê deve sêr amplo, como uma quadra, um pátio ou um gramado.

2. Separem e lévem os materiais necessários: quatro jogos de colete de cores diferentes, bolas de meia (ou espuma) e cones.

3. Antes de iniciarem a atividade, definam as equipes e utilizem os cones para dividir o espaço selecionado para a prática em duas áreas. Em cada área, haverá um jôgo acontecendo, com duas equipes disputando uma partida.

Praticar

1. Antes de iniciar o jôgo, as equipes devem se reunir para definir a ordem de entrada dos seus jogadores.

2. Os primeiros jogadores de cada equipe devem entrar na área de jôgo para participar de disputas individuais com os jogadores da equipe adversária.

3. Cada jogador receberá uma bola de meia.

4. Os jogadores quê não iniciarem a partida devem permanecer enfileirados na lateral da área de jôgo.

5. Cada jogador quê estiver dentro da área de jôgo tem como objetivo acertar o corpo do seu oponente com a bola de meia, ao mesmo tempo quê tenta se esquivar da bola lançada pelo adversário.

Ilustração representando duas meninas frente a frente em uma quadra, segurando bolas de meia e usando jalecos de cores diferentes. Elas se encaram com as pernas flexionadas e afastadas, correndo e se esquivando uma da outra. Ao fundo estão três integrantes de uma das equipes que estão no jogo, também segurando bolas de meia.

Ilustração demonstrativa na qual um jogador de cada equipe se posiciona para o enfrentamento, enquanto os demais integrantes aguardam sua vez fora da área de jôgo.

Página vinte e quatro

6. Não é permitido acertar a bola na cabeça ou na face do oponente, tampouco defender um arremesso com as mãos ou com a sua própria bola.

7. Quando uma bola acertar o corpo de um jogador sem quê ela tenha tocado no chão anteriormente, ele será substituído pelo primeiro integrante da fila de sua equipe, quê está aguardando na lateral da área de jôgo. O jogador acertado não poderá retornar ao jôgo até o final da partida.

Ilustração de três meninas e um menino em uma quadra retangular com duas linhas nas extremidades de cada lado, que delimitam uma área de jogo isolada das áreas de fundo por cones no chão, além das linhas. Os jogadores estão em duplas, frente a frente, vestidos com jalecos de duas cores diferentes, diferenciando as duas equipes e segurando bolas de meia. Dois deles arremessam as bolas em direção aos oponentes, que tentam se esquivar.

Ilustração demonstrativa na qual os jogadores quê estão na área de jôgo movimentam o corpo para arremessar as bolas de meia em direção aos oponentes, ao mesmo tempo quê procuram movimentar-se para não serem atingidos.

8. É permitido correr por toda a área de jôgo.

9. A equipe quê conseguir eliminar todos os jogadores adversários vence o jôgo.

Avaliar

Depois de finalizar o jôgo, compartilhe com o professor e os côlégas as suas impressões sobre a atividade com base nas perguntas a seguir.

Respostas pessoais.

1. As estratégias adotadas pela sua equipe para escolher a ordem dos jogadores quê entraram na área de jôgo foram bem-sucedidas? Você faria alterações nessas estratégias? Quais?

2. Como você avalia sua agilidade, precisão no arremesso e habilidade de esquivar-se durante o jôgo?

3. Como você se sentiu quando algum membro da sua equipe era eliminado do jôgo? O quê você supôs quê os jogadores eliminados sentiram ao saírem da partida?

4. Todos os jogadores se respeitaram ao jogar?

5. Quais mudanças você observou no seu comportamento e no dos côlégas durante o jôgo competitivo do qual acabaram de participar?

Página vinte e cinco

TÓPICO
3
Jogos de tabuleiro do continente africano

Jogos e brincadeiras fazem parte da ssossiedade e, dependendo do contexto em quê são praticados, podem expressar côstúmes, valores e crenças dos povos. Essas práticas passam por transformações ao longo das gerações e também são incorporadas a outras culturas, podendo adquirir um novo significado ou uma nova simbologia.

Entre as tradições ancestrais dos povos africanos, destacam-se os jogos de tabuleiro envolvendo estratégias e táaticas, quê são guardadas como segredos de família e transmitidas às gerações seguintes, por meio da oralidade.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Quais são os jogos de tabuleiro quê você conhece? Onde você os pratíca e com quem?

1. Respostas pessoais. É possível quê os estudantes mencionem jogos de tabuleiro mais populares, como xadrez, dama e ludo. Alguns estudantes também podem se lembrar de jogos menos conhecidos pela turma. A prática dêêsses jogos de tabuleiro póde ocorrer individualmente ou na companhia de côlégas da turma, familiares e amigos, em diversos ambientes: na escola; na residência dos estudantes ou de familiares e amigos; em locais públicos, como praças e parques; ou em locais específicos para a prática de jogos de tabuleiro.

2. Você conhece a origem dos jogos de tabuleiro quê citou na atividade anterior? Comente com os côlégas.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes apresentem informações como local em quê os jogos de tabuleiro praticados por eles foram inventados.

3. por quê é importante conhecer jogos de tabuleiro originários dos povos africanos?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes comentem quê conhecer jogos de tabuleiro originários dos povos africanos possibilita compreender aspectos culturais do continente africano, podendo também estabelecer relações com a cultura brasileira.

Muitos jogos de tabuleiro de origem africana retratam atividades dos povos antepassados dêêsse continente, como o plantio e a colheita. É o caso do mancala, um conjunto de jogos de tabuleiro bastante difundido no continente africano, quê teve sua origem na Etiópia e no Egito por volta de 2000 a.C. O termo mancala dêríva da palavra árabe naqaala, quê significa “mover”. Os jogos de mancala têm relação com a semeadura e se baseiam no princípio da distribuição de sementes. Seus tabuleiros são compostos de fileiras contendo várias casas, representadas por pequenos buracos, em quê sementes, conchas ou pequenas pedras são depositadas. Existem mais de duzentas versões de mancala, com regras, denominações e formatos de tabuleiro variados, dependendo da região onde são praticadas.

Aiú é como os jogos de mancala são conhecidos no Brasil; kalah, na Argélia; adi, no Benin; aware, no Burkina Faso; ouri, em Cabo Verde; baulé, na Costa do Marfim; wari, na Gâmbia e no Senegal; oware, em Gana; ayó, na Nigéria; bao, no Malawi; e andot, no Sudão.

Fotografia de dois homens jogando um jogo de tabuleiro, sentados frente a frente com o tabuleiro entre eles, contendo bolas de gude em pequenos nichos do tabuleiro. Um homem está ao lado deles, observando a partida.

Homens jogam bao em Lilongwe, capital do Malawi. Fotografia de 2023.

Página vinte e seis

Nas sociedades africanas, a prática dos jogos de mancala vai além da diversão. Eles são utilizados em cerimônias, como casamentos, funerais e escôlhas de novos chefes de povos, e em rituais para invocar a chuva ou incentivar o crescimento de plantações, por exemplo. Dependendo do contexto, os jogos podem sêr praticados em locais públicos ou, quando associados a cerimônias e rituais, em locais particulares.

Fotografia de uma pessoa agachada no chão sobre um tapete de palha trançada, manuseando pedras pequenas de formato arredondado em um tabuleiro de madeira com nichos de formato quadrado e circular.

Jogadores durante partida de mancala na cidade de Lamu, no Quênia. Fotografia de 2018.

Outro jôgo africano milenar é o senet, pertencente à cultura egípcia e conhecido como o jôgo dos faraós. Datado de mais de 5.500 anos, é considerado um dos primeiros jogos de tabuleiro da história e precursor do gamão. Por sêr um jôgo praticado entre todas as esferas sociais, seus tabuleiros eram feitos de diversas maneiras: desde esculpidos em paredes até elaborados com materiais preciosos. Muitos dêêsses tabuleiros são considerados fontes históricas por apresentarem hieróglifos e representações pictóricas.

A palavra senet significa “passagem”, e o jôgo simbolizava, no antigo Egito, a luta da alma do jogador contra o mal, com o objetivo de pôdêr seguir ao mundo dos mortos. Por isso, na cultura egípcia da época, o jôgo estava associado a rituais fúnebres, pois acreditava-se quê, após a morte, era necessário jogar uma partida de senet contra o deus Rá e vencê-la.

O jôgo é praticado entre dois oponentes. Vence aquele quê, após percorrer 30 casas, consegue retirar primeiro todas as próprias peças do tabuleiro pela última casa.

Fotografia de um tabuleiro com a forma de uma caixa retangular com 30 casas de formato quadrado espaçadas em 3 fileiras de 10 casas. Há dez peões no tabuleiro: cinco são pretos e de formato cilíndrico; e cinco são de cor de madeira clara com formato cônico e uma esfera no topo. Em algumas das casas do tabuleiro há hieróglifos e símbolos desenhados.

Fotografia de tabuleiro do jôgo senet.

Página vinte e sete

LER E COMPARTILHAR

Além dos jogos de mancala e do senet, há vários outros jogos de tabuleiro originários do continente africano quê envolvem estratégia. A seguir, leia o trecho de um artigo sobre outros jogos de tabuleiro populares entre os povos africanos.

Jogos Africanos de tabuleiro – A Matemática na Cultura Africana

Shisima

O jôgo Shisima é um jôgo quê envolve o alinhamento de três peças, jogado pelas crianças da parte ocidental do Quênia.

Na língua tiriki, a palavra shisima quer dizêr “extensão de água”. Eles chamam as peças de imbalavali ou pulgas-d’água.

As pulgas-d’água movimentam-se tão rapidamente na á gua quê é difícil acompanhá-las com o olhar.

êste jôgo se assemelha às estratégias utilizadas em nosso “jogo da velha”, mas nesse tenta-se impedir quê o adversário alinhe suas peças em uma das diagonais do tabuleiro octogonal (oito lados).

É um jôgo quê envolve estratégia, raciocínio e antecipação.

Na matemática trabalhamos com a construção do tabuleiro, onde é possível explorar conceitos matemáticos de geometria (raio, diâmetro, círculo, circunferência […]), frações, medidas, ângulos e principalmente o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Fotografia de um tabuleiro quadrado com um decágono desenhado no centro. Há círculos nos vértices do decágono e no centro dele, além de linhas entre o centro do decágono e os vértices, como raios de uma roda. Há seis peças de formato circular no tabuleiro, posicionadas sobre os vértices do decágono; três delas com uma cor; e três com outra cor.

Tabuleiro do jôgo shisima. Fotografia de 2016.

Yoté

êste jôgo, muito popular em toda a região oeste da África (particularmente no Senegal), é uma das melhores escôlhas para […] desenvolver seu raciocínio e sentido de observação.

Em alguns países africanos, os jogos de estratégia, como o Yoté, estão muito ligados às tradições. As táaticas de jôgo são verdadeiros segredos de família, passados de geração em geração; as crianças são iniciadas ao conhecimento do jôgo quando estas se mostram aptas ao raciocínio estratégico. Entre alguns povos, êste jôgo é reservado exclusivamente aos homens e, às vezes, é usado para resolver conflitos entre eles. Outro motivo quê faz o Yoté popular, principalmente no Senegal, é o fato de quê os jogadores e os espectadores fazem apostas baseadas neste jôgo.

Em muitos grupos infantis, as crianças costumam traçar o tabuleiro na areia, utilizando como peças pequenos cocos, sementes, pedras ou qualquer outro recurso facilmente conseguido.

Classificado entre “os melhores jogos da infância” pelo Comitê Internacional da UNICEF, êste jôgo desen vólve muito a sagacidade e o sentido de observação. Com uma estrutura e regras

Fotografia de um tabuleiro de formato retangular, com um espaço central dividido em linhas e colunas de pequenos nichos em que se coloca peças de formato arredondado, brancas e pretas. Nas duas extremidades do tabuleiro há nichos maiores onde ficam armazenadas as peças de cada um dos lados do jogo.

Tabuleiro do jôgo yoté. Fotografia de 2009.

Página vinte e oito

totalmente baseados em estratégia, o Yoté incentiva o […] raciocínio, desde o posicionamento da primeira peça até a percepção de quê se ganhou ou perdeu a partida. Vale ainda destacar a semelhança das regras do Yoté com o jôgo de Damas, muito popular entre os brasileiros.

[…]

ELEGBARAGUINE. Jogos africanos: a matemática na cultura africana. Portal Geledés, [s. l.], 30 nov. 2013.

Disponível em: https://livro.pw/izbmz. Acesso em: 12 ago. 2024.

INDICAÇÃO

COLÉCTION: África: exposição virtual jogos ancestrais. Belo Horizonte: Museu da Matemática hú éfe ême gê, [20--]. Disponível em: https://livro.pw/ionzf. Acesso em: 15 ago. 2024.
O línki apresenta vários jôgos de tabuleiro de origem africana, como mehen, bao e até jogo da velha.

ATIVIDADES

1. Qual é o país em quê crianças praticam o jôgo shisima?

1. O shisima é praticado no Quênia, país localizado na África.

2. Assim como ocorre em muitos jogos criados pêlos povos originários africanos, o shisima também foi inspirado na observação da natureza. Qual foi o evento natural quê inspirou a criação dêêsse jôgo?

2. O jôgo foi inspirado na movimentação rápida das pulgas-d’água.

3. Observe novamente a fotografia do tabuleiro do jôgo shisima quê acompanha as informações sobre a prática. O formato do tabuleiro representa uma figura geométrica. Que nome ela recebe e por quê?

3. Trata-se de um octógono, pois é formado por um polígono com oito ângulos e oito lados.

4. De acôr-do com o artigo quê você leu, o jôgo shisima envolve estratégia, raciocínio e antecipação.

a) Explique por quê essas três habilidades são necessárias para vencer o jôgo.

4. a) Espera-se quê os estudantes expliquem quê o jogador de shisima precisa ter raciocínio lógico para se antecipar às ações do adversário e elaborar uma estratégia para vencer o jôgo.

b) Em quais outros jogos de tabuleiro essas habilidades também são fundamentais?

4. b) Espera-se quê os estudantes informem jogos de tabuleiro quê tênham a participação de dois ou mais adversários, como damas, xadrez e dominó.

5. De acôr-do com o artigo, em qual país o jôgo yoté é muito popular? por quê ele conquistou essa popularidade?

5. O yoté é muito popular no Senegal. Isso se dá por sêr utilizado para resolver conflitos entre homens e para fazer apostas. Além díssu, o tabuleiro do jôgo póde sêr facilmente traçado por crianças na areia, utilizando pequenos cocos, sementes ou pedras como peças.

6. por quê as táaticas do yoté são consideradas segredos de família?

6. Porque o jôgo é transmitido de uma geração à outra e ensinado às crianças da família assim quê elas dêsênvólvem raciocínio estratégico.

7. Quais são as habilidades desenvolvidas com o jôgo yoté?

7. São desenvolvidas habilidades como a sagacidade, o sentido de observação e o raciocínio.

8. Em sua opinião, quê benefícios os jogos apresentados, assim como outros jogos de tabuleiro, proporcionam para a saúde mental dos jogadores? Compartilhe sua resposta com a turma.

8. Espera-se quê os estudantes comentem quê os jogos citados no artigo, assim como outros jogos de tabuleiro, proporcionam diversão, bem-estar e, caso praticados coletivamente, interação social.

9. A seguir, leia um provérbio de origem africana.

Quando não souberes para onde ir, olhe para trás e saiba pelo menos de onde vens.

CÔRTES, Cristiane Felipe Ribeiro de Araújo. Um defeito de côr: o entre e o duplo da diáspora. Literafro, Belo Horizonte, 2021. Disponível em: https://livro.pw/zdjrh.

Acesso em: 11 ago. 2024.

Que relação póde sêr estabelecida entre esse provérbio e as tradições vinculadas aos jogos de tabuleiro de origem africana?

9. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre as tradições quê acompanham muitos dos jogos de tabuleiro das culturas africanas, cujas estratégias são verdadeiros segredos de família, passados de uma geração à outra, proporcionando às gerações mais novas a possibilidade de se conectarem às gerações anteriores para buscar orientações sobre akilo quê ainda não experimentaram por falta de repertório.

AMPLIAR

Para vencerem o jôgo de shisima, os jogadores alternam-se para colocar suas peças no tabuleiro, tentando ocupar três casas quê estejam na mesma reta.

Página vinte e nove

REFLETIR E ARGUMENTAR

Leia, a seguir, um trecho do poema “As brincadeiras e o brincar de minha gente”, de Denise Cruz, e o trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), publicado em 1990.

TEXTO 1

As brincadeiras e o brincar de minha gente

Tenho direito ao brincar nascido do meu chão,

Heranças repletas de aprendizagem e diversão

Vindas dos meus ancestrais

Tenho direito a outras formas de brincar

Que trazem as histoórias de meus antecessores,

E, quê de mim, contem mais!

Tenho direito a jogos em quê as peças são pedrinhas ou sementes,

tênho direito de construir tabuleiros diferentes,

tênho direito ao modo de brincar dos meus antepassados,

tênho direito a essas memórias, a essas invenções, a esses passos, a essas histoórias

CRUZ, Denise. As brincadeiras e o brincar de minha gente. In: AGUIAR, Jônathan; PINHEIRO, mateus (org.). Jogos e brincadeiras africanas: o brincar quê nasce do chão. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2022. p. 104-105.

TEXTO 2

Capítulo II

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

[…]

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

[…]

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

BRASIL. Lei número 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://livro.pw/wyxmg. Acesso em: 18 set. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir e compartilhe as respostas oralmente com a turma.

1. Na sua interpretação, qual é a principal ideia defendida no trecho do poema?

1. Espera-se quê os estudantes comentem quê a ideia principal do trecho do poema é o direito à brincadeira e o reconhecimento do ato de brincar como herança histórica e cultural.

2. Releia a primeira estrofe do trecho do poema e reflita: qual é a importânssia do direito às brincadeiras relacionadas a memórias, invenções e histoórias dos antepassados?

2. Espera-se quê os estudantes reflitam quê é possível conhecer a sua própria cultura de origem por meio das brincadeiras dos antepassados, além de compreender valores e atitudes passados de geração a geração.

3. O Capítulo II do ECA dispõe sobre o direito da criança e do adolescente à liberdade. Que comparações pode-se estabelecer entre esse trecho da lei e o poema “As brincadeiras e o brincar da minha gente” com relação à liberdade?

3. Espera-se quê os estudantes comparem os dois textos e reflitam quê ambos consideram quê a criança e o adolescente precisam sêr livres para brincarem e se divertirem por meio de brincadeiras e jogos, pois essas práticas são importantes para o desenvolvimento humano.

4. Em sua opinião, todas as crianças e adolescentes do Brasil têm o direito de brincar plenamente assegurado? Em caso negativo, o quê deveria sêr feito para quê todos pudessem brincar? Justifique seu ponto de vista com argumentos.

4. Respostas pessoais. Espera-se quê, entre os argumentos, os estudantes mencionem o trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), apresentado nesta seção, o qual trata do direito fundamental da criança e do adolescente de brincar, praticar esportes e se divertir. É esperado também quê os estudantes reflitam quê apenas a legislação não garante o direito ao brincar, pois, dependendo do contexto, crianças e adolescentes são privados dêêsse acesso. Por isso, é preciso quê haja iniciativas e muito esfôrço de toda a ssossiedade para quê o direito de brincar seja contemplado por todos. Além díssu, um conjunto de kestões públicas quê envolvem segurança, saneamento, educação e saúde interferem diretamente no exercício e na promoção das práticas corporais.

Página trinta

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
jôgo yoté

Com o intuito de valorizar as culturas de matrizes africanas, você participará de uma vivência do jôgo de tabuleiro yoté com um colega. Para vencer o adversário, será preciso raciocínio lógico, pensamento estratégico e concentração. Depois, utilizará as regras para uma versão do jôgo com o próprio corpo.

Planejar

1. Reúna-se com um colega para confeksionar o tabuleiro de yoté. Ele deverá conter 30 casas, distribuídas em seis linhas e cinco colunas, além de 24 peças em duas cores diferentes, divididas igualmente. A seguir, obissérve um exemplo.

Ilustração representando um tabuleiro de formato retangular com 30 casas contendo orifícios para acomodar peças de formato circular de cor branca e preta. Nas laterais do tabuleiro há espaços reservados às peças brancas, de um lado; e para as peças pretas, do outro lado.

Ilustração demonstrativa de tabuleiro do jôgo yoté.

2. Utilize a criatividade para confeksionar o tabuleiro, utilizando materiais diversos e inspirando-se na observação do ambiente ao redor, assim como os povos africanos fizeram na criação de alguns jogos.

3. Após a confekissão do tabuleiro do jôgo, dirija-se para o local onde ocorrerá a prática, escolhido préviamente pela turma e pelo professor.

Praticar

1. Com a sua dupla, decida quem vai iniciar o jôgo. Em seguida, cada jogador deve colocar, alternadamente, uma peça em qualquer casa do tabuleiro.

2. Nas jogadas seguintes, é possível movimentar uma peça quê já esteja no tabuleiro ou colocar uma nova.

3. As peças podem sêr deslocadas para a casa vizinha, posicionadas embaixo, em cima, à esquerda ou à direita de onde estiverem. Não é permitida a movimentação na direção diagonal.

Ilustração de um tabuleiro retangular com trinta casas com orifícios em que se encaixam peças pretas e brancas de formato circular. O exemplo mostra três peças pretas e uma branca, com setas indicando que as peças podem se mover uma casa de cada vez: para a direita, para esquerda, para frente e para trás. O exemplo também mostra uma peça preta saltando sobre uma peça branca que está na casa imediatamente ao lado, com uma seta indicando que a peça preta se moverá, nesse caso, duas casas para o lado, ao saltar a peça adversária.

Ilustração demonstrativa de movimentação das peças do jôgo yoté.

Página trinta e um

4. Quando a peça adversária ocupar uma casa adjacente, é permitido “saltar” sobre essa peça para capturá-la e cair na casa seguinte, quê estava vaga (como em um jôgo de damas).

5. Além da peça capturada, o jogador quê realizou a captura deve escolher outra peça adversária para retirar do tabuleiro. Assim, para cada captura, serão excluídas duas peças adversárias.

6. Se o jogador quê sofreu a captura não tiver outras peças no tabuleiro, o jogador quê capturou não poderá reivindicar a captura de uma peça quê ainda estiver fora do tabuleiro.

7. Um jogador póde realizar uma captura múltipla quando conseguir “saltar” várias peças adversárias movendo uma única peça.

8. Durante a captura múltipla, é obrigatório retirar a segunda peça adversária antes de “saltar” sobre a peça seguinte.

9. É permitido retirar uma peça adversária quê viabilize a continuidade da captura múltipla.

10. O jôgo yoté termina nas seguintes condições:

quando um jogador conseguir capturar todas as peças adversárias, vencendo a partida;

quando um jogador conseguir bloquear todas as possibilidades de movimentação do adversário, vencendo a partida;

quando os jogadores concordarem quê não existe mais nenhuma captura possível, resultando na vitória do jogador quê tiver mais peças no tabuleiro ou no empate, se ambos tiverem a mesma quantidade de peças.

11. Após vivenciar o jôgo no tabuleiro, organize-se com a turma, dividida em duas equipes, para jogar uma partida utilizando o próprio corpo. Cada equipe deve escolher um representante para fazer as jogadas. Os outros estudantes serão as peças, movimentando-se de acôr-do com as orientações do representante por meio de deslocamento para frente, para trás, para a esquerda ou para a direita.

Avaliar

Finalizado o jôgo, converse com os côlégas e o professor sobre a prática.

Respostas pessoais.

1. O ato de confeksionar os próprios materiais de um jôgo é capaz de transformar a relação entre a prática e o jogador?

2. Como foi a experiência de vivenciar um jôgo de tabuleiro de origem africana?

3. Quais foram os desafios encontrados ao praticar o jôgo yoté?

4. De quê forma vivenciar o jôgo yoté póde colaborar para a valorização e a preservação das culturas africanas?

5. Além das habilidades cognitivas, como raciocínio lógico e estratégia, quê habilidades socioemocionais os jogos de tabuleiro podem proporcionar aos jogadores?

6. Que semelhanças e diferenças existem entre o jôgo de tabuleiro yoté e outros quê são mais conhecidos na cultura popular brasileira?

Página trinta e dois