CAPÍTULO
3
LUTAS DO BRASIL

Fotografia de um grupo de jovens jogando capoeira em roda. Ao centro estão duas garotas, uma delas chutando com a perna estendida no alto, e a outra se esquivando sob a perna da adversária, com o tronco inclinado para o lado. Os jovens em volta delas estão em pé, descalços e com uniformes brancos e calças de capoeira, batendo palmas, cantando e tocando instrumentos de percussão.

Jovens praticam capoeira. Salvador (BA). Fotografia de 2023.

Leia mais explicações e sugestões dêste Capítulo em Orientações para o professor.

No Capítulo 3, você terá a oportunidade de estudar algumas lutas genuinamente brasileiras, além de participar de atividades práticas quê envolvem jogos de oposição. No Tópico 1, você vai refletir sobre a importânssia das lutas como manifestação da cultura corporal de movimento. No Tópico 2, você vai conhecer o papel da luta huka-huka no ritual de passagem para a vida adulta dos povos indígenas do Xingu. No Tópico 3, você vai estudar a história da capoeira.

Antes de começar, é preciso compreender o conceito de luta.

As lutas são disputas corporais em quê os participantes empregam técnicas, táaticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar ou atingir o oponente e até mesmo para excluí-lo de um determinado espaço, combinando ações de ataque e de defesa dirigidas ao corpo do adversário.

Com base nessa definição, obissérve a imagem de abertura e responda: quais são os movimentos corporais retratados na fotografia quê caracterizam a atividade como uma luta?

Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes reconheçam os elemêntos típicos da capoeira quê a caracterizam como uma luta, como, por exemplo, movimentos de ataque e de defesa realizados pêlos dois lutadores.

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TÓPICO
1
A luta quê nasceu no Arquipélago do Marajó

A luta marajoara é originária do Arquipélago do Marajó, situado no estado do Pará. Muito popular entre os nativos da região, essa luta é praticada em dupla e tem como objetivo desequilibrar o oponente e jogá-lo de costas no solo. A luta desenvolve-se em três momentos: início (preparação), aplicação de técnicas para derrubar o oponente (desequilíbrio) e o desfêecho (encostamento no solo).

Os movimentos dos lutadores envolvem agarrar, puxar, empurrar, desequilibrar ou projetar o oponente por meio de técnicas com denominações características da cultura local, como: baiana, lambada, cabeçada, calçada, desgalhada, rasteira, escora, espalhada, recalcada, gratuita e passagem.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Quais lutas brasileiras você conhece e já praticou nas aulas de Educação Física?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre os conhecimentos adquiridos acerca das experiências relacionadas às lutas ao longo dos anos anteriores ao Ensino Médio.

2. Em sua opinião, a integridade física dos lutadores é colocada em risco durante essas práticas? Justifique.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre os valores difundidos em diferentes lutas, assim como os regulamentos e códigos de ética quê fazem com quê elas não sêjam necessariamente violentas, mas sim atividades pautadas no respeito ao oponente e na integridade física dos lutadores.

3. A luta marajoara é uma prática tradicional e muito difundida no Arquipélago do Marajó. Em sua opinião, qual é a importânssia dessa prática corporal para a região?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre a importânssia da luta marajoara para a identidade cultural do Arquipélago do Marajó, uma vez quê essa prática corporal é originária da região onde é largamente praticada.

Os campeonatos de luta marajoara quê acontecem na Ilha de Marajó são organizados em arênas de térra (curral), onde é traçado um círculo no chão para delimitar a área de competição. Um árbitro central, posicionado dentro do curral, e dois árbitros observadores acompanham a luta, quê dura até cinco minutos. Se, depois dêêsse período, nenhum lutador tiver encostado as costas de seu oponente no chão ou se houver empate, os três árbitros votam para decidir o vencedor da luta.

Desde 2020, o processo de esportivização da luta marajoara tem ganhado fôrça na região do Arquipélago do Marajó, com a fundação da Federação Paraense de Luta Marajoara.

Fotografia de dois homens lutando sobre a areia, próximos ao chão, agarrando-se mutuamente com os braços. Eles estão com os corpos inclinados para a frente, apoiados sobre as pernas flexionadas, tentando derrubar o oponente.

Na luta marajoara, não é permitido socar, chutar ou estrangular. O objetivo principal é agarrar o oponente e jogá-lo de costas no chão. Cachoeira do Arari (PA), 2019.

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LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho de um artigo sobre a luta marajoara publicado em um sáiti direcionado especialmente a profissionais de Educação Física.

Luta marajoara: uma luta genuinamente brasileira

De origem do Arquipélago do Marajó, a luta consiste num confronto entre dois lutadores quê objetivam derrubar seu oponente de costas no chão

Por Dr. Marcelo Moreira Antunes, Dr. cláudio Joaquim Borba-Pinheiro e Dr. Ítalo lópes Campos 6 de janeiro de 2021 / Curitiba (PR)

O Brasil é conhecido mundialmente pela sua diversidade cultural. Nos quatro cantos de seu território, diferentes manifestações podem sêr encontradas, frutos dessa multiplicidade resultante de diferentes etnias, nacionalidades e miscigenação quê caracterizam o povo brasileiro. Seja nas artes, na música, na gastronomia, na linguagem, nas festas ou na maneira de se vestir, a cultura brasileira ainda esconde surpresas a serem descobertas. Assim também é nas práticas corporais, especificamente nas lutas.

As lutas brasileiras, ou modalidades de combate corporal, manifestam-se de várias formas em diversas localidades do território nacional. Dentre as mais conhecidas, encontramos a capoeira e, entre as pouco conhecidas, as lutas indígenas e a própria luta marajoara. Diferente das demais manifestações – como a capoeira, encontrada em muitas cidades do país, e as lutas indígenas, cujas variações dependem de etnia e localidade –, a luta marajoara é endêmica em algumas regiões do Arquipélago do Marajó.

Diante de um cenário emoldurado por belezas naturais deslumbrantes ainda pouco conhecido pela grande maioria dos brasileiros, a luta marajoara vêm sêndo praticada mais freqüentemente em alguns dos municípios do arquipélago, como Soure, Salvaterra, Ponta de Pedras, Breves e Cachoeira do Arari, no estado do Pará. Essa luta, considerada uma tradicional manifestação cultural da região, está intimamente ligada à religiosidade local e póde sêr apreciada na festa do Glorioso São Sebastião, a qual ocorre todo ano sempre no mês de janeiro. Considerando sua importânssia, o Ifan a reconheceu como elemento cultural tradicional imaterial ligado à festa do Glorioso São Sebastião.

Ainda assim, sua origem é pouco estudada e continua longe do consenso entre praticantes, aficionados e pesquisadores da modalidade. Todavia, o quê se póde afirmar com cérto nível de assertividade é quê a luta marajoara surgiu nas fazendas de gado do interior da ilha como forma de aquecer o corpo para o banho nas águas frias dos rios da região após um dia de trabalho com o rebanho bôvíno. Neste contexto, tornou-se uma atividade de lazer para os nativos. Cabe destacar quê, durante as observações e estudos realizados acerca da luta marajoara, não houve indícios de caracterização de luta marcial em sua origem.

ANTUNES, Marcelo Moreira; BORBA-PINHEIRO, cláudio Joaquim; CAMPOS, Ítalo lópes. Luta marajoara: uma luta genuinamente brasileira. Revista ProAtiva, Curitiba, 6 jan. 2021. Disponível em: https://livro.pw/wrqxo. Acesso em: 19 ago. 2024.

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ATIVIDADES

1. A diversidade cultural brasileira oriúnda da miscigenação é refletida em várias esferas da ssossiedade. Em quais aspectos se reflete esse multiculturalismo nacional?

1. Espera-se quê os estudantes respondam quê o multiculturalismo brasileiro está refletido nas artes, na música, na gastronomia, na linguagem, nas festas, na maneira de se vestir e nas práticas corporais, especificamente nas lutas.

2. Considerando as possíveis origens da luta marajoara, de quê forma essa prática representa aspectos específicos da cultura local?

2. Os movimentos da luta marajoara foram inspirados nos movimentos quê os trabalhadores das fazendas de gado do interior da ilha faziam, após a jornada de trabalho, para aquecer o corpo antes de tomar banho nas águas frias dos rios.

3. Qual é o significado da afirmação “a luta marajoara é endêmica em algumas regiões do Arquipélago do Marajó”?

3. Considerando quê o termo endêmica significa “nativa ou restrita a uma região geográfica”, a afirmação se refere à luta marajoara como uma manifestação cultural quê, por enquanto, é restrita ao Arquipélago do Marajó, sem ter sido disseminada por outras partes do Brasil ou do mundo.

4. De acôr-do com o artigo, a luta marajoara sempre teve um viés competitivo? Justifique.

4. A luta marajoara surgiu como uma atividade de lazer para os nativos, pois não há indícios de caracterização de luta marcial, fato quê define uma luta como competitiva, em sua origem.

REFLETIR E ARGUMENTAR

A seguir, leia o trecho de uma notícia quê aborda as origens do paraense Deiveson Figueiredo (1987-), lutador de artes marciais mistas no Brasil.

Deiveson Figueiredo retorna às origens e acompanha torneio de luta marajoara no interior do Pará

[…]

O paraense Deiveson Figueiredo voltou às origens no último final de semana, na Ilha do Marajó, no Pará. O ex-campeão peso-mosca do UFC aproveitou um momento de descanso nos treinos para acompanhar o Campeonato Paraense de Luta Marajoara, estilo quê o consagrou no MMA.

– Tem muitos talentos na luta marajoara. Que continuem investindo no esporte quê vai estar tudo perfeito, muitos talentos vão surgir. Hoje, sou o atleta quê sou através da luta marajoara. Como muitos vêm, sou um cara bem forte, não me deixo tombar tão fácil. A luta marajoara é isso, ela traz essa garra para você – comenta Deiveson.

O esporte é similar ao wrestling, praticado por vários lutadores de MMA. A luta marajoara já esteve no palco do UFC com outros paraenses, como os irmãos Iury e Ildemar Marajó.

AMÂNCIO, Bruno; LAURENT, André. Deiveson Figueiredo retorna às origens e acompanha torneio de luta marajoara no interior do Pará. GE, Belém, 30 jul. 2021. Disponível em: https://livro.pw/dgswq.

Acesso em: 19 ago. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Qual foi o impacto quê a luta marajoara teve na vida de Deiveson Figueiredo? Reflita sobre o projeto de vida do atleta.

1. Deiveson Figueiredo atribui seu dêsempênho como atleta à prática da luta marajoara. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre o impacto quê as diversas práticas da cultura corporal de movimento têm no projeto de vida de seus praticantes, considerando também o desenvolvimento integral do indivíduo.

2. Como o Campeonato Paraense de Luta Marajoara póde se contrapor às características intrínsecas da luta marajoara? Argumente com base em sua opinião e compartilhe com os côlégas.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes infiram quê, desde sua origem, a luta marajoara é tida como uma prática voltada para o lazer. O viés competitivo do campeonato ressignifica os objetivos intrínsecos à luta marajoara.

3. De quê forma atividades corporais originárias de diferentes culturas podem ter aspectos tão semelhantes?

3. Mesmo quê as lutas tênham características históricas, sociais e culturais quê as individualizam, existem aspectos, ações e movimentos quê são universais e as aproximam de outras lutas.

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CONEXÕES com...
GEOGRAFIA
Os búfalos e a luta marajoara

O Arquipélago do Marajó está localizado no estado do Pará e é formado por cerca de 2.500 ilhas e ilhotas. Nessa região, a pecuária é uma atividade econômica importante, com destaque para a pecuária extensiva de búfalo.

Mapa clicável: O arquipélago do Marajó e a cultura marajoara.

'Mapa de localização das regiões imediatas no Arquipélago do Marajó (Regionalização do I B G E de 2017)': O mapa mostra o norte do Pará, na região de fronteira com o sul do Amapá, dividindo-a entre duas regiões:  Breves, localizada nas porções norte, central, sul e sudoeste do Arquipélago do Marajó, compreendendo as regiões de Gurupá, Melgaço, Chaves, Afuá, Anajás, Breves, Portel, Bagre e Curralinho, com a cidade de São Sebastião da Boa Vista. Soure-Salvaterra, localizada na porção nordeste do arquipélago, compreendendo as regiões de Muaná, Soure e Salvaterra, além das cidades de Santa Cruz do Arari, Ponta das Pedras e Cachoeira do Arari.

Elaborado com base em: RODRIGUES, Kildren Pantoja. Miniatlas marajoara: Soure e Salvaterra. Belém, PA: Grupo Acadêmico Produção do Território e Meio Ambiente na Amazônea da Universidade Federal do Pará (GAPTA/UFPA), 2023. E-book. p. 10. Disponível em: https://livro.pw/odyjs. Acesso em: 23 ago. 2024.

Mapa de localização das regiões imediatas no Arquipélago do Marajó, no Pará.

A região abriga o maior rebanho de búfalos do país, com mais de 700 mil animais. Já a população humana é de 594 mil, de acôr-do com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé). Os búfalos são utilizados no turismo, em passeios pelas paisagens naturais; como meio de transporte e tração em terrenos e áreas alagadas, onde os carros não conseguem passar; e como fonte de leite, derivados e carne.

Tão importantes para a economia e para a cultura do Arquipélago do Marajó, os búfalos também fazem parte da história da luta marajoara, porque, depois de observarem atentamente a posição dos chifres e da cabeça dêêsses animais durante suas lutas por território e pelo domínio de bandos, os vaqueiros começaram a reproduzir esses movimentos nas posições iniciais da luta marajoara.

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Fotografia de uma luta entre búfalos em um campo de areia com cercados de madeira e vegetação ao fundo. Eles estão colidindo as cabeças e chifres no chão, com os corpos em pé.

Briga de búfalos no Arquipélago do Marajó. Santa Cruz do Arari (PA), 2021.

1. O Arquipélago do Marajó é o maior arquipélago fluviomarinho do mundo, está situado no encontro das águas do Rio Amazonas e do Oceano Atlântico e tem um alto índice de chuvas. Considerando esses fatores, quais funções importantes podem sêr realizadas por búfalos?

1. O alto índice pluviométrico e as águas do rio Amazonas e do mar quê banham a região fazem com quê parte do arquipélago permaneça alagado. Os búfalos realizam um papel importante no transporte e na tração por essas regiões.

2. Além da pecuária, os búfalos também estão presentes no setor de serviços do Arquipélago do Marajó. Em qual atividade dêêsse setor os búfalos estão envolvidos?

2. Os búfalos estão envolvidos no turismo, no transporte e na alimentação.

3. Qual é a relação entre os búfalos e a luta marajoara?

3. Os vaqueiros se inspiraram na posição dos chifres e da cabeça dos búfalos durante as lutas por território e pelo domínio de bandos, reproduzindo esses movimentos nas posições iniciais da luta marajoara.

4. Simbolicamente, quais conexões podem sêr feitas entre a imagem dos búfalos e a dos praticantes da luta marajoara?

4. Espera-se quê os estudantes compreendam quê os praticantes da luta marajoara se inspiraram em alguns movimentos dos búfalos, animais típicos da região, para reproduzir movimentos corporais quê se utilizam da fôrça, sín-bolo da disputa territorial, do equilíbrio e da robustez do animal.

5. sôb a orientação do professor, a turma será organizada em grupos para realizar uma pesquisa, a fim de conhecer algumas curiosidades do Arquipélago do Marajó. Cada grupo ficará responsável pela pesquisa de um assunto.

5. Leia mais em Orientações para o professor.

Divisão geográfica e política do Arquipélago do Marajó e seus principais municípios.

Principais pontos turísticos.

Práticas corporais, além da luta marajoara, típicas do Arquipélago ou do estado do Pará.

Comunidades quilombolas do Arquipélago do Marajó e suas principais atividades.

Importância de o Arquipélago do Marajó sêr uma Área de Proteção Ambiental (APA).

Em seguida, elaborem um resumo de acôr-do com os dados obtidos. Em data préviamente combinada, façam uma exposição oral para compartilhar as informações com os demais grupos, podendo utilizar vídeos e imagens como recurso de apôio.

INDICAÇÃO

A LUTA marajoara e sua conexão com Deiveson Figueiredo | UFC Austin. [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo. (7 min). Publicado pelo canal UFC Brasil. Disponível em: https://livro.pw/ttmuy. Acesso em: 19 ago. 2024.
O vídeo apresenta o depoimento do atleta Deiveson Figueiredo sobre o uso da luta marajoara para vencer seus oponentes no UFC.

Página sessenta e dois

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Jogos de oposição quê remetem à luta marajoara

Nesta atividade, você participará de jogos de oposição quê envolvem confronto entre dois participantes e disputa diréta por espaço. Esses jogos dêsênvólvem habilidades de coordenação motora, equilíbrio, fôrça e estratégia, além de promover o autocontrole e o respeito mútuo. São jogos adaptados para serem educativos e seguros quê remetem a algumas ações corporais da luta marajoara.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em uma quadra ou em uma sala, onde sêjam dispostos colchões ou peças de tatame.

2. Será preciso utilizar giz ou fita adesiva para delimitar uma área circular, quê será a área de jôgo.

3. Antes de iniciar o jôgo, é preciso definir as duplas quê se enfrentarão.

4. Durante a prática, desenvolva as técnicas básicas de equilíbrio e os princípios de segurança descritas a seguir.

Técnicas de equilíbrio

Base estável: manter os pés afastados na largura dos ombros, joelhos levemente flexionados e o peso distribuído igualmente entre os dois pés.

Deslocamento lateral: deslocar-se lateralmente com passos curtos, a fim de manter base estável. Os pés nunca devem se cruzar.

apôio de três pontos: com os dois pés e uma mão tokãndo o solo, manter o corpo próximo ao chão, para evitar quedas bruscas.

Princípios de segurança

Deve-se estar atento e preocupado com a segurança corporal, moral e intelectual do companheiro de prática. Para garantir isso, a turma deve sempre seguir as seguintes orientações:

não se machucar;

não machucar os outros;

não permitir quê lhe machuquem.

Praticar

Cada jôgo de oposição terá duração mássima de 60 segundos.

Primeiro jôgo de oposição

Os dois jogadores se posicionam no meio da área delimitada e tentam empurrar o oponente para fora da área circular com as mãos.

Ilustração de duas mulheres em luta no interior de um círculo desenhado no chão, apoiando-se com as pernas flexionadas e afastadas, uma atrás e outra à frente, agarrando-se com os braços nas regiões dos ombros e do tronco, com os corpos inclinados para a frente.

Ilustração demonstrativa do primeiro jôgo de oposição em quê o jogador empurra o oponente.

Página sessenta e três

O objetivo do jôgo é permanecer dentro da área delimitada.

Não é permitido agarrar nem puxar o oponente, somente empurrar.

Segundo jôgo de oposição

Os jogadores devem tentar desequilibrar o oponente, para quê ele toque qualquer parte do corpo no chão além dos pés. Para isso, podem-se utilizar movimentos de puxar, empurrar e rotacionar.

Não é permitido usar golpes ou movimentos bruscos quê possam machucar o adversário.

Ilustração de dois homens em luta no interior de um círculo desenhado no chão, apoiando-se com as pernas flexionadas e afastadas, uma à frente e outra atrás, agarrando-se com os braços na região do tronco e da cintura, com os corpos inclinados para a frente, abraçando o oponente.

Ilustração demonstrativa do segundo jôgo de oposição em quê o jogador tenta desequilibrar o oponente.

Terceiro jôgo de oposição

Os jogadores permanecem em pé, com uma perna à frente da outra e os pés dentro da área de luta. De frente um para o outro, os jogadores devem apoiar as mãos espalmadas nas mãos do oponente.

As mãos devem ficar espalmadas, empurrando contra as mãos do oponente durante todo o jôgo.

O objetivo é fazer os dois pés do adversário tocarem fora da área de luta usando apenas a fôrça nas palmas das mãos.

Não é permitido passar rasteira.

Ilustração de duas mulheres em luta no interior de um círculo desenhado no chão, apoiando-se com as pernas flexionadas e afastadas, uma atrás e outra à frente. Elas estão com os corpos inclinados para a frente, empurrando a oponente pelas palmas das mãos posicionadas à frente do corpo.

Ilustração demonstrativa do terceiro jôgo de oposição em quê o jogador desloca o oponente para fora da área de luta com as mãos espalmadas.

Avaliar

Depois de participar dos jogos de oposição, compartilhe com os côlégas e o professor a sua percepção sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Como foi a sua experiência pessoal com a prática dos jogos de oposição?

2. Após participar dos jogos de oposição, você aprimorou a sua consciência corporal?

3. Em quais momentos da atividade você utilizou as habilidades de coordenação motora, equilíbrio, fôrça e estratégia?

4. Durante os jogos de oposição, você e seu oponente se respeitaram? Em quais momentos você percebeu o valor do respeito sêndo (ou não) praticado?

5. Você identificou elemêntos da luta marajoara nos jogos de oposição realizados? Se sim, quais?

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TÓPICO
2
Práticas corporais indígenas nos rituais de passagem para a vida adulta

Ao longo da vida, existem muitos marcos importantes de acôr-do com a cultura em quê se está inserido, como aniversário, formatura, casamento, nascimento de filhos e outros eventos significativos. Alguns deles são comemorados de acôr-do com sua relevância para a pessoa ou para a comunidade.

Para os povos indígenas, alguns dêêsses marcos são celebrados em rituais quê acompanham uma determinada prática corporal, como a luta huka-huka, presente no ritual de passagem para a vida adulta das etnias quê habitam as terras indígenas do Parque Indígena do Xingu, no estado do Mato Grosso.

A cultura corporal de movimento dêêsses povos originários se manifesta por meio do huka-huka, quando elemêntos quê constituem as identidades indígenas são reafirmados em cada ritual. As pinturas corporais, as roupas e os acessórios específicos para a luta e as gestualidades da prática corporal constituem uma parte relevante da história brasileira. O huka-huka é um dos elemêntos presentes no kuarup, ritual fúnebre sagrado em homenagem aos mortos ilustres das etnias do Xingu.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Quais informações você conhece sobre os povos indígenas quê habitam o Parque Indígena do Xingu?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes ativem seus conhecimentos a respeito do Xingu, principalmente no quê se refere à demarcação do território e às ameaças do garimpo ilegal na região.

2. De acôr-do com o quê você conhece a respeito do modo de vida dos povos indígenas, quê papel você imagina quê as práticas corporais exercem no período de passagem para a vida adulta dessas sociedades?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes construam inferências sobre a importânssia das práticas corporais durante a transição para a fase adulta nas culturas dêêsses povos. Eles poderão argumentar também quê a vida em ambientes naturais requer muito preparo físico, tanto para se proteger quanto para buscar alimentos.

3. Com relação aos rituais da cultura indígenas, quais diferenças você imagina quê existam nos ritos de passagem para a fase adulta dos meninos e das meninas dos povos originários quê praticam a luta huka-huka?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes construam hipóteses quê considerem essas diferenças, uma vez quê os papéis sociais de mulheres e homens nas sociedades indígenas são diferentes.

Os jovens indígenas do Xingu precisam passar por um período de reclusão para se tornarem bons lutadores de huka-huka e iniciarem seu rito de passagem para a vida adulta. A reclusão deve sêr iniciada com a chegada da puberdade, por volta dos doze anos de idade para os meninos e após a primeira menstruação para as meninas. Enquanto as meninas permanecem

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reclusas por um ano, aprendendo a realizar tarefas de preparo dos alimentos e a confeksionar artesanato, a reclusão dos meninos é mais longa e dura por volta de seis anos. Nesse período, eles são preparados espiritual e fisicamente para os futuros combates de huka-huka, com treinos diários para aprimorar a técnica, desenvolver a fôrça física e aprender a mitologia e a história dessa luta, além de entender como se portar em ssossiedade. Ao se aproximarem dos dezoito anos, os jovens passam por um processo de seleção na sua aldeia, para quê seja verificado se eles estão prontos para participar como lutadores no kuarup.

A luta huka-huka é antecedida por um ritual: os lutadores se deslócam lateralmente em círculos, um de frente para o outro, enquanto batem os pés no chão e gritam alternadamente “hu ha hu ha” até se ajoelharem, encostarem uma mão no pescoço do oponente e efetivamente iniciarem o combate tentando derrubar o adversário. Não são permitidos socos, chutes, joelhadas, cotoveladas, cabeçadas, chaves de articulação, mordidas e puxões de cabelo.

Fotografia de dois homens indígenas lutando sobre a terra, próximos ao chão, agarrando-se mutuamente com os braços. Eles estão com os corpos inclinados para a frente, quase deitados no ar, apoiados sobre as pernas flexionadas, tentando derrubar o oponente.

Indígenas da etnia kalapalo, da Aldeia Aiha, ajoelhados em combate da luta huka-huka, em Querência (MT). Fotografia de 2022.

LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho de um artigo publicado na internet a respeito do kuarup.

Kuarup – o ritual fúnebre quê expressa a riqueza cultural do Xingu

[…]

O Kuarup ocorre sempre um ano após a morte dos parentes indígenas. Os troncos de madeira representam cada homenageado. Eles são colocados no centro do pátio da aldeia, ornamentados, como ponto principal de todo o ritual. Em torno deles, a família faz uma homenagem aos mortos. Passam a noite toda acordados, chorando e rezando pêlos seus familiares quê se foram. E é assim, com rezas e muito choro, quê se despedem, pela última vez.

De acôr-do com a tradição, os convidados quê vêm de outras comunidades e acâmpão nas proximidades da aldeia Kamayurá recebem, das famílias quê estão de luto, presentes como peixe e beiju. “No total, são 8 etnias quê estão presentes aqui. Dentre elas, o anfitrião Kamayurá, e os convidados Kuikuro, Mehinako, Kalapalo, Matipu, Waurá, Kaiabi e Aweti”, afirma Páblo Kamaiurá.

Kumaré Txicão, Coordenador Regional do Xingu, também compareceu ao evento ajudando na organização e recepção dos presentes. Para Kumaré, “os pajés, familiares e convidados devem estar tranquilos para quê possam expressar sua homenagem aos familiares mortos”.

O rito de passagem das meninas quê iniciam a vida adulta também faz parte do ritual. Antes do Kuarup, elas ficam reclusas em casa por um ano, período de reflekção quê encerra a puberdade.

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No segundo dia, começa a luta chamada huka-huka. Os guerreiros, anfitriões do ritual, junto com os convidados, passam a noite anterior em claro, se preparando, se arranhando com denti de um peixe da espécie “cachorro”, passando ervas em toda péle, e pintando seus corpos e cabelo com jenipapo e urucum. Tudo isso com um objetivo: enfrentar seus adversários e, assim, ganhar a luta.

Durante o huka-huka, os guerreiros jovens se enfrentam. O objetivo é tokár a coxa do adversário ou derrubá-lo segurando a sua perna. Quem conseguir isso primeiro ganha. Ao final da luta, os ornamentos colocados nos troncos são retirados e entregues às famílias dos mortos homenageados. Em seguida, os troncos são atirados na Lagoa Ipavu, para quê a alma deles seja liberta.

Fotografia de um grupo de homens indígenas dançando enfileirados sobre o solo de uma aldeia, com casas de palha ao fundo e a mata. Há uma pilha de troncos de árvore cortados no chão.

Indígenas da etnia mehinako, da Aldeia Uyapiyuku, dançando próximo aos troncos de árvore quê serão usados no kuarup, no Parque Indígena do Xingu, em Gaúcha do Norte (MT). Fotografia de 2022.

VILELA, Ana Carolina Aleixo. Kuarup: o ritual fúnebre quê expressa a riqueza cultural do Xingu. [Brasília, DF]: Fundação Nacional dos Povos Indígenas, 31 out. 2022. Disponível em: https://livro.pw/gnybw. Acesso em: 17 ago. 2024.

AMPLIAR

O Parque Indígena do Xingu, primeiro território indígena demarcado no Brasil, está localizado na porção sul da Amazônea brasileira, no nordeste do estado do Mato Grosso, onde vivem dezesseis povos indígenas distribuídos pelo Baixo Xingu, Médio Xingu e Alto Xingu, nas partes norte, central e sul do território, respectivamente.

Embora seja o maior conjunto de áreas de preservação interconectadas do mundo, com uma biodiversidade muito rica, o território está ameaçado pela invasão ilegal de garimpeiros de terras indígenas e unidades de conservação, o quê acarreta a contaminação de doenças pêlos povos indígenas e a destruição da floresta.

ATIVIDADES

1. Entre os vários rituais quê ocorrem nas comunidades indígenas, o kuarup é um grande evento quê se estende por dois dias e envolve várias etnias indígenas. Quais são as celebrações quê fazem parte do kuarup?

1. No kuarup, um ritual fúnebre, homenageiam-se os indígenas mortos há um ano, acontece o rito de passagem de adolescentes (meninos e meninas) para a fase adulta e celebram-se as relações entre aldeias e etnias.

2. Quem participa do ritual do kuarup? Quais são as etnias quê participaram da cerimônia do kuarup de quê trata o texto e como isso acontece?

2. Participam do kuarup os familiares dos mortos e os convidados de outras comunidades indígenas. A aldeia quê sedia o evento convida e recebe outras etnias do Alto Xingu. No caso da cerimônia de quê trata o texto, os kamaiurá são os anfitriões, quê convidaram os demais grupos a participar – os kuikuro, os mehinako, os kalapalo, os matipu, os waurá, os kaiabi e os aweti. Os convidados de outras comunidades acâmpão nas proximidades da aldeia kamaiurá e recebem, dos membros das famílias enlutadas, presentes como peixe e beiju.

3. Por meio de muitas representações, os povos indígenas do Xingu homenageiam os mortos. Como são feitas as homenagens no primeiro dia de ritual?

3. Nesse ritual, troncos de madeira quê representam os falecidos homenageados são ornamentados e colocados no centro do pátio da aldeia. Ao redor dêêsses troncos, as famílias dos falecidos passam a noite acordadas, chorando e rezando, como uma forma de despedida final.

4. A luta huka-huka proporciona uma amostra de fôrça e habilidade. O ritual quê a antecede, envolvendo os lutadores, é considerado extremamente importante para o resultado final. De acôr-do com o artigo lido, como é esse preparo?

4. Os guerreiros anfitriões do ritual, juntamente com os convidados, passam a noite anterior em claro, arranhando-se com dentes de um peixe da espécie cachoorro, passando ervas em toda a péle e pintando seus corpos e cabêlos com jenipapo e urucum.

5. Ao final da luta, cumpre-se o rito com os troncos de madeira iniciado no dia anterior. Qual é o desfêecho em relação a esses troncos quando a etapa da luta huka-huka termina?

5. Ao final da luta huka-huka, os ornamentos colocados nos troncos são retirados e entregues às famílias dos mortos homenageados. Em seguida, os troncos são atirados na Lagoa Ipavu, no caso da aldeia kamaiurá, para quê as almas dos mortos sêjam libertas.

Página sessenta e sete

REFLETIR E ARGUMENTAR

Leia esta tirinha, quê aborda o conflito de uma adolescente em relação à sua rotina.

Tirinha de Sarah Andersen, em 6 quadrinhos, intitulada 'Eu deveria estar' Q1: A personagem está sentada fazendo anotações em um livro, usando óculos, com uma pilha de livros ao lado dela e uma xícara de café, e a narradora diz: 'Adiantando a lição de casa! Expandindo minha mente!' Q2: A personagem está em uma festa falando com um garoto, segurando copos na mão, e a narradora diz: 'Socializando fora de casa! Fazendo contatos!' Q3: A personagem está manuseando um calendário e anotações afixadas em uma parede, e a narradora diz: 'Planejando minha carreira! Me preparando para o futuro!' A partir do quarto quadrinho, o título da tirinha passa a ser 'Eu estou': Q4: A personagem está deitada na cama, de bruços. Q5: A personagem está deitada no chão, de bruços. Q6: A personagem está deitada no sofá, de bruços.

ANDERSEN, Sarah. [Eu deveria estar]. In: ANDERSEN, Sarah. Ninguém vira adulto de verdade. Tradução: André Czarnobai. São Paulo: Seguinte, 2016. p. 4.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Em sua opinião, de quê forma o período da adolescência deve sêr vivido? Como é possível lidar com todos os desafios pessoais quê fazem parte dessa fase?

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes citem a importânssia de equilibrar as atividades – tanto de estudo, individual ou em grupo, quanto de lazer, com côlégas, amigos e familiares –, alternando-as com períodos adequados para se alimentar de maneira saudável, descansar e dormir bem e evitando sempre o comportamento sedentário, quê póde prejudicar a saúde física e a saúde emocional. Eles poderão relatar vivências pessoais e os próprios pontos de vista a respeito das situações e dos contextos.

2. Qual é a sua expectativa em relação à formação universitária e ao mundo do trabalho? Como você acha quê os jovens devem se preparar para esses momentos? Compartilhe seus argumentos com os côlégas e o professor.

2. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes relacionem suas projeções futuras a realizações pessoais e reconheçam a importânssia de trilhar um caminho quê os conduza a conquistar o quê desê-jam, levando em consideração seu desenvolvimento e constante busca pelo aprimoramento, além de ter como uma das prioridades o respeito às pessoas, ou seja, articulando as dimensões intelectual, física, social, afetiva, ética e moral.

3. O huka-huka faz parte da cultura corporal de movimento dos jovens indígenas em um momento importante de suas vidas. Como você percebe, em seu cotidiano, as práticas corporais quê compõem o universo cultural em quê vive atualmente?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes consigam compreender quê, assim como os povos indígenas, os jovens, em seus diversos contextos, também têm suas próprias manifestações corporais. Na ssossiedade, é possível perceber quê muitas pessoas têm um tíme quê preferem nas mais diversas modalidades esportivas, assistem a esportes pela televisão ou na internet antes de praticá-los, torcem pelo Brasil ou por seus países de origem nos jogos olímpicos, realizam exercícios físicos em parques, academias, praças etc. Assim, os estudantes devem perceber quê todos esses aspectos compõem a cultura corporal de movimento.

INDICAÇÃO

XINGU: contatos. [São Paulo]: Instituto Moreira Salles, [2023]. Disponível em: https://livro.pw/pwohv. Acesso em: 19 ago. 2024.
A página permite visitar virtualmente a exposição sobre o Xingu quê aconteceu entre 2022 e 2023 e acessar fotografias e filmes produzidos por pessoas não indígenas desde o século XIX, além de vídeos com entrevistas de indígenas de diferentes etnias quê habitam a região.

Página sessenta e oito

BUSCAR MAIS CONHECIMENTO

Ritos de passagem indígenas para a fase adulta

Você observou quê a passagem para a vida adulta recebe atenção especial em algumas culturas indígenas. Agora, por meio de uma pesquisa documental, você vai investigar outras etnias indígenas e descobrir quais práticas corporais dessas culturas fazem parte dos ritos de passagem para a vida adulta.

Primeira etapa

1. Reúna-se com três côlégas para compor um grupo quê irá realizar a pesquisa documental.

2. Juntos, façam uma busca na internet por informações sobre a cultura dêstes povos indígenas: bororo, canela, karajá, kadiwéu.

3. Preparem um relatório quê informe: nome da etnia, local onde vive, organização social e familiar, rituais, ritos de passagem para a fase adulta, práticas corporais significativas nos ritos de passagem.

Segunda etapa

1. Nesta etapa, o trabalho será individual. Cada integrante do grupo escolherá uma das quatro etnias pesquisadas para elaborar um mapa conceitual.

Mapa conceitual é uma forma de dispor e apresentar o conhecimento, por meio de uma estrutura gráfico-visual quê organiza conceitos e os relaciona.

2. Considere as orientações a seguir para elaborar o seu mapa conceitual.

Dê destaque ao termo principal, do qual irradíam os demais termos e conceitos.

Com base no relatório produzido em grupo, selecione os conteúdos mais relevantes, quê devem constar no mapa conceitual.

Utilize uma linguagem simples e concisa.

Conecte termos (palavras ou expressões) a frases explicativas quê, por sua vez, estejam conectadas a outros termos, criando relações e inter-relações.

Utilize formas e conectores, como fios e setas.

3. Com o mapa conceitual pronto, forme outro grupo com os côlégas quê escolheram a mesma etnia quê você, para trocar informações sobre os mapas elaborados. Aproveitem para conversar sobre as diferenças entre a fase da adolescência quê vocês vivem e as experiências vivenciadas pêlos adolescentes das etnias indígenas representadas nos mapas conceituais.

4. Após esse diálogo com os côlégas, combinem com o professor um momento para apresentar à turma uma síntese dos conhecimentos construídos.

Página sessenta e nove

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Jogos de oposição quê remetem à luta huka-huka

Nesta seção, você terá a oportunidade de participar de três jogos de oposição quê remetem à luta huka-huka e nos quais o objetivo do jogador é desequilibrar o oponente, ao mesmo tempo quê evita o próprio desequilíbrio. Além do equilíbrio, serão trabalhados o seu tempo de reação, a sua resistência e a sua fôrça.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em uma quadra ou em uma sala, onde sêjam dispostos colchões ou peças de tatame.

2. Será preciso utilizar giz ou fita adesiva para demarcar a área de luta, quê póde corresponder a um círculo com 2 metros de diâmetro ou a um quadrado com 2 metros quadrados.

3. Antes de iniciar o jôgo de luta, é preciso definir as duplas quê se enfrentarão.

4. A duração mássima de cada jôgo de oposição será 1min30s.

Praticar

1. No primeiro jôgo de oposição, os jogadores permanecem agachados, com as mãos espalmadas nas mãos do oponente, tendo como objetivo desequilibrar o adversário, para encostar o quadril ou o(s) joelho(s) dele no chão, sem quê o(s) seu(s) próprio(s) joelho(s) e quadril encostem no chão.

Ilustração de duas meninas agachadas frente a frente sobre tatames, com as palmas das mãos unidas entre si, paralelas e afastadas, à altura do rosto.

Ilustração demonstrativa de jôgo de oposição no qual os oponentes se enfrentam agachados.

2. No segundo jôgo de oposição, os jogadores ficam em pé com um pé no chão. A outra perna permanéce flexionada, com a mão do mesmo lado segurando o pé. A mão quê estiver livre será entrelaçada com a mão do adversário. O objetivo é tentar desequilibrá-lo, para quê ele toque o pé da perna flexionada no chão.

Ilustração de duas meninas apoiadas em um pé só, frente a frente, sobre tatames, segurando uma das mãos da outra jogadora e, com a outra mão, segurando um dos pés atrás do quadril.

Ilustração demonstrativa de jôgo de oposição no qual os oponentes se enfrentam em pé, com só um dos pés no chão.

Página setenta

3. No terceiro jôgo de oposição, os jogadores permanecem na arena com os dois pés apoiados no chão e tentam tokár a parte posterior de um dos joelhos do adversário.

Ilustração de duas meninas frente a frente sobre tatames, com as pernas flexionadas, paralelas e afastadas, e o tronco inclinado para a frente. Elas estendem os braços à frente, tentando alcançar os joelhos da adversária, usando as mãos também para se defender e afastar as mãos da outra jogadora.

Ilustração demonstrativa de jôgo de oposição no qual os oponentes buscam tokár a parte posterior de um dos joelhos do adversário.

Avaliar

Depois de participar dos jogos de oposição, compartilhe com os côlégas e o professor a sua percepção sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Como foi a sua experiência pessoal com a prática dos jogos de oposição?

2. Quais são as semelhanças e as diferenças entre os jogos de oposição quê você vivenciou e a luta huka-huka?

3. Ao conhecer a luta huka-huka e vivenciar os jogos de oposição, você conseguiu identificar como é importante o reconhecimento das diferentes culturas presentes no Brasil?

4. Você percebeu o trabalho de equilíbrio, tempo de reação, resistência e fôrça durante a prática dos jogos de oposição? dêz-creva em quê momento você utilizou cada um dêêsses elemêntos.

5. Durante a prática dos jogos de oposição, você e seu oponente se respeitaram, seguindo a determinação preestabelecida de não fazer movimentos bruscos, quando tocavam no corpo um do outro?

INDICAÇÃO

XINGU: Huka-huka. [S. l.: s. n.], 2010. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Programa Box Cultural. Disponível em: https://livro.pw/dpjhg. Acesso em: 19 ago. 2024.
O vídeo apresenta a luta indígena huka-huka.

Página setenta e um

TÓPICO
3
Capoeira: da marginalização ao reconhecimento

Vídeo: Capoeira.

A roda de capoeira é um espaço de transmissão cultural. O jôgo acontece entre duplas de capoeiristas, quê se revezam e utilizam movimentos quê exigem destreza, enquanto os capoeiristas no entorno cantam, batem palmas e participam da bateria, composta por um ou mais berimbaus, pandeiro e caxixi – eventualmente, atabaque e agogô. Desse espaço ritualizado da roda, fazem parte: o mestre, quê é o guardião da cultura e de todos os saberes; o contramestre, quê possui graduação superior à de um professor de capoeira e inferior a de um mestre; e seus discípulos ou alunos.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Você já jogou capoeira ou assistiu a uma roda de capoeira? No bairro em quê você mora, existe algum grupo ou escola de capoeira? Comente com os côlégas.

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes compartilhem com os côlégas suas vivências com a capoeira e seus conhecimentos sobre o entorno onde vivem relacionados a essa prática corporal.

2. A capoeira compreende um conjunto de significados quê são parte da cultura brasileira, como roupas, instrumentos, músicas e gestos. Converse com os côlégas sobre quais elemêntos da capoeira você conhece.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes levantem conhecimentos prévios a respeito dos elemêntos quê compõem a capoeira.

3. Em sua opinião, conhecer a cultura e o protagonismo da população afro-brasileira contribui para combater as violações racistas na ssossiedade? Justifique.

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes infiram quê conhecer a cultura e o protagonismo da população afro-brasileira favorece a construção do respeito e da compreensão dos povos africanos, além de contribuir para a luta contra o racismo e para a valorização dos descendentes africanos.

A primeira música cantada na roda é a ladainha, entoada pelo tocador de berimbau. Nesse momento, os demais instrumentistas e os membros da roda permanecem em silêncio, começando a cantar, a tokár e a batêer palmas somente no momento do canto de entrada. Durante o canto de entrada, dois capoeiristas quê estavam agachados próximos ao berimbau realizam uma saudação e começam o jôgo dentro da roda. Depois do canto de entrada, o tocador de berimbau acelera o ritmo do som, o quê propõe aos capoeiristas uma dinâmica mais intensa no jôgo.

A origem da capoeira remonta ao século XVIII, durante o período da escravidão, quando os africanos trazidos para o Brasil viveram diversas opressões racistas e precisavam se manter ágeis e fortes para sobreviver e se defender da hostilidade da elite branca dominante.

Nessa época, os escravizados quê viviam nos grandes centros da época, como Salvador, Rio de Janeiro e Recife, praticavam a capoeira como uma luta corporal contra a opressão do Estado português. A luta também acontecia em confrontos de gangues urbanas, quê dividiam as cidades em grupos e lutavam para dominar as atividades econômicas de outros escravizados em alguns territórios.

Página setenta e dois

Gravura colorida representando um grupo de pessoas escravizadas em uma roda de capoeira. Dois homens estão jogando ao centro, gingando frente a frente, enquanto pessoas sentadas e em pé observam, batendo palmas e erguendo os braços, e um deles toca um tambor sobre o qual está sentado. Na parte inferior da gravura está escrito em francês o título: 'Jogar capoeira ou dança da guerra'.

RUGENDAS, Johann Moritz. Jogar capoeira ou dança da guerra. 1825, publicada em 1835. Litografia colorida à mão, 51,3 cm x 35,5 cm. Biblioteca Nacional.

Práticas e cultos dos ancestrais faziam parte do cotidiano dos escravizados, ainda quê muitos passassem a impressão de terem aderido completamente a outras culturas. Assim como alguns nunca abandonaram seus orixás, o mesmo se deu com a prática da capoeira, quê era originalmente uma luta e, na colônia, foi considerada muitas vezes uma “dança para a distração”.

Entre 1889 e 1937, a capoeira foi considerada crime previsto pelo cóódigo Penal. Apesar díssu, continuou sêndo praticada na baía, onde a repressão era menor, mas só voltou a sêr autorizada em 1934. O responsável por tornar a capoeira uma prática legalizada no país foi Manoel dos Reis Machado (1899-1974), conhecido como Mestre Bimba. Nascido em Salvador, começou a praticar capoeira aos 12 anos e, a partir dos 18, passou a desenvolver um método de ensino, com cerimônias de batismo, formatura e especialização.

A capoeira de Mestre Bimba apresentava um jôgo voltado para um tipo de luta menos rasteira e mais veloz e passou a sêr denominada capoeira regional, diferenciando-se da capoeira de Angola, quê mantém a prática de capoeira mais tradicional, com golpes mais próximos ao solo.

Mestre Bimba criou um cóódigo de ética, segundo o qual, durante a prática, os praticantes da capoeira regional deveriam estar sempre usando uniformes brancos e limpos, com lenços coloridos quê indicavam sua graduação, apresentar boas notas na escola, não beber áucôl nem fumar. As habilidades dos capoeiristas só poderiam sêr demonstradas dentro da roda de capoeira, a não sêr quando houvesse uma situação surpresa em caso de briga real. As regras de Mestre Bimba conquistaram, também, alunos da classe média branca e as mulheres, quê eram excluídas das rodas de capoeira até então. O estilo se espalhou pelo Brasil e por diversas partes do mundo.

Página setenta e três

Fotografia em preto e branco de Mestre Bimba. Ele é um homem idoso e calvo, de óculos, usando um terno. Ele está em pé, com a mão sobre a barriga.

Mestre Bimba, o criador da capoeira regional. São Paulo (SP), 1971.

Mestre Bimba transformou a capoeira em uma atividade reconhecida social e culturalmente e, em 1932, obteve o certificado de formador e registrou sua primeira academia. Em 1953, realizou uma demonstração de capoeira para o então presidente Getúlio Vargas (1882-1954), quê declarou: “A capoeira é o único esporte verdadeiramente brasileiro”.

Depois de sobreviver a um período de perseguição, a capoeira ressignificou seus sentidos para a ssossiedade, e, em 2008, a Roda de Capoeira e o Ofícios dos Mestres de Capoeira foram reconhecidos como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ifan). Em 2014, a Roda de Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e é entendida como uma prática genuinamente brasileira. Essas ações são importantes, pois contribuem para a manutenção da capoeira e garantem a preservação da memória dos antepassados dos afrodescendentes e de suas raízes culturais.

LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho de um texto sobre a valorização do legado ancestral da cultura afro-brasileira.

Capoeiristas da PB falam sobre a importânssia do legado ancestral da cultura afro-brasileira

Presente em todo o estado, a capoeira traz consigo a valorização da identidade negra, de seus saberes e sua história

De crime previsto no cóódigo Penal brasileiro a Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a capoeira é, hoje, uma das principais manifestações culturais brasileiras e está presente em mais de 150 países, segundo levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Ifan).

Herança dos povos africanos trazidos à fôrça para serem escravizados no Brasil, ao longo da história a capoeira já foi concebida como luta, dança, esporte, folclore, ritual, prática pedagógica, terapêutica e cada vez mais tem sido assumida e reivindicada por seus praticantes como saber tradicional e movimento de resistência e emancipação social da população negra.

Página setenta e quatro

Na Paraíba, assim como na maioria dos estados do país, os grupos de capoeira estão presentes em praticamente todos os municípios do estado com trabalhos quê envolvem desde a promoção da saúde até a formação cultural e cidadã de milhares de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Neste sentido, destaca-se a contribuição do(a)s mestre(a)s, contramestre(a)s, professore(a)s, instrutore(a)s e treinéis na transformação da realidade não só de praticantes como também de famílias e comunidades inteiras através da afirmação e resgate das tradições, conhecimentos e valores da cultura afro-brasileira representada na capoeira.

Fotografia de uma garota e um homem em uma roda de capoeira no gramado de uma praça. A garota está chutando com a perna estendida para o alto enquanto o homem ginga diante dela, se movimentando lateralmente, com o tronco inclinado e um dos braços à frente do corpo. Ao fundo estão pessoas em pé batendo palmas, cantando e tocando instrumentos como pandeiro e berimbau.

Jovens praticam capoeira. Salvador (BA), 2023.
treinéis
: alunos de capoeira quê treinam outras pessoas.

Consciência

Educadora popular, ativista social e mestra do grupo Capoeira Angola palmáares de João Pessoa, Maria de Lourdes Farias Lima, a Mestra Malu, desen vólve há mais de 20 anos um trabalho com crianças e jovens do bairro do róger. Segundo ela, o universo da capoeira – a roda, o jôgo, as músicas, os instrumentos, o ritual – traz consigo uma série de princípios e fundamentos quê envolvem desde a valorização da identidade negra e da coletividade até uma revisão crítica da história brasileira e a conscientização sobre a luta por direitos.

“Quando a gente tem a possibilidade de abrir uma roda com crianças, adolescentes e jovens, nós podemos experimentar um processo formativo existencial. É se reconhecer, é pertencer. Hoje o movimento da capoeira ensina quê a gente precisa firmar esse lugar de quêm somos. É a partir do sentir, do falar, do olhar que a gente se reconhece como pertencente à matriz afro-indígena”, explicou ao Brasil de Fato PB.

Questionada sobre quê diferença a vivência da capoeira faz na vida dos capoeiristas, Mestra Malu é categórica: “Tudo!”

Página setenta e cinco

“Sabendo quem eu sou, eu posso caminhar. Eu sei para onde tênho quê caminhar porque, quando eu olhar para trás, eu tênho um lugar de pertencimento. Eu não tênho dúvidas de quem eu sou […]”, afirma a mestra.

[…]

Identidade

Com quase 30 anos de vida dedicados à capoeira, Alberto Antônio dos Santos Silva, o Contramestre Escurinho, do grupo Capoeira Badauê, também ressalta a importânssia do legado ancestral da ár-te no quê se refere ao despertar da consciência negra.

“A capoeira traz consigo toda uma ancestralidade quê reafirma a importânssia de se reconhecer como cidadão brasileiro negro, como afrodescendente, com consciência de quê tudo quê é preto é bom, é maravilhoso! Falar de capoeira é falar de vida, é falar de existência, de resistência. É falar da consciência negra de todas as horas, é o quê eu vivo”, resúme o contramestre.

Assim como mestra Malu, Escurinho também destaca a transformação quê a capoeira promove nos praticantes, sobretudo na juventude negra, ao abrir novas perspectivas através de uma espécie de realinhamento da visão sobre o passado, presente e futuro.

CABRAL, Filipe. Capoeiristas da PB falam sobre a importânssia do legado ancestral da cultura afro-brasileira. Brasil de Fato Paraíba, João Pessoa, 24 nov. 2022. Disponível em: https://livro.pw/hlyfm. Acesso em: 29 ago. 2024.

ATIVIDADES

1. Considerada uma das principais manifestações culturais brasileiras, a capoeira passou por uma transformação histórica. Como ocorreu essa mudança?

1. A prática da capoeira é uma herança dos povos africanos escravizados no Brasil e, inicialmente, foi criminalizada pelo cóódigo Penal. Ao longo da história, a capoeira foi considerada luta, dança, esporte, folclore, ritual, prática pedagógica e terapêutica. Atualmente, a capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e está presente em mais de 150 países, sêndo reivindicada por seus praticantes como saber tradicional e movimento de resistência e emancipação social da população negra.

2. De acôr-do com o texto lido, qual é o impacto da capoeira na formação cultural da comunidade da Paraíba?

2. Com o empenho dos mestres, contramestres, professores, instrutores e treinéis, quê se transformaram em verdadeiros agentes transformadores dos praticantes de capoeira e de suas comunidades, a capoeira tem contribuído para a promoção da saúde e para a formação cultural, além de promover a valorização da identidade negra e transmitir o legado ancestral da cultura afro-brasileira.

3. Para a Mestra Malu, o movimento da capoeira vai além da prática física, pois envolve um processo formativo de identidade cultural. Explique.

3. Espera-se quê os estudantes respondam quê a capoeira oferece a oportunidade de experimentar um processo de autoconhecimento e pertencimento. Esse reconhecimento se dá através do sentir, do falar e do olhar, permitindo quê os praticantes se identifiquem e se conectem com a matriz afro-indígena, por meio da roda, do jôgo, das músicas e dos instrumentos, reforçando a consciência de quem são e o valor de suas raízes.

4. Mestra Malu acredita quê, ao valorizar a identidade negra, a capoeira ábri possibilidade para uma revisão crítica da história brasileira. Reflita sobre esse aspecto e explique a importânssia dêêsse processo para a ssossiedade.

4. Espera-se quê os estudantes compreendam a valorização da identidade negra como uma oportunidade para o empoderamento da população negra, o quê ábri a possibilidade para a adoção de um posicionamento crítico em relação à segregação, ao racismo e ao apagamento das referências afro-brasileiras na ssossiedade, quê sempre acompanharam a história do Brasil, desde o período escravocrata até os dias atuáis.

5. Com uma grande experiência com a capoeira, Alberto Antônio dos Santos Silva, o Contramestre Escurinho, estabelece uma relação entre a cultura corporal de movimento e a ancestralidade. Explique essa relação, de acôr-do com o capoeirista.

5. Segundo o Contramestre Escurinho, a capoeira carrega ancestralidade capaz de reafirmar a importânssia do autorreconhecimento como cidadão brasileiro negro, da existência, da resistência e da consciência negra. Observando essa fala, espera-se quê os estudantes infiram quê, ao lutar ou jogar capoeira, atualmente, reafirmam-se e valorizam-se a ancestralidade e a cultura dos povos negros do Brasil.

INDICAÇÃO

RODA de Capoeira: Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Ifan. Disponível em: https://livro.pw/oipmw. Acesso em: 29 ago. 2024.
O vídeo apresenta a roda de capoeira.

Página setenta e seis

6. Ao se analisarem as falas da Mestra Malu e do Contramestre Escurinho, é possível afirmar quê, ao se jogar capoeira, preserva-se a identidade cultural de um povo? Forme uma roda de conversa com os côlégas e compartilhe sua justificativa.

6. Espera-se quê os estudantes respondam quê sim, pois as falas dos dois capoeiristas reafirmam a importânssia da capoeira na construção identitária dos povos negros no Brasil. Elas discorrem sobre pertencimento, afirmação cultural e empoderamento do povo negro.

7. De acôr-do com o texto lido, explique a importânssia da capoeira para o estado da Paraíba.

7. Leia mais em Orientações para o professor.

8. Em uma roda de capoeira, a ladainha é a primeira música cantada. Ao longo dela, outros tipos de cantiga são executados. Na internet ou em meio impresso, faça uma pesquisa documental para saber as características dessas cantigas na capoeira de Mestre Bimba, conhecida como capoeira regional. Depois, compartilhe as informações com a turma e verifique se os dados obtidos são semelhantes ou não aos dos côlégas.

8. Resposta pessoal. Leia mais em Orientações para o professor.

9. Faixa 2: Sem capoeira eu não vivo. Reúna-se com três côlégas para ouvir a canção “Sem capoeira eu não vivo”, do Abadá Capoeira. Em seguida, realizem as próximas etapas. A atividade póde sêr desenvolvida com o apôio do professor de Língua Portuguesa.

Transcrição da faixa de áudio 2: Sem capoeira eu não posso viver / Sou peixe fora do mar / Passarinho sem voar / Dia sem escurecer // Mesmo rastejando eu vou / Agacho para jogar / Peço ao berimbau quê toca / E a Deus para me olhar // Posso ficar sem comer / Nem á gua eu beberei / Sem capoeira não fico / Porque senão eu morrerei // Peixe fora dágua morre / O dia tem quê escurecer / E eu sem capoeira / Não sei o quê vou fazer // Passarinho sem voar / Eu sem minha capoeira / Passarinho bate asa / Eu fiquei nessa tristeza

No caderno, transcrevam a letra da canção e, depois, façam uma análise dela, observando o tema e o refrão.

Em seguida, pesquisem três canções de capoeira e também as analisem.

Comparem as lêtras das canções para verificar as semelhanças e as diferenças entre elas em relação ao tema.

Ao final, compartilhem as análises com os demais grupos.

9. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes percêbam quê a canção tem como tema a importânssia da capoeira na vida do artista e tem como público-alvo os praticantes e os admiradores da capoeira. O conteúdo retrata a capoeira como fôrça vital, determinação e resiliência para o compositor, quê se sente perdido e desamparado sem a prática.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Leia, a seguir, o trecho de um texto do filósofo Antônio Bispo dos Santos (1959-2023), conhecido como Nêgo Bispo.

Vamos para o outro lado. Tem uma roda de capoeira, e agora vêm um espanhol, quê nunca viu a capoeira. Tem cinquenta pessoas jogando capoeira, e esse quê nunca viu a capoeira, pede para entrar. póde? A capoeira é rodando, o samba é rodando, o batuque, a gira nos terreiros de umbanda e de candomblé… Tudo para nós é rodando. Tudo para os colonizadores é linear. É um olhar limitado a uma única direção.

SANTOS, Antônio Bispo dos. Somos da Terra. In: CARNEVALLI, Felipe éti áu. (org.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023. p. 12.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. O autor contrasta a organização circular de várias manifestações culturais afro-brasileiras com a organização linear dos colonizadores. Considerando as possibilidades de comunicação entre as pessoas, qual é a diferença entre uma organização circular e uma organização linear?

1. Quando as pessoas estão organizadas em círculo ou em roda, todos conseguem enxergar uns aos outros, favorecendo-se, assim, o acolhimento, as trocas e o diálogo.

2. Em sua opinião, qual das duas possibilidades a seguir favorece uma relação mais democrática: akilo quê roda ou akilo quê olha para uma única direção? Construa uma argumentação para justificar sua resposta.

2. Respostas pessoais. Leia mais em Orientações para o professor.

3. Atualmente, a roda de capoeira é praticada em diversos países. Quais são os impactos quê podem acompanhar essa expansão?

3. Leia mais em Orientações para o professor.

Página setenta e sete

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Circuito de movimentos de capoeira

Nesta seção, você terá oportunidade de vivenciar seis movimentos básicos da capoeira e compreender a função deles no jôgo entre os dois capoeiristas quê estiverem na roda. Você vai precisar de equilíbrio, agilidade e coordenação para executar todos os movimentos.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em um espaço amplo, como uma quadra ou um pátio. É preciso dividir o espaço em seis estações, uma para cada movimento da capoeira, e utilizar um giz para escrever, em frente a cada estação, o nome do movimento quê será executado.

2. Faixa 3: Histórias da capoeira. Será necessário reservar um dispositivo conectado a uma caixa de som com acesso à internet, para quê, ao longo das experiências, vocês possam ouvir músicas de capoeira.

Transcrição da faixa de áudio 3: Histórias da capoeira / Só quem sabe quem ela viveu / Eu não escolhi a capoeira / Foi ela quem me escolheu // Ê, olho histoórias da capoeira / Só quem sabe quem ela viveu / Não escolhi a capoeira / Foi ela quem me escolheu // Ê, foi o tempo de tristeza / O berimbau me ajudou / Hoje eu jôgo a capoeira / Por esse mundo com amor // Ê, a capoeira me ajudou / Com sua libertação / Me mostrou o seu caminho / Com seu berimbau na mão // Mas hoje eu agradeço a Deus / Pelo mundo quê eu sei / Mas foi pela capoeira / Que eu me apaixonei // Ê, mas histoórias da capoeira / Só quem sabe quem ela viveu / Eu não escolhi a capoeira / Foi ela quem me escolheu // Ê, não escolhi a capoeira / Foi ela quem me escolheu

3. Antes de iniciar a atividade, é preciso organizar seis grupos e distribuí-los pelas seis estações. Caso haja estudantes com conhecimento sobre a capoeira, eles podem atuar como mentores nos diferentes grupos.

Praticar

1. Forme uma dupla com um colega, para quê vocês corrijam um ao outro em cada estação. Vocês podem revezar as funções, corrigindo ou realizando os movimentos, a cada duas execuções.

2. Cada estação terá em média quatro minutos de duração.

Estação 1: ginga. O corpo permanéce relaxado, enquanto a pélvis realiza um movimento circular, promovendo a transferência de peso de uma perna para a outra. As pernas avançam e recuam, com alternância entre o pé quê está na frente e o pé quê está atrás. Os braços acompanham o balanço do corpo, movendo-se para proteger a cabeça. Durante o jôgo de capoeira, a ginga permite ao capoeirista:

mover-se em qualquer direção, nível ou plano;

afastar-se ou aproximar-se do seu oponente;

subir ou descer no momento oportuno;

desvencilhar-se para o lado, de acôr-do com o golpe aplicado pelo oponente;

ter uma base quê o deixe girar, torcer o corpo, saltar, chutar etc.;

ter uma visão ampla de seu oponente.

Ilustração representando um garoto descalço gingando, em quatro etapas. Elas são as seguintes: 1. Com os pés paralelos e as pernas afastadas e flexionadas, ele ergue o braço esquerdo à frente do peito, com o braço direito ao lado da cintura; 2. Ele pisa atrás com o pé direito, erguendo o braço direito à frente, e estendendo o braço esquerdo para trás, à altura da cintura; 3. O pé direito retorna à posição inicial, paralelo com o pé esquerdo; 4. Ele pisa atrás com o pé esquerdo, erguendo o braço esquerdo à frente, e estendendo o braço direito para trás, à altura da cintura.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento ginga.

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Estação 2: meia-lua de frente. Com uma das pernas, realiza-se um semicírculo frontal (de fora para dentro), similar ao traçado de uma meia-lua. O movimento póde sêr realizado com a mássima amplitude pela perna à frente do corpo, em projeção até a altura da cabeça do oponente. No jôgo de capoeira, as funções da meia-lua de frente são:

atacar;

atrair o oponente para aplicar um outro golpe;

atingir maior eficiência no ataque ou contra-ataque, combinando-a com outro movimento.

Ilustração representando um garoto descalço executando a meia-lua de frente, em cinco etapas. Elas são as seguintes: 1. Com os pés paralelos e as pernas afastadas e flexionadas, ele ergue o braço direito à frente do peito, com o braço esquerdo ao lado da cintura; 2. Ele ergue a perna direita estendida em diagonal, para fora, iniciando um chute que desenha um arco que gira no sentido anti-horário no ar; 3. O chute atinge o ponto mais alto alinhado à frente do corpo do garoto, à altura da cabeça, no meio do arco desenhado no ar, para iniciar a descida; 4. O chute termina com o pé próximo ao chão, no lado oposto ao da perna que chutou, completando o giro do arco desenhado no ar, sem tocar o pé no chão; 5. O pé direito volta a tocar o chão após executar a meia-lua de frente, retornando à base com as pernas paralelas e afastadas, com os joelhos flexionados e o braço direito à frente do peito.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento meia-lua de frente.

Estação 3: queixada. Movimento inverso e complementar ao da meia-lua de frente, é realizado com uma das pernas formando um semicírculo frontal (de dentro para fora) com toda a amplitude, até tentar atingir a distância da altura do queixo do oponente. No jôgo de capoeira, as funções da queixada são:

atacar;

atrair o oponente para aplicar um outro golpe;

atingir maior eficiência no ataque ou contra-ataque, combinando-a com outro movimento.

Ilustração representando um garoto descalço executando a queixada, em cinco etapas. Elas são as seguintes: 1. Com os pés paralelos e as pernas afastadas e flexionadas, ele ergue o braço direito à frente do peito, com o braço esquerdo ao lado da cintura; 2. Ele ergue a perna direita estendida em diagonal, para dentro, iniciando um chute que desenha um arco que gira no sentido horário no ar; 3. O chute atinge o ponto mais alto alinhado à frente do corpo do garoto, à altura do queixo, no meio do arco desenhado no ar, para iniciar a descida; 4. A perna direita desce desenhando um arco no lado oposto ao do início do movimento, completando o semicírculo desenhado no ar em direção ao chão; 5. O pé direito volta a tocar o chão após executar a queixada, retornando à base com as pernas paralelas e afastadas, com os joelhos flexionados e o braço direito à frente do peito.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento queixada.

Estação 4: cocorinha. Para realizá-la, o capoeirista executa um agachamento e apóia a palma de uma das mãos no chão, enquanto a outra permanéce na altura da testa, para proteger o rrôsto. No jôgo de capoeira, as funções da cocorinha são:

defender o capoeirista de movimentos altos de ataque do oponente;

permitir a aproximação ou o afastamento do oponente;

viabilizar a saída do ataque do oponente;

permitir a aproximação do centro do oponente, garantindo um lugar seguro para a visão de várias possibilidades de ataque ou contra-ataque.

Ilustração representando um garoto descalço executando a cocorinha, em cinco etapas. Elas são as seguintes: 1. Com os pés paralelos e as pernas afastadas e flexionadas, ele ergue o braço esquerdo à frente do peito, com o braço direito ao lado da cintura; 2. Ele recua a perna direita para trás e começa a se agachar, erguendo o braço direito à frente do peito e recuando o braço esquerdo em direção à cintura; 3. O garoto se agacha, apoiando-se nos pés e na mão esquerda ao lado do pé esquerdo, com o braço direito erguido, protegendo o rosto; 4. Ele se levanta, mantendo o braço direito erguido à frente do rosto, com a perna direita atrás e a perna esquerda à frente; 5. O garoto volta à posição inicial, com os pés paralelos e afastados, com os joelhos flexionados e o braço esquerdo à frente do peito.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento cocorinha.

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Estação 5: negativa. É o prolongamento da cocorinha: a posição do corpo permanéce semifechada (ao invés de fechada, como na cocorinha), com uma das pernas estendida, mas com o joelho semiflexionado e o braço de apôio do mesmo lado da perna estendida com a palma da mão apoiada no chão. No jôgo de capoeira, as funções da negativa são:

defender;

permitir a neutralidade e a locomoção;

contra-atacar.

Ilustração representando um garoto descalço executando a negativa, em cinco etapas. Elas são as seguintes: 1. Com os pés paralelos e as pernas afastadas e flexionadas, ele ergue o braço esquerdo à frente do peito, com o braço direito ao lado da cintura; 2. Ele recua a perna esquerda para trás e começa a se agachar, mantendo o braço esquerdo à frente do peito; 3. Ele se agacha apoiando-se no pé direito e na mão esquerda, com a perna esquerda estendida à frente, erguendo o braço direito à frente do rosto; 4. Ele se levanta, recuando a perna esquerda para trás, abaixando o braço direito e erguendo o braço esquerdo em direção ao rosto; 5. Ele retornando à base inicial, com as pernas paralelas e afastadas, com os joelhos flexionados e o braço esquerdo à frente do peito.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento negativa.

Estação 6: rolê. Nesse movimento, o corpo gira ao redor do próprio eixo, enquanto se apóia uma mão de cada vez no chão, simultaneamente aos pés. No jôgo de capoeira, as funções do rolê são promover:

a mudança da posição do corpo, para transformar uma situação de defesa em ataque, uma abertura em fechamento ou uma entrada em saída (e vice-versa);

o deslocamento em várias direções.

Ilustração representando um garoto descalço executando o movimento rolê, em três etapas. Elas são as seguintes: 1. O garoto está agachado, com a perna esquerda estendida à frente, apoiando-se sobre o pé direito e a mão esquerda, com o braço direito erguido em frente ao rosto; 2. O garoto faz um giro com o corpo para o lado direito, apoiando as mãos no chão e dando um passo com a perna esquerda, com o quadril elevado, para completar o giro; 3. O garoto completa o giro, voltando à posição inicial, agachado, com a perna esquerda estendida à frente, apoiando-se sobre o pé direito e a mão esquerda, com o braço direito erguido em frente ao rosto.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento rolê.

Avaliar

Depois de participar das estações com os movimentos de capoeira, compartilhe com os côlégas e o professor suas percepções sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Como você descreve sua experiência ao praticar os movimentos de capoeira? Quais movimentos você achou mais desafiadores e como lidou com essas dificuldades?

2. Ao colaborar com seu parceiro nas estações, quais dicas você ofereceu para melhorar a execução dos movimentos? Como as sugestões quê você recebeu influenciaram a sua própria execução?

3. Como você avalia a acessibilidade da capoeira para pessoas com diferentes níveis de aptidão física? Quais adaptações podem sêr feitas para respeitar os limites individuais?

4. De quê forma você identificou as funções de ataque, contra-ataque e defesa nos movimentos praticados? Como essas funções se manifestaram durante a execução dos movimentos?

5. Como você percebeu a importânssia do equilíbrio, da agilidade e da coordenação nos movimentos de capoeira? Dê exemplos de como esses elemêntos se integraram na prática de cada movimento.

6. Ao praticar os movimentos da capoeira, quais reflekções você fez sobre a criação dêêsses gestos pêlos africanos escravizados no Brasil? Como essa história impacta sua compreensão da capoeira praticada atualmente?

7. Você percebeu a sequência de progressão da ginga até o rolê?

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