CAPÍTULO
11
ESPORTE TÉCNICO-COMBINATÓRIO, GINÁSTICA DANÇAS GERAL E DANÇAS URBANAS

Fotografia de um homem de chapéu dançando breaking em uma praça, com o corpo deitado de lado no ar, apoiado na ponta de um dos pés e em uma das mãos no chão. Ele estende o outro braço para o alto, apoiando a perna que está suspensa sobre a perna que está apoiada. Atrás dele há uma fileira de jovens que o observam e dançam.

Jovens praticam dança urbana na Cidade do México (México). Fotografia de 2023.

Leia mais explicações e sugestões dêste Capítulo em Orientações para o professor.

No Capítulo 11, você vai se dedicar às práticas corporais quê dialogam com o universo das artes. Essas manifestações da cultura corporal de movimento se expressam por meio de danças urbanas, ginástica geral e esportes técnico-combinatórios.

No Tópico 1, você vai refletir sobre a ginástica artística e praticar alguns movimentos ginásticos.

No Tópico 2, você vai estudar o circo e vivenciar algumas acrobacias circenses. No Tópico 3, você vai aprender alguns passos de breaking e entrar em contato com a cultura rip róp.

Os esportes técnico-combinatórios são uma categorização de diferentes modalidades esportivas quê envolvem a execução de uma sequência de movimentos a sêr avaliada por uma banca de juízes. Nesses esportes estão incluídas, por exemplo, a ginástica artística e a ginástica rítmica. A ginástica geral (ou ginástica para todos) é uma modalidade não competitiva quê agrupa práticas corporais quê envolvem acrobacias e expressão corporal. As danças urbanas se reférem às modalidades de danças quê surgiram em contextos urbanos e incluem estilos como o locking, o popping, o waving, o animation, o breaking, o house dance, entre outros.

Com base nessas informações, obissérve a fotografia reproduzida nesta página e responda: qual é a prática corporal retratada?

Espera-se quê os estudantes comentem quê a fotografia retrata o breaking, um estilo de dança urbana.

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TÓPICO
1
Representatividade negra na ginástica artística

Infográfico clicável: Ginástica artística.

A ginástica nasceu na Grécia Antiga, onde a aptidão física era valorizada e recomendada pêlos filósofos como uma forma de combinar as atividades física e intelectual. Na Roma Antiga, também se praticava ginástica, mas com foco na preparação física dos soldados.

A ginástica artística – modalidade quê une ginástica e exercícios de aparelhos como solo, barra, cavalo e argola – esteve presente em todas as edições olímpicas da Era Moderna, embora a participação feminina só tenha sido incluída nos Jogos de Amsterdã, na Holanda, em 1928.

No Brasil, a história da ginástica começa pela Região Sul, trazida por migrantes alemães no fim do século XIX. Em 1951, o esporte foi oficializado no país, e, desde então, a ginástica artística brasileira vêm formando atletas, como os medalhistas olímpicos e mundiais artúr Nory Mariano (1993-), artúr Zanetti (1990-), Carolyne Pedro (2000-), Daiane dos Santos (1983-), Daniele Hypólito (1984-), Diego Hypólito (1986-), Flávia Saraiva (1999-), Jade Barbosa (1991-), Júlia Soares (2005-), Lorrane Oliveira (1998-) e Rebeca Andrade (1999-).

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. Quais são os seus conhecimentos sobre a ginástica artística?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes associem a ginástica às conkistas olímpicas da atleta Rebeca Andrade e conheçam as provas e alguns elemêntos técnicos da modalidade.

2. Você já executou algum fundamento ginástico, como rolamentos, parada de mão, estrela, entre outros movimentos? Se sim, como foi a experiência?

2. Respostas pessoais. É possível quê os estudantes tênham aprendido a executar os rolamentos para frente e para trás, a parada de mãos, a estrela, os equilíbrios com redução da base de apôio, os saltos ginásticos, entre outros movimentos quê fazem parte da ginástica artística e da ginástica geral.

Durante dékâdâs, a ginástica feminina foi dominada por países europêus orientais, sêndo associada a corpos de pessoas jovens e brancas. Esse estereótipo começou a mudar em 2003, a partir da consagração da brasileira Daiane dos Santos como campeã mundial no solo.

Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Rebeca Andrade conquistou quatro medalhas na ginástica artística, entre elas o ouro na final do solo. Somando as duas medalhas quê já havia conquistado em Tóquio 2020, ela esteve em seis pódios em olimpíadas e se tornou a maior medalhista olímpica do Brasil.

Fotografia de Rebeca Andrade. Ela é uma ginasta, vestida com um collant com a forma de maiô, realizando uma pose em uma apresentação de solo. Ela está em pé, com uma das pernas flexionada à frente, apoiada na ponta do pé, com os braços erguidos ao lado do corpo, à altura da cabeça.

Rebeca Andrade em perfórmance quê lhe rendeu uma medalha de ouro na final individual de solo da ginástica feminina dos Jogos Olímpicos, em Paris (França). Fotografia de 2024.

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LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho de um artigo de opinião quê trata do triunfo das mulheres brasileiras no esporte e seus desdobramentos.

Mulheres de ouro: as atletas brasileiras e a perspectiva interseccional nas Olimpíadas

Nas últimas dékâdâs, o Brasil tem assistido ao crescimento da visibilidade de mulheres atletas no cenário esportivo e midiático internacional. Esse cenário é ainda mais interessante quando esta visibilidade não está associada à hipersexualização dos corpos das mulheres atletas, como comumente era visto em anos anteriores. O ponto alto em torno dessa discussão no âmbito social foram os resultados das Olimpíadas da França [em 2024]. Rebeca Andrade (Ginástica), Beatriz Souza (Judô) e a dupla Duda e Ana Patrícia (Vôlei de praia) foram as únicas atletas, entre homens e mulheres, a conquistarem o pódio mais alto nesta edição dos Jogos Olímpicos. […]

Fotografia de Beatriz Souza. Ela é uma mulher de cabelos cacheados, usando uma tiara, segurando uma medalha de ouro pendurada ao pescoço.

Marta (futeból), Rafaela Silva (judô) e a dupla Duda e Ana Patrícia (vôlei de praia) são exemplos de como mulheres brasileiras não apenas enfrentam desafios esportivos, mas também ultrapassam barreiras históricas e sociais. Mulheres quê, na maioria das vezes, vieram de origens humildes, enfrentam racismo, machismo e falta de investimento. Suas histoórias de luta são potentes em um país onde a desigualdade de gênero e raça ainda marca profundamente as oportunidades, condições de trabalho e os acessos a certos espaços.

Fotografia de Rebeca Andrade. Ela é uma mulher de cabelos presos em tranças longas, usando maquiagem nos olhos, segurando uma medalha de ouro pendurada ao pescoço.

Rebeca Andrade, em particular, personifica o triunfo de quêm atravessou essas camadas de opressão para se tornar uma figura de destaque mundial. Nascida na periferia de Guarulhos, em São Paulo, Rebeca enfrentou dificuldades financeiras, lesões que poderiam ter encerrado sua carreira d fórma precoce e é advinda de um projeto social. Nesta perspectiva, é essencial adotar uma abordagem interseccional neste debate, o termo cunhado por Kimberlé Crenshaw, quê aborda como diferentes formas de discriminação (gênero, raça, classe, geográfica, entre outras) se cruzam e criam experiências únicas de opressão ou privilégio. No caso das mulheres atletas brasileiras, essa abordagem adensa as complexidades de suas trajetórias e chegada ao pódio mundial.

Fotografia de Duda e Ana Patrícia. Elas são duas mulheres com os cabelos presos, sorrindo e segurando medalhas de ouro penduradas ao pescoço.

Fotografias das atletas Beatriz Souza (judô), Rebeca Andrade (ginástica) e a dupla Duda e Ana Patrícia (vôlei de praia), quê conquistaram as três medalhas de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris (França).Fotografias de 2024.

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[…]

Nesse âmbito, Rebeca Andrade destaca-se como um exemplo vivo do debate sobre a interseccionalidade nos esportes. Negra e vinda da periferia, ela representa uma conkista quê vai além do esporte: sua vitória é também a vitória de uma classe social quê historicamente tem menos oportunidades e de um grupo racial quê ainda enfrenta marginalização estrutural. Em paralelo ao seu sucesso nos ginásios, Rebeca também se tornou uma figura central no marketing esportivo brasileiro. Ela está à frente de grandes campanhas publicitárias, associando-se a marcas de peso e representando uma mudança no modo como o esporte feminino é percebido e comercializado. O atrelamento da imagem da atleta ao empoderamento feminino, à diversidade racial e ao triunfo pessoal, tornando-se uma fonte de inspiração para milhões de meninas brasileiras, especialmente negras e periféricas, tem seu valor. Todavia, ele dialoga também com o feminismo de mercado (Barreto Januário, 2022) e a comoditização de pautas feministas e femininas, quê vendem o individual como um empoderamento coletivo, algo quê não poderia sêr mais falacioso. […]

Barrêto JANUÁRIO, Soraya. Mulheres de ouro: as atletas brasileiras e a perspectiva interseccional nas Olimpíadas. Rio de Janeiro: Leme, set. 2024. Disponível em: https://livro.pw/razgl. Acesso em: 4 out. 2024.

ATIVIDADES

1. De acôr-do com o texto, é possível afirmar quê as mulheres atletas brasileiras têm crescido em visibilidade no cenário esportivo e midiático internacional? Explique.

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes infiram quê sim, especialmente pelo pódio conquistado pelas atletas Rebeca Andrade (ginástica), Beatriz Souza (judô) e a dupla Duda e Ana Patrícia (vôlei de praia) nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

2. Como você analisa o cenário esportivo atual para as mulheres, considerando a hipersexualização dos corpos das mulheres atletas?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes infiram quê o cenário das mulheres no esporte se torna mais interessante quando o foco está associado ao dêsempênho das atletas e não à hipersexualização dos corpos delas, como comumente era visto em anos anteriores. Contudo, há muito o quê se fazer, principalmente em relação à objetificação do corpo feminino na ssossiedade.

3. O conceito de interseccionalidade foi criado em 1989 pela estadunidense Kimberlé Crenshaw (1959-), pesquisadora e defensora dos direitos civis. Em sua opinião, de quê forma a interseccionalidade se relaciona com o esporte feminino? Justifique sua resposta e compartilhe-a com os côlégas e o professor.

3. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes considerem quê a interseccionalidade aborda como diferentes formas de discriminação se entrelaçam na identidade de uma pessoa e criam experiências únicas de opressão ou privilégio. No caso das mulheres atletas brasileiras, essa abordagem adensa as complexidades de suas trajetórias e a chegada delas ao pódio mundial.

4. De quê forma atrelar a imagem da atleta ao empoderamento feminino póde minimizar a reflekção sobre as pautas das mulheres no esporte? Reflita com os côlégas e o professor.

4. O atrelamento da imagem da atleta ao empoderamento feminino, à diversidade racial e ao triunfo pessoal favorece a inspiração e a valorização de milhões de meninas brasileiras, especialmente negras e periféricas. Mas também estabelece um diálogo com o feminismo de mercado e a comoditização das pautas feministas e femininas, quê vendem o individual como um empoderamento coletivo.

5. De quê forma podem sêr superadas as barreiras ligadas às kestões raciais e sociais quê impedem o acesso a oportunidades?

5. É importante quê haja investimentos em programas de base, quê ofereçam treinamento esportivo com acesso gratuito ou de baixo custo. Esse tipo de ação póde sêr viabilizada por meio de parcerias entre governos, Organizações Não Governamentais (ônguis) e empresas privadas. O esporte também póde sêr inserido no contexto escolar e em atividades extracurriculares, permitindo quê várias crianças e adolescentes espalhados pelo país tênham acesso a práticas esportivas. Em paralelo, diversas políticas públicas devem estar alinhadas para garantir igualdade e equidade social.

INDICAÇÃO

É OURO! Rebeca Andrade brilha na final do solo em Paris | Olimpíadas 2024 | sportv. [S. l.: s. n.], 2024. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal GE. Disponível em: https://livro.pw/ejypz watch?v=YtkCv-9-c6Y. Acesso em: 4 out. 2024.
O vídeo apresenta a conkista da medalha de ouro olímpica por Rebeca Andrade nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

AMPLIAR

Na ginástica artística feminina, são disputadas seis provas; na ginástica artística masculina, oito provas, conforme indicado a seguir.

Ginástica feminina: salto, barras assimétricas, trave de equilíbrio, solo, individual geral e equipes.

Ginástica masculina: argolas, barra fixa, barras paralelas, cavalo com alças, salto, solo, individual geral e equipes.

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REFLETIR E ARGUMENTAR

Nos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, a atleta Simone Biles (1997-), favorita à medalha de ouro em todas as provas da ginástica, surpreendeu o mundo ao se retirar da competição nas finais individuais para cuidar de sua saúde mental.

Observe a charge publicada em um jornál estadunidense sobre o assunto.

Charge representando Simon Biles. Ela é uma ginasta, realizando uma posição acrobática sobre uma trave de equilíbrio, carregando um enorme globo nas costas em que está escrito, em inglês: 'Saúde mental'.

ADDER, máicou de. Mental health balance beam. Uóchinton Post, Uóchinton, D.C., 29 jul. 2021. Disponível em: https://livro.pw/zxwkx. Acesso em: 4 out. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Como a pressão para a obtenção de um dêsempênho de alta perfórmance afeta a saúde mental de atletas e outros indivíduos em suas respectivas áreas de atuação?

1. A expectativa por resultados excepcionais resulta em um estado de ansiedade permanente. Esse estresse prolongado prejudica o bem-estar mental, levando à exaustão emocional, quê vêm acompanhada de cansaço físico e mental.

2. Qual é a importânssia de uma atleta com a relevância de Simone Biles assumir publicamente a necessidade de tratar da sua saúde mental? Justifique a sua resposta e compartilhe-a com os côlégas e o professor.

2. Espera-se quê os estudantes comentem quê Simone Biles é uma das maiores atletas de todos os tempos, e, ao assumir publicamente quê precisava se afastar do esporte para cuidar da sua saúde mental, a atleta pautou um debate fundamental sobre um problema quê acomete milhares de pessoas, quê muitas vezes, por preconceito ou ignorância, silenciam e não buscam ajuda.

3. De quê modo a interseccionalidade póde contribuir para a compreensão dos fatores estressantes e seus impactos na saúde mental de atletas como a Simone Biles? Argumente seu ponto de vista.

3. A interseccionalidade ajuda a entender quê os fatores estressantes da vida de um atleta de alto rendimento (rotinas de treino, alimentação, lesões, resultados etc.) são acompanhados de outros fatores inerêntes à sua realidade, por exemplo, racismo e machismo, quê aprofundam os prejuízos à saúde.

4. Em sua opinião, como é possível lidar com as situações de estresse do cotidiano sem prejudicar a saúde mental?

4. Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes infiram quê é importante reconhecer quais fatores desencadeiam o estresse para adotar medidas proativas, quê reduzem o impacto do estresse e promóvem a saúde mental. Os sinais físicos e emocionais do estresse quê podem sêr identificados no nosso corpo incluem cansaço, irritabilidade, ansiedade e insônia. O exercício físico, o sono regular, a alimentação balanceada, a organização das tarefas, a definição de prioridades, a meditação e o mindfulness são algumas ações quê colabóram para o alívio do estresse.

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CONEXÕES com...
HISTÓRIA
Guerra Fria e Nadia Comaneci

Desde a primeira edição olímpica, vários atletas construíram grandes histoórias na ginástica artística, e uma das mais emblemáticas foi protagonizada pela romena Nadia Comaneci (1961-), nos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976, com a conkista de cinco medalhas e a nota 10 perfeita. Com apenas 14 anos, Nadia tornou-se a maior estrela da ginástica, mas essa vitória trousse muitos tráumas à sua vida, custando a sua liberdade em um país liderado por um ditador, na época da Guerra Fria. Foi preciso fugir do país, atravessar a fronteira até a Hungria e pedir asilo aos Estados Unidos para começar uma nova vida. Essa história é contada no documentário A ginasta e o ditador.

A seguir, leia o trecho de uma análise do filme feita pelo professor Marcelo Cardoso.

A lendária Nadia Comaneci e sua fantástica história

[…]

A atleta nasceu em 12 de novembro de 1961, apenas três meses após a construção do Muro de Berlim. Na época o mundo estava dividido em dois blocos: os chamados “comunistas”, liderados pela extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e os capitalistas, cuja potência maior eram os Estados Unidos da América.

O documentário é fortemente tocado por êste contexto de Guerra Fria e mostra como a ginasta se transformou em uma estrela (da noite) para o dia. Em 1967, o país começou a sêr liderado por Nicolae Ceausescu, quê surgiu com o extremo apôio da população e abriu a Romênia para o mundo, desenvolvendo-a, porém, mudou sua posição anos mais tarde, transformando-se em um ditador cruel.

Como era costume, em muitos países se utilizava da fôrça do esporte como arma de propaganda ideológica, e Nadia, uma romena, se tornara “a heroína do trabalho socialista”, principalmente pelo fato de quê os soviéticos dominavam a modalidade esportiva no bloco comunista. As impressões sobre a carreira e como enxergava a sua vida no país são narradas pela própria ginasta e entremeadas por depoimentos como o de um ex-coronel da polícia secreta da Romênia ou do técnico quê a descobriu, o húngaro Béla Károlyi.

CARDOSO, Marcelo. A lendária Nadia Comaneci e sua fantástica história. São Paulo: Jornalismo esportivo ECA/USP, 30 maio 2020. Disponível em: https://livro.pw/ufxjj. Acesso em: 4 out. 2024.

1. O quê representou a conkista olímpica de Nadia Comaneci nos Jogos Olímpicos de Montreal em 1976?

1. A sua conkista inédita da primeira nota 10 perfeita da história da ginástica não foi apenas um feito desportivo, mas também um sín-bolo de pôdêr e prestígio para o regime comunista romeno, liderado por Nicolae Ceausescu.

2. Qual foi o impacto quê a ascensão esportiva de Nadia Comaneci ocasionou em sua vida pessoal?

2. Nadia enfrentou uma intensa vigilância e um contrôle do regime ditatorial do seu país. Sua fama foi explorada para promover a ideologia comunista, mas ao mesmo tempo isso limitou sua liberdade pessoal. Sua vida era monitorada pelo govêrno, o quê causou grande sofrimento emocional e psicológico, levando-a a fugir da Romênia.

3. Qual era a divisão ideológica do mundo na época em quê Nadia Comaneci tornou-se a maior referência da ginástica mundial?

3. No contexto da Guerra Fria, o mundo estava dividido entre dois blocos ideológicos principais: o bloco comunista, liderado pela extinta União Soviética (ú érri éssi éssi), e o bloco capitalista, liderado pêlos Estados Unidos.

4. Qual foi a influência dessa divisão ideológica na carreira de Nadia Comaneci?

4. O esporte era usado como ferramenta de propaganda política, e a conkista de cinco medalhas nos Jogos Olímpicos de 1976 foi vista como um triunfo não apenas dela, mas também do sistema político quê a formou.

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OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Circuito de ginástica artística

Nesta atividade, você terá a oportunidade de participar de um circuito de ginástica, quê promove a melhoria da fôrça, da resistência muscular, da flexibilidade, da potência, do equilíbrio e da atenção. Todos os movimentos e as posturas trabalhados neste circuito fazem parte da ginástica geral e são desenvolvidos na fase inicial da aprendizagem do esporte técnico-combinatório ginástica artística.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em um espaço amplo, como uma quadra, um pátio ou uma sala. É preciso dividir o espaço em três estações, cada uma contemplando um movimento ginástico diferente. Serão usados os seguintes materiais: tatame, colchonetes e banco sueco (ou trave de equilíbrio).

2. É importante manter a concentração durante a execução dos movimentos, para garantir a própria segurança.

3. Antes de iniciar a atividade, a turma deverá se organizar em grupos, quê se revezarão entre as três estações. Caso haja estudantes com conhecimentos sobre a ginástica artística, é possível designá-los à função de mentores nos diferentes grupos.

Praticar

1. Antes de iniciar o circuito, é preciso realizar uma série de alongamentos para os pés, as mãos, os membros superiores e os membros inferiores, sôbi as orientações do professor.

2. Forme dupla com um colega do seu grupo, para quê vocês corrijam um ao outro em cada estação.

Revezem as funções durante a execução das posições e dos movimentos ginásticos nas estações.

3. Os grupos permanecerão durante seis minutos, em média, em cada estação.

Estação 1: parada de mãos

Inicie a atividade na posição em pé sobre um tatame, de costas para a parede, e apoie as mãos no chão com os braços estendidos.

Em seguida, apoie os pés na parede, escalando-a, enquanto as mãos se aproximam da parede, até atingir a posição invertida, com a face voltada para a parede e o corpo totalmente estendido.

Certifique-se de quê os seus braços conseguem realizar a fôrça necessária para sustentar o seu peso corporal. Para isso, execute o movimento lentamente e com o apôio do colega de dupla.

Ilustração de uma garota executando uma parada de mãos em quatro etapas, apoiando-se em uma parede, com a ajuda de outra garota. As etapas são as seguintes: 1. Com as mãos apoiadas no chão e os braços estendidos na vertical, a garota apoia um pé na parede. 2. Com auxílio de uma colega, a garota apoia a sola dos dois pés na parede, com as pernas unidas e estendidas, formando um ângulo reto em relação ao tronco, que está na vertical, alinhado com os braços apoiados no chão pelas palmas das mãos.  3. A colega segura uma das pernas da garota para que ela possa elevar as pernas cada vez mais, dando passos na parede em direção ao alto. 4. A garota se aproxima da parede, dando passos com os braços em direção a ela, e fica com o corpo totalmente estendido na vertical, diante da parede, com a ajuda da colega, que segura as pernas da garota na parada de mãos, para que ela possa se equilibrar.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento parada de mãos.

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Estação 2: avião sobre o banco sueco invertido (ou sobre a trave)

apóie um pé sobre a trave, com o joelho totalmente estendido, e eleve a outra perna estendida para trás, enquanto o tronco é inclinado para frente, mantendo as costas retas.

Olhe para frente e estenda os braços lateralmente, na linha dos ombros.

Ilustração de uma garota executando um avião, se equilibrando sobre a tábua de um banco de madeira com o assento voltado para baixo, apoiado no chão. A garota está com uma das pernas estendida para trás, deitando o tronco para a frente, com os braços abertos. Ela fica com o corpo quase na horizontal, à exceção da perna que está estendida na vertical, apoiada no banco. Ao lado dela está uma colega, que a observa enquanto ela executa a posição do avião.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento avião sobre o banco sueco invertido (ou sobre a trave).

Estação 3: estrela (ou roda)

Inicie na posição em pé com uma perna à frente da outra e flexione o tronco à frente com os braços estendidos.

Quando as mãos estiverem quase tokãndo o solo, realize um quarto de giro em rotação lateral com o tronco, para abordar o solo com uma das mãos e depois a outra, enquanto a perna quê estiver atrás for lançada para o alto, passando lateralmente pelo apôio invertido, com os joelhos estendidos e as pernas afastadas ao mássimo, até retornar à posição em pé.

Ilustração de uma garota executando uma estrela em seis etapas, com o auxílio de uma colega. As etapas são as seguintes: 1. Com a perna direita estendida atrás e a perna esquerda flexionada à frente, a garota inclina o corpo em diagonal para a frente, com a coluna alinhada, estendendo os braços para o alto. 2. A garota ergue a perna de trás e deita o corpo no ar na horizontal, dirigindo os braços ao chão. 3. A garota inicia a estrela, apoiando a mão esquerda no chão, erguendo a perna direita para o alto, estendida, e salta com a perna esquerda que estava apoiada, estendendo-a e tirando o pé do chão, à medida que o corpo gira e avança. Ao lado dela está uma colega que acompanha o movimento da garota, pronta para sustentá-la pela cintura ou pelas pernas, caso ela se desequilibre no movimento da estrela. 4. A garota apoia as duas mãos no chão, com os braços levemente afastados e com o tronco na vertical, afastando as pernas estendidas no ar. A colega acompanha o movimento da garota, pronta para sustentá-la pela cintura ou pelas pernas, caso ela se desequilibre. 5. A garota chega ao final da estrela olhando para o lado oposto ao lado em que começou o movimento, chegando ao chão primeiro com a perna direita e com o corpo deitado no ar, soltando os braços do chão; e em seguida usando o peso da perna esquerda, que está estendida em diagonal para o alto, para girar o tronco para trás, erguendo-se no sentido vertical. 6. A garota conclui a estrela em pé, com a postura ereta e os braços erguidos para o alto.

Ilustração demonstrativa de execução do movimento estrela (ou roda).

Avaliar

Depois de participar do circuito de ginástica, compartilhe com os côlégas e o professor a sua percepção sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Durante os movimentos ginásticos, você conseguiu manter o equilíbrio nas posições estáticas?

2. Você se sentiu seguro com o auxílio do colega? Ao auxiliá-lo, você melhorou a consciência sobre a sua própria execução?

3. Em quais momentos você percebeu a demanda por resistência muscular, flexibilidade, potência e equilíbrio?

4. Executar e aprimorar esse circuito fora do ambiente escolar podem ajudá-lo a se manter ativo?

5. De quê modo a prática de ginástica contribuiu para a compreensão sobre você e sobre o outro?

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TÓPICO
2
O universo do circo

As atividades circenses são milenares, com registros da prática de contorcionismos, equilíbrios e acrobacias quê datam de quase 5 mil anos, na chiina. No Egito Antigo e na Grécia Antiga, aconteciam procissões com animais exóticos e apresentações de equilibristas e acrobatas para saudar generais quê voltavam de guerras. Na Roma Antiga, os anfiteatros, grandes construções circulares ou ovais com uma arena ao centro, serviam de palco para espetáculos e combates com gladiadores e animais.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. O circo é uma manifestação artística e cultural. O quê você conhece sobre o circo?

1. Resposta pessoal. É possível quê os estudantes associem o circo a uma estrutura de lona, com picadeiro, onde acontecem diversas apresentações de artistas, como trapezistas, equilibristas, palhaços, mágicos etc.

2. De acôr-do com seus conhecimentos sobre o circo, quais números circenses mais despertam o seu interêsse? Justifique.

2. Respostas pessoais. Ao expor o quê sabem do universo circense, incentive os estudantes a manifestar o quê mais desperta o interêsse deles no circo. Eles poderão citar trapezistas, equilibristas, contorcionistas, ou artistas como os mágicos e os palhaços.

3. Você já teve a oportunidade de acompanhar um espetáculo de circo? Essa experiência ocorreu presencialmente ou por meio de platafórmas digitais? Compartilhe com os côlégas e o professor.

3. Respostas pessoais. Leia mais em Orientações para o professor.

O circo como conhecemos hoje, com uma estrutura circular coberta por uma lona e um picadeiro central, tem origem no final do século XVIII, na Inglaterra, quando o oficial da cavalaria britânica fílip Astley (1742-1814) apresentava shows equestres com apelo militar. Aos poucos, foram sêndo introduzidas novas atrações, como a participação de saltimbancos, artistas de rua quê realizavam acrobacias, saltos e outros números. Esse modelo de espetáculo se espalhou pela Europa no século XIX e teve seu apogeu no século XX.

Fotografia aérea de um circo ao lado de uma via pública, em uma cidade com casas e edifícios baixos. O circo tem duas grandes tendas, e é circundado por ônibus e trailers.

Tendas de circo montadas na cidade de Mirassol (SP). Fotografia de 2023.

Página duzentos e quarenta e nove

No Brasil, o circo chegou no final do século XVIII, quando grandes companhias europeias deram origem ao “circo-família”, administrado por famílias de artistas, quê adotavam um estilo de vida nômade, apresentando-se em diversas cidades.

Atualmente, alguns circos são administrados por empresários quê financiam as apresentações, alguns dos quais com escolas de circo quê formam os artistas. Ainda quê o circo passe por modificações ao longo do tempo, os espetáculos continuam investindo em performances corporais quê encantam e muitas vezes parecem desafiar a própria física.

LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho de um livro quê apresenta o circo como experiência antropológica, explorando a simbologia dessa expressão artístico-cultural.

Etnopoiesis circense

[…]

O circo e seus artistas ocupam um lugar especial na cultura e no coração das pessoas; pois também o espectador está imérso na paisagem, participa da “carne do mundo”, ri e sofre com as coisas do circo. Ele ri e sofre com as coisas do circo porque o circo e seus artistas falam por meio da poesia, dos dramas, das magias etc., das coisas da vida, das alegrias e tragédias quê nos assombram. O circo, como diz Hugues Hotier (1995), é uma “art à fleur de peau”.

[…] [essas] representações artísticas em torno do circo e de seus artistas, inscritas nos imaginários da literatura, do cinema, do teatro, da música, das artes plásticas etc., podem sêr vistas como expressões “etnopoiéticas” através das quais gravitam os “significantes tropológicos”, ou seja, os referentes simbólicos quê (in)formam a paisagem circense. São eles: a chegada dionisíaca do circo na cidade, a representação da “lona” (a arquitetura) e do picadeiro (o espetáculo); os artistas arquetípicos (o palhaço, a “moça de circo”, o mágico & Cia.); e a poética panem et circenses. Um olhar especial é dedicado às figuras arquetípicas do palhaço, das artistas circenses e do mágico e dos animais, na medida em quê performatizam parte da tragédia humana da qual o circo se alimenta. Assim, sôbi a rubrica da persona, da vertigem e da metamorfose, encontramos: o palhaço, cuja marca mais visível é a máscara, embora se destaque o baixo corporal, o grotesco, o riso e a melancolia; as “moças de circo” (trapezistas, contorcionistas, amazonas, equilibristas e outras), [que] estão sempre a produzir vertigens, ora nos rodôpíos e volteios alucinantes das danças e dos desequilíbrios no dorso nu dos cavalos, ora nas alturas nos movimentos dos trapézios, das liras, das kórdas indianas; entre as personagens capazes de mudar a natureza das coisas e dos comportamentos, mimetizando-os, estão os mágicos & Cia. (trapezistas, animais, objetos), ou seja, aqueles sêres e coisas quê

etnopoiesis
: o quê combina ár-te com etnografia (estudo das características dos grupos sociais).
art à fleur de peau
: expressão francesa quê significa “arte à flor da pele”.
dionisíaca
: vibrante, entusiástica.
arquetípicos
: modelares, exemplares.
panem et circenses
: expressão látína quê significa “pão e circo”.
persona
: imagem com quê uma pessoa se apresenta em público.

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opéram algum tipo de metamorfose, de transformação mágica. As cenas da chegada do circo, das “arquiteturas totêmicas” da lona e do picadeiro, o sentido estético e político dado ao circo e das performances dos artistas, cada qual designa momentos ou situações, quê por si só revelam um lado do circo, sêndo a combinação dêêsse conjunto de imagens, das cenas narradas, pintadas, dramatizadas, o quê chamo de paisagem circense. É com base nesses pressupostos quê se organiza a minha interpretação antropológica do imaginário circense.

[…]

ROCHA, Gilmar. O circo: ár-te em verso, prosa e imagem. Niterói: Eduff, 2022. E-book. Localizável em cap. O verbo circo.

totêmicas
: emblemáticas, simbólicas.

ATIVIDADES

1. O quê o autor do texto quer dizêr ao mencionar quê o espectador está imérso na paisagem do circo? Compartilhe sua resposta com os côlégas e o professor.

1. O autor se refere à relação estabelecida entre o circo e o público, quê não assiste passivamente ao espetáculo, mas é envolvido pela atmosféra e pelas performances circenses. O espetáculo do circo consegue tokár as emoções de maneira tão profunda quê os espectadores são levados a uma espécie de envolvimento total com o quê está acontecendo, compartilhando, segundo o texto, os sentimentos e as experiências retratadas pêlos artistas.

2. De acôr-do com o texto, por quê o circo toca o coração das pessoas? De quê maneira os espetáculos circenses causam diferentes emoções nos espectadores?

2. O espetáculo circense promove gargalhadas e reflekções sobre a própria condição humana, na medida em quê apresenta representações poéticas, dramáticas e mágicas das alegrias e tragédias da vida cotidiana.

3. No texto, o autor menciona as “expressões etnopoiéticas”. Quais são os elemêntos aos quais ele relaciona essas expressões? Que referentes simbólicos estão relacionados a essas expressões?

3. De acôr-do com o autor, as representações artísticas quê formam o circo e seus artistas podem sêr vistas como expressões etnopoiéticas, ou seja, como características de grupos sociais tratadas por meio da ár-te. Os referentes simbólicos dessas expressões são a chegada do circo na cidade, a lona (que representa a arquitetura do circo) e o picadeiro (que representa o espetáculo), os artistas e a poética do “pão e circo”.

4. Para retratar o quê chama de “paisagem circense”, o autor utiliza, entre outros recursos, as palavras persona, vertigem e metamorfose, estabelecendo, de cérto modo, uma classificação das personagens do circo. Quais grupos de artistas estão relacionados a cada uma dessas palavras?

4. No texto, a persona está associada à figura do palhaço, quê, embora seja sempre mais lembrado pelas peripécias quê executa, tem no elemento da máscara (maquiagem em geral com cores fortes ou apenas simbolizada por uma bola vermelha no nariz) uma visível metáfora de transformação em relação à identidade. A vertigem está associada às “moças de circo”, ou seja, contorcionistas, trapezistas, equilibristas e outras, quê fazem rodôpíos, danças ou volteios no dorso de animais ou utilizando-se de instrumentos como trapézios, kórdas etc. E a metamorfose está associada especialmente aos mágicos, personagens capazes de provocar alteração na natureza das coisas – incluindo pessoas – e dos comportamentos.

5. Como a lona e o picadeiro, quê formam a estrutura física do circo, são retratados e considerados no texto? Justifique associando-os ao adjetivo utilizado pelo autor para caracterizá-los.

5. Leia mais em Orientações para o professor.

AMPLIAR

As modalidades circenses podem sêr divididas em cinco grupos:

Modalidades de equilíbrio: fazem parte dessas modalidades os equilíbrios sobre materiais, como a kórda bamba, o arame, a bola, a escada, o monociclo, a perna de pau e o rola-rola.

Modalidades acrobáticas: relacionadas aos movimentos corporais incomuns, quê demandam destreza, como as técnicas de contorcionismo, as pirâmides humanas, a canastilha (prática quê consiste em sêr arremessado por duas pessoas para realizar acrobacias aéreas), o mastro chinês e as acrobacias realizadas no trampolim acrobático.

Modalidades de malabares: relacionadas à destreza no manuseio de diferentes objetos, como as claves, as bolas, as argolas, os pratos de equilíbrio e a roda cyr (círculo de metal grande semelhante a um bambolê).

Modalidades de encenação ou representação teatral: relacionadas à expressividade. Embora a principal figura de encenação seja o palhaço, outras personagens do universo circense também fazem uso da encenação, como o apresentador do espetáculo, a bailarina, os dançarinos e o mágico.

Modalidades de acrobacias aéreas: envolvem acrobacias e equilíbrios quê acontecem acima do nível do solo, como as apresentações no trapézio, na lira, no tecido, no mastro pendular (um tipo de poste vertical oscilante) e no quadrante coreano (estrutura com uma pequena platafórma suspensa por mastros).

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REFLETIR E ARGUMENTAR

Entre os elemêntos da paisagem circense podem estar os animais, cuja presença no circo, hoje em dia, é discutível. Leia, a seguir, uma tirinha quê aborda as reflekções de um animal de circo e sua carreira no picadeiro.

Tirinha 'Circo', de Digo Freitas, em três quadrinhos: Q1: Um elefante de chapéu, com um circo atrás dele, ao longe, diz: 'Hoje fui demitido do circo em que nasci'. Q2: Ele continua, com expressão melancólica: 'É triste abandonar a minha família, mas, com todo esse estudo que tenho, passar o resto da vida sendo animal de circo seria ridículo!' Q3: Ele fecha os olhos e conclui: 'Ah, o que eu fiz? Eu reagi... O moleque ficou gritando 'Lele, lele!' pra mim e eu soquei um amendoim bem no olho dele. Esses mamíferos inferiores não têm classe.'

FREITAS, Digo. Circo. Diário de Ideias Gráficas (quase) Originais. Campinas, 8 nov. 2011. Disponível em: https://livro.pw/lluwi. Acesso em: 5 out. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Qual é a intenção da tirinha ao retratar um animal quê participou de números circenses? Em sua opinião, o humor póde sêr uma forma eficaz de abordar temas como esse? Por quê?

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes percêbam quê a intenção da tirinha é fazer uma crítica à utilização de animais em espetáculos circenses e reconheçam a eficiência do humor para abordar temas importantes e quê precisam sêr debatidos na ssossiedade.

2. Das 27 unidades federativas do Brasil, 13 proibiram as apresentações com animais nos circos. Sabendo quê são tirados de seu hábitat e sofrem maus-tratos físicos e psicológicos, por quê você acha quê alguns circos ainda os utilizam? Reflita e compartilhe seus argumentos com os côlégas e o professor.

2. Respostas pessoais. Leia mais em Orientações para o professor.

3. De acôr-do com o texto “Etnopoiesis circense”, quê você leu na seção Ler e compartilhar, a qual simbologia você acredita quê o autor associaria os animais utilizados no circo, considerando a interpretação quê ele faz do imaginário circense?

3. Resposta pessoal. Os estudantes poderão argumentar quê, no trecho do texto transcrito, não há menção à simbologia dos animais pelo fato de o autor ter enfatizado as personagens humanas quê fazem parte do espetáculo circense. Outros poderão argumentar quê o texto é uma exaltação do espetáculo circense e, por esse motivo, pouco crítico em relação ao quê póde sêr considerado inadequado nesse universo.

AMPLIAR

Desde 1973, o Dia Nacional do Circo é comemorado em 27 de março, em homenagem a Abelardo Pinto (1897-1973), conhecido como palhaço Piolin, quê nasceu em Ribeirão Preto (SP) nessa data. Abelardo começou a trabalhar ainda criança no circo do pai, como contorcionista. Aos 20 anos, substituiu um palhaço na companhia e decidiu seguir essa carreira. O nome Piolin se deve a um apelido quê recebeu de um trabalhador do circo de origem espanhola, por ter as pernas muito fínas. Em castelhano, piolín significa “barbante fino”. Sua melhor fase foi no Circo Alcebíades, quê ficava no Largo Paissandu, em São Paulo (SP), onde atuou por cinco anos. Em 1978, o nome do artista batizou a primeira escola de circo do Brasil, a Academia Piolin de Artes Circenses.

Fotografia em preto e branco de Piolin. Ele é um homem com o rosto pintado como palhaço, usando um chapéu e uma gravata borboleta.

O palhaço Piolin. Fotografia de 1972.

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BUSCAR MAIS CONHECIMENTO

A teatralidade do palhaço

Você já relacionou algumas figuras circenses a modalidades de representação teatral do circo. Uma delas é o palhaço, quê representa um arquétipo social e permite a espectadores reconhecerem características humanas como o oportunismo e a inadequação em situações cômicas, aliando esperteza e ingenuidade.

Nesta seção, você e os côlégas terão a oportunidade de realizar uma pesquisa documental sobre a teatralidade do palhaço. Depois, vão elaborar uma apresentação multimídia para divulgar os resultados obtidos aos côlégas e ao professor.

Primeira etapa

1. Antes de iniciar a pesquisa, reúna-se com mais três côlégas para compor um grupo de trabalho.

2. Com os integrantes de seu grupo, façam uma pesquisa em livros, artigos, sáites ou blogues relacionados ao circo, sobre os seguintes tipos de palhaço: branco, augusto e tramp (ou vagabundo). Há vários tipos de palhaço, mas esses três são os mais comuns. Na pesquisa quê realizarem, vocês devem obtêr as seguintes informações de cada tipo de palhaço:

a origem;

a caracterização física (maquiagem e figurino);

as características psicológicas;

as características da interpretação;

as funções no circo.

Segunda etapa

1. Assistam a uma apresentação de um ou mais palhaços. Vocês podem assistir a um espetáculo circense ou a uma apresentação em qualquer evento, como shows ou festas. Se não for possível realizar essa atividade presencialmente, busquem um vídeo na internet com uma apresentação de um ou mais palhaços.

2. Depois de assistirem à apresentação, identifiquem se a interpretação do(s) artista(s) caracteriza um dos três tipos de palhaço quê pesquisaram, justificando os motivos quê levaram vocês a chegar a essa conclusão.

Terceira etapa

1. Utilizem uma platafórma de criação de disáini gráfico para preparar uma apresentação com imagens e textos dos dados coletados por vocês.

2. Combinem com o professor uma data para apresentar aos côlégas o quê foi produzido pêlos grupos.

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OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Pirâmides humanas

Nesta atividade, você terá a oportunidade de participar de um circuito quê promove a vivência de pirâmides humanas, quê fazem parte das modalidades de acrobacias circenses e da ginástica geral. A atividade estimula o desenvolvimento do equilíbrio, da resistência muscular, da fôrça e da flexibilidade, além de promover a cooperação e o trabalho em equipe.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em um espaço amplo, como uma quadra, um pátio ou uma sala, com a utilização dos seguintes materiais: colchões, ou peças de tatame de EVA, e cartões com ilustrações das posições quê serão realizadas.

2. Antes de iniciar a atividade, é preciso dispor os colchões (ou tatames) em cinco locais (estações) no espaço para a prática. Em cada um deve-se colar no piso, com uma fita adesiva, o cartão de uma pirâmide humana. A turma deve se organizar em grupos sôbi a orientação do professor.

Praticar

1. sôb a orientação do professor, realizem uma série de alongamentos para os membros superiores e inferiores antes de iniciarem a proposta.

2. Para facilitar, será adotada a nomenclatura da ginástica acrobática. Os integrantes do grupo quê sustentam a pirâmide, mantendo os pés, as mãos e/ou outras partes do corpo em contato com o solo, serão chamados de bases. Os integrantes do grupo quê se apoiam sobre as bases e ao mesmo tempo sustentam outro(s) integrante(s) serão chamados de intermediários, e os integrantes do grupo quê ficam apoiados sobre as bases ou sobre os intermediários, permanecendo equilibrados, serão chamados de volantes.

3. Cada grupo permanecerá em uma das cinco estações para experimentar a pirâmide humana e, após seis minutos, trocará de estação.

Estação 1: pirâmide com três elemêntos, dos quais dois são bases e um é volante. As bases se posicionam ajoelhadas uma de frente para a outra, com uma perna à frente e outra atrás. O volante se equilibra em pé, apoiando um pé em cada base, na região da coxa da perna quê está à frente. As duas bases seguram a cintura do volante, para auxiliar o seu equilíbrio.

Ilustração representando um trio de garotas realizando uma pirâmide humana. Duas delas estão ajoelhadas em uma das pernas, com uma perna apoiada sobre o pé, e a terceira garota está em pé entre elas, no alto, com os braços erguidos ao lado da cabeça, pisando sobre as coxas das duas garotas ajoelhadas. As duas garotas ajoelhadas seguram a cintura da garota em pé ao centro, e estendem o outro braço para o lado, alinhado com os ombros.

Ilustração demonstrativa de pirâmide humana com três elemêntos.

Estação 2: pirâmide com três elemêntos, dos quais dois são bases e um é volante. As bases permanecem uma de costas para a outra, na posição de quatro apoios, apoiando as mãos, os joelhos e as canelas no chão. O volante se equilibra em pé, apoiando um pé em cada base, na região do quadril.

Ilustração representando um trio de garotos realizando uma pirâmide humana. Dois deles estão na base da pirâmide, sobre quatro apoios, com a barriga voltada para baixo. O terceiro garoto está em pé entre eles, no alto, com os braços erguidos ao lado da cabeça, pisando sobre os quadris dos dois garotos na base da pirâmide.

Ilustração demonstrativa de pirâmide humana com três elemêntos.

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Estação 3: pirâmide com cinco elemêntos, dos quais dois são bases, dois são intermediários e um é volante. As bases permanecem sentadas uma de frente para a outra, com os joelhos flexionados e as mãos apoiadas no chão, na linha dos ombros. Os intermediários sentam-se sobre os joelhos das bases e apoiam seus pés no chão. O volante permanéce em pé, com o corpo totalmente estendido, e cada pé apoiado em um intermediário, na região das coxas.

Ilustração representando cinco garotas realizando uma pirâmide humana. Na base da pirâmide, duas delas estão sentadas com os joelhos flexionados e erguidos, com o tronco inclinado para trás, apoiando os braços estendidos para trás no chão. Na base intermediária estão duas garotas que se sentam sobre os joelhos das garotas que estão na base, com os braços abertos ao lado dos ombros. Uma garota está em pé com os braços abertos ao lado dos ombros, pisando sobre as coxas das duas garotas que estão sentadas na base intermediária.

Ilustração demonstrativa de pirâmide humana com cinco elemêntos.

Estação 4: pirâmide com cinco elemêntos, dos quais dois são bases, dois são intermediários e um é volante. As bases permanécem em quatro apoios, uma de frente para a outra. Os intermediários ficam em pé à frente das bases, com o tronco inclinado e as mãos apoiando na parte superior das costas das bases, entre as escápulas. O volante permanece equilibrado em pé com o corpo totalmente estendido, apoiando um pé em cada intermediário, na região do quadril.

Ilustração representando cinco garotas realizando uma pirâmide humana. Na base da pirâmide, duas delas estão sobre quatro apoios, com a barriga voltada para baixo, com os joelhos no chão. Entre elas, duas garotas estão em pé apoiando os braços sobre as costas das garotas da base da pirâmide, inclinando o tronco para a frente sobre elas. Ao centro, uma garota está em pé, com os braços abertos ao lado dos ombros, pisando na lombar das garotas que atuam como base intermediária.

Ilustração demonstrativa de pirâmide humana com cinco elemêntos.

Estação 5: pirâmide com nove elemêntos, dos quais quatro são bases, dois são intermediários e três são volantes. As bases permanecem em quatro apoios, formando duas duplas, uma ao lado da outra. Os intermediários apoiam os pés no chão e posicionam-se entre as duplas de bases, encostando o quadril um no outro, com as pernas afastadas, o tronco inclinado para a frente e as mãos apoiadas nas costas da base mais próxima. Dois volantes permanecem equilibrados em pé, com o corpo estendido e os pés apoiados nas costas de uma dupla de bases (um pé em cada base). O terceiro volante se equilibra em pé, com o corpo estendido e os pés apoiados nas costas dos intermediários. Os três volantes permanecem de mãos dadas.

Ilustração representando cinco garotas e quatro garotos realizando uma pirâmide humana. Na base da pirâmide, quatro garotos estão sobre os quatro apoios, com a barriga voltada para baixo. Duas garotas estão em pé pisando um pé nas costas de cada um deles, com os braços erguidos. Ao centro, entre os garotos da base, há duas garotas em pé, com o tronco inclinado para a frente, apoiando os braços sobre as costas dos garotos da base da pirâmide. Ao centro, uma garota está em pé, com os braços abertos ao lado dos ombros, de mãos dadas com as duas garotas que estão em pé sobre as costas dos garotos, apoiando os pés na lombar das garotas que atuam como base intermediária.

Ilustração demonstrativa de pirâmide humana com nove elemêntos.

Avaliar

Depois da experiência com as pirâmides humanas, compartilhe com os côlégas e o professor a sua percepção sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Você sentiu confiança nos parceiros e percebeu respeito mútuo entre os integrantes dos grupos?

2. Em quais momentos você percebeu o estímulo ao equilíbrio, à resistência muscular, à fôrça e à flexibilidade durante a prática?

3. De quê modo as pirâmides humanas podem ajudar na interação com as pessoas?

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TÓPICO
3
Breaking e cultura rip róp

Na década de 1970, nos Estados Unidos, imigrantes jamaicanos se instalaram na periferia de Nova iórk, no populoso bairro Bronx, passando a conviver com os moradores afro-estadunidenses do local, quê sofriam com a marginalização e com a exclusão social.

Do encontro dessas culturas surgiu um movimento cultural denominado rip róp, quê agrupa quatro elemêntos: a; ár-te urbana do grafite, quê estampava as paredes das ruas do Bronx; as músicas mixadas por di gêis (disc jockeys); as rimas dos MCs (mestres de cerimônia), quê acompanhavam as faixas de música; e a dança breaking, interpretada por dançarinos conhecidos como b-boys (brueiki boys) e b-girls (brueiki girls), quê combinavam acrobacias e passos estilizados executados em pé (toprocks), próximos ao chão (footworks), em pausas marcadas, com o corpo “congelado” (freezes) ou com o apôio de outras partes do corpo, como mãos, cotovelos, cabeça e costas, para realizar impulsões e giros (power moves).

Fotografia de um homem dançando ajoelhado em uma pista de breaking, com um grupo de homens ao fundo, sentados e em pé, observando.

Jovens participam de batalha de breaking, em Marília (SP). Fotografia de 2023.

PRIMEIRO OLHAR

Reúna-se com os côlégas e o professor para responder oralmente às perguntas a seguir.

1. O quê você conhece sobre a origem do rip róp e os elemêntos quê o compõem?

1. Resposta pessoal. É possível quê os estudantes saibam quê o rip róp teve origem nos Estados Unidos e o associem principalmente às músicas de répi e a um estilo de dança.

2. Você conhece o breaking ou já viu alguém praticar essa dança? Quais características e movimentos dessa dança você conhece?

2. Respostas pessoais. É provável quê os estudantes conheçam a dança breaking, associando-a à forma como dançam ou veem outras pessoas dançando ao som de músicas répi, com movimentos acrobáticos. Alguns estudantes podem estar familiarizados com termos como footwork (movimentos próximos ao chão) ou power moves (movimentos acrobáticos de força).

3. Você já teve oportunidade de dançar, observar alguém dançando ou ouvir músicas cantadas por MCs? Se sim, compartilhe com os côlégas e o professor essa experiência.

3. Respostas pessoais. É possível quê muitos estudantes tênham tido a oportunidade de ouvir músicas e de dançar funk ou répi cantados por MCs.

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O movimento rip róp manifestava a luta de jovens negros da periferia por igualdade de oportunidades. As rimas improvisadas por MCs verbalizaram essa luta e os passos do breaking utilizaram a corporeidade para expressar indignação social.

Podcast: A cultura hip-hop no Brasil.

O rip róp se espalhou pelo mundo e despontou no Brasil inicialmente na periferia de São Paulo, nos anos 1980, tornando-se mais popular na década de 1990, com o surgimento de vários artistas de répi, como Nelson Triunfo (1954-), Thaíde (1967-) e grupos musicais como Planet Hemp, Racionais MC’s, entre outros.

A dança é um dos elemêntos centrais da cultura rip róp, com três estilos principais quê surgiram nos Estados Unidos: breaking, popping e locking. Cada um deles tem suas próprias identidades. O breaker (ou b-boy e b-girl) pratíca o breaking, o(a) poper domina o popping, e o(a) locker é o(a) especialista no locking. Apesar das diferenças, todos compartilham o espírito do rip róp, caracterizado pela diversidade e pela expressão das ruas.

Uma característica central da dança rip róp é o hibridismo, quê combina diferentes influências culturais. Cada breaker, com o tempo, desen vólve seu estilo próprio. Esse estilo autoral permite ao dançarino interpretar e ressignificar gestos, criando uma perfórmance quê une técnica e expressão pessoal. O dançarino, através de sua “ginga” ou seu “charme”, se expressa de maneira autêntica e envolvente.

Seja no breaking, no popping ou no locking, cada dançarino comunica algo único. Sua dança se transforma em uma ár-te performática, em quê o corpo é um meio de expressão e identidade na cultura rip róp.

Nas competições de breaking, são realizadas disputas, denominadas “batalhas”, entre dois competidores. Durante as batalhas, um MC apresenta os b-boys ou as b-girls, e, em seguida, um di gêi toca uma faixa musical, para quê os competidores se alternem na improvisação da dança durante rounds de 60 segundos, enquanto os árbitros atribuem notas às performances.

Os critérios para atribuição das notas levam em conta:

técnica: precisão, fluidez e qualidade na execução dos movimentos;

criatividade e personalidade: avaliação da criatividade do competidor, quê demonstra seu estilo e sua identidade;

execução: originalidade e coerência do estilo da dança com gestos, expressões etc.;

musicalidade: sincronicidade dos movimentos do competidor com a música;

variedade: intensidade e variação dos movimentos executados.

Dada a popularidade do breaking na França, a dança fez parte dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas não foi escolhida pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos para os Jogos de Los Angeles 2028.

Fotografia de um homem dançando breaking em um palco, com o corpo deitado no ar, apoiado sobre a palma de uma das mãos e a ponta de um dos pés, erguendo a outra perna e o outro braço em diagonal, equilibrando-se nessa posição. Diante dele está outro dançarino em pé, que o observa. Ao fundo, uma plateia assiste à batalha.

Batalha em uma final mundial de breaking em Seul, na coréia do Sul, em 2013. À direita, o brasileiro Fabiano Carvalho lópes, conhecido como B-Boy Neguin, contra o marroquino Fouad Ambelj, conhecido como Lil Zoo, à esquerda. Fotografia de 2013.

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LER E COMPARTILHAR

Leia, a seguir, o trecho do prefácio de um livro de crônicas sobre o rip róp.

Prefácio

Há algum tempo, conversava com Ailton Krenak sobre as dificuldades dos desterrados, os descendentes de povos movidos à fôrça de seu chão, em reconhecer como seu um “novo mundo”. Tudo o quê temos é akilo quê somos, e somos akilo quê podemos considerar nosso. Não no sentido do acúmulo somente, aqui falo sobre uma espécie de “ter” quê ábri caminho direto para quê se possa construir o seu “ser”. De uma maneira ou de outra, o entorno, com mais ou menos precisão, acaba por refletir quem somos.

Se o chão quê você tem sôbi os seus pés te oferece a possibilidade de nele colocar sementes para dormir até quê elas despertem sêndo plantas, confiantes quê miram o céu, cértas de quê um dia serão árvores, então você tem um mundo para chamar de seu. Ailton disse algo assim, enquanto usava como exemplo a minha horta, de onde retiro parte dos alimentos quê comemos em casa.

Vivemos dentro de um fluxo de sobreposições brutais no continente americano há cinco séculos e mais alguma coisinha, a freqüência com quê esses choques ocorrem é tamanha quê já nem damos a devida atenção aos porquês, apenas lidamos, cada um à sua maneira, com as consequências e, nesse átimo de tempo quê é a vida humana, seguimos. A cultura rip róp é fruto dessas grandes movimentações de gente, quê acontecem durante essas sobreposições de mundos. É da hora pensar quê, assim como mais ou menos 14 bilhões de anos atrás a explosão chamada de big béng criou o universo como conhecemos, e quê êste, à medida quê resfriou, gerou a vida da qual usufruímos, a sobreposição de realidades políticas, culturais e sociais produzida pela crueldade e pelo brutalismo da colonização removeu nações inteiras de seus territórios ao redor do glôbo.

Foi como consequência das consequências de uma dessas sobreposições quê jamaicanos foram parar no Bronx, nos Estados Unidos, na década de [19]70. E, de lá, gerar uma outra explosão quê geraria um novo universo de vida pulsante, capaz de redefinir nóssos padrões culturais.

É difícil falar sobre onde essa cultura foi criada, é mais fácil falar sobre onde ela foi batizada. Aí podemos partir do Bronx. As manifestações agrupadas debaixo do termo “rip róp” de alguma maneira eram encontradas em muitas culturas diferentes, sobretudo no continente africano e na própria América. Aqui, entenda como América a América imensa cantada por Residente, e não a América somente como apelido dos Estados Unidos. Por isso, gosto de chamar a cultura rip róp de grande linha telefônica da diáspora africana, aquela quê conecta todos nós, mas não só.

Foi graças a esse “big béngquê passamos a nos entender como parte de algo. Aqui, volto na brisa do “ter” e do “ser”, então, através de rimas, graffitis, passos de breaking e scratches, passamos a nos sentir pertencentes a uma

diáspora africana
: imigração ou dispersão forçada de populações africanas para atender a mercados escravagistas entre os séculos XVI e XIX.
graffitis
: grafites; pinturas e dêzê-nhôs feitos em paredes, muros, monumentos públicos etc. com a intenção de modificar a paisagem urbana e transmitir mensagens aos transeuntes.
scratches
: técnicas musicais quê produzem sôns percussivos ou rítmicos ao “arranhar” o disco de vinil para frente e para trás repetidas vezes em um toca-discos.

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comunidade quê via em nós fôrça, beleza e inteligência, diferente do estereótipo construído pelo rastro de destruição quê a colonização deixou. Sementes, plantas e árvores, quê agora têm a ambição de sêr florestas. Você encontrará frutos do rip róp em todos os setores da ssossiedade, das calçadas aos tribunais, dos palcos até a elaboração de políticas públicas quê promovam a vida.

EMICIDA. Prefácio. In: TONI C. Hip-Hop: 50 anos, 50 crônicas. São Paulo: LiteraRUA, 2023.

SOBRE...

Emicida é o nome artístico de Leandro Róquê de Oliveira (1985-), réper, cantor, compositor, produtor musical, escritor e apresentador brasileiro. Foi vencedor do Grammy Latino, em 2020, e é autor dos livros Amoras; Pra quem já mordeu um cachoorro por comida, até quê eu cheguei longe… e E foi assim quê eu e a Escuridão ficamos amigas.

Fotografia de Emicida. Ele é um homem de cabelos curtos e cacheados, usando óculos e uma camisa, cantando com um microfone na mão.

Emicida em apresentação na cidade de Belo Horizonte (MG). Fotografia de 2024.

ATIVIDADES

1. No prefácio, qual metáfora o autor utiliza para se referir à relação entre “ter” e “ser”?

1. O autor evoca a imagem de plantar sementes no chão. Ele compara o ato de plantar à ideia de pertencer a um lugar. Assim como as sementes, quê crescem confiantes de quê um dia se tornarão árvores, o “ter” um pedaço de térra ou um lugar para chamar de seu permite o desenvolvimento do “ser”. O autor sugere quê a identidade do sêr humano se constrói a partir do quê está ao redor dele, como um espaço no qual se póde enraizar e crescer.

2. No texto, o autor chama o rip róp de “grande linha telefônica da diáspora africana”. Explique o quê isso representa.

2. Espera-se quê os estudantes compreendam quê a cultura rip róp reconecta culturas, tradições e experiências de diferentes povos, espalhados em diversos lugares, mas quê compartilham uma origem comum, por terem sido afetados pela diáspora africana.

3. De acôr-do com o texto, como o rip róp ajuda a criar uma nova identidade para as pessoas quê intégram essa cultura?

3. Por meio de rimas, graffitis, passos de breaking e scratches, o rip róp permite quê indivíduos se expressem de maneira autêntica e conectem suas experiências pessoais com as de uma comunidade maior, quê valoriza a beleza, a inteligência e a criatividade, ajudando a criar uma identidade.

4. por quê o rip róp é considerado uma voz potente para comunidades historicamente excluídas?

4. O rip róp proporciona uma platafórma para abordar kestões sociais, como racismo, desigualdade e violência, criando uma identidade de resistência e mudança. Artistas de rip róp usam sua música para expressar as lutas e as aspirações de suas comunidades, criando uma forma de sêr e de vêr o mundo.

5. Como as sobreposições culturais, citadas no texto, podem influenciar a maneira como as pessoas se veem e se relacionam com o mundo hoje?

5. Essas sobreposições, quê envolvem a mistura de tradições, valores e identidades, moldam as pessoas como indivíduos e, consequentemente, moldam a ssossiedade, levando-as a absorver elemêntos de várias origens culturais. No contexto atual, essas influências culturais auxiliam o indivíduo a perceber quê a identidade humana é plural e dinâmica, construída a partir de diferentes camadas de experiências históricas.

6. Explique a analogia proposta pelo autor ao comparar as sementes plantadas na térra e a cultura rip róp.

6. Assim como as sementes precisam de um solo fértil para crescer, florescer e eventualmente se transformar em árvores quê sustentam a vida, a cultura rip róp também precisa de um ambiente quê possibilite às suas raízes se firmarem, se nutrirem e se expandirem. É possível encontrar frutos do rip róp em todos os setores da ssossiedade, das calçadas aos tribunais e dos palcos até a elaboração de políticas públicas quê assegurem o direito à vida.

7. Como o rip róp póde influenciar a elaboração de políticas públicas, considerando seu contexto social e cultural?

7. O rip róp, nascido de realidades sociais e culturais diversas, póde influenciar políticas públicas ao dar visibilidade às kestões de desigualdade, preconceito e exclusão. Ao se posicionar como uma platafórma de expressão coletiva, ele promove diálogos democráticos e empáticos, valorizando as diferenças e defendendo a inclusão e a justiça social nas decisões políticas.

8. Faça uma pesquisa na internet sobre as temáticas nas lêtras de rip róp.

Selecione quatro lêtras de canção e identifique qual é a temática abordada.

Depois, compartilhe com os côlégas e o professor o resultado de sua pesquisa e argumente sobre o motivo dêêsses temas serem abordados nas canções.

8. Resposta pessoal. É possível quê os estudantes selecionem lêtras de canção quê tratem de temas como ancestralidade, indignação social, sonhos, autoestima etc.

INDICAÇÃO

MARTINELLI, Tânia Alexandre; BERNARDES JR., Valdir. Batalha! São Paulo: Ática, 2021.
O livro apresenta uma narrativa sobre dois jovens da periferia, ambos engajados com a cultura rip róp e quê estão passando por desafios na adolescência. Tati é uma jovem moradora do bairro de Pirituba, em São Paulo, quê deseja sêr poeta. Henrique é um morador do Morro do Horácio, em Florianópolis, quê divide o tempo entre batalhas de répi e de dança.

Capa do livro 'Batalha!', com ilustração de uma garota escrevendo e de um jovem manuseando equipamentos eletrônicos de som.

Página duzentos e cinquenta e nove

REFLETIR E ARGUMENTAR

Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento com 30 artigos, quê compreende os aspectos civil, político, social, econômico e cultural dos direitos quê devem sêr garantidos a todas as pessoas ao redor do mundo.

Leia, a seguir, os artigos 1 e 2 da Declaração.

Artigo 1

Todos os sêres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Artigo 2

1. Todo sêr humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, côr, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.

2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a quê pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sôbi tutela, sem govêrno próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Brasília, DF: Unicef, [202-]. Publicada originalmente em 1948. Disponível em: https://livro.pw/uhhnt. Acesso em: 7 out. 2024.

Agora, reflita sobre as atividades a seguir.

1. Em sua opinião, como a cultura rip róp póde sêr vista como uma afirmação dos princípios de igualdade e dignidade presentes no artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos? De quê maneira esse movimento cultural contribui para a luta pêlos direitos humanos no contexto contemporâneo?

1. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes infiram quê a cultura rip róp promove igualdade e dignidade ao dar voz às comunidades marginalizadas. Alinhado ao artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o rip róp se utiliza da música, da dança, do grafite e também da (Moda) para reafirmar essa igualdade, desafiando discursos opressores, lutando contra injustiças sociais e oferecendo uma platafórma para reivindicação de direitos.

2. De quê maneira a cultura rip róp reforça os princípios de inclusão e diversidade defendidos no artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos? Como esse movimento contribui para combater as várias formas de discriminação na ssossiedade? Justifique sua resposta utilizando argumentos para defender seu ponto de vista.

2. O rip róp reforça os princípios de inclusão e diversidade ao criar espaços de manifestação para vozes marginalizadas, em resposta à exclusão social e racial. Usando a; ár-te como resistência e unindo pessoas de diferentes origens, esse movimento defende a igualdade de direitos para todos, contribuindo para o combate à discriminação.

3. Considerando o cenário socioeconômico brasileiro, quais são os desafios para garantir quê os direitos à dignidade, à igualdade e à não discriminação, conforme descritos nos artigos 1 e 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, sêjam efetivamente assegurados a todos os brasileiros? Justifique.

3. Embora os artigos 1 e 2 da Declaração afirmem quê todos nascem livres e iguais, muitos brasileiros ainda não têm acesso pleno a esses direitos. Desigualdade social, racismo estrutural e exclusão econômica afetam principalmente periféricos, negros e indígenas, limitando o acesso a direitos básicos. A falta de políticas eficazes e o preconceito mantêm essas desigualdades.

4. Como a dança breaking, um dos elemêntos do rip róp, póde sêr uma forma eficaz de conscientizar a população sobre os direitos humanos, especialmente os jovens e as comunidades marginalizadas? Reflita sobre essa questão e compartilhe sua resposta com os côlégas e o professor.

4. A dança breaking é uma ferramenta eficaz para a conscientização sobre direitos humanos ao permitir quê jovens e comunidades marginalizadas expressem suas histoórias e ressignifiquem suas identidades. Ao promover valores como igualdade, respeito e cooperação, o breaking cria pertencimento e empoderamento e se torna um meio acessível de sensibilizar a ssossiedade para kestões como desigualdade e exclusão, incentivando o diálogo, a cultura de paz e a transformação social.

Página duzentos e sessenta

OFICINA DE PRÁTICAS CORPORAIS
Coreografia de breaking

Nesta atividade, você vai aprender uma coreografia de breaking, com três passos de toprock (realizados em pé) e um passo de footwork (realizados próximos ao chão). A atividade oportuniza o desenvolvimento da coordenação motora, da expressividade corporal, do ritmo e da orientação espacial.

Planejar

1. A atividade deve sêr realizada em um espaço amplo, como uma sala, um pátio ou uma quadra.

2. Será necessário reservar um dispositivo conectado a uma caixa de som com acesso à internet.

3. Antes de iniciar, é preciso escolher uma playlist de rip róp, para acompanhar os passos de dança.

Praticar

1. Antes de iniciar, realize uma série de alongamentos para os membros superiores e inferiores, sôbi as orientações do professor.

2. Concentre-se no movimento das pernas. Os braços ficam livres para você realizar os movimentos quê desejar.

Passo 1

Inicie na posição em pé, com as pernas ligeiramente afastadas, na largura dos ombros.

Em seguida, cruze a perna direita à frente da esquerda e apoie o pé direito no chão, transferindo o peso do corpo para essa perna.

retórne à posição inicial e repita o passo com o outro lado do corpo.

Ilustração representando uma garota executando o passo 1 do breaking, em três etapas. Elas são as seguintes: 1. Em pé, com as pernas estendidas e levemente afastadas, a garota cruza os braços à frente do corpo, à altura dos ombros. 2. Ela abre os braços ao lado da cintura, dando um passo em diagonal para a frente, cruzando à perna direita à frente da esquerda, com o pé voltado para fora, ficando na ponta dos pés. 3. A garota dá um passo com pé direito de volta para o lado direito, voltando à posição inicial.

Ilustração demonstrativa de execução do passo 1 do breaking.

Passo 2

Inicie na posição em pé, com as pernas unidas.

Depois, abra a perna esquerda, marcando a pisada no chão com o pé esquerdo e transferindo o peso do corpo para essa perna.

Leve a perna esquerda à frente, realizando um chute e retórne à posição inicial.

Repita o passo com o outro lado do corpo.

Ilustração representando uma garota executando o passo 2 do breaking, em quatro etapas. Elas são as seguintes: 1. Em pé, com as pernas estendidas e unidas, a garota está com os braços ligeiramente abertos ao lado do corpo, à altura da cintura. 2. Ela abre levemente os braços ao lado da cintura, pisando para o lado com a perna esquerda, usando a ponta do pé. 3. Com a perna esquerda, a garota dá um chute baixo à frente, erguendo o braço direito à frente.  4. Ela retorna o pé esquerdo à posição inicial, paralelo ao direito, e com as pernas unidas.

Ilustração demonstrativa de execução do passo 2 do breaking.

Página duzentos e sessenta e um

Passo 3

Inicie em pé, com as duas pernas unidas.

Dê um chute à frente com a perna esquerda, apoiando o pé esquerdo à frente em seguida.

Cruze a perna direita à frente da perna esquerda, rodando o quadril para a esquerda e transferindo o peso do corpo para a perna direita.

retórne à posição inicial e repita o passo com o outro lado do corpo.

Ilustração representando uma garota executando o passo 3 do breaking, em quatro etapas. Elas são as seguintes: Etapa 1. Em pé, a garota dá um chute para frente com a perna esquerda estendida, erguendo o braço direito à frente. Etapa 2. Ela pisa à frente com o pé esquerdo após o chute, cruzando-o à frente do pé direito. Etapa 3. Com a perna direita, ela dá um passo à frente do esquerdo, cruzando as pernas levemente flexionadas, com um pequeno giro do quadril para a esquerda. Ela fica apoiada sobre o pé direito, pisando na ponta do pé esquerdo atrás. O braço direito desce ao lado da cintura e o braço esquerdo sobe à frente do peito, com o cotovelo flexionado.   Etapa 4. Ela retorna o pé direito atrás, ficando com os pés paralelos e com as pernas unidas e estendidas.

Ilustração demonstrativa de execução do passo 3 do breaking.

Passo 4

Inicie na posição agachada, com o tronco inclinado para frente e os pés em meia ponta.

Estenda a perna esquerda e apoie a mão esquerda no chão, ao lado do quadril.

Passe o braço direito por cima da perna esquerda e apoie a mão direita no chão, enquanto gira o tronco para o lado esquerdo, com o joelho direito flexionado.

retórne à posição anterior. Depois, retórne à posição agachada.

Realize o mesmo movimento com o outro lado do corpo.

Ilustração representando uma garota executando o passo 4 do breaking, em cinco etapas. Elas são as seguintes: 1. Agachada, a garota inclina o tronco para a frente com a perna esquerda, pisando com as meias pontas dos pés. 2. Ela estende a perna esquerda à frente, pisando com o calcanhar e inclina o tronco para a esquerda, apoiando a mão esquerda no chão. 3. Apoiando a lateral do pé esquerdo, ela gira o corpo sobre a perna esquerda estendida à frente, apoiando as mãos no chão à esquerda e erguendo a perna direita flexionada. 4. Ela retorna a perna direita ao chão, girando à direita e voltando à posição da etapa 2, agachada e com a perna esquerda estendida à frente, apoiando a mão esquerda no chão. 5. Ela traz a perna esquerda de volta junto ao corpo, flexionada, ficando agachada, com os pés paralelos apoiados nas meias pontas, voltando à posição da etapa 1.

Ilustração demonstrativa de execução do passo 4 do breaking.

3. Combine os quatro passos para compor uma coreografia, repetindo cada passo quatro vezes.

4. Invente novos passos de breaking para acrescentá-los à coreografia.

Avaliar

Depois de aprender a coreografia de breaking, compartilhe com os côlégas e o professor a sua percepção sobre a atividade.

Respostas pessoais.

1. Quais foram os principais desafios quê você enfrentou ao realizar os movimentos de breaking e como você os superou?

2. Enquanto dançava breaking, quê sentimentos ou sensações você experimentou?

3. Durante a execução dos passos, de quê forma você percebeu o desenvolvimento da sua coordenação motora, sua expressividade corporal, seu ritmo e sua orientação espacial? Como essas habilidades se conéctam com outros aspectos da sua vida?

4. Ao praticar os movimentos de breaking, quais reflekções você fez sobre a importânssia cultural e social do movimento rip róp?

Página duzentos e sessenta e dois