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Anomalias magnéticas da Terra
Apesar de não conseguirmos observar o campo magnético terrestre, conseguimos perceber sua existência devido a fenômenos como a orientação das bússolas e, ainda, em decorrência da proteção que ele proporciona contra partículas provenientes do espaço e dos ventos solares. O campo magnético da Terra envolve o planeta e se estende para regiões além da atmosfera terrestre. Nas últimas décadas, foi detectada uma anomalia no campo magnético da Terra, chamada Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas), a qual afeta o Brasil.
Transcrição do áudio para acessibilidade
[VINHETA DE ENTRADA]
[JULIANA]
Anomalias magnéticas da Terra.
[VINHETA DE SEPARAÇÃO]
[JULIANA]
Olá! Seja bem-vindo e bem-vinda ao nosso podcast de Ciências da Natureza! Eu sou Juliana Modotti e, no episódio de hoje, vamos falar de anomalias magnéticas em nosso planeta. Sabia que uma delas ocorre bem acima de nossas cabeças, aqui no Brasil?
[VINHETA DE APROFUNDAMENTO]
[JULIANA]
Para me ajudar, convidamos um especialista. O professor Fabio Spina é graduado em Física pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Formação Científica, Educacional e Tecnológica pela UTFPR, além de mestre em Física e Astronomia pela mesma instituição. Atua como planetarista no Observatório e Planetário do Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, onde também ministra aulas para o ensino Fundamental, Médio e para a formação de professores para a Educação em Astronomia. Também é autor do blogue Olhando para o céu, em que compartilha informações para jovens cientistas, astrônomos amadores e curiosos por ciências e astronomia. Ufa! Seja bem-vindo, professor!
[FÁBIO]
Olá, Juliana! É um prazer estar aqui!
[JULIANA]
Mestre, poderia nos explicar o que é a Anomalia Magnética do Atlântico Sul e onde ela acontece?
[EFEITO SONORO DE MISTÉRIO]
[FÁBIO]
Juliana, a Anomalia Magnética do Atlântico Sul, ou Amas, como é conhecida popularmente, ela é uma região onde o campo magnético da Terra é mais fraco, cerca de um terço da intensidade média global. Essa anomalia abrange partes da América do Sul, África e Antártida, com o Brasil sendo um dos pontos mais afetados.
[JULIANA]
Pera aí, professor.
[EFEITO SONORO DE DÚVIDA]
[JULIANA]
Me explica o que é o campo magnético da Terra, como ele funciona e por que ele é mais fraco justo aqui no Brasil.
[FÁBIO]
Legal! O campo magnético da Terra, ele é um escudo invisível que nos protege das partículas carregadas vindas do Sol, que é chamado de vento solar. É... Ele é gerado por um processo complexo no interior do nosso planeta, é um dínamo terrestre que nós temos dentro de nosso planeta. Imagine um enorme ímã em constante movimento no núcleo da Terra, com correntes elétricas fluindo através dele. Esse movimento gera um campo magnético que envolve todo o planeta e nos protege de partículas provenientes do espaço, que fazem parte da radiação espacial. O interior do planeta é composto por diferentes camadas, como o núcleo externo, que essencialmente é uma composição de ferro e outros materiais aquecidos em altas temperaturas e eles giram de forma complexa no interior do planeta. O movimento de cargas elétricas vinculadas a esse material gera o campo magnético que envolve a Terra.
[JULIANA]
Mas esse campo não deveria ser igual por todo o planeta?
[FÁBIO]
A princípio sim, mas, por motivos que ainda não são compreendidos muito bem, há regiões onde a intensidade dele diminui. A região da Amas sofre com essa atenuação com maior frequência ao longo dos anos. Existem estudos que indicam que, nos últimos duzentos anos, o campo magnético nessa região diminuiu em nove por cento.
[JULIANA]
Então, a Anomalia Magnética do Atlântico Sul é como uma "rachadura" no nosso escudo protetor?
[FÁBIO]
Na verdade, é como se nessa região o escudo estivesse mais fino, deixando todas as pessoas mais vulneráveis à radiação espacial.
[JULIANA]
E isso é prejudicial para nossa saúde? Devemos ficar preocupados?
[EFEITO SONORO DE SUSPENSE]
[FÁBIO]
A princípio não. Os danos mais significativos ocorrem lá no espaço. Os mais prejudicados são satélites e outros objetos que passam por essa região.
[JULIANA]
O que pode acontecer com eles?
[FÁBIO]
Com a maior exposição à radiação, os satélites podem sofrer danos em componentes eletrônicos, o que afeta sua funcionalidade. Podem acontecer erros em computadores de bordo, degradação em painéis solares, corrosão de componentes, falhas de comunicação e, em casos extremos, até a sua desativação ou perda de controle.
[JULIANA]
Nossa! E dá para desviar os satélites dessa região?
[FÁBIO]
Infelizmente não é possível desviá-los, mas, durante a passagem por essa região, alguns componentes podem ser desligados. O telescópio espacial Hubble, por exemplo, não faz coleta de dados durante sua passagem pela Amas. A estação espacial internacional, por sua vez, ela possui um revestimento espacial para lidar com o problema.
[JULIANA]
E quais medidas estão sendo tomadas para tentar diminuir os efeitos da Amas?
[FÁBIO]
Cientistas e agências espaciais do mundo todo estão trabalhando em conjunto para desenvolver novas tecnologias e estratégias para proteger os satélites da radiação espacial na Amas. Isso inclui o desenvolvimento de materiais mais resistentes à radiação, a criação de sistemas de blindagem mais eficazes e a otimização das órbitas dos satélites.
[JULIANA]
E no futuro, hein? Há alguma expectativa da Amas deixar de existir? Ou é capaz de ela aumentar?
[FÁBIO]
Hm, isso é difícil prever o futuro com precisão. No entanto, o avanço da tecnologia e a intensificação da pesquisa científica nos dão motivos para acreditar que, com o tempo, vamos encontrar soluções cada vez mais eficazes para lidar com os desafios da Amas e assim garantir a segurança dos nossos satélites.
[JULIANA]
Professor, o papo está ótimo, mas nosso tempo está acabando.
[EFEITO SONORO TRISTE]
[JULIANA]
Quero te agradecer por compartilhar seus conhecimentos conosco.
[FÁBIO]
Eu que agradeço a oportunidade e espero ter despertado a curiosidade dos ouvintes sobre esse tema tão fascinante.
[EFEITO SONORO DE APLAUSOS]
[JULIANA]
Esse foi mais um episódio do podcast de Ciências da Natureza. Nos vemos no futuro!
[VINHETA DE ENCERRAMENTO]
[JULIANA]
Esta produção usou áudios de Yan Maran e Envato Elements. Vozes de Juliana Modotti e Fabio Spina.
As pesquisas sobre o campo magnético da Terra e o monitoramento da Amas são importantes para o desenvolvimento de soluções visando à proteção dos sistemas de satélites e de transmissão de energia elétrica, por exemplo, indispensáveis a diversas atividades do nosso cotidiano.