CAPÍTULO 1
Espaço geográfico e suas representações

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Relacionar fatos da vida cotidiana a características do meio técnico-científico-informacional e a desigualdades tecnológicas e econômicas no mundo e no Brasil.

Identificar e relacionar as diferentes escalas de análise espacial.

Compreender os conceitos de espaço geográfico e paisagem.

Reconhecer os mapas como uma das formas de representação do espaço.

Identificar os principais elemêntos constitutivos dos mapas.

Reconhecer o papel social da Cartografia.

O processo de representar a superfícíe terrestre em um mapa envolve a tomada de muitas decisões. Para começar, nosso planêta tem forma semelhante a uma esféra e os mapas são representações planas. Assim, uma das primeiras decisões é sobre a projeção cartográfica a sêr usada. E alguns questionamentos devem sêr feitos, como: quê aspectos serão representados? Qual porção do espaço deve ficar no centro? O mapa deve estar voltado para qual direção? O mapa servirá a quem?

Estudar e representar o espaço geográfico, portanto, envolve considerar sua história, sua localização e as relações dos grupos humanos com a natureza, entre muitos outros aspectos quê serão estudados neste e nos demais capítulos dêste livro.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Qual é a diferença entre esse planisfério – quê também póde sêr chamado de mapa-múndi – e outros quê você conhece?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante comente aspectos como a distorção nas formas e distâncias representadas e a centralização nos polos Norte e Sul.

2. Em sua opinião, qual é a importânssia dos mapas para os estudos da Geografia e da área das Ciências Humanas?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante responda quê os mapas são importantes instrumentos para localizar municípios, Unidades da Federação, regiões, países e outras localidades; analisar, comparar e relacionar fenômenos quê ocorrem no espaço, como os relacionados ao clima, à vegetação, à economia etc.

Página treze

Mapa 'Mundo: projeção de Cassini'. Os continentes e oceanos são representados a partir de sua posição e tamanho em relação ao eixo de rotação.

Elaborado com base em: WEISSTEIN, Ériqui W. Cassini projection. [Champaign]: Wolfram MathWorld, 2024. Disponível em: https://livro.pw/mtdcz. Acesso em: 13 ago. 2024.

Página quatorze

O espaço geográfico

Participar de um jôgo ôn láini com pessoas de diferentes lugares, realizar chamadas por vídeo ou áudio com jovens de outros países, mobilizar um grupo em poucas horas ou dias para uma manifestação em uma rua ou praça, publicar vídeos quê podem sêr acessados nas mais distantes localidades do planêta, ter notícia de um acontecimento enquanto ele ocorre. Situações como essas – quê há alguns anos pareciam cena de filmes de ficção científica – hoje constituem o cotidiano de pessoas quê acessam a internet, a rê-de mundial quê interliga computadores, telefones celulares e tablets, entre outros aparelhos eletrônicos. Nesse contexto, o acesso à internet e às rêdes sociais tem grande destaque no cenário mundial. Observe o mapa.

Professor, caso queira especificar alguns países, use o Planisfério político da p. 412.

Mapa 'Mundo: população usuária de internet – 2022'. Segundo a legenda, os dados são os seguintes: Parte da população que utiliza a internet (percentual). Zero a 20 por cento: Afeganistão, Líbia, Chade, Etiópia, Somália, Madagascar e Moçambique. 20 a 40 por cento: Mali, Níger, República Democrática do Congo, Sudão, Angola, Zâmbia, Paquistão, Síria, Iêmen e Papua-Nova Guiné. 40 a 60 por cento: Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Mauritânia, Senegal, Namíbia, Índia, Myanmar, Nepal. 60 a 80 por cento: México, Panamá, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Argélia, Egito, Tunísia, África do Sul, Botsuana, Iraque, Irã, Ucrânia, China, Indonésia.  80 a 100 por cento: Canadá, Estados Unidos, Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Marrocos, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Polônia, Noruega, Suécia, Suíça, Turquia, Arábia Saudita, Rússia, Mongólia, Austrália, Nova Zelândia e Tailândia. Sem dados: Antártida. Cabos submarinos de telecomunicação: conectam diferentes localidades nos continentes americano, africano, europeu, asiático e na Oceania.

Elaborado com base em: De uôrd BANK GROUP. Individuals using the internet (% ÓF population). [S. l.]: The uôrd bânk Group, c2024. Disponível em: https://livro.pw/tvche. Acesso em: 20 ago. 2024.

As rêdes sociais não são uma invenção de márk Zuckerberg (1984-), um dos fundadores de uma das rêdes mais populares no mundo, ou de outro prodígio do mundo tecnológico. Definidas como grupos de pessoas interligadas por interesses comuns e laços familiares, de amizade, profissionais etc., as rêdes sociais (não virtuais) sempre existiram nas diferentes sociedades. No entanto, houve uma ampliação dessas rêdes em número de pessoas e em sua abrangência no espaço geográfico, além de mudanças em como se criam ou se desfazem as relações entre as pessoas. Com a internet, as rêdes sociais virtuais permitiram a comunicação entre bilhões de usuários conectados em diferentes lugares; ao mesmo tempo, potencializaram riscos, como o de invasão e exposição de privacidade, incluindo usos criminosos, como desvio de dinheiro de contas bancárias, casos de pedofilia, declarações racistas etc.

Página quinze

Gráfico de linhas 'Mundo: usuários de mídias sociais – 2000 a 2024'. No eixo vertical, temos: 'número de usuários (bilhões)'. No eixo horizontal, temos o ano. Os dados são os seguintes: 2000: 0,03;  2001: 0,04; 2002: 0,10; 2003: 0,15; 2004: 0,23; 2005: 0,30; 2006: 0,43; 2007: 0,5; 2008: 0,63; 2009: 0,72; 2010: 0,94; 2011: 1,28; 2012: 1,50; 2013: 1,73; 2014: 1,87; 2015: 2,09; 2016: 2,32; 2017: 2,80; 2018: 3,21; 2019: 3,48; 2020: 3,73; 2021: 4,21; 2022: 4,63; 2023: 4,77; 2024: 5,04.

Elaborado com base em: MIGLIANI, Ricardo. O panorama mundial do digital em 2024: 5 bilhões de usuários de mídia social: WeAreSocial e MeltWater [resumo e relatório completo]. São Paulo: Amper, 15 fev. 2024. Localizável em: subt. 5 bilhões de identidades de usuários de mídia social. Disponível em: https://livro.pw/uckpq. Acesso em: 20 ago. 2024.

O acesso à internet e a rêdes sociais virtuais nos dão pistas sobre o espaço geográfico mundial dos dias atuáis, levando-nos a diversos outros quêstionamentos, que podem sêr feitos a partir da leitura do mapa e do gráfico: por quê determinadas regiões do mundo concentram mais cabos submarinos? por quê a África é o continente com os menóres percentuais de usuários de internet? O quê explica o grande número de conexões entre diferentes países e continentes? As respostas a essas kestões passam pelo entendimento da produção do meio técnico-científico-informacional, resultado da integração da ciência e da técnica quê possibilitou o intenso fluxo de pessoas, produtos, capitais e informações. Desse meio geográfico fazem parte elemêntos como as fibras ópticas quê compõem cabos submarinos, o Sistema de Posicionamento Global (do inglês Global Position System, GPS), as antenas de telefonia celular e os prédios inteligentes, entre outros equipamentos e tecnologias.

quê se destacar ainda a necessidade de um olhar crítico sobre os avanços nas tecnologias digitais de informação e comunicação, questionando a desigualdade social, econômica e tecnológica entre países e no interior deles. Assim, o meio técnico-científico-informacional não alcança todos os lugares do mundo, e essas desigualdades também afetam regiões distintas de um mesmo país e diferentes grupos sociais.

Cabo submarino
: cabo instalado no fundo dos oceanos e mares usado para fluxos de informações (telecomunicações e internet). Cerca de 90% da comunicação global é feita por esses cabos. Os mais modernos usam fibra óptica, quê permite maior velocidade na transmissão de dados.
Sistema de Posicionamento Global
: rê-de de navegação por satélites quê permite a obtenção de informações sobre localização em qualquer ponto da Terra e a qualquer hora. Atualmente, o GPS é constituído de 24 satélites quê realizam uma volta completa em torno do planêta a cada 12 horas, a cerca de 20.200 km de altitude.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. De quê forma o mapa da página 14 revela desigualdades existentes no mundo?

1. Espera-se quê o estudante responda quê a desigualdade é revelada pelas diferenças entre os percentuais de usuários de internet em cada país.

2. Avanços tecnológicos e acesso a rêdes sociais estão necessariamente relacionados a avanços sociais para toda a população de um país? Converse com côlégas e professor, levando em consideração a sua realidade.

2. Espera-se quê o estudante responda quê não, analisando a realidade brasileira e de sua comunidade. Muitas vezes, serviços como saúde, educação e saneamento básico são precários mesmo naqueles lugares em quê há estrutura de acesso à internet.

Página dezesseis

Escalas de análise espacial

O estudo do espaço geográfico exige, muitas das vezes, levar em conta as múltiplas escalas de análise: global, regional, nacional, local etc. Isso se faz necessário devido à complexidade do mundo atual, caracterizado pela expansão do meio técnico-científico-informacional, com uma estrutura de rêdes e fluxos por onde ocorrem intensas trocas de informações e ideias e grande circulação de capitais, mercadorias e pessoas entre diferentes localidades do planêta.

Muitos fenômenos naturais e humanos ocorrem em escala global, quê póde envolver aspectos como as características da população mundial, a distribuição dos climas, as formações vegetais, o comércio mundial, os motivos das guerras e conflitos no mundo, entre outros.

A escala regional se refere a fenômenos quê ocorrem nas regiões, ou seja, áreas delimitadas de acôr-do com características comuns, quê podem sêr naturais (clima, vegetação, hidrografia etc.) ou humanas (atividades econômicas, índices sociais e outros). A escala regional póde abranger uma porção do território no interior de um estado, de um país, de um continente ou do mundo.

A escala nacional abarca o território nacional, quê é o espaço físico de um país com limites definidos e constituído de elemêntos naturais, construções humanas e leis, as quais, por meio do pôdêr público, regulam as ações de instituições e pessoas. O estudo de um território nacional póde envolver a análise e a interpretação de grandes conjuntos de paisagens naturais e culturais, distribuição da população, rêdes de transportes, atividades econômicas, organização política e administrativa, bem como as relações econômicas, políticas e culturais com outros países.

A escala local envolve os espaços mais próximos de cada grupo social. póde estar relacionada ao entendimento do conceito de lugar como espaço onde se dêsênvólvem os vínculos sociais e familiares e ocorrem as ações cotidianas, como trabalhar, estudar e ter momentos de lazer; póde sêr uma comunidade caiçara, uma aldeia indígena ou o bairro onde você mora. Cada lugar é definido por sua paisagem, sua história, pelas relações entre as pessoas e delas com a natureza.

No mundo atual, com o processo de globalização, as relações entre as escalas espaciais são bastante compléksas, o quê se explica, em grande medida, pêlos intensos fluxos e formação de rêdes, quê permitiram aos eventos e fatos alcançarem escalas mais amplas e conectarem espaços, intensificando os movimentos de capitais, informações e mercadorias. Ao mesmo tempo, muitos Estados nacionais não deixaram de controlar suas fronteiras, fortalecer suas culturas e defender seus interesses em relação à entrada e à saída de pessoas, mercadorias, informações etc.

Com o alcance em escala global de produtos, hábitos e acontecimentos, alguns pesquisadores especulam se seria o fim das particularidades dos lugares, ou seja, se haveria descaracterização da cultura e dos côstúmes locais. Entretanto, com as facilidades na comunicação, muitos grupos passaram a se organizar para valorizar e divulgar a própria cultura, os côstúmes e os produtos locais.

Página dezessete

Mapa: 'Do global ao local'. Há uma 'representação do globo terrestre', com destaque para a América do Sul. Na América do Sul, está o Brasil. No território brasileiro, destaca-se o estado da Bahia. Na Bahia está a cidade de Salvador, onde se situa o Museu Náutico da Bahia.

Elaborado com base em: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 47, 92, 174.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Converse com côlégas e professor sobre exemplos de acontecimentos quê relacionam diferentes escalas espaciais e quê podem afetar a vida das pessoas em suas comunidades e municípios. Depois, escrêeva um pequeno texto sobre isso.

Resposta e produção pessoais. É esperado quê o estudante produza um texto quê, por exemplo, discorra sobre kestões políticas, culturais e climáticas.

Página dezoito

Espaço geográfico e paisagem

O espaço geográfico é resultado do processo histórico quê envolve a relação entre os sêres humanos e a natureza, sêndo constituído por elemêntos naturais e humanos, normas, culturas, recursos técnicos, interesses econômicos, fluxos de pessoas, mercadorias, capitais e informações. O espaço geográfico é dinâmico, e o sêr humano é atuante na sua construção.

A transformação da natureza e a construção do espaço geográfico ocorrem desde o momento em quê os sêres humanos passaram a utilizar os elemêntos da natureza para suprir suas necessidades de sobrevivência, desenvolver instrumentos de trabalho, domesticar animais, plantar alimentos, construir moradias e organizar-se em sociedades.

Atualmente, o espaço geográfico abrange toda a superfícíe do planêta Terra. Mesmo aquelas áreas de difícil acesso ou com condições climáticas extremas são conhecidas, como desertos, geleiras, altas montanhas ou o fundo dos oceanos e, em muitos casos, apresentam ocupações e atividades humanas. Áreas de preservação ambiental também fazem parte do espaço geográfico, pois mesmo sem ocupação humana a existência delas depende da dê-cisão dos sêres humanos organizados em ssossiedade. Observe as fotografias.

Foto um. Apresentam-se ilhas situadas no leito dos rios.

Ilhas fluviais no Parque Nacional de Anavilhanas. Novo Airão (AM), 2022. Essa área é protegida por dê-cisão da ssossiedade.

Foto dois. Apresentam-se as ruínas de uma cidade. Estas construções se distribuem por diferentes níveis, de modo que algumas se situam em locais mais altos e outras em áreas mais baixas. Estas ruínas são rodeadas por montanhas muito altas.

Ruínas da antiga cidade inca de matxu Picchu, na atual província de Urubamba (Peru), 2022. Apesar do relevo acidentado e altitudes elevadas, os sêres humanos têm ocupado, ao longo da história, as altas montanhas do planêta.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Indique ao menos um aspecto, em cada fotografia, quê exemplifique a relação entre ssossiedade e natureza.

1. Espera-se quê o estudante responda quê na fotografia 1 a relação está na preservação da área, mantendo seus elemêntos naturais, resultante de decisões da ssossiedade. Já na fotografia 2 a ocupação humana foi adaptada aos aspectos físicos-naturais do local.

Página dezenove

A paisagem é o aspecto visível, a aparência de cada porção do espaço geográfico. Ela póde sêr analisada presencialmente ou em fotografias, mapas, imagens de satélite, obras de; ár-te etc. Na paisagem estão presentes os elemêntos naturais (montanhas, vulcões, oceanos, clima, rios, vegetação e outros) e os elemêntos humanos ou culturais (plantações, cidades, estradas, indústrias, ferrovias), percebidos em volumes, cores, cheiros, sôns e movimentos.

Mais quê um conjunto de elemêntos, a paisagem reflete as relações quê ocorrem ou ocorreram no espaço geográfico e quê, muitas vezes, caracterizam as formas de organização de uma ssossiedade. A paisagem também é reflexo da dinâmica entre os elemêntos da natureza e das relações entre estes e os sêres humanos, como você póde observar na imagem.

Esquema 'Os elementos da natureza e os seres humanos'. Os dados são os seguintes: A biosfera é composta pela atmosfera, pelos seres humanos, pela hidrosfera e pela litosfera. A atmosfera, os seres humanos, a hidrosfera e a litosfera estão em constante interação.

Elaborado com base em: STRAHLER, élam H. Introducing physical geography. Hoboken: Wiley, 2013. p. 10.

O esquema representa a compléksa relação entre os elemêntos físico-naturais e entre eles e os sêres humanos, compondo um todo integrado.

AMPLIAR SABERES

O ciberespaço, também chamado de espaço virtual, póde sêr definido como o ambiente virtual de comunicação e interação feitas por meio de aparelhos conectados à internet, como computadores e celulares. No ciberespaço, ocorrem ações dos sêres humanos, quê influenciam a produção do espaço geográfico. êste, diferentemente do ciberespaço, se dá no mundo “físico”, em territórios sobre os quais agem diversos atores: cidadãos, governos, empresas, entre outros.

Assim, atividades no ciberespaço podem estar diretamente relacionadas a atividades ocorridas no espaço geográfico. Por exemplo, quando uma empresa fecha suas lojas físicas e passa a vender apenas por meio eletrônico, muitas transformações ocorrem na paisagem e no espaço geográfico: o prédio onde a loja estava instalada passa a ter outras funções quê alteram o movimento de pessoas e veículos naquele lugar; os trabalhadores dispensados deixam de circular e de se relacionar com aquele bairro; empresas locais quê forneciam produtos para a loja deixam de fazê-lo, entre outras mudanças.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

2. Cite exemplos de impactos quê a dinâmica dos elemêntos da natureza póde causar na ssossiedade.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante responda, por exemplo, quê uma geada póde prejudicar a colheita de um produto agrícola; terremotos podem destruir construções e cidades inteiras; grandes tempestades podem sêr seguidas de enchentes nas cidades etc.

3. Em sua opinião, como as ações dos sêres humanos podem impactar os elemêntos da natureza?

3. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante mencione exemplos como: despejo de esgotos em rios e mares, poluindo as águas; emissão de gases provenientes de queimadas, atividades industriais e circulação de veículos, alterando a qualidade do ar; desmatamento de áreas verdes, reduzindo a biodiversidade etc.

Página vinte

Vídeo: Geografia e IA: o uso de novas tecnologias nas formas de representação e análise do espaço geográfico.

Mapas: uma forma de representar o espaço geográfico

As representações do espaço geográfico varíam de acôr-do com o objetivo do uso e os contextos em quê aparécem. Maquetes, blocos-diagramas e mapas são exemplos de representações espaciais quê, em geral, são usadas para realizar estudos, monitorar trânsito ou tempo atmosférico, planejar obras, analisar impactos ambientais, localizar-se no espaço etc.

Os mapas são uma representação plana e reduzida de um espaço real, feita com base em variáveis (tais como tamãnho, valor, côr e formas diversas), usadas d fórma pontual, linear ou zonal. São utilizados para comunicar fenômenos naturais e humanos.

Todo mapa necessita de um conjunto de elemêntos para sua leitura adequada. Observe o mapa 1.

Mapa um, com destaque para os seguintes componentes: Título: refere-se ao espaço e ao fenômeno representados, como vegetação, clima, transportes. Neste caso, o título é 'Roraima: municípios com coleta de lixo em 2022'. Na parte inferior do mapa, temos: Orientação: rosa-dos-ventos para indicar as direções no mapa. Escala: indica a relação entre as distâncias do mapa e as distâncias reais. Fonte: informa de onde o mapa foi extraído (atlas, livro etc.) ou de onde os dados foram coletados. Neste caso, a fonte é 'Elaborado com base em: I B G E. Censo demográfico 2022: panorama. Rio de Janeiro: I B G E, [2024]. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/indicadores. html?localidade=BR. Acesso em: 14 de agosto de 2024'. Também se destaca a legenda, que informa o significado de símbolos, cores, linhas, etc. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Até 25 por cento: Uiramutã. De 25,1 por cento a 50 por cento: Amajari, Normandia, Alto Alegre, Bonfim, Cantá e Iracema. De 50,1 por cento a 75 por cento: Pacaraima, Mucajaí, Caracaraí, São Luiz, Rorainópolis, São João da Baliza e Caroebe. Mais de 75,1 por cento: Boa Vista. Capital estadual: Boa Vista.

Página vinte e um

Tipos de mapa

De acôr-do com a finalidade, os elemêntos e as formas de representação, os mapas podem sêr classificados em temáticos (abrangendo os mapas físicos, políticos, históricos, entre outros) ou topográficos.

O mapa 2 a seguir é um exemplo de mapa temático. Esse tipo de mapa representa um tema ou assunto principal, ou seja, um determinado fenômeno quê ocorre no espaço. póde sêr um fenômeno natural (tipos de vegetação, tipos de clima, estrutura geológica etc.) ou humano (uso de internet, população, uso do solo, meios de transporte etc.). Os mapas temáticos são usados para fins escolares e para estudos e projetos em diversas áreas (recursos naturais e meio ambiente, comércio e serviços, urbanização).

Mapa dois 'Brasil: acesso à internet – 2019'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Domicílios nos quais se utilizava internet: 86 por cento: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo. De 81 por cento a 86 por cento: Roraima, Amapá, Rondônia, Sergipe, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul. De 73 por cento a 80 por cento: Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Até 72 por cento: Maranhão e Piauí.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 147.

SABERES NO MAPA

Na produção de mapas temáticos, são usados diferentes recursos para representar as informações e garantir uma boa visualização para o leitor. Note quê no mapa sobre acesso à internet no Brasil os percentuais de domicílios quê acessam a internet foram representados por diferentes tonalidades. Observe quê, neste caso, quanto mais escuro o tom, maior o percentual.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor

1. Qual é o tema representado no mapa 2?

1. Acesso à internet.

2. Quais Unidades da Federação (UFs) têm os maiores percentuais e quais têm os menóres percentuais de acesso à internet? Em sua opinião, quê tipo de políticas públicas podem contribuir para uma maior igualdade no acesso à internet? Converse com côlégas e professor sobre isso.

2. Maiores percentuais: Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. Menores percentuais: Maranhão e Piauí. Resposta pessoal a respeito das políticas públicas.

3. Consulte novamente o mapa da página 14 e relacione a informação ali representada sobre o Brasil com o mapa desta página. Faça uma análise crítica sobre os percentuais do Brasil mostrados nas duas representações.

3. Espera-se quê o estudante identifique quê o planisfério da página 14 apresenta um percentual para cada país, o quê acaba encobrindo as desigualdades internas de cada um deles. Já no mapa desta página, é possível visualizar os percentuais por UF e verificar a desigualdade existente entre elas.

Página vinte e dois

Os mapas topográficos, também chamados mapas “de base” ou “de referência”, representam a superfícíe terrestre com os variados aspectos quê a caracterizam, como altitudes, rios, coberturas vegetais, vias de circulação, área urbana etc. Mapas topográficos têm diversos usos: sérvem de base ou referência para a produção de mapas temáticos; mapeamento aeronáutico, rodoviário e ferroviário; posicionamento e orientação geográfica; e planejamento de projetos diversos: governamentais, de desenvolvimento urbano, ambientais, de engenharia, de linhas de transmissão etc.

As cartas topográficas são um exemplo de mapa topográfico. Observe um trecho da carta topográfica de Cornélio Procópio (PR).

Mapa 'Cornélio Procópio (P R): carta topográfica'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Área urbana: reúne muitos quarteirões e ruas, onde estão as seguintes localidades: Colégio Cristo Rei, Faculdade de Filosofia, Capela São Miguel, Prefeitura, Rodoviária, Posto de Saúde, Escola André Seugling, Corpo de Bombeiros, Estádio. Área verde: localizada a leste da área urbana, onde está o Parque Industrial, o Bosque Manuel Júlio de Almeida e a Escola Osvaldo. Rios: localizam-se no entorno da área urbana e alguns passam pela área verde. Curvas de nível: apresenta-se a altitude das localidades, que varia entre 679 metros a 369 metros. Ferrovias: atravessam as áreas urbanas. Estradas pavimentadas: estão a leste e sul da área urbana. Estrada sem pavimentação: localiza-se ao norte da área urbana.  Caminho: localiza-se ao norte da área urbana.  Trilha: localiza-se ao sul da área urbana.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 30.

Cartografia colaborativa

Com o acesso às novas tecnologias, tem crescido a produção de mapas por pessoas leigas, isto é, quê não são especialistas em Cartografia. Nesse contexto, surge a chamada cartografia colaborativa. A cartografia colaborativa é o mapeamento de lugares feito de modo coletivo e descentralizado, isto é, por um grupo de colaboradores sem a centralização de um órgão específico. Em geral, há dois tipos de cartografia colaborativa: a associada às grandes corporações, quê criam platafórmas quê viabilizam a realização dos mapeamentos; e a de grupos independentes, como organizações não governamentais (ônguis), grupos de pesquisa, artistas, coletivos etc., quê criam ferramentas e mapas com interesses próprios, caracterizando a chamada cartografia social.

Muitas vezes a cartografia social utiliza as platafórmas das grandes corporações para produzir mapas diversos, delimitando regiões de interêsse, nos quais inclui informações, temas e roteiros variados e até personalizados, como o fluxo do trânsito de ruas e a localização

Página vinte e três

de feiras orgânicas e centros de cultura popular, o quê possibilita reinterpretar o território de acôr-do com o objetivo de cada grupo ou comunidade.

As novas tecnologias ampliaram, por exemplo, possibilidades para as comunidades tradicionais mapearem informações sobre seus territórios de acôr-do com suas próprias referências, como nomes das localidades, áreas invadidas e/ou exploradas e lugares de interêsse cultural. Esse tipo de mapeamento social também é chamado de etnocartografia ou de cartografia cultural.

Mapa 'Comunidade Quilombola Buriti do Meio'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Município de São Francisco, onde está a Comunidade Quilombola Buriti do Meio. Município de Luislândia: ao sul da Comunidade Quilombola Buriti do Meio. Estes municípios se localizam na mesorregião do Norte de Minas. A Comunidade Quilombola Buriti do Meio está rodeada pela Fazenda Joaquim Rodrigues, Fazenda Santo Antônio da Pedra, Fazenda Buriti, Fazenda Passagem Funda, Fazenda Luizinho, Fazenda Carolino, Fazenda Marcílio. Destacam-se áreas com palmeiras macaúba e umbuzeiros. A comunidade se divide em três núcleos, onde se situam residências, a Igreja do Buriti Grande, a Tapera de Aprígio, o Marco histórico, a casa de Dona Eva (primeira escola), sede da fazenda, chapada, casa de farinha, telecentro, associação, PSF, igreja católica, igreja cristã, campo de futebol, cerca de pedra, escola de caiçara, escola, laticínio, centro comunitário.

Fonte: NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA Amazônea. Mapa – comunidade quilombola Buriti do Meio – São Francisco – MG. Manaus: Nova Cartografia Social da Amazônea, 2020. Disponível em https://livro.pw/cjytd. Acesso em: 15 ago. 2024.

Mapa feito d fórma coletiva com a participação da comunidade quilombola Buriti do Meio, localizada em São Francisco (MG).

Saiba mais

NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA Amazônea.

Manaus, 2024. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/huxpf. Acesso em: 29 ago. 2024.

O Projeto Nova Cartografia Social da Amazônea conduz formações para indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outros povos tradicionais da Amazônea.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor

1. Em sua opinião, como os projetos de cartografia social contribuem para a sobrevivência física e cultural de comunidades tradicionais?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reconheça a importânssia de as comunidades tradicionais registrarem seus conhecimentos sobre o território onde vivem como maneira de lutarem por seus direitos, reivindicarem políticas públicas, localizarem e divulgarem bens culturais e naturais.

2. Se você fosse fazer um mapa de interêsse para a comunidade onde vive, quais elemêntos representaria?

2. Resposta pessoal. Certifique-se de quê o estudante contribua com respostas quê estejam de acôr-do com direitos humanos, estatutos e leis quê regem nossa ssossiedade.

Página vinte e quatro

Projeções cartográficas

Para compreender o processo de produção de um mapa, faça o exercício de imaginar um glôbo terrestre – considerado a melhor maneira de representar o planêtasêndo pressionado sobre uma superfícíe plana. Desse movimento resultam quebras, dobras e outras mudanças no aspecto físico. O mesmo ocorre quando se produzem mapas: eles sempre apresentam deformações em relação ao real. Assim, para viabilizar a elaboração de mapas, são utilizadas as projeções cartográficas.

Projeção cartográfica é um sistema quê possibilita a representação da superfícíe esférica da Terra em um plano, tendo como base o traçado de paralelos e meridianos.

Existem inúmeros tipos de projeções cartográficas, sêndo quê cada um deforma determinados aspectos e mantém outros.

As projeções cartográficas varíam segundo sua superfícíe da projeção e suas propriedades. Observe os exemplos.

Superfície da projeção

Projeção cilíndrica

Exemplo

Projeção cilíndrica de míler

Conjunto de duas projeções cartográficas. A primeira apresenta um mapa em projeção cilíndrica. Na segunda, os continentes e oceanos são apresentados em um retângulo.

Características

A esféra terrestre é envolvida por um cilindro quê, após aberto, resulta em um retângulo no qual paralelos e meridianos são rétos e perpendiculares. O intervalo entre os meridianos é constante e a escala é verdadeira sobre a linha do equador, mas deve-se usar uma escala diferente para cada paralelo. Exemplos de projeção cilíndrica são a de Mercator, a de píters e a de míler.

Superfície da projeção

Projeção cônica

Exemplo

Projeção cônica de Albers

Conjunto de duas projeções cartográficas. A primeira apresenta um mapa em projeção cônica. Na segunda, os continentes e oceanos são apresentados na forma de um leque.

Características

A esféra terrestre, ou parte dela, é envolvida por um cone. Assim, os meridianos constituem retas quê convérgem em um dos polos, e os paralelos são arcos concêntricos quê cruzam os meridianos.

Superfície da projeção

Projeção plana (ou azimutal)

Exemplo

Projeção plana polar

Conjunto de duas projeções cartográficas. A primeira apresenta um dos polos do globo terrestre sobre uma superfície horizontal. Na segunda, destacam-se os continentes e oceano a partir do polo sul.

Características

É resultante do contato de um plano com um ponto da esféra terrestre, o qual é o centro da projeção. Quando esse centro é o Polo Norte ou o Polo Sul, tem-se a projeção plana polar. Nesse caso, os meridianos convérgem em um dos polos e os paralelos são círculos concêntricos quê abrangem parte de apenas um hemisfério.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2024. p. 26, 28.

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As projeções cartográficas também se diferenciam quanto às propriedades. Observe.

Tipo de projeção

Equidistante

Projeção azimutal equidistante centrada na cidade de São Paulo

Projeção cartográfica que apresenta as distâncias entre áreas no continente americano. Os demais continentes apresentam distorções.

O quê mantém

Distâncias

A distância entre pontos da superfícíe terrestre é representada d fórma precisa. Por isso, esse tipo de projeção é muito usado em rótas aéreas e marítimas.

O quê distorce

Áreas e formas

Quanto mais se afasta do ponto central, maior é a distorção das áreas e formas.

Tipo de projeção

Conforme

Projeção cilíndrica conforme (Mercator)

Projeção cartográfica que destaca as proporções e territórios próximos à Linha do Equador. Nas áreas mais distantes, há maiores distorções.

O quê mantém

Formas

As formas dos elemêntos (continentes e ilhas) são representadas de acôr-do com a realidade, mantendo as medidas dos ângulos.

O quê distorce

Distâncias e áreas

Quanto mais se afasta da linha do equador, mais distorcido fica o tamãnho das áreas e a distância entre os pontos da superfícíe terrestre.

Tipo de projeção

Equivalente

Projeção cilíndrica equivalente (píters)

Projeção cartográfica que apresenta as áreas da superfície terrestre, destacam-se distorções nas apresentações das distâncias.

O quê mantém

Áreas

A relação entre a área da superfícíe terrestre e a representada no mapa é mantida, facilitando a comparação entre os tamanhos dos territórios.

O quê distorce

Formas e distâncias

As formas e as distâncias entre os lugares são bastante alteradas em relação à realidade.

Fonte: MARTINELLI, Marcelo. Atlas geográfico espaço mundial. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2019. p. 10-11.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor

Existem projeções cartográficas mais corretas quê outras? Explique.

Espera-se quê o estudante conclua quê não há projeções cartográficas mais corretas quê outras, mas, sim, projeções diferentes, escolhidas de acôr-do com o objetivo do uso do mapa. Nenhuma delas permite uma representação fiel e perfeita da superfícíe terrestre.

Página vinte e seis

Mapas e escôlhas

Como você aprendeu, não há uma única maneira de produzir um planisfério e, ainda quê se utilize um mesmo tipo de projeção, póde havêer diferentes orientações e centralidades, por exemplo.

A escolha das projeções, centralidades e elemêntos a serem representados varia de acôr-do com diversos fatores, como a finalidade do mapa e as informações quê se deseja representar. De toda forma, a escolha está inserida no contexto histórico-social de cada época e lugar. Uma conhecida polêmica relacionada às projeções de píters e de Mercator, por exemplo, envolve entender esse contexto.

A projeção de Mercator foi desenvolvida em 1569, na época das Grandes Navegações, quando embarcações partiam da Europa para o mundo todo. Ela é muito usada até hoje, pois permite traçar rótas aéreas e marítimas com muita precisão. No entanto, os tamanhos das áreas representadas são muito deformados, de maneira quê as áreas em latitudes mais elevadas parecem muito maiores se comparadas às áreas próximas à linha do equador. Observe.

Mapa 'América do Sul e Groenlândia na projeção de Mercator'. Os dados são os seguintes: Há a representação da América do Sul e da Groenlândia lado a lado, sendo que a primeira possui 17.800.000 quilômetros quadrados, e a segunda, 2.175.600 quilômetros quadrados.

Fonte: DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos de cartografia. Florianópolis: Editora da hú éfi éssi cê, 2006. p. 96.

Representação dos territórios na Projeção de Mercator e respectivas áreas em km2.

Ao longo do tempo, mapas feitos com a projeção de Mercator, com a Europa no centro e orientados para o norte, tornaram-se os mais usados, reforçando o eurocentrismo (a Europa no centro do mundo, considerando aspectos políticos, econômicos e culturais) e o colonialismo europeu e estadunidense.

Na década de 1970, nos países do então chamado Terceiro Mundo, alguns grupos passaram a defender o uso da projeção cartográfica de píters, na qual as áreas dos continentes são mantidas de modo proporcional. Nessa projeção, os países do Terceiro Mundo ganhavam destaque, sêndo possível perceber quê a América do Sul é bem maior, e não o contrário, como na projeção de Mercator. Assim, a projeção de píters daria evidência ao grupo de países historicamente negligenciados.

Terceiro Mundo
: expressão quê se referia aos chamados países capitalistas subdesenvolvidos. A expressão caiu em desuso a partir dos anos 1990 com a crise e a desagregação do bloco socialista (chamado de Segundo Mundo).

Página vinte e sete

Brasil no centro do mapa

No início de 2024, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé) lançou a 9ª edição do Atlas geográfico escolar. Nele, alguns planisférios apresentaram o Brasil no centro. Observe.

Mapa 'Mundo: biodiversidade'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes:  Riqueza de espécies. Mais de 600: áreas no norte da América do Sul, no centro da África e no Sudeste da Ásia. De 401 a 600: áreas no centro da América do Sul, na América Central, no centro e sul da África e no Sudeste da Ásia. De 201 a 400: áreas no sul da América do Sul, extensas regiões na América do Norte, no centro da África, no centro e norte da Ásia, e na Europa. De 101 a 200: áreas no sul da América do Sul, no norte da América do Norte, no norte da Ásia, no norte da África e na Oceania. Até 100: áreas no extremo norte da América do Norte, da Ásia, na Antártida e no norte da África.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 68.

A centralidade do Brasil causou discussões nas rêdes sociais, com comentários diversos: de um lado, elogios ao instituto, quê trousse inovação e a valorização do Brasil; de outro, críticas de pessoas quê consideraram o mapa equivocado ou desnecessário.

Tal polêmica deve sêr entendida no contexto político-social brasileiro daquele momento, em quê grupos polarizados defendiam ideias opostas nos diversos segmentos da ssossiedade, e os mapas não ficaram de fora díssu.

As formas de representação do espaço, portanto, representam muito mais quê os fenômenos espaciais físicos e humanos. Elas também revelam a concentração de pôdêr e diferentes visões de mundo em cada contexto histórico-social.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe novamente as projeções de Mercator e de píters na página 25 e indique as diferenças nas distorções delas quê chamam sua atenção.

1. Espera-se quê o estudante responda quê, na projeção de Mercator, as maiores deformações estão nas áreas mais próximas aos polos, quê ficam bastante aumentadas. As regiões próximas à linha do equador são representadas com mais exatidão. Já a projeção de píters preserva as proporções entre os tamanhos dos continentes, mas distorce as formas, quê ficam alongadas.

2. Em sua opinião, por quê a visão eurocêntrica ficou tão cristalizada, a ponto de parecer a única correta?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante comente quê não só os mapas centrados na Europa são referência até os dias atuáis, mas quê toda a ciência ocidental, influenciada pelas culturas clássica (grega e romana) e judaico-cristã, foi fonte de produção do conhecimento em todo o mundo.

3. Em sua opinião, qual é o impacto da iniciativa do hí bê gê hé de centralizar o Brasil nos mapas?

3. Resposta pessoal. ôriênti o estudante a apresentar seus argumentos e comente quê, atualmente, há muitos movimentos de valorização e uso de conhecimentos de outras culturas, em especial, aqueles conhecimentos dos povos originários sobre a relação entre os sêres humanos e a natureza.

Página vinte e oito

ENTRE SABERES
Cartografia inclusiva

A cartografia inclusiva é voltada a pessoas com deficiências físicas ou com dificuldades de aprendizagem, minorias sociais e culturais, crianças e idosos quê utilizam mapas e outros tipos de representações do espaço.

Pedro Moreira dos Santos Neto, pesquisador da Universidade Federal de Goiás (UFG), aprendeu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ao conviver a vida toda com seus pais, quê são surdos. Com sua experiência de vida, percebeu as necessidades dêêsse grupo de pessoas, entre elas, mapas com linguagem acessível.

Em sua pesquisa, solicitou quê estudantes surdos fizéssem a leitura de um mapa tradicional, usado nas escolas. Verificou, então, quê conseguiam ler d fórma superficial, mas quê não compreendiam a legenda, as siglas das UFs, os nomes dos países e outros elemêntos textuais.

Observe o mapa produzido pelo pesquisador. Nele foram usadas a Libras, a datilologia (sistema de representação das lêtras do alfabeto) e a visografia (representação gráfica da língua de sinais).

Mapa que apresenta suas informações em libras. Destacam-se os seis continentes: América, África, Europa, Ásia, Oceania e Antártida.

Planisfério elaborado para pessoas surdas por pesquisador da UFG. Os sinais, quê representam números, inseridos no topo e à esquerda do mapa, correspondem às coordenadas geográficas; os do canto direito inferior representam as escalas. Já as imagens do intérprete indicam os sinais em Libras das cores da legenda e a identificação do mapa.

Página vinte e nove

A cartografia inclusiva também produz mapas destinados a pessoas com outros tipos de deficiência, como os cegos e pessoas com baixa visão. São os chamados mapas táteis, confeccionados com diferentes texturas e em braille.

Foto de pessoas tateando um mapa do nordeste brasileiro. Cada estado é apresentado com uma textura diferente e as fronteiras estão em alto-relevo.

Mapa com textura física elaborado por um professor do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) para ajudar estudantes com deficiência visual a entender informações cartográficas. Recife (PE), 2018.

Foto de pessoas manuseando um mapa tátil. Neste mapa, apresentam-se ruas e quarteirões.

Mapa tátil urbano de sinalização do bairro Santo Antônio, em Recife (PE), 2022.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe os mapas inclusivos e responda ao quê se pede.

a) Que soluções foram usadas para representar as informações nos mapas táteis?

1. a) Foram usados recursos com diferentes texturas e o braille.

b) Quais elemêntos do planisfério receberam adaptação para pessoas surdas?

1. b) Título, legenda, escalas gráfica e numérica, rosa dos ventos, coordenadas geográficas.

2. Em grupo, avaliem a necessidade de produzir mapas inclusivos para grupos específicos de estudantes de sua escola ou de instituições localizadas em sua comunidade. Depois, com a orientação do professor, discutam quais mapas vocês irão produzir e como o trabalho será feito.

2. Resposta e produção pessoais. De acôr-do com a especificidade da escola, conduza o trabalho para quê seja feito de maneira respeitosa e livre de preconceitos.

Página trinta

ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

Leia o trecho do artigo e obissérve o mapa para fazer as atividades de 1 a 4.

AMEAÇAS AOS CABOS SUBMARINOS

Estima-se quê de 100 a 150 cabos submarinos sêjam danificados a cada ano, principalmente por acidentes, por equipamentos de pesca ou âncoras. No entanto, o potencial de sabotagem, especialmente por Estados, é uma preocupação crescente.

Esses cabos, cruciais para a conectividade global e de propriedade de consórcios de empresas de internet e de telecomunicações, freqüentemente estão em locais isolados, mas amplamente conhecidos, tornando-os alvos fáceis para ações hostis.

[...]

O corredor estratégico do Mar Vermelho se tornou o principal ponto de ameaças. Um incidente notável envolveu o ataque ao navio cargueiro Rubymar por rebeldes houthis.

Os danos aos cabos submarinos causados pela âncora do navio não apenas interromperam uma parte significativa do tráfego de dados entre a Ásia e a Europa, mas também ressaltaram a compléksa relação entre conflitos geopolíticos e a segurança da infraestrutura global de internet.

PROTEGENDO OS CABOS

Os cabos submarinos são protegidos de diversas maneiras, começando pelo planejamento estratégico de rótas para evitar riscos conhecidos e áreas de tensão geopolítica. Eles são construídos com materiais resistentes, incluindo revestimento de aço, para suportar as condições adversas do oceano e impactos acidentais.

Além dessas medidas, especialistas propõem a criação de ‘zonas de proteção de cabos’ para limitar atividades de alto risco perto deles. Alguns sugérem modificar leis internacionais para desencorajar a sabotagem e desenvolver tratados quê tornem tal interferência ilegal.

CHATAUT, Robin. Você sabia? Quase todos os dados do mundo passam por cabos submarinos. Fast cômpãny Brasil, [s. l.], 5 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/xamxz. Acesso em: 31 jul. 2024.

Mapa 'Mundo: cabos submarinos – 2024'. Apresentam-se muitos cabos que conectam a América do Norte, América Central, América do Sul, Ásia, Europa, África, Oceania e, também, ilhas localizadas no Oceano Atlântico, Oceano Pacífico e Oceano Índico. As linhas de diferentes cores representam diferentes empresas de cabeamento. Estão identificadas com pequenos círculos as cidades ligadas pelos cabos.

Fonte: TELEGEOGRAPHY. Submarine cable map. [Washington, D.C.]: Telegeography, 2024. Disponível em: https://livro.pw/zjejn. Acesso em: 15 ago. 2024.

Cidades ligadas pêlos cabos.

Página trinta e um

1. Com base no mapa e no quê você estudou, escrêeva um pequeno texto sobre o alcance do meio técnico-científico-informacional.

1. Espera-se quê o estudante compreenda quê os cabos submarinos constituem um dos elemêntos presentes no meio técnico-científico-informacional, junto de outros equipamentos quê possibilitam o fluxo de informações. No entanto, esse meio não alcança todos os lugares do mundo, revelando desigualdades no acesso e no contrôle de tecnologias digitais de informação e comunicação.

2. De acôr-do com o artigo, de quê forma acontece a proteção de cabos submarinos? O quê os especialistas sugérem? Explique por quê tais ações são tão necessárias no mundo contemporâneo.

2. Por meio de planejamento estratégico de rótas para evitar riscos conhecidos e áreas de tensão geopolítica; uso de materiais resistentes para suportar as condições adversas do oceano e impactos acidentais. Tais ações são necessárias para limitar as atividades de alto risco próximas deles.

3. Em sua opinião, a projeção cartográfica usada no mapa está adequada para representar o quê se quis informar?

3. Espera-se quê o estudante responda quê é uma projeção adequada, pois permite visualizar, com facilidade, as conexões mundiais via cabos submarinos entre todos os continentes.

4. O mapa é temático ou topográfico? Explique sua resposta.

4. É um mapa temático, pois representa um tema específico, os cabos submarinos no mundo.

5. Leia as manchetes a seguir e explique de quê forma os fluxos de produção mundial, a dinâmica dos elemêntos naturais e as diferentes escalas espaciais estão relacionados a elas. Faça croquis cartográficos para ilustrar sua explicação.

5. Respostas e produções pessoais. Eles podem fazer um croqui destacando, por exemplo, a presença de queimadas na floresta na Amazônea, a ocorrência de queimadas e os ventos direcionados para São Paulo.

Incêndios na Amazônea aumentam poluição de SP em até mil por cento

Estudo mostra como a fumaça das queimadas da Amazônea, do Pantanal e do interior paulista piora a qualidade do ar na metrópole

Néves, ernésto. Incêndios na Amazônea aumentam poluição de SP em até mil por cento. Veja, São Paulo, 25 maio 2023. Disponível em: https://livro.pw/dgihp. Acesso em: 30 ago. 2024.

Trigo sobe forte com escalada da guerra na Ucrânia, puxa soja e preços da oleaginosa no - b - R - se favorécem

MENDES, Carla. Trigo sobe forte com escalada da guerra na Ucrânia, puxa soja e preços da oleaginosa no - b - R - se favorécem. Notícias Agrícolas, [Valinhos], 5 out. 2023. Disponível em: https://livro.pw/ilczx. Acesso em: 30 ago. 2024.

6. Leia o trecho do livro e faça as atividades.

O mapa (a projeção) de Mercator ainda é muito utilizado para vários fins práticos, e continua a sêr uma grande conkista da técnica de se fazer mapas. Sua projeção é uma das bases da cartografia moderna, e seu sucesso é excepcional, a ponto de sêr o mapa de base da mais popular ferramenta de consulta na internet, o gúgou méps. Mas o sucesso tem um custo: a projeção Mercator é o maior exemplo de naturalização de uma dada visão de mundo, e também das práticas cartográficas. […]

FONSECA, Fernanda Padovesi; OLIVA, Jaime. Cartografia. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013. Como eu ensino, p. 54.

a) O texto destaca a “naturalização de uma dada visão de mundo”, ou seja, a naturalização dos planisférios centrados na Europa, voltados para o norte, como se essa fosse a única opção ou regra. Além díssu, a projeção de Mercator “favorece” os países do Hemisfério Norte. Explique como e por quê isso acontece.

6. a) A projeção de Mercator distorce as áreas, ampliando as regiões mais distantes da linha do equador, como as localizadas no Hemisfério Norte. Isso ocorre porque Mercator projetou o mapa para manter as direções e formas corretas, o quê é útil para navegação.

b) Explique por quê a projeção de píters contrapõe a de Mercator.

6. b) A projeção de píters preserva a proporcionalidade das áreas, apresentando os países em seus tamanhos relativos correspondentes à realidade.

c) Explique por quê não há uma projeção cartográfica mais correta ou melhor quê outra.

6. c) Nenhuma projeção preserva todos os aspectos da superfícíe terrestre de ma neira fiel porque a Terra é esférica, e não é possível transferir suas características perfeitamente para um plano.

7. Qual é a importânssia da cartografia colaborativa para os grupos, lugares e informações quê, em geral, são excluídos dos mapas oficiais?

7. A cartografia colaborativa é fundamental porque permite quê comunidades e grupos quê tradicionalmente são excluídos dos mapas oficiais possam se representar. Ela dá voz a populações marginalizadas, permitindo quê seus territórios, conhecimentos e vivências sêjam mapeados e reconhecidos.

Página trinta e dois