CAPÍTULO 2
Consumo e resíduos sólidos

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Compreender o papel do consumo na ssossiedade atual e avaliar os impactos econômicos e sócio-ambientais relacionados à ação da indústria cultural e da cultura de massa.

Refletir sobre como a formação da ssossiedade pós-industrial, com a consolidação do capitalismo, contribuiu para o aumento da produção e do consumo de bens e serviços.

Analisar e comparar dados acerca da produção e da gestão dos resíduos sólidos no Brasil e no mundo, relacionando esses aspectos à questão das desigualdades socioeconômicas.

Refletir sobre o papel da ssossiedade e dos governos na adoção de práticas quê colabóram para a sustentabilidade, práticas de consumo responsável e de combate à poluição.

Os artistas da pópi art, movimento estético quê teve seu auge na década de 1960, utilizavam em suas obras imagens de embalagens, propagandas, celebridades, personagens da televisão, cinema e quadrinhos e de outros aspectos da vida cotidiana e da chamada cultura de massa. Uma das possíveis intenções dos artistas era fazer uma crítica ao consumismo e à influência quê os produtos fabricados em massa exerciam na vida das pessoas.

Contraditoriamente, a exposição acabava popularizando ainda mais o produto, como no caso das sopas Campbell, quê inspiraram a obra do estadunidense Andy Warhol (1928-1987). Enlatados, assim como outros tipos de alimentos processados, surgiram com a industrialização e foram, por muito tempo, associados a uma vida moderna e urbanizada. Os alimentos industrializados continuam inspirando críticas, mas relacionadas aos efeitos negativos na saúde das pessoas e à quantidade de embalagens utilizadas, por exemplo.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Em sua opinião, as embalagens de alimentos e as propagandas influenciam você a consumir mais?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reconheça quê embalagens chamativas e propagandas criam uma imagem atraente dos produtos, incentivando o consumo, muitas vezes d fórma inconsciente.

2. Em sua opinião, como as atitudes das pessoas em relação ao consumo influenciam a produção do lixo (resíduos sólidos)?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante compreenda quê o consumo influencía diretamente a quantidade e o tipo de resíduos sólidos gerados.

Página trinta e três

Imagem de obra de arte, composta por 32 quadros posicionados lado a lado e em colunas, formando um retângulo. Em cada quadro, encontra-se a imagem de uma lata vermelha e branca, onde está escrito: 'Campbell'.

WARHOL, Andy. Latas de sopas Campbell. 1962. Acrílico e esmalte metálico sobre tela, 246 cm × 414 cm. Museu de ár-te Moderna, Nova iórk (Estados Unidos).

Página trinta e quatro

Consumir para viver ou viver para consumir?

Você já parou para pensar em quantos e quais produtos consome diariamente? Todos eles são essenciais? O consumo faz parte do nosso cotidiano e é influenciado por uma série de fatores, como côstúmes, crenças e práticas sociais, quê vão desde necessidades básicas para nossa sobrevivência, como alimentos, até aquelas quê são construídas d fórma subjetiva, em quê não ocorre uma reflekção sobre as razões pelas quais consumimos, como, por exemplo, a troca freqüente de aparelhos celulares.

As sociedades pós-industriais estabeleceram padrões tão elevados de consumo, quê, no futuro, os recursos naturais poderão não sêr mais suficientes. Segundo o relatório de 2022 do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), para atender à demanda global de produção e de consumo, a humanidade utiliza recursos equivalentes a 1,75 planêtas Terra, o quê significa quê são consumidos mais recursos do quê o planêta póde regenerar no período de um ano. Diante dêêsse panorama, torna-se fundamental pensar em mudanças no padrão de consumo da ssossiedade atual.

Além dos recursos naturais, a aquisição de um novo produto consome também horas de dedicação ao trabalho. Você imagina quantas horas de trabalho são necessárias para ganhar uma remuneração e ter dinheiro para comprar um par de tênis? E um aparelho celular? Considerando quê a renda média mensal do brasileiro, de acôr-do com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé), correspondia, em 2023, a 2.846 reais e quê a jornada de trabalho no mês era de 176 horas, seriam necessárias aproximadamente 12 horas de trabalho para comprar um par de tênis no valor de 200 reais. Para obtêr um celular no valor de 1.500 reais seria necessário trabalhar cerca de 93 horas.

A quantidade de horas de trabalho necessárias para obtêr um salário e comprar determinados produtos não essenciais é um dos aspectos quê auxiliam na reflekção sobre a relação quê é construída entre as pessoas e os bens e os serviços divulgados diariamente nos meios de comunicação como fundamentais em suas vidas. Em quê medida a felicidade está condicionada ao consumo, levando ao círculo vicioso relacionado à vontade de adquirir cada vez mais?

Foto de pessoas no shopping. Elas caminham pelo corredor e usam a escada rolante.

shópin no Rio de Janeiro (RJ), 2023.
Sociedade pós-industrial
: ssossiedade na qual se dá a ascensão das atividades econômicas relacionadas aos serviços e declínio das atividades industriais.

Página trinta e cinco

As revoluções industriais serão retomadas nos capítulos 13 a 16 relacionadas às origens dos processo de globalização, à produção e ao mundo do trabalho.

A consolidação do capitalismo como sistema econômico e social aconteceu, principalmente, com as Revoluções Industriais, quê introduziram diversas inovações tecnológicas e possibilitaram, diréta e indiretamente, o aumento da produção e do consumo de bens e serviços.

O processo de industrialização, os avanços técnicos e tecnológicos, a redução dos custos de transporte, as propagandas e os preços relativamente acessíveis contribuíram para originar a chamada ssossiedade de consumo. Nesse tipo de ssossiedade, o processo de subjetivação dos indivíduos é marcado pelo ato de consumir.

Fundamental para o sistema produtivo capitalista, o ato do consumo é caracterizado pela padronização, pois o mesmo produto de uma determinada marca é comercializado e comprado em diversas regiões do mundo. Além díssu, as relações entre as pessoas passam a sêr moldadas, também, pelo consumo, não somente de produtos, mas de informações, bens culturais etc.

Na ssossiedade de consumo, milhões de mercadorias são produzidas diariamente. E a compra de produtos é incentivada, com o intuito de escoar a produção, assegurar a circulação de riquezas, gerar lucro e sustentar o ciclo produtivo (de produzir, vender, comprar, consumir, descartar, produzir, vender...). Se esse ciclo for afetado pela redução no consumo, espera-se quê os estoques de mercadorias se acumulem, fábricas sêjam desativadas, trabalhadores percam seus empregos e a economia entre em crise.

O marketing é instrumento fundamental nesse ciclo produtivo, pois incentiva o consumo, mantendo o capitalismo em pleno funcionamento. Propagandas e publicidades são constantemente veiculadas pêlos meios de comunicação de massa, como a televisão, o rádio, a internet e o cinema, para influenciar o consumidor a adquirir bens e serviços.

Foto de avenida bastante movimentada. Destacam-se muitos cartazes coloridos e telas no exterior dos edifícios.

táimis Square, Nova iórk (Estados Unidos), em 2024. É um local conhecido pela quantidade excessiva de anúncios e propagandas nas fachadas dos edifícios.
Processo de subjetivação
: processo de formação de um indivíduo por meio do contato com elemêntos externos, como informações e experiências, quê são interiorizados e quê transformam o sujeito. Esse processo contribui para a formação da identidade de uma pessoa.
Marketing
: conjunto de atividades orientado a entender as necessidades de um mercado ou público-alvo e a atendêê-las, promovendo o relacionamento entre cliente e marcas para gerar lucro para empresas por meio de vendas.

Página trinta e seis

Economias linear e circular

O ciclo produtivo na ssossiedade de consumo se baseia, em geral, em uma economia linear, caracterizada pela grande extração de recursos naturais, em um processo inciado na extração de recursos e finalizado no descarte, sem o reaproveitamento de resíduos. Observe a imagem 1.

Imagem um, apresentando o funcionamento da 'Economia Linear'. Parte-se dos recursos naturais, para a obtenção de matéria-prima. A matéria-prima é utilizada na manufatura. Os produtos manufaturados seguem para a distribuição e, em seguida, para o uso e consumo. Após consumidos, os produtos são encaminhados para o descarte.

Fonte: ALLEN, A. Economia linear, economia circular e blockchain. A criação, 9 jul. 2018. Disponível em: https://livro.pw/fdxis. Acesso em: 5 out. 2024.

Funcionamento da economia linear.

Além da exploração excessiva dos recursos naturais, os processos da economia linear são responsáveis pela geração de grandes volumes de resíduos quê impactam e degradam o ambiente. A degradação ambiental é uma das consequências negativas do modo como ocorreu o processo de industrialização, associada à expansão do modo de produção capitalista.

Até meados do século XX, a degradação ambiental era entendida como consequência inevitável do processo industrial e do desenvolvimento econômico, o quê provocou grande deterioração dos elemêntos naturais, mais acentuada em algumas regiões do mundo.

Entre os impactos gerados pela atividade industrial estão: liberação de gases quê poluem o ar, afetando as condições de saúde da população; poluição das águas superficiais por efluentes industriais, causando a mortandade de animais; e contaminação do solo e das águas subterrâneas em razão da disposição inadequada de resíduos da produção industrial.

Na década de 1970, com o crescimento de movimentos ambientalistas e discussões quanto ao maior reaproveitamento e eficiência no uso de recursos naturais, economistas e membros de outros setores da ssossiedade passam a defender a prática da economia circular. Observe a imagem 2.

Imagem um, apresentando o funcionamento da 'Economia Circular'. A matéria-prima soma-se à reciclagem, compondo processos de design, produção e retransformação, distribuição, consumo, utilização, reutilização e reparação e recolha, retornando à reciclagem.

Fonte: ALLEN, A. Economia linear, economia circular e blockchain. A criação, 9 jul. 2018. Disponível em: https://livro.pw/fdxis. Acesso em: 5 out. 2024.

Funcionamento da economia circular.

A economia circular é um modelo desenvolvido com base na ideia de sustentabilidade. Nesse modelo, os materiais são utilizados ao mássimo para reduzir o desperdício de recursos naturais. Os produtos são projetados para quê seus componentes sêjam reutilizados. Além díssu, o ciclo produtivo é baseado no uso de fontes rêno-váveis de energia, na substituição de produtos tóxicos e na reciclagem do material descartacado.

Página trinta e sete

Do consumo ao hiperconsumo

Podcast: Consumo, tecnologia e resíduos sólidos: você já ouviu falar de obsolescência programada?

No início do século XX, alguns países alcançaram um estágio de desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico avançado. Nos então chamados países industrializados, o crescimento acelerado da população, especialmente nas áreas urbanas, e a ampliação das atividades características das cidades, como o comércio e a prestação de serviços, contribuíram para as profundas transformações da fôrça de trabalho e ampliação do pôdêr de consumo dos indivíduos.

Isso fez com quê um número crescente de consumidores tivesse acesso a bens variados, como alimentos industrializados e elétro domésticos. Esse movimento teve início na década de 1920 e intensificou-se no período pós-Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos e em países europêus. Nesse contexto, o ato de consumir deixou de sêr um privilégio das camadas mais ricas da ssossiedade, disseminando-se entre a população de média e baixa renda.

Os Estados Unidos, nesse período, apresentaram um grande crescimento de produção e consumo, na medida em quê o país despontava como uma nova liderança no cenário geopolítico internacional, enquanto as demais potências da Europa e o Japão se recuperavam economicamente das duas grandes guerras mundiais.

Nesse contexto, o modelo de ssossiedade estadunidense passou a sêr referência para diversos países. O Américam way ÓF láif, isto é, o estilo de vida americano, estimulava o consumo por meio das propagandas e publicidades veiculadas nos principais meios de comunicação, especialmente o cinema.

Esse modo de viver influenciou as sociedades de outros países, criando a ideia de quê o exercício da cidadania, da felicidade e da liberdade estava associado à capacidade de consumir cada vez mais bens industriais. Durante a segunda mêtáde do século XX, mesmo o grupo de países considerados em desenvolvimento, como era o caso do Brasil, foi influenciado por esse modelo de comportamento baseado na valorização excessiva do consumo.

O padrão de consumo estadunidense propagado pelo Américam way ÓF láif se tornou referência para diversos países, o quê contribuiu para o elevado crescimento da produção e do consumo de bens e serviços.

Imagem de homem, mulher e uma menina na cozinha. A mulher usa vestido, segura uma bolsa e desliga o forno. Dentro do forno, há carne assada e outros pratos de comida. O homem está ao lado dela, usa terno e segura um chapéu. Enquanto isso, a menina conduz um cachorro usando a coleira.

Ilustração publicitária de família prestes a desfrutar de jantar. 1950. Serigrafia de fotografia.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Observe a imagem e analise de quê forma os elemêntos contidos nela revelam características do Américam way ÓF láif.

Espera-se quê o estudante responda quê a felicidade das pessoas da família retratada na imagem, ao manusear os produtos industrializados, é uma forma de evidenciar o viés consumista propagado pelo Américam way ÓF láif.

Página trinta e oito

Até o final do século XX, a ssossiedade de consumo se disseminou por diversas regiões do mundo. Porém, na transição do século XX para o século XXI, esse tipo de ssossiedade começou a se transformar, surgindo, segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky (1944-), uma ssossiedade de hiperconsumo.

Enquanto a ssossiedade de consumo foi marcada pela expansão da produção de bens padronizados e semelhantes, a ssossiedade de hiperconsumo foi marcada pela individualização do consumidor.

Nesse contexto, as empresas passaram a investir na criação de bens personalizados e na venda das chamadas “experiências”. A lógica de consumo se fundamenta cada vez mais na compra de bens quê expressariam a subjetividade e os valores do consumidor. Por isso, há um investimento crescente na construção de marcas e símbolos quê representem as qualidades únicas das mercadorias de determinadas empresas. Desse modo, para o indivíduo, não basta adquirir um aparelho celular ou uma roupa considerando sua utilidade genérica, é importante adquirir bens quê simbolizem ou expressem seus valores e visão de mundo.

Nesta ssossiedade, não há limite de espaço e tempo para consumir, pois, com a internet, pode-se obtêr produtos a qualquer hora e local. Tudo se torna consumível, e as rêdes sociais intensificam essa experiência na medida em quê os indivíduos podem exibir sua vida a todo momento. Uma viagem transforma-se em um bem de consumo a partir do momento em quê as pessoas publicam suas fotografias e vídeos para centenas ou milhares de seguidores, a fim de afirmar sua identidade e vender seu estilo de vida.

Problemas do hiperconsumismo

A ssossiedade de hiperconsumo póde sêr pensada como uma radicalização do consumismo quê marcou o século XX.

O crescimento da produção de plástico evidên-cía como o consumo de bens industrializados aumentou nas últimas dékâdâs, já quê muitos deles são constituídos ou possuem componentes feitos dêêsse material. Observe o gráfico 1.

Gráfico de linhas um 'Mundo: produção de plástico – 1950 a 2060'. Os dados entre 2019 e 2060 são projeções. No eixo vertical, temos: 'milhões de toneladas'. No eixo horizontal, temos os anos. Os dados são os seguintes: Entre 1950 e 2000: menos de 300; Entre 2005 e 2010: 300; Entre 2015 e 2030: mais de 300; Em 2035: 600; Entre 2040 e 2045: mais de 600; Em 2050: 900; Em 2060: mais de 900.

Elaborado com base em: OECD. Global plastics outlook: policy scenarios to 2060. Paris: OECD Pãblixim, 2022. p. 68. Disponível em: https://livro.pw/bmgui. Acesso em: 21 ago. 2024.

A produção global de plástico aumentou significativamente ao longo do período retratado. Esses dados estão relacionados ao crescimento do consumo de produtos industrializados.

Página trinta e nove

Outros dados também ajudam a compreender como o consumo excessivo torna insustentável o atual modelo de produção, em função do esgotamento dos recursos naturais. Observe o gráfico 2.

Gráfico de linhas dois 'Mundo: extração de recursos naturais – 1990 a 2060'. Os dados entre 2019 e 2060 são projeções. No eixo vertical, temos: 'bilhões de toneladas'. No eixo horizontal, temos os anos. Os dados são os seguintes: Biomassa. Entre 1990 e 2040: menos de 30; De 2045 a 2060: mais de 30; Combustíveis fósseis. De 1995 a 2005: menos de 30; De 2010 a 2055: mais de 30; 2060: 60; Minerais metálicos. De 1995 a 2005: menos de 30; De 2010 a 2040: mais de 30; 2045 a 2055: 60; 2060: mais de 60; Minerais não metálicos. De 1990 a 2000: mais de 30; 2005: 60; 2010 a 2020: mais de 60; De 2025 a 2030: mais de 90; 2035: 120; 2040 a 2055: mais de 120; 2060: mais de 150.

Elaborado com base em: OECD. Global material resources outlook to 2060: economic drivers ênd environmental consequences. Paris: OECD Pãblixim, 2019. Disponível em: https://livro.pw/olnkv. Acesso em: 21 ago. 2024.

De acôr-do com dados publicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), desde a década de 1970 até o ano de 2020, a extração de recursos naturais mais do quê triplicou. No mesmo período, registrou-se o aumento de 45% no uso de combustíveis fósseis, como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral. Acredita-se quê, até 2060, o uso de recursos extraídos da natureza chegará a 167 bilhões de toneladas frente aos 106 bilhões esperados para 2024. Esse panorama deverá contribuir para o aumento de 40% das emissões de gases de efeito estufa (GEEs).

Gases de efeito estufa
: são gases, como o dióxido de carbono (CO2)e o metano (CH4), quê absorvem parte da radiação infravermelha refletida pela superfícíe terrestre, impedindo quê se irradie para o espaço, aquecendo o planêta Terra.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

Tirinha da Mafalda em 4 quadros. Q1: Mafalda desliga a televisão e diz: ''Use', 'compre', 'beba', 'coma', 'prove'! Eeeei! O que eles pensam que nós somos?'. Q2: Ela se senta e pensa: 'O que nós somos?'. Q3: Mafalda religa a televisão. Q4: Enquanto assiste aos programas, ela pensa: 'Os malditos sabem que nós ainda não sabemos'.

QUINO. [O quê eles pensam quê nós somos?]. In: QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993. p. 43.

1. Leia a tirinha da Mafalda e explique a relação entre o consumo e o papel da mídia.

1. Espera-se quê o estudante comente quê propagandas e publicidades, programas, filmes, telenovelas e conteúdos compartilhados nas rêdes sociais sérvem de guia para criar as necessidades de consumo e construir a própria identidade pessoal e social.

2. Analise criticamente a relação entre o consumismo e os impactos negativos no ambiente.

2. Espera-se quê o estudante identifique quê o consumo de produtos está relacionado à produção industrial.

Página quarenta

Muito para poucos: a distribuição desigual

O crescimento elevado do consumo, a partir da década de 1970, ocorreu especialmente nas áreas urbanas, com a difusão do consumo em massa. Os meios de comunicação de massa tiveram um papel importante nesta difusão, padronizando os hábitos de consumo ditados pela lógica material das sociedades urbano-industriais.

Apesar do crescimento do consumo nas últimas dékâdâs, não se póde afirmar quê esse panorama ocorre d fórma homogênea em todas as regiões do mundo. O volume de aquisição de bens e serviços varia entre classes sociais e entre países, dependendo dos níveis de renda da população, por exemplo. De forma geral, o consumo é mais elevado nas grandes potências econômicas mundiais, como os Estados Unidos, a chiina, o Japão e países da União Européia, como observado no mapa.

SABERES NO MAPA

O uso das cores para representar fenômenos nos mapas é bastante comum. No entanto, deve-se observar como as cores são usadas para uma leitura mais eficiente e para aproveitar esse recurso em suas produções cartográficas. No mapa, o uso das cores passa uma percepção de ordem crescente nos valores representados (amarelo para o vermelho).

Mapa 'Mundo: média de consumo per capita, por dia (em dólares) – 2021'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Dólares por dia. Vinte: Estados Unidos, Canadá, Uruguai, Inglaterra, França, Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Suíça, Suécia, Noruega, Austrália e Nova Zelândia. Dez: México, Brasil, Bolívia, Paraguai, Chile, Equador, Turquia, Rússia, China, Irã e Tailândia. Cinco: Colômbia, Peru, Mauritânia, Egito, Myanmar, Indonésia e Filipinas. Dois: Síria, Índia, Paquistão, Mali, Angola, Moçambique, Zimbábue, Níger, Nigéria, Senegal e Tanzânia, Um: República Democrática do Congo, República Centro Africana, Moçambique e Zâmbia. Sem dados: Argélia, Líbia, Etiópia, África do Sul, Namíbia, Arábia Saudita, Antártida, Groenlândia.

Fonte: uôrd BANK POVERTY ênd INEQUALITY PLATFORM (2024). Median income or consumption pêr day, 2021. [S. l.]: Our uôrd in Data. Disponível: https://livro.pw/nycts. Acesso em: 8 set. 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

Compare os níveis de consumo entre países. Quais diferenças você observa? Quais fatores podem explicar essas diferenças?

Espera-se quê o estudante responda quê países como Estados Unidos, Canadá e aqueles quê intégram a União Européia têm níveis de consumo final mais elevados, o quê póde sêr explicado por uma maior renda per cápita, maior desenvolvimento econômico e maior acesso a bens e serviços. ôriênti o estudante a identificar os países no planisfério da página 412.

Página quarenta e um

É possível criar outra relação com o consumo?

Na década de 1960, em um contexto marcado por crescente industrialização, consumismo exacerbado e degradação ambiental, emergiram os movimentos ambientalistas, impulsionando uma pressão global sobre governos e empresas. Essa pressão visava a criação de legislação ambiental rigorosa, maior fiscalização e a adoção de métodos de produção mais sustentáveis, com o objetivo de minimizar os impactos ambientais.

Atualmente, em muitos países, entre eles o Brasil, existem leis quê obrigam as indústrias a diminuir os impactos de suas atividades no ambiente, devendo realizar ações, como: colocar filtros de ar para a retenção de contaminantes atmosféricos; tratar a á gua antes de sêr despejada na rê-de de esgotos ou em rios; e dar destino adequado ao resíduo industrial.

No final do século XX, além de ações obrigatórias por lei, muitas indústrias potencialmente poluidoras, preocupadas com sua imagem, passaram a adotar práticas sustentáveis, como o uso de matérias-primas recicladas, de fontes de energia renovável, entre outras. Além díssu, muitas empresas buscaram obtêr certificação ambiental, ou seja, um certificado garantindo quê a empresa atende à legislação ambiental e controla os impactos de sua atividade.

Uma empresa obtém essa certificação quando atende a normas definidas por organizações internacionais. Na década de 1990, a Organização Internacional de Normalização (ISO), federação mundial das organizações nacionais de normalização, sediada em Genebra (Suíça), lançou a série ISO 14.000, composta de normas quê orientam as empresas na gestão e mitigação dos impactos ambientais e adequação de seus processos às políticas ambientais do país, visando à melhoria contínua em toda a sua cadeia produtiva.

Já as indústrias verdes, além de obterem a certificação ambiental, adequam-se às exigências para o desenvolvimento sustentável e o mínimo de prejuízo ambiental, aliando desenvolvimento e preservação, utilizando tecnologias como a eficiência energética, a reciclagem dos materiais e as fontes de energia rêno-váveis.

Selo com as seguintes informações: 'ISO 14001. Certified', na parte superior do selo há duas folhas.

sêlo vêrde fornecido pelo cumprimento da norma ISO 14.001.

A certificação ambiental tem se tornado um parâmetro de análise por parte dos consumidores, quê podem utilizar como referência o histórico de impacto ambiental dos produtos oferecidos e a responsabilidade sócio-ambiental da empresa. O sêlo vêrde, fornecido pela norma ISO 14.001, certifica quê a empresa reduziu ou eliminou o desperdício de matéria-prima e não apresentou impacto ambiental no processo produtivo.

Página quarenta e dois

Além de gestão dos impactos das atividades industriais, outras ações têm sido desenvolvidas atualmente para promover o desenvolvimento sustentável, como a economia solidária e o comércio justo.

Na economia solidária, os trabalhadores se organizam em cooperativas, e a posse dos meios de produção é coletiva. Por meio de princípios de autogestão, cooperação e uma relação diréta entre a produção e as necessidades da comunidade local, busca-se maior equilíbrio entre as demandas da ssossiedade e o ambiente. Nessa forma de produção, a distribuição e o consumo de bens ou serviços é horizontal, isto é, os ganhos são distribuídos e o lucro não é priorizado.

O fair trade (em tradução livre, comércio justo), movimento criado no continente europeu durante a década de 1960, visa promover transformações na cadeia produtiva ao propor a redução de etapas intermediárias entre produtores e consumidores.

Essa iniciativa prioriza relações empregatícias justas, garantindo condições de trabalho previstas por lei e salários adequados. O foco do comércio justo está no empoderamento dos pequenos e médios produtores e no trabalho artesanal; além díssu, exige menos dos recursos naturais.

Por fim, algumas cidades ao redor do mundo têm adotado práticas capazes de transformar localmente as relações de consumo. As hortas urbanas, por exemplo, encurtam as distâncias entre os locais de produção e de consumo e promóvem melhorias na qualidade ambiental das cidades, na medida em quê ampliam as áreas verdes.

Foto de homem fazendo colheita em uma horta.

Homem cuida de horta urbana OR GÂNICA em comunidade de Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ), 2022

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor

1. Reúnam-se em grupos e pesquisem exemplos de economia solidária ou de comércio justo. Façam um istóri-bôrdi (sequência de ilustrações semelhantes a histoórias em quadrinhos) para compartilhar com a turma as experiências encontradas.

1. Produções pessoais. Auxilie os estudantes para quê apresentem exemplos diversificados.

2. Reflita como você poderia colocar em prática alguns elemêntos propostos na economia solidária ou no comércio justo.

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante mencione algumas medidas, como a compra diretamente do produtor local, o uso de produtos quê utilizam menos recursos naturais durante o processo produtivo e a reutilização e a reciclagem dos resíduos gerados.

Página quarenta e três

Geração e destino dos resíduos sólidos no Brasil

Segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), em 2022, foram gerados 77,1 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil.

Observe, no gráfico 1, as diferenças na geração de RSU entre as grandes regiões do país. Enquanto um habitante da Região Norte gerava cerca de 0,88 kg de RSU por dia, no sudéste essa contribuição por habitante podia passar de 1,2 kg. Fatores como renda per cápita, hábitos de consumo, número de habitantes e concentração urbana ajudam a explicar essas diferenças regionais.

Gráfico de barras um 'Brasil: geração de resíduos sólidos urbanos – 2022'. No eixo vertical, temos: quilos per capita por dia. No eixo horizontal, temos: região. Os dados são os seguintes: Norte: 0,88; Nordeste: 0,95; Centro-oeste: 1; Sudeste: 1,23; Sul: 0,78; Brasil: 1,04.

Elaborado com base em: ABREMA. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2023. [São Paulo]: Abrema, 2023. p. 22. Disponível em: https://livro.pw/wlmnk. Acesso em: 22 ago. 2024.

Segundo a Abrema, em 2022, 93% dos RSU gerados no Brasil foram coletados. Depois de recolhidos das residências, comércios e outros locais do município, os resíduos seguem para atêerros sanitários, atêerros controlados ou lixões.

Observe, no gráfico 2, o destino dos RSU coletados no Brasil em 2022.

Os atêerros sanitários não permitem a entrada de catadores, mas apoiam o trabalho de cooperativas para a separação de materiais recicláveis.

Apesar de a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída em 2010, ter definido quê até 2014 os RSU deveriam sêr depositados apenas em atêerros sanitários, uma grande parte dos municípios brasileiros ainda encaminha seus RSU para locais inadequados, como lixões e atêerros controlados.

Nos atêerros controlados, o lixo depositado é coberto por uma camada de térra, o quê não evita a contaminação do ambiente por chorume e gases gerados pela decomposição.

Gráfico de setores dois 'Brasil: destinação final dos resíduos sólidos urbanos (milhões de toneladas) – 2022'.  Os dados são os seguintes: Aterro sanitário (sem aproveitamento): 55 por cento. 44,14 milhões de toneladas. Aterro controlado: 23 por cento. 17,32 milhões de toneladas. Lixão: 16 por cento. 12,38 milhões de toneladas. Aterro sanitário (com aproveitamento): 6 por cento. 4,42 milhões de toneladas.

Elaborado com base em: ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2022. [São Paulo]: Abrelpe, 2022. p. 49. Disponível em: https://livro.pw/zpjfl. Acesso em: 22 ago. 2024.

Página quarenta e quatro

Os atêerros sanitários são considerados destinação final ambientalmente adequada para os RSU por apresentarem controles ambientais, como a impermeabilização do solo e sistemas de drenagem para evitar a poluição das águas subterrâneas e do ar. No Brasil, cerca de 61% do lixo urbano coletado segue para esses locais. Observe a ilustração para compreender a estrutura e o funcionamento de um atêerro sanitário.

Destinação final ambientalmente adequada
: distribuição ordenada de rejeitos em atêerros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

Esquema 'Estrutura de um aterro sanitário'. Uma camada impermeabilizante isola o lençol freático da estrutura do aterro. Sobre a camada impermeabilizante, há uma camada de argila compactada e, em seguida, células de lixo compactadas.  Essas células de lixo formam estruturas em diferentes níveis. No nível mais alto, temos o setor concluído, onde se encontra vegetação de pequeno porte e drenos de gás. Em seguida, está o setor em execução, formada por drenos de água e algumas rampas, que conectam essa estrutura com o setor em preparação. No setor em preparação, há uma manta de polietileno impermeabilizante (geomembrana) e uma saída para estação de tratamento. Também se destaca um dreno de água de superfície.

Elaborado com base em: VILHENA, André (coord.). Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. 4. ed. São Paulo: Cempre, 2018. Disponível em: https://livro.pw/jxseg. Acesso em: 23 ago. 2024.

Página quarenta e cinco

Uma lei para os resíduos sólidos

Em agosto de 2010, foi publicada a lei número 12.305, quê instituiu a PNRS. Em seu texto, há princípios e objetivos quê orientam sua aplicação, bem como definições técnicas e instrumentos necessários para a gestão correta dos resíduos sólidos. Leia alguns trechos dessa lei.

Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

[...]

IX – geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privádo, quê geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo;

[...]

XV – rejeitos: resíduos sólidos quê, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade quê não a disposição final ambientalmente adequada;

XVI – resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em ssossiedade [...];

[...]

Art. 6º São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

[...]

VI – a cooperação entre as diferentes esferas do pôdêr público, o setor empresarial e demais segmentos da ssossiedade;

VII – a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

VIII – o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;

IX – o respeito às diversidades locais e regionais;

X – o direito da ssossiedade à informação e ao contrôle social;

[...]

Art. 7º São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos:

I – proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

II – não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;

III – estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;

IV – adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

[...]

BRASIL. Lei número 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei número 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, [2023]. Disponível em: https://livro.pw/znmdc. Acesso em: 23 ago. 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. De acôr-do com a lei, o quê é considerado rejeito? Cite dois exemplos de rejeitos.

1. Rejeitos são os resíduos sólidos cujos tratamento e reciclagem não são mais possíveis.

2. Os princípios da PNRS podem sêr complementados. Explique a afirmativa apresentando um exemplo.

2. Espera-se quê o estudante cite, por exemplo, quê a ssossiedade deve fazer a sua parte para reciclagem de produtos, unindo os princípios de cooperação e responsabilidade compartilhada.

3. Como você, em sua casa ou na escola, póde contribuir para o cumprimento dos objetivos da PNRS? Converse com côlégas e professor.

3. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes sugiram ações de separação de materiais a serem encaminhados para cooperativas de reciclagem ou campanhas de consumo sustentável, por exemplo.

Página quarenta e seis

CONEXÕES com...
ár-te
Retratos do lixo

Na periferia do município de Duque de Caxias (RJ), em região de mangue próxima da Baía de Guanabara, funcionou por mais de 30 anos o lixão de Gramacho. Fechado em 2012, era considerado o maior lixão da América Látína e recebia, diariamente, mais de 9 mil toneladas de resíduos sólidos diversos gerados em Duque de Caxias e municípios vizinhos.

Foto de homens coletando lixo. Esse lixo é depositado em grandes sacos.

Catadores coletam material reciclável no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), 2012.

O encerramento das atividades do lixão de Gramacho, marcado por uma cerimônia de fechamento da entrada do local, representou os esforços dos governos federal, estadual e municipal de suspender mais de 30 anos de degradação ambiental. Estima-se quê cerca de 60 milhões de toneladas de lixo foram depositados no local, quê não apresentava qualquer sistema de contrôle de poluição e contrôle de proliferação de vetores de doenças, como leptospirose e dengue.

Diferentemente de um atêerro sanitário, quê é uma obra de engenharia planejada para receber d fórma adequada os resíduos sólidos, um lixão é uma forma de depósito de lixo em quê não há qualquer contrôle dos resíduos dispostos. Dessa maneira, mesmo com as atividades encerradas, o lixão de Gramacho continua poluindo o ambiente, pois a matéria OR GÂNICA em decomposição, despejada a céu aberto, gera gases, como o gás metano, e chorume. Resíduos vindos de hospitais e mesmo de processos industriais também eram depositados em Gramacho, o quê aumentava a preocupação com a contaminação.

Página quarenta e sete

O lixão de Gramacho também influenciou a vida de milhares de pessoas quê se mantinham com a côléta de materiais recicláveis, em condições insalubres. Estima-se quê cerca de 5 mil catadores viveram do local.

Em 2007, o artista plástico brasileiro Vik Muniz (1961-) iniciou um projeto para criar obras de; ár-te com os catadores de material reciclável do lixão de Gramacho, fotografando essas pessoas e, posteriormente, retratando-as em painéis confeccionados com o próprio material coletado pelo grupo, resultando em uma série de obras denominada Retratos do lixo.

Os catadores quê participaram do projeto relataram quê o processo artístico modificou suas vidas e lhes trousse autoestima, revelando o pôdêr transformador da ár-te. Ao mesmo tempo, o projeto expôs a cruel realidade quê enfrentavam, ganhando projeção internacional e contribuindo, de certa forma, para o encerramento do lixão de Gramacho.

Mais de 10 anos depois, no entanto, o bairro Jardim Gramacho, no entorno do antigo lixão, ainda presencia caminhões de lixo passando pêlos portões antes fechados. Esses resíduos, de origem privada, são despejados ilegalmente. A grande maioria das pessoas quê moram no bairro atualmente são ex-catadores e catadoras quê já não vivem do lixão, mas continuam em situação de vulnerabilidade social.

Imagem de obra que apresenta um homem em pé em meio ao lixo. Ele segura uma grande sacola e está acenando.

MUNIZ, Vik. O semeador (Zumbi). 2008. Cópia cromogênica digital, 131,3 cm x 106,4 cm.

Saiba mais

LIXO extraordinário. Direção: Lucy Walker. Brasil: Downtown Filmes, 2010. Streaming (99 min).

Documentário quê registra a produção de Vik Muniz no lixão de Gramacho em 2007.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Em sua opinião, como a ideia de transformação aparece na ár-te produzida por Vik Muniz?

1. Espera-se quê o estudante pense no quanto a; ár-te póde transformar a realidade das pessoas, levando-as a refletir sobre sua vida e melhorando sua autoestima, e quê os materiais recicláveis, coletados pelas pessoas, são transformados em novos produtos, nesse caso em obras de; ár-te.

2. A quê reflekções sobre a destinação do lixo no Brasil o trabalho do artista nos leva?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante comente sobre os trabalhos de cooperativas de reciclagem; a quantidade de lixo quê a ssossiedade produz; as responsabilidades no descarte dos produtos etc.

Página quarenta e oito

O quê tem no meu lixo

Em 2022, cada brasileiro gerou, em média, 380 kg de RSU, segundo a Abrema. Os RSU são gerados nas residências e também nas escolas e em locais de lazer, no trabalho, em restaurantes etc.

Afinal, o quê compõe os RSU? Na composição média do lixo urbano, a maior parte é de materiais orgânicos, como restos de alimento, fô-lhas, galhos e outros. Observe o gráfico.

Além de residências, comércios e ruas, outros locais geram lixo nas cidades.

Hospitais e postos de saúde, por exemplo, produzem resíduos quê podem sêr perigosos para a saúde humana e o ambiente, como agulhas usadas, restos de curativos e procedimentos cirúrgicos, e devem receber tratamento, como a incineração em unidades especializadas. Resíduos de construção civil e demolição também devem sêr destinados a unidades quê possam torná-los reutilizáveis para outras atividades na própria construção civil. E resíduos sólidos industriais, por fim, podem possuir diferentes características, entre elas algumas classificadas como perigosas e poluentes, se não forem corretamente manipulados e tratados.

Gráfico de setores 'Brasil: composição dos resíduos sólidos urbanos – 2020'. Os dados são os seguintes: Matéria orgânica: 45,3 por cento; Plástico: 16,8 por cento; Rejeitos: 14,1 por cento; Papel e papelão: 10,4 por cento; Têxteis, couros e borracha: 5,6 por cento; Vidro: 2,7 por cento; Metais: 2,3 por cento; Embalagens multicamadas: 1,4 por cento; Outros: 1,4 por cento.

Fonte: ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2020. São Paulo: Abrelpe, 2020. p. 39. Disponível em: https://livro.pw/hbtfz. Acesso em: 8 set. 2024.

Esquema 'Resíduos sólidos urbanos'.  Podem ser considerados resíduos sólidos: Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço; Resíduos sólidos urbanos; Resíduos de serviços públicos e saneamento básico; Resíduos de serviços de transportes; Resíduos da construção civil; Resíduos industriais; Resíduos de serviços de saúde; Resíduos agrícolas e pastoris; Carvão Mineral; Os resíduos sólidos urbanos podem ser resíduos domiciliares ou resíduos de limpeza urbana.

O esquema classifica os resíduos sólidos quanto à sua origem.

Página quarenta e nove

E o lixo quê vai para o mar?

Muitos caminhos levam ao mar, e mesmo o lixo gerado em cidades distantes também acaba chegando lá. Os rios quê atravessam áreas urbanas funcionam como vias para diversos materiais descartados d fórma inadequada, transportando-os até os oceanos. Um exemplo é Manaus, a capital do Amazonas. Com a intensa urbanização, seus mais de 90 igarapés passaram a receber grandes quantidades de resíduos sólidos, quê são levados ao Rio Negro. Esse rio é afluente do Rio Amazonas, quê deságua no oceano Atlântico.

Estima-se quê 80% dos resíduos encontrados nos oceanos têm origem nos continentes, ou seja, podem ter vindo de lugares onde vivemos. No Brasil, segundo o Projeto blú Keepers, vinculado à Organização das Nações Unidas (Ônu), 3,44 milhões de toneladas de resíduos vão parar nos oceanos anualmente. Esse volume equivale a cobrir 7 mil campos de futeból.

Foto de pessoas desembarcando de um navio. Esse navio está em um rio muito poluído. Destacam-se embalagens e objetos boiando na água.

Grande quantidade de lixo nas margens do Rio Negro, em Manaus (AM), 2024.

A fauna marinha sofre grandes impactos pela ingestão dêêsses resíduos quê chegam aos oceanos, especialmente pedaços muito pequenos de plásticos, quê se degradam no mar ao longo do tempo. No topo da cadeia alimentar, os sêres humanos acabam por sofrer as consequências em sua saúde também.

Outro impacto negativo é na economia local de cidades litorâneas, quê dependem do turismo e precisam manter as águas e praias limpas para não afastar seus usuários.

Ações de comunicação e engajamento para conscientização de banhistas nas praias, instalação de ecobarreiras em rios, melhoria da côléta seletiva e fechamento de lixões são algumas das formas de prevenir e desviar o caminho quê o lixo faz até o mar. E essas soluções precisam da participação de prefeituras, empresas, indústrias e cidadãos.

Foto de barreira sobre as águas de um rio. Essa barreira está boiando.

Ecobarreira feita de materiais reutilizados para barrar o transporte de resíduos sólidos no Arroio Dilúvio, Porto Alegre (RS), 2020.

Página cinquenta

Um caminho de oportunidades e práticas

Um dos objetivos da PNRS é estabelecer uma ordem de prioridades na gestão dos resíduos sólidos, quê começa na não geração e termina na disposição dos rejeitos nos atêerros sanitários. Cada etapa póde sêr alcançada por meio de diversas iniciativas, quê fazem repensar o consumo, a responsabilidade pelo descarte e a disposição final do lixo. Com base nessa reflekção, é possível reivindicar mudanças às autoridades locais.

Esquema 'Brasil: hierarquia de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos'. Na ordem de maior prioridade para a menor prioridade, temos: Não geração; Redução; Reutilização; Reciclagem; Tratamento; Disposição Final.

Elaborado com base em: BRASIL. Lei número 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei número 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, [2023]. Disponível em: https://livro.pw/znmdc. Acesso em: 8 set. 2024.

O primeiro passo é a não geração

Refletir sobre a real necessidade de comprar um produto é fundamental para reduzir a geração de lixo. Esse passo póde sêr iniciado com perguntas relacionadas aos hábitos pessoais. Para reduzir a quantidade de resíduos sólidos, por exemplo, é possível planejar a quantidade de alimentos quê será consumida, não comprando muitos produtos perecíveis de uma vez, evitando o desperdício. Essas ações também se relacionam com uma postura ética perante a ssossiedade, pois promóvem a reflekção sobre o trabalho necessário e os recursos naturais utilizados para o cultivo dos alimentos.

Se não dá para evitar, reduzir e reutilizar

Optar por produtos usados em bom estado ou repassar a outras pessoas os objetos e materiais quê você não deseja mais são recomendações da política de resíduos. Há uma forte tendência na Europa e no Brasil de brechós e outros tipos de lojas quê vendem roupas, equipamentos eletrônicos e objetos de decoração usados. O preêço geralmente é mais baixo do quê o de um novo, e é uma forma de poupar os recursos naturais quê seriam extraídos no processo produtivo de novos produtos, além de evitar a geração de mais resíduos.

Página cinquenta e um

Reciclar para não faltar

Segundo a Abrema, em 2023, menos de 15% da população brasileira contava com serviços de côléta seletiva. Ela é de extrema importânssia para o setor da reciclagem, mas cerca de 25% dos municípios brasileiros nem sequer possuíam uma iniciativa a respeito na época.

A logística reversa é definida pela PNRS como um conjunto de ações quê promóvem o retorno dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. As embalagens dos produtos quê consumimos, seja de papelão, plástico, metal ou vidro, devem sêr recolhidas por meio da côléta seletiva e, uma vez preparadas para a compra pela indústria, sêrem recicladas e utilizadas em novos produtos. Lâmpadas, medicamentos, equipamentos eletroeletrônicos, pilhas e baterias, entre outros produtos, também devem ser recolhidos por meio da logística reversa.

Foto de muitos objetos plásticos compactados. Esse lixo adquire a forma de grandes cubos.

Fardos de plástico separados para a reciclagem em Cônego Marinho (MG), 2022.

Tratamento como solução

Como apresentado anteriormente, quase mêtáde dos RSU coletados no Brasil são orgânicos, como restos de comida. Para esse tipo de resíduo, há muitas possibilidades de tratamento, como a compostagem e a biodigestão.

A compostagem é uma técnica quê estimula a decomposição de resíduos orgânicos e gera um material rico em nutrientes, quê póde sêr aplicado no cultivo de alimentos. A biodigestão é um método anaeróbico (ausência de oxigênio) quê promove a decomposição de resíduos orgânicos e gera biogás, utilizado como combustível e na produção de energia elétrica.

Há também uma parte dos resíduos sólidos quê não póde sêr reciclada ou passar por diferentes tratamentos como os mencionados. O aproveitamento energético é uma alternativa quê deve sêr planejada e considerada no tratamento dêêsses resíduos e quê consiste em técnicas como a incineração, quê gera eletricidade.

Foto de matéria orgânica reunida e compactada, na forma de grandes retângulos. Essa matéria orgânica está em um local aberto.

Compostagem de matéria OR GÂNICA em São Paulo (SP), 2021.

Aterro sanitário só no final

Os rejeitos quê sobram da reciclagem e das formas de tratamento devem ir para locais como os atêerros sanitários. Essas unidades devem realizar a captação do biogás gerado em seu interior e, de preferência, aproveitá-lo para a geração de eletricidade ou combustível a gás.

Página cinquenta e dois

O quê o mundo faz com os resíduos sólidos

Um Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) estima quê mais de 2 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos são gerados no mundo por ano, podendo chegar a quase 4 bilhões até 2050. A distribuição dessa geração varia entre as regiões do mundo. Observe o gráfico 1.

Gráfico de barras um 'Mundo: geração de resíduos sólidos urbanos, por região – 2023'. No eixo vertical, temos: total de resíduos sólidos urbanos (milhões de toneladas) e Resíduos sólidos urbanos per capita (quilos por pessoa por dia). No eixo horizontal, temos as localidades. Os dados são os seguintes: América do Norte: 300 milhões de toneladas e mais de 2,1 quilos por pessoa por dia; América Central e Caribe: menos de 100 milhões de toneladas e mais de 0,7 quilo por pessoa por dia;  América do Sul: mais de 100 milhões de toneladas e mais de 0,7 quilo por pessoa por dia;  Europa Setentrional: menos de 100 milhões de toneladas e mais de 1,05 quilos por pessoa por dia;  Europa Ocidental: 100 milhões de toneladas e 1,4 quilos por pessoa por dia;  Europa meridional: menos de 100 milhões de toneladas e mais de 1,05 quilos por pessoa por dia;  Europa oriental: mais de 100 milhões de toneladas e por volta de 1,05 quilos por pessoa por dia;  Ásia ocidental e Norte da África: mais de 100 milhões de toneladas e mais de 0,7 quilo por pessoa por dia;  África Subsaariana: 200 milhões de toneladas e mais de 0,35 quilo por pessoa por dia;  Centro e sul da Ásia: menos de 300 milhões de toneladas e por volta de 0,35 quilo por pessoa por dia;  Leste e sudeste da Ásia: mais de 500 milhões de toneladas e por volta de 0,7 quilo por pessoa por dia;  Oceania: menos de 300 milhões de toneladas e mais de 0,35 quilo por pessoa por dia;  Austrália e Nova Zelândia: menos de 300 milhões de toneladas e 1,4 quilo por pessoa por dia.

Elaborado com base em: UNEP. Global waste management outlook 2024: beyond an age ÓF waste: turning rubbish into a resource. Nairóbi: Unep, 2024. p. 16. Disponível em: https://livro.pw/bsadb. Acesso em: 23 ago. 2024.

Segundo dados de 2018 do Banco Mundial, embora representem apenas 16% da população do mundo, os países mais ricos geram 34%, ou 683 milhões de toneladas, dos RSU mundiais. Bermuda, Canadá e Estados Unidos produzem a maior quantidade média de resíduos per cápita, com 2,21 kg por dia. A média global estimada é a geração de 0,74 kg per cápita/dia.

A composição média dos RSU globais demonstra quê, em geral, o mundo desperdiça uma quantidade considerável de alimentos e a fração OR GÂNICA corresponde a mais da mêtáde de tudo o quê é gerado. Observe o gráfico 2.

Gráfico de setores dois 'Mundo: composição dos resíduos sólidos urbanos – 2020'. Os dados são os seguintes: Resíduos de alimentos e jardins: 44 por cento. Papel e papelão: 15 por cento. Plástico: 12 por cento. Vidro: 5 por cento. Metal: 4 por cento. Outros: 20 por cento.

Elaborado com base em: WHAT a waste global database. [S. l.]: uôrd bânk Group, c2022. Disponível em: https://livro.pw/rjbyn. Acesso em: 23 ago. 2024.

Página cinquenta e três

De todos os RSU gerados no mundo em 2020, cerca de 38% deixaram de sêr coletados e foram despejados ou queimados a céu aberto, ou foram coletados e, posteriormente, despejados ou queimados; 30% foram enviados para atêerros sanitários, 19% foram para a reciclagem e 13% foram utilizados na geração de energia. Observe o gráfico 3.

A gestão e o tratamento de resíduos sólidos varíam bastante entre as regiões do mundo. As diferenças entre elas são nítidas: enquanto em algumas regiões o resíduo é destinado prioritariamente à reciclagem e a outros métodos de reaproveitamento, em outras, é, em sua maioria, depositado em locais inadequados, como os lixões, e apenas uma pequena parte é reaproveitada.

Gráfico de barras três 'Mundo: destinação de resíduos sólidos urbanos, por região – 2023'.  No eixo vertical temos o percentual. No eixo horizontal temos a região. Os dados são os seguintes: América do Norte. Reciclagem: mais de 30 por cento; aterro: quase 50 por cento; resíduos em energia quase 10 por cento; sem controle: quase um por cento; América Central e Caribe. Reciclagem: mais de 10 por cento; aterro: menos de 30 por cento; resíduos em energia: quase um por cento; sem controle: quase 60 por cento; América do Sul. Reciclagem: menos de 10 por cento; aterro: mais de 50 por cento; sem controle: mais de 30 por cento; Europa Setentrional. Reciclagem: mais de 40 por cento; aterro: quase 10 por cento; resíduos: em energia mais de 30 por cento; sem controle: menos de 10 por cento. Europa Ocidental. Reciclagem: mais de 50 por cento; aterro aproximadamente 10 por cento; resíduos em energia quase 30 por cento; sem controle: quase 10 por cento. Europa Meridional. Reciclagem: mais de 40 por cento; aterro: quase 40 por cento; resíduos em energia mais de 10 por cento; sem controle: aproximadamente 5 por cento. Europa Oriental. Reciclagem: mais de 20 por cento; aterro: quase 40 por cento; resíduos em energia: menos de 10 por cento; sem controle: menos de 20 por cento. Ásia Ocidental e Norte da África. Reciclagem: menos de 20 por cento; aterro: mais de 40 por cento; resíduos em energia: aproximadamente um por cento; sem controle: mais de 30 por cento. África subsaariana. Reciclagem: menos de 5 por cento; aterro: aproximadamente 10 por cento; sem controle: mais de 80 por cento; Centro e sul da Ásia. Reciclagem: 10 por cento; aterro: mais de 10 por cento; sem controle: quase 80 por cento; Leste e sudeste da Ásia. Reciclagem: 10 por cento; aterro: mais de 20 por cento; resíduos em energia: mais de 20 por cento; sem controle: menos de 40 por cento; Oceania. Reciclagem: menos de 10 por cento; aterro: 20 por cento; resíduos em energia: menos de 10  por cento; sem controle: aproximadamente 60 por cento; Austrália e Nova Zelândia. Reciclagem mais de 50 por cento; aterro: mais de 30 por cento; resíduos em energia: aproximadamente um por cento; sem controle: quase 10 por cento.

Fonte: UNEP. Global waste management outlook 2024: beyond an age ÓF waste: turning rubbish into a resource. Nairóbi: Unep, 2024. p. 22. Disponível em: https://livro.pw/bsadb. Acesso em: 23 ago. 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Em qual região o Brasil está localizado no gráfico 3, e de quê forma o sistema nacional se parece com a análise regional?

1. O Brasil, localizado na região da América do Sul, enquadra-se nos países quê pouco reciclam e ainda entendem a questão dos resíduos como um problema, e não uma oportunidade de geração de energia e riquezas.

2. Com base na hierarquia da gestão dos resíduos sólidos definida na PNRS, discutida na página 45, analise o gráfico 3 e identifique quais regiões parecem aplicar os conceitos da ordem de prioridades.

2. Espera-se quê o estudante aponte a alta taxa de reciclagem na Europa ocidental, Austrália e Nova Zelândia, Europa setentrional e Europa meridional, seguidas pela América do Norte.

Página cinquenta e quatro

AMPLIAR SABERES

Como é calculado o ‘custo real’ do plástico

Especialistas da Dalberg e WWF elaboraram um modelo de cálculo para o “custo real” do plástico considerando tanto o custo mínimo de vida útil da produção quanto a posterior gestão dos resíduos, além de comparar esses custos entre países de rendas alta, média e baixa.

Entre os custos quê podem sêr quantificados, estão o custo de produção e o custo das emissões de GEEs, mas os países não pagam esses custos, eles são apenas usados para indicar a desproporcionalidade dos encargos para os diferentes níveis de renda entre os países.

A maior parte dos impactos está relacionada à má gestão dos resíduos e ao custo para os ambientes marinhos. Os países de média e baixa renda pagam de 8 a 10 vezes mais do quê os países de renda elevada no custo total de um kilo de resíduos plásticos. Isso acontece porque, muitas vezes, os países mais ricos exportam seus resíduos para países com rendas menóres para processamento.

Elaborado com base em: QUEM paga mais pela poluição plástica? Página 22, [São Paulo], 7 nov. 2023. Disponível em: https://livro.pw/hmnpx. Acesso em: 24 ago. 2024.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Nos gráficos, obissérve a composição dos RSU gerados em países divididos em quatro níveis de renda.

Conjunto de quatro gráficos de setores intitulados 'Composição dos resíduos sólidos, por nível de renda dos países – 2016'. Os dados são os seguintes: Gráfico um: renda alta. Resíduos de alimentos e jardins: 32 por cento; Papel e papelão: 25 por cento; Plástico: 13 por cento; Vidro: 5 por cento; Metal: 6 por cento; Outros: 19 por cento; Dois. Renda média-alta. Resíduos de alimentos e jardins: 59 por cento; Papel e papelão: 12 por cento; Plástico: 11 por cento; Vidro: 4 por cento; Metal: 2 por cento; Outros: 17 por cento; 3. Renda média-baixa. Resíduos de alimentos e jardins: 53 por cento; Papel e papelão: 12,5 por cento; Plástico: 11 por cento; Vidro: 3 por cento; Metal: 2 por cento; Outros: 18,5 por cento; 4. Renda baixa. Resíduos de alimentos e jardins: 56 por cento; Papel e papelão: 7 por cento; Plástico: 6,4 por cento; Vidro: um por cento; Metal: 2 por cento; Outros: 27,6 por cento.

Elaborado com base em: KAZA, Silpa éti áu. What a waste 2.0: a global snapshot ÓF solid waste management to 2050. Uóchinton, DC: uôrd bânk, 2018. p. 30. (Série Urban Development). Disponível em: https://livro.pw/ybnsh. Acesso em: 26 ago. 2024.

a) Quais frações varíam mais entre os níveis de renda? Em sua opinião, por quê isso acontece?

a) Resíduos de alimentos e jardins, papel e papelão e plástico. Espera-se quê o estudante responda quê quanto maior a renda, maior o uso de plástico e papel, indicando maior consumo, já quê esses materiais compõem as embalagens de produtos.

b) Quais frações varíam menos?

b) Vidro e metal.

c) Considerando o dado sobre a produção de RSU no Brasil na página 48, a qual nível de renda mais se aproxima o país?

c) O Brasil se aproxima dos gráficos 2 e 3, ou seja, de níveis intermediários.

d) Converse com côlégas e professor sobre ações e responsabilidades quê podemos tomar para mudar o tipo e a quantidade de resíduos sólidos quê geramos. Será quê essas ações poderiam sêr aplicadas a todas as culturas?

d) Resposta pessoal. Espera-se quê os estudantes discutam quê a geração de resíduos varia de acôr-do com o nível de renda, já quê o consumo varia também de acôr-do com ela e, por isso, as ações devem sêr pensadas de maneira diferente para cada cultura.

Página cinquenta e cinco

ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Leia o fragmento do texto e faça o quê se pede.

Um guia de (Moda) influente e muito lido oferece para a temporada outono-inverno de 2005 ‘meia dúzia de looks fundamentais’ ‘para os próximos meses’, ‘que colocam qualquer um à frente do júri do estilo’. Essa proméssa é apropriada e habilmente calculada para conquistar nossa atenção: com uma frase breve, decidida, é possível atingir todas as ansiedades e os ímpetos criados pela ssossiedade de consumidores e nascidos da vida de consumo.

BAUMAN, Zygmunt. A ética é possível num mundo de consumidores?. Tradução: Alexandre Vêrnéki. Rio de Janeiro: Zarrár, 2011. p. 127.

Relacione o fragmento do texto com a ideia de ssossiedade de consumo.

1. Espera-se quê o estudante compreenda quê o fragmento do texto descreve os mecanismos apelativos utilizados pelas propagandas e publicidades para atrair a atenção das pessoas e incentivar o consumo de bens e serviços ofertados no mercado.

2. Observe a propaganda e analise a linguagem utilizada nela, relacionando-a com as necessidades de consumo criadas na ssossiedade contemporânea.

Propaganda que apresenta uma mulher e uma jovem. Ao lado, está escrito: 'Sua mãe vai querer esse presente. Blusas a partir de 149 reais e 90 centavos'.

Composição de anúncio publicitário criado exclusivamente para essa obra.

2. A propaganda utiliza uma linguagem apelativa e imperativa para tokár as emoções do sujeito ao explorar os laços afetivos entre mãe e filhos e, assim, criar a necessidade do consumo do produto em questão.

3. Leia o trecho da notícia, obissérve a fotografia e, depois, faça o quê se pede.

Inspirado nas grandes semanas de (Moda), o desfile no Lixão do Atacama traz um alerta global sobre as ações poluentes da indústria da (Moda). Em meio a toneladas de peças de roupas no lixão a céu aberto no Chile, as modelos irão aparecer vestindo itens despejados com o objetivo de abordar o senso de urgência. [...]

Nos arredores do Deserto do Atacama, no Chile, encontra-se uma montanha descartada de roupas, entre sapatos, camisetas, casacos, vestidos e outros trajes, e já póde sêr vista do espaço. [...]

A indústria da (Moda) é uma das mais poluentes do mundo, e a iniciativa traz o quê o universo fashion sempre está atento: um desfile. [...]

[...]

‘Mesmo com todos os seus impactos, o setor da (Moda) não é incluído com sua devida responsabilidade na agenda política quando se trata de abordar a crise climática’, completa Eloisa Artuso, cofundadora do Instituto Febre, organização social quê trabalha com justiça sócio-ambiental na intersecção entre clima, gênero e (Moda).

L’OFFICIEL BRASIL. Lixão do Atacama recebe primeiro desfile de (Moda) como alerta global. L’Officiel, [s. l.], 8 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/prkyj. Acesso em: 26 ago. 2024.

Foto de muitas roupas empilhadas em um local aberto.

Roupas descartadas em um lixão no deserto do Atacama (Chile), 2021.

a) Reflita sobre como as suas escôlhas de (Moda) e consumo impactam o meio ambiente. Você considera as consequências ambientais antes de comprar roupas ou

3. a) Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante reconheça se considera ou não as consequências ambientais antes de adquirir novos itens de (Moda) e como poderia ajustar seus hábitos para reduzir esse impacto.

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outros itens de (Moda)? Como você poderia adaptar seu estilo de consumo para sêr mais sustentável, minimizando o impacto ambiental e contribuindo para práticas mais responsáveis? Compartilhe suas reflekções com a turma e explorem juntos formas de implementar mudanças positivas em suas rotinas de consumo.

b) Pesquise exemplos de ações quê promovam a sustentabilidade adotadas na sua comunidade escolar e compartilhe com côlégas e professor. Em um debate mediado pelo professor, avalie de quê forma as ações trazidas contribuem para minimizar os impactos ambientais.

3. b) Resposta pessoal. ôriênti os estudantes a conversar com as pessoas de sua comunidade escolar, côlégas, professores, funcionários da escola, pais e responsáveis a respeito de algumas ações quê são adotadas por eles e quê contribuem para promover a sustentabilidade do meio ambiente.

4. Observe no qüadro o número de municípios, por grande região, com destinação adequada e inadequada dos RSU coletados.

Brasil: disposição final de RSU, por número de municípios – 2021

Região

Norte

Nordeste

Centro-Oeste

sudéste

Sul

Destinação final

Adequada

96

515

175

887

2.774

Inadequada

354

1.276

292

781

2.826

Elaborada com base em: ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2022. [São Paulo]: Abrelpe, 2022. p. 28. Disponível em: https://livro.pw/zpjfl. Acesso em: 22 ago. 2024.

a) Em qual ou quais regiões há mais municípios quê dão uma disposição final adequada para os RSU do quê municípios quê dão destinação inadequada?

4. a) sudéste e Sul.

b) Você sabe onde os caminhões de lixo depositam os resíduos depois quê fazem a côléta no seu bairro ou município? Pesquise essa informação e, com professor e turma, organizem um trabalho de campo. Muitos atêerros sanitários possuem programas de visitas guiadas de escolas.

4. b) É possível encontrar essa informação nos sáites de prefeituras municipais, na seção de saneamento. Em alguns municípios, não há atêerros, e a destinação póde se dar em municípios vizinhos.

5. Observe o gráfico.

a) Explique a diferença na geração de RSU entre as grandes regiões brasileiras.

5. a) A diferença na geração de RSU entre as regiões brasileiras póde sêr explicada, principalmente, pela densidade populacional, pelo grau de urbanização e pêlos padrões de consumo.

b) Quais políticas públicas poderiam sêr implementadas em todas as regiões para mitigar o impacto ambiental?

5. b) Políticas públicas poderiam incluir a promoção da reciclagem, a implementação de programas de educação ambiental para incentivar a redução do consumo e a geração de resíduos, e o investimento em tecnologias de tratamento de resíduos, como a compostagem e a incineração com geração de energia.

Gráfico de setores 'Brasil: resíduos sólidos urbanos, por região (milhões de toneladas) – 2022'. Os dados são os seguintes: Sudeste: 38,09 milhões de toneladas. 49 por cento. Nordeste: 18,95 milhões de toneladas. 25 por cento. Sul: 8,50 milhões de toneladas. 11 por cento. Centro-oeste: 5,93 milhões de toneladas. 8 por cento. Norte: 5,60 milhões de toneladas. 7 por cento.

Elaborado com base em: ABREMA. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2023. [São Paulo]: Abrema, 2023. p. 21. Disponível em: https://livro.pw/wlmnk. Acesso em: 26 ago. 2024.

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6. Observe nas fotografias o trabalho realizado pelo fotógrafo píter Menzel (1948-), em 2013, quê retratou os alimentos consumidos em uma semana por mais de 30 famílias de diversos países do mundo.

Foto um que apresenta um homem, uma mulher e dois jovens. Eles estão ao lado de uma mesa com muitos alimentos industrializados, como balas, embutidos, pães e sucos. Os jovens seguram duas caixas de pizza.

Família nos Estados Unidos quê gastava, em 2013, cerca de 684 reais com alimentação por semana.

Foto dois, que apresenta um homem, duas mulheres e seis crianças. Eles estão sentados ao redor dos alimentos, organizados sobre palha. Dentre esses alimentos, destaca-se: bananas, cenouras, batatas, frutas e diversos vegetais.

Família no Equador quê gastava, em 2013, 62 reais com alimentação por semana.

a) Quais diferenças são observadas no consumo e nos hábitos alimentares das duas famílias retratadas? Qual delas, provavelmente, deve apresentar um padrão de consumo quê gera mais impactos no meio ambiente?

6. a) Espera-se quê o estudante identifique quê as duas famílias apresentam grandes diferenças no padrão de consumo e de hábitos alimentares.

b) Relacione as fotografias com os dados apresentados no mapa da página 40.

6. b) Assim como as fotografias demonstram quê o consumo semanal da família estadunidense é maior do quê o consumo da família equatoriana, os dados do mapa revelam quê as despesas de consumo final nos Estados Unidos são maiores quê no Equador.

c) Em sua opinião, qual é a importânssia do trabalho desenvolvido pelo fotógrafo píter Menzel?

6. c) Resposta pessoal. O estudante deve sêr incentivado a refletir e opinar sobre a importânssia do trabalho realizado pelo fotógrafo píter Menzel, por demonstrar a diversidade existente no mundo e os reflexos dessas diferenças no modo de consumo e nos hábitos alimentares das famílias.

7. Observe o mapa e faça o quê se pede.

Mapa 'Estuário Santos-São Vicente'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Poluição marinha por resíduos sólidos. Principais fontes poluidoras na porção insular do município de Santos: Favelas de palafitas: localizadas ao norte da ilha de São Vicente, com destaque para o Dique da Vila Gilda, Jardim São Miguel e Vila dos Criadores. Canais de Drenagem: espalhadas no interior de Santos. Resíduos sólidos: área litorânea de Santos e de São Vicente.

Fonte: ABRELPE. Combate às fontes de poluição marinha por resíduos sólidos. São Paulo: Abrelpe, 2019. p. 37. Disponível em: https://livro.pw/jlqok. Acesso em: 8 set. 2024.

a) Com base na leitura do mapa, desenvolva uma breve explicação sobre as possíveis origens dos resíduos sólidos, a forma como ocorreu o descarte e o caminho quê seguiu até parar no ponto onde foi coletado.

7. a) Os resíduos são os quê acabam nas águas oceânicas, são transportados por canais de drenagem, rios ou até mesmo diretamente por pessoas quê frequentam a praia.

b) Além dos oceanos, outros corpos hídricos, como rios, córregos e lagos, apresentam problemas de contaminação por resíduos sólidos. As fontes de geração são as mesmas? Se sim, quê ações de prevenção podem sêr tomadas?

7. b) Sim, as fontes de geração de resíduos sólidos quê contaminam os oceanos são muitas vezes as mesmas quê afetam outros corpos hídricos.

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