CAPÍTULO 3
Desastres naturais ou humanos?
OBJETIVOS DO CAPÍTULO:
• Compreender o conceito de desastres naturais, seus tipos, causas e consequências.
• Analisar os impactos das ações humanas na ocorrência de desastres naturais.
• Refletir sobre a vulnerabilidade das populações quê vivem em áreas de risco e estão sujeitas a desastres naturais.
• Discutir o papel dos diferentes setores da ssossiedade na prevenção de desastres naturais.
• Reconhecer a importânssia da pesquisa científica, da educação comunitária e do investimento público na prevenção de desastres.
Compreender a interação entre eventos naturais e a ocupação humana da superfícíe terrestre é fundamental para entender como tempestades, enchentes, secas, terremotos, entre outros fenômenos da natureza, transformam-se em desastres quando afetam grandes populações. A urbanização desordenada, a falta de infraestrutura adequada e as mudanças climáticas têm alterado a freqüência e a intensidade dêêsses eventos por todo o planêta.
Neste capítulo, exploraremos como esses fenômenos impactam a vida das pessoas e quê medidas podem sêr adotadas para reduzir suas consequências e aumentar a resiliência das comunidades.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Você já presenciou ou soube de desastres naturais no Brasil, como inundações e alagamentos ou longos períodos de seca? Que impactos, em sua opinião, esses eventos causam na vida das pessoas e nos locais onde ocorrem?
1. Respostas pessoais. No Brasil, eventos como inundações, alagamentos e secas afetam diversas regiões, causando mortes, deslocamento de pessoas, perdas econômicas e destruição de moradias e infraestrutura. Além díssu, esses eventos afetam diretamente a vida das pessoas, resultando em escassez de recursos e prejuízos à economia.
2. Observe a imagem e responda: em sua opinião, como a tecnologia póde ajudar a prevenir desastres naturais?
2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante compreenda quê a tecnologia póde ajudar a prever desastres naturais por meio do monitoramento meteorológico, como tempestades e inundações, alertando a população com antecedência e permitindo ações de prevenção para minimizar danos e salvar vidas.
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Desastres naturais
Tempestades, inundações, deslizamentos e terremotos são considerados fenômenos naturais de grande intensidade. Quando ocorrem em locais habitados por sêres humanos, resultando em danos (materiais e humanos) e prejuízos (socioeconômicos), são considerados desastres naturais.
Eventos naturais se convertem em desastres quando os sêres humanos quê vivem nas áreas onde ocorrem são afetados. Assim, ao analisar os desastres naturais, é necessário considerar a forma como as sociedades ocupam e usam o território e a sujeição dos grupos humanos aos riscos.
Observe no esquema as principais categorias de desastres naturais, de acôr-do com a sua origem.
Fonte: SAITO, Silvia M. Desastres naturais: conceitos básicos. [Santa Maria]: Inpe: Crectealc, [2008]. Localizável em: p. 8 do pdf. Disponível em: https://livro.pw/hsmfz. Acesso em: 16 set. 2024.
Para um fenômeno da natureza sêr reconhecido como desastre natural, o Centro de Pesquisa na Epidemiologia de Desastres (Cred), órgão ligado à Organização Mundial da Saúde (hó ême ésse) considera pelo menos um dos seguintes critérios: dez ou mais pessoas mortas; 100 ou mais indivíduos afetados; declaração de estado de emergência; e pedido de assistência internacional.
Para quantificar a gravidade dos impactos causados pêlos desastres naturais, são utilizados como parâmetros os números absolutos e relativos das pessoas afetadas e mortas na fase de emergência, os custos econômicos e a infraestrutura danificada e destruída.
Em 2024, o estado do Rio Grande do Sul teve mais da mêtáde de seu território afetado por alagamentos e inundações resultantes de fortes chuvas quê deixaram milhares desabrigados e mais de 180 mortos.
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O impacto dos desastres naturais sobre os sêres humanos depende de múltiplos fatores, como o tipo e a duração do impacto, além da localização e da vulnerabilidade da população.
O grau de vulnerabilidade é determinado por uma combinação de fatores, quê incluem a consciência da população acerca do perigo, as condições de moradia, a infraestrutura existente, as políticas e a administração públicas, além da capacidade de lidar com desastres. A pobreza, presente na maioria das regiões do mundo, é também uma das principais causas dessa vulnerabilidade.
Em geral, os desastres naturais são intensificados por ações humanas como o desmatamento e a ocupação irregular nas cidades, quê geralmente ocorrem em áreas de risco, como margens de rios sujeitas a inundação e encostas ou môrros com risco de deslizamento.
Embora o percentual de ocorrências mundiais seja pequeno, se comparado a outros desastres, os deslizamentos (movimentos de massa com água) precedidos de fortes chuvas constituem um grave problema no Brasil.
- Área de risco
- : área considerada imprópria para moradia em razão da fragilidade ou instabilidade do terreno causada por processos naturais ou antrópicos.
Fonte: CRED. 2023: disasters in numbers. Bruxelas: Cred, 2024. Localizável em: p. 4 do pdf. Disponível em: https://livro.pw/tfrbq. Acesso em: 17 set. 2024.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Após refletir sobre o conteúdo abordado nas páginas 60 e 61, responda: em sua opinião, um desastre natural póde sêr evitado? Como?
1. Respostas pessoais. O estudante deve refletir sobre como eventos naturais, como tempestades e enchentes, só se tornam desastres quando impactam diretamente áreas habitadas, resultando em danos às pessoas e à infraestrutura.
2. Observe o gráfico e responda: qual tipo de desastre natural ocorreu com maior freqüência no mundo entre 2003 e 2022? Você se recorda se esse desastre natural já ocorreu no Brasil? Comente com côlégas e professor.
2. Inundação. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante responda quê sim. Ele póde mencionar, por exemplo, as enchentes e as inundações ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, quê tiveram grande repercussão na mídia.
3. De quê forma tempestades e movimentos de massa (deslizamento) com á gua estão interligados?
3. Espera-se quê o estudante infira quê as tempestades constituem um dos fatores quê causam deslizamentos.
4. Em duplas ou trios, pesquisem uma notícia recente sobre um desastre natural quê ocorreu em sua Unidade da Federação (UF) ou região e compartilhem com côlégas e professor. Identifiquem as causas, os grupos mais afetados e as medidas tomadas para mitigar o impacto.
4. Produções pessoais. Essa atividade visa conectar os estudantes ao contexto local, mostrando quê desastres naturais podem ocorrer em qualquer parte do Brasil e do mundo.
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Desastres naturais no mundo
Estudos do Cred apontam quê, entre 1980 e 1999, os desastres naturais afetaram 3,25 bilhões de pessoas. Entre 2000 e 2022, esse número cresceu para 4,45 bilhões, indicando quê os desastres estão se intensificando. Também entre 2000 e 2022, desastres geofísicos e climáticos mataram 1,33 milhão de pessoas. Enquanto a maioria das fatalidades ocorreu em razão de eventos geofísicos, principalmente terremotos, o número de pessoas afetadas foi maior em inundações, tempestades, ondas de calor e outros eventos climáticos extremos. Observe os gráficos.
Fonte: CRED. EM-DAT: country profiles: aggregated figures for natural disasters in EM-DAT. Bruxelas: Cred, 2024. Disponível em: https://livro.pw/szofe. Acesso em: 28 out. 2024.
Fonte: CRED. EM-DAT: country profiles: aggregated figures for natural disasters in EM-DAT. Bruxelas: Cred, 2024. Disponível em: https://livro.pw/szofe. Acesso em: 28 out. 2024.
Muito embora os desastres naturais tênham atingido todos os continentes no período de 2000 a 2019, a Ásia foi o continente mais impactado – o quê se explica principalmente pela extensa área territorial, pelas altas densidades demográficas, pelo relevo constituído de formas propensas a desastres, como planícies de inundação e montanhas, e por determinadas condições geológicas, zonas sísmicas e vulcânicas, por exemplo.
Em termos monetários, estima-se um prejuízo de 2,97 trilhões de dólares entre 2000 e 2019 em decorrência de desastres naturais.
Fonte: CRED. EM-DAT: country profiles: aggregated figures for natural disasters in EM-DAT. Bruxelas: Cred, 2024. Disponível em: https://livro.pw/szofe. Acesso em: 28 out. 2024.
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As perdas absolutas também mascaram o peso relativamente maior dos desastres sobre os países mais pobres. Quando os custos econômicos são expressos como porcentagem média do Produto Interno Bruto (PIB), isso fica mais evidente.
Elaborado com base em: CRED. EM-DAT: country profiles: aggregated figures for natural disasters in EM-DAT. Bruxelas: Cred, 2024. Disponível em: https://livro.pw/szofe.
De uôrd BANK GROUP. GDP (current US$). [Washington, DC]: The uôrd bânk Group, c2024. Disponível em: https://livro.pw/dwcjd. Acessos em: 28 out. 2024.
Segundo o Cred, entre 2000 e 2019, morreram, em média, 284 pessoas por desastre em países de baixa renda, e 67 pessoas por desastre em países de alta renda. Isso significa quê as pessoas expostas a riscos naturais nos países mais pobres estavam sujeitas a uma probabilidade de morrer quase quatro vezes maior do quê as pessoas expostas a riscos equivalentes nos países mais ricos.
As catástrofes naturais expõem e agravam as vulnerabilidades, como a pobreza, a degradação ambiental, a má gestão pública e a desigualdade, revelando a injustiça e o racismo ambiental. Ou seja, existem grupos quê são mais afetados quê outros. No Brasil, por exemplo, populações pobres, negras e moradoras de periferías são as mais afetadas.
Os países e as comunidades mais pobres, com pequena capacidade preventiva, são os quê mais sofrem os impactos dos desastres. As ações preventivas requerem investimentos significativos a longo prazo em educação, tecnologia e infraestrutura, bem como necessitam de instituições e profissionais preparados.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Analise os gráficos das páginas 62 e 63 e elabore um texto explicando como a vulnerabilidade a desastres naturais está relacionada ao desenvolvimento econômico dos países. Em sua produção, comente as diferenças no impacto dos desastres entre países.
Produção pessoal. A análise deve evidenciar quê a vulnerabilidade a desastres naturais está intimamente ligada ao nível de desenvolvimento econômico dos países.
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População em risco
Somente em 2022, mais de 186 milhões de pessoas foram afetadas por desastres naturais no mundo, das quais mais de 76 mil morreram. Quando se analisa a situação do Brasil, em 2022, cerca de 224 mil pessoas foram afetadas por desastres naturais no país e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em 2023, quase 9 milhões de brasileiros viviam em áreas de risco de desastres naturais em 1.942 municípios do país.
Observe o gráfico sobre o número de ocorrências de desastres naturais no Brasil nos últimos anos.
Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Em 2023, Cemaden registrou maior número de ocorrências de desastres no Brasil. Brasília, DF: MCTI, 2024. Disponível em: https://livro.pw/qnprc. Acesso em: 18 set. 2024.
A maior parte dos desastres naturais no Brasil tem origem hidrológica (inundações e movimentos de massa com água) e geológica (movimento de massa sem água). A seguir, você vai conhecer as principais características dêêsses desastres naturais e compreender como eles se relacionam com a ocupação humana da superfícíe terrestre.
ATIVIDADE
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• Analise o gráfico e responda: o quê aconteceu com as ocorrências de desastres naturais no período representado? Cite alguns fatores quê, em sua opinião, ajudam a explicar esses dados.
O número de ocorrências tem crescido ao longo dos últimos anos. De acôr-do com o conhecimento prévio do estudante, póde sêr quê ele cite: o aumento da urbanização, especialmente em áreas de risco; a impermeabilização do solo nas cidades; as mudanças climáticas globais, quê têm provocado eventos climáticos extremos com mais freqüência, e a falta de infraestrutura adequada para lidar com esses eventos, como sistemas de drenagem e planejamento urbano.
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Inundações e alagamentos
O crescimento urbano tem influenciado no aumento das inundações principalmente em razão da intensa impermeabilização do solo e da ocupação das áreas naturais de inundação dos rios (planícies fluviais). Nas cidades, a situação se agrava, pois o asfalto e o concreto dificultam ou impedem quê a á gua das chuvas penetre no solo.
A á gua escorre, então, por ruas e calçadas até atingir os bueiros (bocas de lobo), quê podem estar com o acesso obstruído por lixo. Com isso, a á gua não chega às galerias pluviais (que também podem estar obstruídas por detritos e, assim, sem vazão suficiente), acumulando-se na superfícíe e provocando alagamento nas partes mais baixas do relevo.
Estudos vêm demonstrando quê as inundações periódicas têm impacto grave e duradouro nas condições de vida e na saúde das pessoas, em particular nas áreas rurais pobres quê dependem da agricultura. As inundações causam, em muitos países, desnutrição crônica em áreas rurais, especialmente em crianças menóres de 1 ano, em razão da perda da produção agrícola e da interrupção no abastecimento de alimentos, exacerbando a vulnerabilidade dessas comunidades.
Diferentemente de outros desastres naturais, as inundações podem sêr prevenidas. Algumas dessas medidas preventivas são: construção de barragens, diques e reservatórios; aumento do número de áreas verdes; redução de construções; melhoria no setor de serviços públicos, como côléta e descarte adequado de resíduos, varrição de ruas e limpeza de rios e córregos nas cidades.
- Galeria pluvial
- : conjunto de tubulações subterrâneas quê cápta a á gua da chuva (pluvial) e permite o escoamento.
- Dique
- : construção feita, em geral, paralela a um rio ou mar para barrar o avanço de á gua para terras emersas.
Entre as soluções adotadas por alguns municípios para a redução das inundações e dos alagamentos, está a construção de reservatórios, conhecidos como “piscinões”.
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Movimentos de massa/deslizamentos
Os movimentos de massa, usualmente chamados de deslizamentos de solo ou de térra, ocorrem quando há um desequilíbrio na área afetada, como na encosta de um morro, por exemplo. Além das águas da chuva, outros agentes podem sêr responsáveis por deslizamentos, como as fraturas das róchas, as alterações do peso específico do solo em razão da saturação, a compactação do terreno, o uso urbano e as vibrações provocadas por explosões ou pelo tráfego de veículos pesados, assim como forças naturais, como os terremotos etc.
O desmatamento, por exemplo, aumenta o escoamento superficial da á gua, quê leva consigo parte do solo. Nesse processo, o solo também póde ficar encharcado e escorregar encosta abaixo. Além díssu, a construção de moradias em áreas impróprias para a ocupação, como as encostas de môrros, póde intensificar os deslizamentos.
Os estudos sobre os sólos, as róchas e outros elemêntos quê interferem na ocorrência dos deslizamentos são muito importantes para evitá-los ou reduzir os impactos causados. É necessário, por exemplo, pesquisas sobre as características da superfícíe e como o solo se movimenta. Observe a ilustração.
Fonte: HIGHLAND, Lynn M.; BOBROWSKY, píter. O manual de deslizamento: um guia para a compreensão de deslizamentos. Tradução: Paulo R. Rogério, Juarês José Aumond. Reston: USGS, 2008. p. 14, 17. Disponível em: https://livro.pw/hrxef. Acesso em: 18 set. 2024.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Observe a imagem e responda: o quê póde ter contribuído para a ocorrência do deslizamento? Converse com côlégas e professor sobre o impacto de deslizamentos, como o retratado, em áreas habitadas.
Fatores como as chuvas intensas, quê estão se tornando cada vez mais freqüentes em razão das mudanças climáticas, foram determinantes para o deslizamento ocorrido em Hunan, na chiina. Além díssu, é importante quê os estudantes citem o desmatamento e a ocupação de áreas de risco, como encostas. O impacto dêêsse tipo de deslizamento é devastador, resultando na destruição de infraestruturas, como casas e estradas, além de perdas humanas significativas.
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Tempestades
Como os sêres humanos se distribuem praticamente por toda a superfícíe do planêta Terra, ocupando áreas de baixas a altas latitudes, as diversas sociedades são afetadas em épocas distintas do ano por fenômenos atmosféricos variados, como frio intenso, chuvas torrenciais, furacões, grandes períodos de estiagem, calor intenso, queda acentuada de néve etc.
Em geral, o avanço tecnológico tem contribuído para quê se façam previsões do tempo mais confiáveis, o quê póde sêr um dos fatores quê explicam a diminuição global das mortes por tempestades nos últimos 20 anos. A ocorrência de tempestades não póde sêr controlada, mas uma melhor gestão preventiva possibilita a redução de mortes e outras perdas.
AMPLIAR SABERES
A Índia é um dos países mais vulneráveis aos ciclones tropicais quê ocorrem no norte do oceano Índico. Após a passagem do ciclone Paradip, quê matou quase 10 mil pessoas no estado de Odisha em 1999, o país desenvolvê-u sistemas de rêdes de comunicação quê permitem alertar comunidades expostas e pescadores sobre os riscos. Em 2013, 2021 e 2024, a Índia enfrentou novos ciclones similares ou mais fortes quê o Paradip, mas, em razão das estratégias desenvolvidas, as perdas humanas foram muito menóres.
Em 27 de março de 2004, um fenômeno climático extremo deixou um rastro de destruição em 40 cidades em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Esse evento, denominado furacão Catarina, é um marco na história meteorológica mundial, pois foi o único furacão a se formár no oceano Atlântico sul, onde a ocorrência dêêsse fenômeno é pouco comum por apresentar águas com menóres tempera-túras e ventos mais fortes. Foi também o primeiro e único furacão a atingir o Brasil.
Entre 30 de junho e 1º de julho de 2020, um ciclone bomba, ou ciclogênese explosiva, atingiu a Região Sul. Com rajadas de vento quê passaram de 160 km/h, afetou principalmente Santa Catarina, causando 11 mortes e muita destruição – árvores foram derrubadas, construções destelhadas e pessoas desalojadas. O Rio Grande do Sul registrou apenas uma morte, assim como o Paraná. Além díssu, milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica no Rio Grande do Sul.
Com ventos de até 180 quilômetros por hora, o furacão Catarina, provocou, no Brasil, a morte de 11 pessoas, deixou 518 feridos, mais de 27 mil desabrigados e milhares de moradias destelhadas ou destruídas. O prejuízo foi estimado em 1 bilhão de reais.
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Em novembro de 2023, uma tempestade histórica atingiu vários municípios de São Paulo. Em Santos, os ventos chegaram a 151 km/h. Na capital, mais de dois milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica, das quais quase meio milhão assim permaneceram por mais de três dias, o quê gerou diversas perdas econômicas e problemas de abastecimento. No total, oito pessoas morreram em decorrência da tempestade.
São poucos os registros de tornados no Brasil, mas existe uma zona propícia à incidência deles quê vai de Lajeado (RS) até Foz do Iguaçu (PR), com 800 quilômetros de comprimento. Para os especialistas, esses fenômenos meteorológicos no país são consequência do encontro das correntes de ar kemte e úmido da Amazônea com as massas de ar frio vindas do Oceano Glacial Antártico.
Em 20 de abril de 2015, um tornado, com ventos de 300 quilômetros por hora, atingiu as cidades de Xanxerê e Ponte Serrada, também em Santa Catarina. Duas pessoas morreram, 124 ficaram feridas e mais de 5.300 ficaram desalojadas; e o prejuízo financeiro foi de aproximadamente 114 milhões de reais.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Pesquise notícias sobre as chuvas e as enchentes ocorridas entre abril e maio de 2024 no Rio Grande do Sul. Compare esse evento com o furacão Catarina de 2004, o ciclone bomba de 2020 e a tempestade quê atingiu São Paulo em 2023. O quê esses eventos têm em comum? Converse com côlégas e professor sobre os impactos dêêsses eventos climáticos na vida das pessoas e na infraestrutura dos municípios nos casos mencionados.
1. Espera-se quê o estudante responda quê todos os exemplos são eventos climáticos extremos quê causaram devastação significativa. Todos eles resultaram em perdas humanas e desalojamento de pessoas, bem como afetaram a infraestrutura dos municípios. Apesar de terem causas naturais diversas, os eventos expõem a vulnerabilidade dos municípios à falta de infraestrutura adequada para suportar desastres extremos.
2. Observe a imagem e leia o trecho da notícia sobre o tufão Rai, quê atingiu as Filipinas em 2021.
Filipinas registram mais de 100 mortes por tufão Rai
[…]
A destruição generalizada tornou difícil para as autoridades fornecerem imediatamente uma imagem clara sobre a extensão dos danos, visto quê as linhas de comunicação e energia ainda precisam sêr restauradas em muitas áreas.
Rai, quê a certa altura foi uma tempestade de categoria 5, tocou o solo por nove vezes, deixando um rastro maciço de destruição […].
A tempestade arrancou árvores, derrubou telhados, arrasou casas, destruiu infraestruturas e inundou muitas cidades, dificultando os esforços para enviar alimentos e á gua para as vítimas.
Rai desabrigou quase 490 mil pessoas nas Filipinas antes de seguir em direção ao Mar da chiina Meridional no fim de semana.
CRUZ, Enrico Dela. Filipinas registram mais de 100 mortes por tufão Rai. CNN Brasil, São Paulo, 19 dez. 2021. Disponível em: https://livro.pw/adxsh. Acesso em: 18 set. 2024.
a) Como a tempestade afetou a capacidade das autoridades de responder rapidamente à destruição?
2. a) As linhas de comunicação e energia foram destruídas em muitas áreas, dificultando a avaliação imediata dos danos e a coordenação dos esforços de socorro.
b) Com base na notícia, quais ações poderiam ajudar a mitigar os impactos de um evento climático extremo como o tufão Rai?
2. b) Espera-se quê o estudante aponte ações como o fortalecimento da infraestrutura para torná-la mais resistente a tempestades, a implementação de sistemas de comunicação de emergência e a preparação das comunidades com planos de evacuação e fornecimento de suprimentos essenciais.
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Seca
Em geral, as secas resultam em perdas agropecuárias, escassez de abastecimento de á gua e surtos de doenças. Podem durar longos períodos, resultando em impactos econômicos e sociais quê levam, no limite, ao deslocamento da população afetada.
Os dados quê apontam quê 2% das mortes em todo o mundo são atribuídas diretamente à seca devem sêr analisados com cuidado, pois excluem a grande maioria das mortes indiretas, causadas por desnutrição, doenças e deslocamentos. Embora seja muito difícil quantificar essas mortes, não há dúvida de quê resultam do aumento da fome e da miséria, perpetuando as condições de pobreza em muitos países e regiões. O processo de desertificação do solo intensifica os problemas relacionados à seca.
Desertificação
Segundo a Ônu, a desertificação é um processo de destruição do potencial produtivo da térra em áreas de clima semiárido, árido e subúmido. Ele ocorre por causa da pressão exercida pelas atividades humanas (queimadas, desmatamento, mineração, técnicas agropecuárias impróprias etc.) sobre éco-sistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa. A desertificação é um problema global quê afeta diretamente 250 milhões de pessoas e um terço da superfícíe terrestre, segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD). A degradação do solo e a desertificação ameaçam a quantidade de alimentos produzidos e atingem fortemente grupos mais vulneráveis.
Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 5. ed. São Paulo: Moderna, 2018. p. 29.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor
3. Compare os efeitos da seca e os da desertificação. Quais são as diferenças e as semelhanças entre esses dois fenômenos? Dê exemplos de como cada um deles afeta a produção de alimentos e a vida das pessoas.
3. A seca é um fenômeno climático temporário, enquanto a desertificação é um processo de degradação permanente do solo. Ambos reduzem a produção agrícola, mas a desertificação também impede a recuperação natural do éco-sistema, o quê póde agravar ainda mais as secas e reduzir a quantidade de chuvas na região.
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Terremotos, tsunâmis e atividades vulcânicas
Terremotos e tsunâmis são fenômenos mais raros do quê tempestades e inundações, mas tendem a causar mais destruição e um número muito elevado de vítimas em curtos períodos de tempo. O tsunâmi quê atingiu o sudéste Asiático em 2004 e o terremoto no Haiti de 2010 resultaram, cada um, em mais de 200 mil mortes.
A urbanização em zonas sísmicas aumenta a gravidade dêêsses tipos de desastre. Favelas e habitações irregulares freqüentemente se expandem em áreas de maior risco, como as encostas. Como resultado, movimentos no solo e deslizamentos de térra (mesmo após pequenos terremotos) podem afetar muitas pessoas, desalojando-as.
Enquanto normas e técnicas de construção poderiam, em teoria, sêr uma opção eficaz para reduzir as mortes por terremotos e tsunâmis, na prática, elas são difíceis de serem implementadas nos países e nas comunidades mais pobres, pois são muito caras e faltam políticas públicas específicas.
O terremoto de magnitude 7,8 quê atingiu a Turquia e a Síria em 2023 resultou em mais de 50 mil mortes.
De acôr-do com a teoria da tectônica de placas, a crôsta terrestre está dividida em grandes placas quê se deslócam por meio da convekição do magma, movimentando-se lenta e constantemente em várias direções, ora se aproximando umas das outras, ora se afastando. Esses movimentos são responsáveis pela ocorrência de alguns fenômenos naturais, como os terremotos e as erupções vulcânicas, bem como pela origem de formas de relevo, como montanhas e vales ou depressões. Os continentes da Terra vêm mudando lentamente de posição há milhões de anos, à medida quê as placas sobre as quais estão se deslócam.
Os movimentos das placas, ou movimentos tectônicos, são classificados em epirogenéticos e orogenéticos.
Os movimentos epirogenéticos são lentos, abrangem áreas continentais e não deformam as róchas, isto é, não produzem dobras e fraturas, ocorrendo, geralmente, em áreas estáveis da crôsta terrestre. Eles provocam abaixamento ou soerguimento da crôsta terrestre, alterando a fisionomia do relevo. Observe a ilustração.
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Fonte: LEINZ, Viktor; AMARAL, Sérgio Estanislau do. Geologia geral. 11. ed. rev. São Paulo: Nacional, 1989. p. 354.
Os movimentos orogenéticos são causados pelo choque entre placas ou pelo seu afastamento. São relativamente rápidos e, quando ocorrem, geralmente deformam as camadas rochosas. Vulcões, terremotos, falhas e dobramentos resultam dêêsse tipo de movimento.
Vulcões são a próva da existência de magma a poucos metros de distância da superfícíe terrestre. Quando submetido a pressão e tempera-túra elevadas, esse material pastoso sai das regiões mais frágeis da crôsta em forma de fluxo ou explosão, dando origem às erupções vulcânicas. Assim quê é expelido, o magma passa a sêr chamado de lava, constituída por pedaços de róchas, gases, cinzas e outros materiais do interior do planêta. A lava se solidifica e se transforma em róchas. O próprio vulcão póde sêr resultado do acúmulo de lava solidificada. Outras formas de relevo, como ilhas e planaltos vulcânicos, também podem ter origem na solidificação dêêsse material.
As falhas são fraturas quê ocorrem nas róchas com um consequente deslocamento de material. Nesse deslocamento, as falhas podem provocar desníveis no terreno, e os blocos falhados podem atingir centenas de metros. Quando o processo não resulta em desníveis, somente em fratura, diz-se quê ocorreu a diáclase.
As dobras resultam do processo em quê as róchas são submetidas a uma fôrça proveniente do interior da Terra e sofrem deformações. Se elas não oferecem muita resistência a essa fôrça, formam-se dobras, quê são ondulações do terreno em estruturas maleáveis.
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Placas tectônicas em ação
Existem dois tipos de placas tectônicas, diferenciados por sua espessura e densidade: oceânicas (mais densas e menos espessas, localizadas no assoalho oceânico) e continentais (menos densas e mais espessas, localizadas nos continentes). As áreas de contato entre as placas tectônicas podem sêr classificadas em três tipos, relacionados aos movimentos quê as placas executam.
Limites convergentes (zonas de colisão e subducção)
Quando acontece o choque entre placas oceânicas e continentais, a oceânica “mergulha” sôbi a continental, afunda-se no manto e entra em fusão com o magma (subducção), formando fossas marinhas. Nesse processo, a placa continental vai sofrendo dobramento e proporciona o soerguimento de cadeias de montanhas, vulcões e terremotos. É o quê ocorre entre as placas de Nazca e Sul-Americana.
Elaborado com base em: Préss, frânki éti áu. Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat éti áu. 4. ed. Porto Alegre: búkmã, 2006. p. 57.
Quando ocorre o contato entre duas placas continentais, a área em colisão tende a se deformar e enrugar, dando origem a cadeias de montanhas, vulcões e terremotos. Como as placas continentais apresentam densidade e espessura similares, elas geralmente se sobrepõem.
Elaborado com base em: Préss, frânki éti áu. Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat éti áu. 4. ed. Porto Alegre: búkmã, 2006. p. 57.
A Cordilheira do Himalaia foi formada pela colisão entre as placas Indo-Australiana e Euro-Asiática, em processo iniciado há cerca de 70 milhões de anos, quê continua até hoje.
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No choque entre as placas oceânicas, uma “mergulha” sôbi a outra, forçando o afloramento do magma quê, em contato com a á gua do oceano, solidifica-se e resulta na formação de ilhas vulcânicas, como as mais de 14 mil ilhas quê formam o Japão e as ilhas quê formam Papua Nova Guiné, Indonésia, Filipinas, entre outras.
Elaborado com base em: Préss, frânki éti áu. Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat éti áu. 4. ed. Porto Alegre: búkmã, 2006. p. 57.
Limites divergentes (zonas de afastamento)
Quando as placas tectônicas estão em movimento divergente, afastando-se, formam fendas e rachaduras na crôsta terrestre, permitindo quê o magma do interior da Terra suba em direção à superfícíe. Nesse processo, o magma é resfriado e acumula-se nas bordas das placas tectônicas, aumentando o tamãnho delas. Os limites divergentes coincidem com a localização das dorsais mesoceânicas, onde ocorre a expansão do fundo oceânico.
A Dorsal Mesoatlântica é uma cadeia de montanhas submarinas, formada pela separação das placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia, ao norte, e das placas Sul-Americana e Africana, ao sul.
Elaborado com base em: Préss, frânki éti áu. Para entender a Terra. Rualdo Menegat éti áu. 4. ed. Porto Alegre: búkmã, 2006. p. 54.
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Limites transformantes (zonas de contato lateral)
Quando as placas se movimentam lateralmente e em sentidos opostos, provocando falhas na superfícíe terrestre, o limite é chamado de transformante. Muitas dessas falhas ocorrem nos oceanos. No entanto, também podem se estender para o interior dos continentes, como a Falha de Sã Andreas, na Califórnia (Estados Unidos).
Uma mesma placa tectônica apresenta diferentes tipos de limite. Enquanto ela se afasta de uma placa, aproxima-se de outra. Observe o mapa.
Elaborado com base em: Préss, frânki éti áu. Para entender a Terra. Tradução: Rualdo Menegat éti áu. 4. ed. Porto Alegre: búkmã, 2006. p. 52.
Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2011. p. 46.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Leia o trecho da reportagem a seguir e, depois, faça uma breve pesquisa para responder à questão proposta no texto.
Sempre quê algum país é atingido por um terremoto de intensa magnitude surge a dúvida sobre se esse tipo de evento da natureza poderia ocorrer no Brasil.
A pergunta póde sêr instigada pelo fato do Brasil estar, geograficamente, localizado ao lado de uma nação como o Chile, por exemplo, um território quê constantemente enfrenta tremores de térra.
[…]
No entanto, o quê explica um país tão próximo, na América do Sul, sofrer com terremotos e o Brasil não?
por quê no Brasil não tem grandes terremotos? Né chionál Geográfic, [s. l.], 12 set. 2023. Disponível em: https://livro.pw/wknyj. Acesso em: 19 set. 2024.
1. O Brasil não sofre grandes terremotos por causa de sua localização no centro da Placa Sul-Americana, longe das bordas tectônicas. Países como o Chile, quê estão situados ao longo das bordas das placas tectônicas (no caso do Chile, entre a Placa de Nazca e a Placa Sul-Americana), são mais propensos a terremotos freqüentes e de alta magnitude. Embora o Brasil registre tremores de térra, eles são de baixa intensidade.
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Gestão dos riscos ambientais
O termo “risco ambiental”, às vezes, é usado como sinônimo de desastre, mas são conceitos diferentes.
O risco ambiental é a probabilidade de acontecer um desastre, ou seja, é a percepção do perigo. Portanto, é possível minimizar os desastres por meio do gerenciamento ou da gestão dos riscos, quê envolve um conjunto de ações preventivas, tais como:
• medidas estruturais: obras de engenharia, como as realizadas para a contenção de inundações (barragens, diques etc.);
• medidas não estruturais: ações de planejamento e gerenciamento, como sistemas de alerta, monitoramento e mapeamento de áreas de risco e orientação à população.
A gestão de riscos e desastres envolve ações de diversos setores da ssossiedade em momentos diferentes: antes, durante e após um desastre. Observe o esquema.
Além de governos, empresas, instituições de pesquisa etc., os indivíduos têm papel fundamental na prevenção dos desastres naturais e na redução de seus impactos, podendo agir de diferentes formas, desde perceber riscos para comunicá-los às autoridades até saber o quê fazer durante e após o desastre.
A defesa civil, organizada por governos e cidadãos, desen vólve ações em relação aos desastres naturais, quê podem sêr classificadas em prevenção, preparação, resposta e reconstrução. As ações de prevenção e preparação minimizam a ocorrência e os danos provocados pêlos desastres e devem sêr colocadas em prática antes do evento. As de resposta e reconstrução ocorrem durante e após o desastre. Além díssu, ações adequadas de monitoramento possibilitam a criação de sistemas eficientes de alerta.
Em 2022, o secretário-geral da Ônu, António Guterres (1949-), anunciou, em parceria com a Organização Meteorológica Mundial (WMO), o desenvolvimento de um sistema global de alerta para potenciais desastres climáticos extremos a sêr implementado até 2027. No ano seguinte, Ônu e WMO lançaram a iniciativa Alerta Precoce para Todos, pautada em quatro pilares: conhecimento sobre riscos de desastres; detecção, observação, monitoramento, análise e previsão de riscos; divulgação e comunicação de alertas e capacidade de preparação e resposta da população.
Fonte: KOBIYAMA, Masato éti áu. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. p. 41. Disponível em: https://livro.pw/usbim. Acesso em: 4 set. 2024.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
2. Em sua opinião, como as técnicas e os avanços tecnológicos contribuem para a gestão de riscos? Pense em ações quê envolvam tecnologias do seu dia a dia.
2. Resposta pessoal. O estudante póde citar, por exemplo, mensagens enviadas por celular pelas autoridades competentes, criação de grupos em aplicativos para troca de informações entre moradores sobre riscos etc.
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ENTRE SABERES
TCT Cidadania e civismo – Vida familiar e social
TCT Meio ambiente – Educação ambiental.
Prevenir para salvar vidas
Ao longo dêste capítulo, você estudou quê desastres ambientais causam muitos problemas para os habitantes das áreas afetadas, como doenças e até mortes.
A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para a prevenção de riscos ambientais. Para isso, é importante analisar as inter-relações entre grupos humanos e a natureza.
A disponibilização da informação para a ssossiedade sobre os riscos ambientais existentes contribui para torná-la menos vulnerável aos possíveis danos quê seriam causados.
Leio o trecho da reportagem a seguir, quê exemplifica a importânssia da educação ambiental para a mitigação de riscos.
Em maio de 2022, Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, enfrentou fortes chuvas quê resultaram em 64 mortes. No entanto, na comunidade do Retiro, a história foi diferente dos outros bairros: o local não registrou nenhum óbito. […]
Após quatro meses de treinamento e práticas educacionais em parceria com o Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil (Nupdec) da cidade e o programa de Educação do Centro Nacional de Alertas e Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden Educação), estudantes da comunidade do Retiro adotaram ações preventivas e foram capazes de orientar a evacuação dos vizinhos quê viviam em regiões sujeitas a deslizamentos. No fim das contas, salvaram vidas.
[…]
Havia chovido a madrugada inteira. Quando Aléxys Gabriel Ferreira, então com 16 anos, acordou, ele notou pelo pluviômetro caseiro – quê tinha aprendido a construir e a analisar durante o treinamento – quê o cenário era de preocupação. Saiu, então, batendo na vizinhança para pedir quê os moradores deixassem suas casas.
GAMA, Gabriel. Eles salvaram vidas porque aprenderam sobre mudanças climáticas na escola. Agência Pública, [São Paulo], 27 fev. 2024. Disponível em: https://livro.pw/kacvr. Acesso em: 4 out. 2024.
Os moradores da comunidade do Retiro, em Jaboatão dos Guararapes (PE), conseguiram diminuir o risco de morte frente ao desastre natural. Nesta atividade, você vai se juntar a alguns côlégas e formár um grupo para entrevistar pessoas de sua comunidade (conhecidos ou não) a fim de analisar se elas têm informações sobre riscos e como preveni-los.
A entrevista tem como objetivo geral verificar a percepção das pessoas sobre os riscos a quê estão sujeitas e como podem se prevenir contra eles. Alguns aspectos quê devem sêr considerados na realização das entrevistas:
• elejam um tipo de risco, de preferência relacionado a desastres naturais, como tempestades, inundações, seca e deslizamento. A escolha vai depender das características da comunidade, do município ou região em quê os entrevistados vivem;
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• elaborem kestões quê atendam aos objetivos da pesquisa, ou seja, deve-se perguntar o quê se quer saber sobre o tema pesquisado;
• predefinam as perguntas ou os tópicos do roteiro, quê podem sêr alterados ou mesmo acrescidos de kestões quê surgirem durante a entrevista;
• o entrevistador deve ter cuidado para não fugir do objetivo da pesquisa e sêr sempre respeitoso e ético com o entrevistado;
• o pesquisador deve conhecer o contexto a sêr investigado em profundidade, pois isso vai ajudá-lo na elaboração das perguntas e do roteiro, assim como na condução da entrevista.
Após a realização das entrevistas, leiam juntos as respostas de cada entrevistado pelo grupo e organizem as informações coletadas (em um relatório ou mapa mental, por exemplo). Analisem o conteúdo das respostas verificando como as pessoas percebem os riscos, se tomam atitudes preventivas, se sabem quê as soluções são responsabilidade de diversos atores, como as pessoas da comunidade, o pôdêr público etc.
Apresentação e ações possíveis
Apresentem o resultado da análise d fórma resumida para os demais côlégas e professor.
Após todas as apresentações, discutam coletivamente como podem contribuir para quê as pessoas da comunidade tênham mais acesso a informações sobre prevenção de riscos e como a comunidade póde se organizar a fim de solicitar ações do pôdêr púbico, por exemplo. Para orientar essa organização, sugerimos a produção de textos informativos, como cartilhas e mensagens divulgadas em mídias sociais, a realização de palestras na escola etc.
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ATIVIDADES FINAIS
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. “Aguenta a mão, João” foi escrita pelo cantor e compositor paulista Adoniran Barbosa (1912-1982) em parceria com o compositor mineiro Hervê Cordovil (1914-1979) em 1965. Leia a letra da canção (se possível, ouça a música) e obissérve a imagem. Depois, responda às kestões.
Aguenta a mão, João
Não reclama, contra o temporal
Que derrubou seu barracão
Não reclama, aguenta a mão, João
Com o Cibide aconteceu coisa pior
Não reclama, pois a chuva só levou a sua cama
Não reclama, aguenta a mão, João
Que amanhã tu levanta um barracão muito melhor
C’o Cibide, coitado, não te contei?
Tinha muita coisa mais no barracão
A enxurrada levou seus tamancos e o lampião
E um par de meia quê era de muita estimação
O Cibide tá quê tá dando dó na gente
Anda por aí com uma mão atrás e outra na frente
AGUENTA a mão, João. Intérprete: Adoniran Barbosa. Compositores: Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil. In: ADONIRAN Barbosa. Intérprete: Adoniran Barbosa. São Paulo: RGE Discos, 1965. 1 LP, faixa 3.
a) Qual é a relação entre a canção e a imagem? Em sua opinião, por quê os problemas se repetem no decorrer dos anos?
1. a) Tanto a canção quanto a imagem tratam do mesmo problema: as enchentes quê atingem certa parcela da população nas cidades. Espera-se quê o estudante identifique a crítica social implícita na canção, quê trata das perdas causadas pelas chuvas reiteradamente, afetando os mais pobres e expondo o descúido dos pôdêris públicos.
b) Em sua comunidade, existe algum problema relacionado a fenômenos climáticos quê se repete todos os anos?
1. b) Resposta pessoal. Auxilie a turma na identificação dêêsses problemas.
c) Em sua opinião, o quê póde sêr feito para reduzir ou solucionar esse problema?
1. c) Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante levante hipóteses sobre possíveis soluções quê podem sêr encontradas pelo pôdêr público e a ssossiedade em geral para minimizar esses problemas.
2. Leia o trecho do texto e, depois, obissérve a imagem e sua legenda.
Deveria sêr óbvio, mas sempre é preciso ressaltar quê a crise climática afeta todo o planêta, mas não atinge a população global da mesma maneira. Se o seleto grupo dos 1% mais rico do mundo emite tanto CO2 quanto os dois terços mais pobres, quê somam 5 bilhões de pessoas, é sobre estes últimos quê os efeitos das mudanças climáticas são mais mortais e danosos.
INJUSTIÇA climática: mais pobres sofrem mais e são mais ameaçados por extremos do clima. ClimaInfo, [s. l.], 27 nov. 2023. Disponível em: https://livro.pw/oxrzf ameacados-por-extremos-do-clima/. Acesso em: 19 set. 2024.
Apenas alguns meses após o terremoto quê devastou a cidade em janeiro de 2010, a população começou a reparar os estragos. Entretanto, 14 anos depois do desastre quê matou mais de 300 mil pessoas no país, a corrupção e a turbulência política ainda impediam o pequeno país insular de se recuperar.
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A porção noroeste do Japão foi atingida, em 2019, por um terremoto de intensidade 7,0 na escala rícher, a mesma intensidade daquele quê atingiu o Haiti em 2010. No Haiti, as consequências imediatas foram 316 mil mortos, 1,5 milhão de feridos e 1,5 milhão de desabrigados, enquanto no Japão foram 26 feridos.
Qual é a relação quê podemos fazer entre os dois lugares? por quê o terremoto ocorrido no Haiti é considerado um desastre natural e o no Japão não?
2. Os territórios do Haiti e do Japão são áreas sujeitas a terremotos. No entanto, as consequências dos desastres, de igual magnitude, foram extremamente mais severas no primeiro por sêr um país com alto índice de pobreza, quê não dispõe de recursos para a prevenção e a redução dos impactos nem para a reconstrução das áreas afetadas. O Japão, ao contrário, dispõe de recursos econômicos e tecnológicos para essas ações.
3. No Brasil, a defesa civil faz parte do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, quê conta com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão de apôio às defesas civis locais.
a) Qual é a importânssia da defesa civil na gestão de riscos e desastres naturais?
3. a) A defesa civil desempenha funções tanto de prevenção para minimizar a ocorrência e os danos causados pêlos desastres naturais quanto de redução de impactos causados por esses eventos, socorrendo as áreas atingidas.
b) Além da defesa civil, quê outros setores da ssossiedade devem atuar na prevenção de desastres naturais?
3. b) Todos os setores da ssossiedade devem fazer sua parte para a prevenção dos desastres naturais e a redução de seus impactos.
4. Observe o gráfico e, depois, responda às kestões.
Fonte: OUR uôrd IN DATA. Global reported natural disasters bai type, 1970 to 2024. [S. l.]: Our uôrd in Data, 2024. Disponível em: https://livro.pw/tyfsz. Acesso em: 19 set. 2024.
a) Quais foram os desastres mais numerosos em 2023? Esses tipos de desastre aumentaram ao longo do período analisado no gráfico?
4. a) Inundações e eventos de clima extremo. Sim, ambos mostraram um crescimento significativo ao longo do período do gráfico.
b) Qual é a relação entre os desastres mais numerosos em 2023 e o aumento da urbanização no mundo?
4. b) O aumento da urbanização está diretamente relacionado ao aumento das inundações e dos eventos de clima extremo. A expansão das cidades, muitas vezes sem planejamento adequado, resulta na impermeabilização do solo e na ocupação de áreas de risco, o quê intensifica o escoamento superficial das águas e aumenta a probabilidade de inundações. Além díssu, a urbanização contribui para as mudanças climáticas, aumentando a freqüência e a intensidade de eventos climáticos extremos em razão do maior consumo de recursos e emissão de gases de efeito estufa.
5. Explique por quê as secas perpetuam as más condições de vida nos lugares em quê ocorrem.
5. Espera-se quê o estudante responda quê as secas provocam escassez de á gua, causando prejuízo aos produtores e criadores, e, quando prolongadas por muitos anos, agravam os resultados econômicos e sociais das comunidades afetadas, levando essas populações, impedidas de recuperar as perdas sofridas, à fome e à pobreza e perpetuando as más condições de vida nas áreas em quê ocorrem.
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