CAPÍTULO 5
Dinâmicas do relevo e das águas

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Compreender a relação entre relevo e hidrografia e seus impactos em desastres naturais.

Identificar formas de relevo e estruturas geológicas no Brasil e no mundo.

Analisar os efeitos das atividades humanas sobre o relevo e os elemêntos hídricos.

Compreender os processos de intemperismo, êrozão e deposição e suas consequências.

Avaliar o papel do planejamento urbano em áreas de relevo suscetíveis a desastres naturais.

As enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, quê devastaram áreas rurais e urbanas, são o resultado de uma combinação de fatores naturais e antrópicos, com destaque para o novo regime climático caracterizado por chuvas extremas. Os aspectos físico-naturais dessa Unidade da Federação (UF), como áreas de planície alagável e densa rê-de de rios, facilitam o acúmulo de á gua em períodos de fortes chuvas. A ocupação urbana em áreas úmidas e fundos de vale agrava a situação, impossibilitando o escoamento adequado das águas. Assim, compreender o relevo e a hidrografia do território é essencial para o planejamento da ocupação e uso do solo, no campo e na cidade.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Você sabe o quê são áreas de planície alagável? Em sua opinião, como esse tipo de relevo influencía as enchentes em regiões como o Vale do Taquari (RS)?

1. Espera-se quê o estudante comente quê planícies alagáveis são áreas naturalmente propensas a serem inundadas durante períodos de cheia dos rios. Nessas regiões, a á gua se espalha facilmente pela superfícíe, o quê póde causar enchentes mais severas quando o volume de chuva é muito grande ou quando os rios transbordam.

2. Quais fatores climáticos e humanos podem aumentar a freqüência e a intensidade de enchentes, como as ocorridas no Rio Grande do Sul?

2. Fatores climáticos, como chuvas intensas e prolongadas, podem aumentar a freqüência de enchentes. A mudança climática também contribui com eventos extremos mais freqüentes. Fatores humanos, como o desmatamento, a impermeabilização do solo urbano e a construção em áreas inadequadas, agravam a situação, dificultando o escoamento da á gua e aumentando o risco de enchentes.

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Foto de área com muitos escombros espalhados e lama. Algumas moradias ainda possuem partes do telhado e das paredes.

Moradias arrastadas e destruídas pela correnteza da inundação do Vale do Taquari, em Roca Sales (RS), 2024.

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Estrutura do relevo

O relevo, ou seja, o conjunto de formas da superfícíe terrestre, sempre influenciou a vida das pessoas em diversos aspectos, como na escolha do melhor caminho a seguir, no posicionamento de tropas para visualizar o inimigo, no estabelecimento de moradias, indústrias, portos, aeroportos, entre outros.

Todas as formas da superfícíe da Terra são moldadas por três fatores essenciais: a estrutura geológica, os processos naturais envolvidos e o tempo de atuação dessas forças.

A estrutura do relevo (morfoestrutura) tem relação diréta com as forças internas (endógenas) da Terra, especialmente os movimentos das placas tectônicas. Já a forma (morfoescultura) leva em conta também os processos ligados às forças externas (exógenas), como a ação das águas dos rios, os ventos, a tempera-túra, as geleiras, os sêres humanos etc.

As formas da superfícíe terrestre estão associadas a três grandes estruturas geológicas resultantes dos processos tectônicos ocorridos no interior do planêta. Observe a distribuição dessas estruturas no mapa.

Estrutura geológica
: conjunto dos vários tipos de róchas quê sustentam o relevo, ou seja, é a base sobre a qual se encontram as diversas formas da superfícíe terrestre.

Mapa 'Mundo: estruturas geológicas'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Escudos cristalinos: áreas no norte da América do Norte, na Groenlândia, no norte e oeste da Europa. Na África, localidades a leste, oeste e no norte. Na Ásia, regiões no centro-norte, sul e leste. Na Oceania, localidades no extremo leste e no oeste. E, também, extensa área na Antártida. Dobramentos modernos: áreas que atravessam o oeste do continente americano, de norte a sul. Na África, localidades no extremo norte. Na Ásia, regiões no centro-sul, nordeste e sudeste. Na Europa, áreas ao sul. Na Antártida, localidades a oeste. Bacias sedimentares: áreas no interior do continente americano. Na África, localidades no norte, sul e centro. Na Ásia, regiões no norte, centro-sul e leste.  Na Europa, localidades no centro-norte e norte. E na Oceania, áreas no interior da Austrália. Por fim, destaca-se o perfil topográfico A B no centro-sul da América do Sul.

Elaborado com base em: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 35. ed. São Paulo: Ática, 2019. p. 23.

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Os escudos cristalinos são as estruturas mais antigas da superfícíe terrestre. Surgiram em decorrência do resfriamento do planêta. Também são chamados de crátons, platafórmas ou maciços antigos. Apresentam relativa estabilidade tectônica e são áreas muito desgastadas pela ação de forças externas. Nessas estruturas, predominam as róchas magmáticas ou cristalinas e minerais metálicos e não metálicos. No Brasil, essas estruturas ocupam cerca de 36% do território nacional.

Os dobramentos modernos, também chamados de cadeiras ou cinturões orogenéticos, constituem estruturas recentes (formadas na Era Cenozoica, há 70 milhões de anos), se comparadas à história geológica do planêta. São áreas de grande instabilidade tectônica, sujeitas a vulcanismos e terremotos. Suas róchas são bastante dobradas e fraturadas e podem apresentar minerais metálicos e não metálicos. O território brasileiro, por estar distante das áreas de colisão de placas, responsáveis pela formação dessas estruturas, não apresenta dobramentos modernos, vulcões ativos e terremotos de grande intensidade.

As bacias sedimentares, predominantemente constituídas por róchas sedimentares, datam das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica (cerca de 600 milhões de anos) e são áreas de formação de recursos energéticos como o carvão (350 milhões de anos) e o petróleo (150 milhões de anos). No Brasil, ocupam cerca de 64% do território.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Com base na leitura do mapa e no conteúdo desenvolvido ao longo do capítulo 3, identifique as principais estruturas geológicas de diferentes continentes e relacione a presença dessas formações com a ocorrência de fenômenos naturais como terremotos e vulcanismo.

1. Espera-se quê o estudante localize áreas como o Círculo de Fogo do Pacífico, onde predominam dobramentos modernos (cadeias orogenéticas), e identifique áreas estáveis, como o escudo brasileiro, onde não ocorrem fenômenos sísmicos significativos.

2. Observe o perfil topográfico da América do Sul, elaborado com base no segmento de reta AB representado no mapa sobre estruturas geológicas, e explique as diferenças quanto às formas observadas nas diferentes estruturas geológicas.

Imagem 'Perfil topográfico da América do Sul'.  Na direção oeste, temos o Oceano Pacífico, e na direção leste está o Oceano Atlântico. No sentido oeste para o leste, temos: dobramento moderno, bacia sedimentar e escudo cristalino.

Elaborado com base em: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 119.

Representação de kórti vertical de terreno.

2. Os escudos cristalinos têm forma relativamente uniforme, resultado de milhões de anos de êrozão. As bacias sedimentares apresentam uma forma côncava, como uma depressão no relevo, em quê os sedimentos se acumulam ao longo do tempo. Já os dobramentos modernos correspondem a montanhas elevadas e picos pronunciados, formados pela colisão de placas tectônicas. A diferença na forma reflete o tempo de formação e o tipo de processo geológico envolvido.

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Formas de relevo e altitudes

As formas da superfícíe terrestre ocorrem nas terras emersas (continentes e ilhas) e nas terras imérsas (fundo dos oceanos).

As montanhas são as formas de relevo de maior altitude quê existem na superfícíe terrestre. Um conjunto de montanhas forma uma cordilheira. Essas formas de relevo encontram-se associadas aos dobramentos modernos. Entre elas, destacam-se a Cordilheira do Himalaia (Ásia), a Cordilheira dos Andes (América do Sul) e os Alpes (sul da Europa).

Os planaltos são superfícies irregulares bastante desgastadas pela ação de agentes externos. Com o desgaste, os sedimentos são depositados nas áreas próximas e mais baixas, quê podem sêr planícies ou depressões. Os planaltos podem sêr formados por:

chapadas: formas com quedas acentuadas, lembrando um paredão (escarpa), e topo plano;

môrros: elevações d fórma arredôndá-da;

sérras: nome genérico para se referir a superfícies com desníveis acentuados, como as cuestas e as escarpas de planaltos.

As depressões são superfícies desgastadas por longos processos de êrozão. Suas formas se apresentam planas ou levemente onduladas. As depressões têm altitudes mais baixas quê os terrenos em seu entorno, localizando-se, então, entre superfícies mais elevadas, como os planaltos.

Foto de uma grande cadeia de montanhas, com neve na parte superior.

Montanha Aconcágua, a mais alta da Cordilheira dos Andes, em Mendonza (Argentina), 2019.
Escarpa
: rampa ou aclive localizado nas bordas dos planaltos.
Cuesta
: forma de relevo planáltico com declive suave de um lado da formação e íngreme do outro lado.

Foto de uma grande cadeia de montanhas, com muitas árvores nas encostas.

Serra do Imeri, em Santa Isabel do Rio Negro (AM), 2022.

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As planícies são terrenos pouco acidentados, isto é, mais ou menos planos, sem desníveis acentuados, formados pela deposição de grande quantidade de sedimentos quê vêm de rios, mares e lagos. As planícies podem sêr classificadas em costeiras ou marinhas (próximas a oceanos e mares), aluviais ou fluviais (próximas a rios) e lacustres (próximas a lagos).

As planícies aluviais ou fluviais também são conhecidas como planícies alagáveis, pois são áreas sujeitas a alagamentos periódicos em razão da alteração no nível dos rios.

Planaltos, depressões e planícies são mais comuns em áreas de escudos cristalinos e bacias sedimentares.

Foto de área cujo solo está aparente e com pouca vegetação. Destacam-se áreas mais elevadas ao fundo.

Depressão na cidade de Moab, em Utah (Estados Unidos), 2023.

Foto de área com baixa altitude e com pouca vegetação. Destacam-se árvores ao fundo.

Planície em Qujing (chiina), 2024.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Observe o mapa e responda: quais regiões do planêta apresentam as maiores altitudes? Como isso se relaciona com as formas de relevo apresentadas nas páginas 106 e 107?

Mapa 'Mundo: físico'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Altitudes (em metros). 4.800: área no centro-sul da Ásia, onde está o Himalaia. 3000: área no oeste da América do Sul, onde está a Cordilheira dos Andes. No centro-sul da Ásia, na Groenlândia e no oeste da Antártida. 1800: áreas no oeste da América do Norte, no oeste e centro-sul da Ásia, no sul da Europa e no oeste da África. 1200: áreas no oeste da América do Norte, no oeste da América do Sul, no oeste, centro-sul e sul da Ásia, no sul da Europa, no oeste, sul e sudeste da África. 600: áreas no centro e leste da América do Norte, onde estão os Alapaches. Na América Central, áreas no centro e leste. Na América do Sul, o centro e leste da América do Sul. Na África, localidades no oeste, sudeste, sudoeste e norte, onde está a cordilheira do Atlas. Na Ásia, o centro-norte, sudeste, leste e oeste. Na Oceania, o centro do continente, onde está o Grande Deserto Victoria. Na Europa, o centro, o sul e o leste. 300: áreas no centro e leste da América do Norte, onde estão os Alapaches. Na América Central, áreas no centro e leste. Na América do Sul, o centro e leste da América do Sul. Na África, localidades no oeste, sudeste e sudoeste, onde está o Saara e o Deserto do Kalahari. Na Ásia, o centro-norte, sudeste, leste e oeste. Na Oceania, o centro do continente, onde está o Grande Deserto Victoria. Na Europa, o centro, o sul e o leste. 150: áreas no oeste da América do Norte, no norte e no sul da América do Sul. Na Europa, o norte. Na Ásia, o norte, o centro norte, o sul e o leste. Na África, pequenas localidades no leste e oeste. Áreas litorâneas na Oceania. 50: áreas no oeste da América do Norte, no norte e no sul da América do Sul. Na Europa, o norte. Na Ásia, o norte, o centro norte, o sul e o leste. Na África, pequenas localidades no leste e oeste. Áreas litorâneas na Oceania. Picos: Na América do Norte o Monte McKinley, com 6.194 metros. Na América Central o Citlaltépetl, com 5.610 metros. A América do Sul o Aconcágua, com 6.962 metros. Na África o Kilimanjaro, com 5.892 metros. Na Europa o Monte Branco, com 4.800 metros. Na Ásia, o Monte Everest com 8.848 metros. Na Oceania, o Monte Kosciusko, com 2.228 metros. Na Groenlândia, o Gunnbjorn com 3.700 metros.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 41b.

As maiores altitudes estão representadas em cores com tons mais fortes e concentram-se no Himalaia (Ásia) e nos Andes (América do Sul). As menóres altitudes estão nas planícies costeiras, como nas regiões dos dél-tâz dos rios e nas margens de grandes oceanos. Espera-se quê o estudante associe as maiores altitudes às formas montanhosas de relevo.

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Relevo do Brasil

Observe no mapa como estão distribuídas as principais unidades do relevo brasileiro de acôr-do com a classificação apresentada por Jurandyr Luciano Sanches Ross (1947-), geógrafo brasileiro.

Mapa 'Brasil: formas de relevo'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Planaltos: localidades no norte e no centro da Região Norte, no interior e sul da Região Nordeste, na maioria dos territórios do sudeste, no centro-sul e sul do Centro-oeste, no oeste e leste da Região Sul. Nessas áreas, destacam-se os planaltos: 1. Planalto da Amazônia Oriental. 2. Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba.  3. Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.  4. Planalto e Chapada dos Parecis.  5. Planaltos Residuais Norte-Amazônicos.  6. Planaltos Residuais Sul-Amazônicos. 7. Planaltos e Serras do Atlântico Leste-Sudeste. 8. Planaltos e Serras de Goiás-Minas. 9. Serras Residuais do Alto Paraguai. 10. Planalto da Borborema. 11. Planalto Sul-Rio-Grandense. Depressões: áreas no norte e sul da Região Norte, no interior da Região Nordeste, em Minas Gerais, no interior de São Paulo, no oeste da Região Centro-oeste e no interior do Rio Grande do Sul. Nessas áreas, destacam-se as depressões: 12. Depressão da Amazônia Ocidental. 13. Depressão Marginal Norte-Amazônica. 14. Depressão Marginal Sul-Amazônica. 15. Depressão do Araguaia 16. Depressão Cuiabana. 17. Depressão do Alto Paraguai-Guaporé. 18. Depressão Miranda. 19. Depressão Sertaneja e do São Francisco. 20. Depressão Tocantins.  21.  Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná. 22. Depressão Periférica Sul-Rio-Grandense. Planície: áreas nas margens dos rios da bacia amazônica, no oeste da Região Centro-oeste, no litoral da Região Nordeste e da Região Sudeste e, também, litoral do Rio Grande do Sul. Nessas áreas, destacam-se as planícies: 23. Planície do Rio Amazonas.  24. Planície do Rio Araguaia.  25. Planície e Pantanal do Rio Guaporé.  26. Planície e Pantanal Mato-Grossense.  27. Planície e Lagoa dos Patos e Mirim.  28. Planícies e Tabuleiros Litorâneos. Destaca-se o perfil topográfico C e D, que segue do oeste do Mato Grosso até o litoral de São Paulo.

Fonte: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: EdUSP, 2009. p. 53.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe o perfil topográfico, associado ao segmento de reta cê dê presente no mapa, e, depois, explique a relação entre a variação de altitude e os diferentes tipos de relevo observados no mapa.

Imagem 'Perfil leste-oeste das regiões Centro-Oeste e Sudeste'. No sentido oeste para o leste, temos:  Planície e pantanal mato-grossense, com menos de 500 metros de altitude.  Planaltos e chapadas do Paraná, com aproximadamente mil metros.  Rio Paraná, que está situado a menos de 500 metros.  Depressão periférica com aproximadamente 500 metros. Planaltos e serras do leste-sudeste, com aproximadamente mil metros.

Fonte: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: EdUSP, 2009. p. 63.

1. A variação de altitude reflete a presença de diferentes formas de relevo, como os planaltos, quê são áreas mais elevadas, e as depressões, quê aparécem como áreas mais baixas no perfil.

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Forças externas modificam o relevo

As forças ou agentes externos do relevo atuam principalmente sobre as formas presentes nas terras emersas, transformando-as. As principais ações dêêsses agentes (chuvas, rios, mares, ventos, geleiras e sêres humanos) causam o intemperismo e a êrozão.

O intemperismo consiste no desgaste e na desagregação das róchas provocando, a longo prazo, sua decomposição.

A êrozão é o processo de remoção, transporte e sedimentação ou deposição do material intemperizado (que sofre intemperismo). A êrozão póde acontecer d fórma lenta ou acelerada, decorrente, por exemplo, de alterações promovidas pelo sêr humano, como a retirada da cobertura vegetal, resultando na remoção de grande quantidade de material superficial. Observe na ilustração os agentes externos do relevo.

Esquema 'Agentes externos do relevo', os dados são os seguintes: O intemperismo altera as rochas física e quimicamente. A erosão carrega as partículas produzidas pelo intemperismo. Esse processo transporta o material alterado da superfície da Terra de um local e depositam-no em outro. Como a erosão move o material sólido alterado, novas porções de rocha original e inalterada vão sendo expostas ao intemperismo. O transporte por água, geleiras e vento move as partículas. A deposição (ou sedimentação) ocorre quando as partículas se assentam ou os minerais dissolvidos se precipitam. O soterramento ocorre à medida que camadas de sedimentos se acumulam e compactam as camadas depositadas anteriormente.

Fonte: GROTZINGER, Diôn; JORDAN, Tom. Para entender a Terra. Tradução: Iuri Duquia Abreu. 6. ed. Porto Alegre: búkmã, 2013. p. 121.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

2. Com base na leitura da ilustração sobre os agentes externos do relevo, responda: como a deposição (sedimentação) contribui para a formação de planícies?

2. A deposição ocorre quando os sedimentos transportados pela á gua ou pelo vento se acumulam em áreas mais baixas, formando planícies.

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Tipos de intemperismo e de êrozão

róchas com diferentes composições e expostas em um mesmo local e época podem apresentar diferentes graus de alteração. Isso acontece porque algumas delas são mais resistentes à ação dos agentes externos do quê outras. Em geral, quanto maior o tempo de exposição de uma rocha, mais intenso é o intemperismo sofrido.

Há três tipos de intemperismo: físico, químico e biológico. O intemperismo físico ocorre quando a rocha se fragmenta por meio de processos físicos, sem modificação em sua composição química. Ele póde sêr provocado por mudanças de tempera-túra, desgaste de materiais transportados por rios, ação dos ventos ou de geleiras e degelo.

Um exemplo é a fragmentação da rocha por ação do gêlo. A á gua líquida ocupa as fissuras da rocha e, quando congelada, expande-se e exerce pressão nas laterais, rompendo-a. O intemperismo físico predomina em regiões de clima muito kemte ou muito frio e seco.

Esquema 'Intemperismo físico'. Destaca-se a ação da chuva sobre o solo, formando fissuras. Em seguida, o gelo se assenta nessas fissuras.

Fonte: TEIXEIRA, uílsom éti áu. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 2009. p. 212.

Representação de como ocorre o intemperismo físico.

Foto de água que se desloca entre rochas. Essas rochas possuem aberturas com formatos arredondados.

Vale da Lua na Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás (GO), 2024. A ação da á gua sobre as róchas é responsável pela dissolução de minerais presentes nelas, culminando na formação de seu aspecto curvo.

O intemperismo químico acontece quando minerais das róchas são alterados ou dissolvidos por reações químicas geradas pelo contato da rocha com o ar e a á gua. A á gua póde, por exemplo, dissolver certos minerais presentes nas róchas. Climas com tempera-túra e pluviosidade mais elevadas favorécem esse tipo de intemperismo.

O intemperismo biológico ocorre quando a ação física ou química de organismos vivos ou matéria OR GÂNICA participa do processo de alteração das róchas, como a ação do crescimento de raízes, aumentando a fragmentação.

Quanto à êrozão, de acôr-do com os agentes externos, há vários tipos, tais como pluvial, fluvial, marítima e eólica.

Foto de rocha coberta por líquens, que são verdes, amarelados e brancos.

Reserva Natural de Fokstumyra, Dovre (Noruega), 2021. Os líquens presentes nas róchas atuam no processo de intemperismo biológico delas.
Líquen
: organismo formado pela associação simbiótica entre fungos e algas e/ou cianobactérias.

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êrozão pluvial

A êrozão pluvial ocorre quando as águas das chuvas desgastam as róchas e transportam materiais das áreas mais altas do relevo para as mais baixas. De acôr-do com a intensidade, o escoamento e a profundidade da êrozão, podem ocorrer:

sulcos: filetes rasos (até 0,5 m), quê indicam o início de erosões maiores;

ravinas: cavidades mais profundas e largas;

voçorocas: grandes crateras formadas pela ação combinada das águas do escoamento superficial e do subterrânneo.

Foto de solo irregular, formado por grandes fendas. Nessas fendas, não há vegetação.

êrozão com o aparecimento de ravinas em área de pastagem em Presidente Prudente (SP), 2022.

Foto de uma grande cratera, com muita terra acumulada na parte inferior e moradias ao seu redor.

êrozão com o aparecimento de voçoroca em área urbana de Buriticupu (MA), 2023.

Saiba mais

SUZUKI, Shin. As voçorocas quê ameaçam cidade brasileira – e são problema global. BBC nius, [s. l.], 22 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/zsvea. Acesso em: 8 out. 2024.

A reportagem explora como grandes erosões impactam o município de Buriticupu (MA) e outras áreas no Brasil e no mundo.

AMPLIAR SABERES

A remoção da vegetação diminui a capacidade do solo de absorver a á gua das chuvas e aumenta o escoamento superficial da á gua, provocando a êrozão e a retirada de camadas superficiais do solo. Em áreas inclinadas, como encostas, o solo encharcado póde escorregar e causar deslizamentos. A ocupação inadequada de encostas para construção de moradias, por exemplo, intensifica esses processos, aumentando o risco de deslizamentos e perdas humanas.

Em condições naturais, áreas úmidas, como banhados, planícies, lagos e fundos de vale, atuam como “esponjas”, absorvendo a á gua das chuvas e retardando o escoamento. Quando essas áreas são alteradas pela ação humana, o desequilíbrio ambiental aumenta o risco de deslizamentos e êrozão acelerada, o quê póde resultar em graves desastres naturais, especialmente em regiões de relevo acidentado.

Foto de deslizamento de terra em área inclinada. É possível identificar terra acumulada ao lado das casas instaladas em locais mais baixos.

Deslizamento de térra com desmoronamento de casas em Alausi (Equador), 2023.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor

No lugar onde você vive, há áreas com grandes declives? Em caso negativo, pesquise imagens de locais com grande declive para responder: como a chuva póde afetar essas áreas? Em sua resposta, comente se há erosões visíveis, se há elemêntos quê podem contribuir para o desgaste do solo e se a comunidade local está sêndo afetada.

Espera-se quê o estudante identifique, por exemplo, sinais de êrozão, como fissuras no solo, buracos ou rachaduras no asfalto de áreas próximas, e relacione-os aos processos de êrozão pluvial. Em áreas urbanas, a falta de vegetação e a pavimentação inadequada podem contribuir para o surgimento de sulcos e, em casos mais graves, ravinas e voçorocas.

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êrozão fluvial

A chuva e a néve quê caem sobre a superfícíe terrestre podem seguir vários caminhos. Parte dessa á gua corre pela superfícíe integrando os rios e, posteriormente, póde sêr encaminhada para o mar.

As águas das chuvas quê escorrem pela superfícíe removem partículas de rocha e solo quê as acompanham até os leitos dos rios. Em geral, quanto maior a velocidade das águas dos rios maior a fôrça erosiva.

Depois quê chegam aos leitos dos rios, os sedimentos são transportados por ele.

Os processos de êrozão, transporte e sedimentação fluvial têm intensidade e velocidade vinculadas às diferentes partes do rio. Nesse sentido, o curso de um rio póde sêr dividido em três partes principais: o curso superior, próximo à nascente; o curso médio; e o curso inferior, próximo à foz.

Foto de uma grande rocha, isolada do terreno ao seu redor. Essa rocha é cercada por um rio.

Grand Canyon, no Arizona (Estados Unidos), 2024. O Grand Canyon é um exemplo de êrozão fluvial, pois foi esculpido pela ação das águas do Rio Colorado.

Esquema um 'Partes do curso de um rio'. Na parte mais alta do terreno, está o curso superior do rio, com a Cachoeira Casca d'Anta, em São Roque de Minas em Minas Gerais. A cachoeira Casca d'Anta está próxima da nascente do Rio São Francisco e é a maior queda desse rio. No curso médio, temos o Rio São Francisco, que passa ao lado da cidade Bom Jesus da Lapa, na Bahia. No curso inferior, temos a Foz do Rio São Francisco em Brejo Grande, no estado de Sergipe. O rio é a divisa natural entre Sergipe, no lado superior esquerdo, e Alagoas, no lado inferior direito.

Página cento e treze

AMPLIAR SABERES

Ao longo do tempo, a ação erosiva dos cursos d’água provoca alterações na sua própria configuração. Um rio é considerado juvenil quando predominam as cachoeiras e as quedas-d’água e há grande transporte de sedimento; maduro quando está mais “encaixado” no relevo; e senil quando suas águas banham áreas mais planas.

Esquema dois 'Evolução de um rio'. Primeiro, temos a fase juvenil, com acúmulo de água na parte mais alta do terreno e cursos dispersos na parte mais baixa. Em seguida, a fase de maturação, quando o rio apresenta um caminho mais contínuo, seguindo de modo retilíneo e, depois, fazendo algumas curvas. Na fase senil, o rio apresenta muitas curvas e meandros.

Fonte: STRAHLER, élam H. Introducing physical geography. Hoboken: Wiley, 2013. p. 508.

Representação das fases de um rio desde o nascimento até a maturidade.

No período senil, o rio tende a ter seu pôdêr erosivo reduzido, e ocorre deposição de grande parte do material transportado. Seu percurso torna-se sinuoso, e podem aparecer praias de areia e pedregulhos na parte interna das curvas. Os meandros, isto é, curvas acentuadas dos rios em região plana, tornam-se cada vez mais pronunciados, e o desgaste das margens supera o do leito. As curvas podem se estender a ponto de se aproximarem umas das outras, e, finalmente, a parte quê separa as curvas póde desaparecer.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe novamente a ilustração 1 e explique como se dá, em geral, a relação entre relevo, fluxo das águas e êrozão, analisando cada uma das partes do rio.

1. No curso superior (próximo à nascente), no qual o relevo é mais acidentado, a velocidade e o pôdêr erosivo das águas são maiores. No curso médio, a velocidade é menor, assim como o pôdêr de êrozão. Já próximo à foz, no baixo curso, as águas correm mais lentamente, sêndo a êrozão reduzida e ocorrendo maior deposição de sedimentos carregados pelas águas.

2. Em grupo, escôlham um dos rios de seu município ou Unidade da Federação (UF) e façam uma pesquisa sobre ele. Identifiquem as regiões de baixo, médio e alto curso e analisem a relação com o relevo e os processos erosivos. Procurem descobrir também os diferentes usos das águas em cada curso. Montem um painel ou uma apresentação digital com imagens e textos.

2. Produções pessoais. ôriênti os estudantes na pesquisa, indicando fontes confiáveis, e na montagem da apresentação, garantindo a integração de imagens (mapas, fotografias, ilustrações etc.) e textos.

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êrozão marítima

A êrozão marítima ou marinha ocorre na costa litorânea, provocada pela ação de ondas, correntes marítimas e marés sobre as superfícies das róchas e em praias arenosas. A fôrça das águas podem fragmentar as róchas, transformando-as em areia e contribuindo para a formação de praias ou planícies marinhas. Também póde acontecer a formação de falésias e penhascos e a redução da largura de praias.

Nas praias arenosas, causa, por exemplo, destruição das habitações e da infraestrutura e perda e desequilíbrio de hábitátis naturais.

Foto de farol. O farol está instalado em uma região litorânea e rodeado por vegetação.

Farol de Cabo Branco, na Ponta do Seixas, em João Pessoa (PB), 2021.

Considerado o ponto mais oriental do continente americano, a Ponta do Seixas sofre com o intenso processo de êrozão marítima. Barreiras tem sido construídas na base das falésias para reduzir os impactos da êrozão.

Maré
: alteração do nível das águas de oceanos e mares causada pela interferência gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra.
Falésia
: formação geológica quê apresenta uma encosta íngreme ou vertical, geralmente encontrada ao longo do litoral.

êrozão eólica

A êrozão eólica é aquela provocada pela ação do vento e se dá com maior intensidade em regiões áridas, como os desertos, onde a chuva e a vegetação são escassas. Esse tipo de êrozão ocorre por causa da deflação e da corrosão. A deflação é o processo de remoção e transporte de partículas da superfícíe, rebaixando-as. Ela é responsável pela formação de oásis nos desertos, pois o rebaixamento da superfícíe póde atingir o lençol fre-átiko, formando lagos e viabilizando o desenvolvimento de vegetação. A corrosão desgasta as róchas com o impacto das partículas de areia, polindo-as. O material transportado depende da velocidade do vento e do tamãnho das partículas; quando o vento enfraquece, as partículas se depositam na superfícíe.

Foto de estrada que atravessa um local descampado, onde há gramíneas e vegetações de pequeno porte. Ao fundo, destacam-se grandes estruturas, formadas por rochas aparentes.

Vale Monumento em Utah (Estados Unidos), 2024.

O Vale Monumento foi formado pela ação dos ventos. Colunas isoladas de róchas quê resistiram à êrozão se sobressaem em meio ao desgastado planalto. À medida quê a ação do vento continua a esculpir a rocha, formam-se “esculturas”.

Página cento e quinze

Bacias hidrográficas

Os rios e o relevo influenciam-se mutuamente. As formas e as altitudes do relevo influenciam a formação das nascentes, o curso dos rios e a velocidade das águas. Os rios, por sua vez, exercem um trabalho duplo sobre o relevo: intemperismo (desgaste) e êrozão (transporte, deposição e sedimentação).

Todos os rios fazem parte de uma bacia hidrográfica. Trata-se de uma área delimitada por divisores de águas (porções mais altas do relevo) e constituída de um rio principal e seus afluentes, das formas de relevo, da vegetação, das róchas e dos sólos, além dos diferentes tipos de ocupação humana. Geralmente, a bacia hidrográfica recebe o nome do rio principal. Observe a ilustração.

Esquema 'Bacia hidrográfica'. Os dados são os seguintes: Primeiro, temos as nascentes ou mananciais de dois rios (indicadas como um). Em seguida, forma-se o leito do rio principal (indicados como dois) e suas margens (indicadas como quatro). Também se destacam os afluentes (indicados como três). Em áreas mais altas, há Quedas-d'água ou cachoeiras (indicadas como cinco). A Serra Verde é o divisor de água (seis), demarcando os espaços que cada um dos rios irá percorrer. Foz é a área onde um rio desemboca. Há foz em estuário e foz em delta. A foz em delta tem esse nome porque sua forma lembra a letra grega delta.

Fonte: Elaborada pelas autoras.

Representação hipotética de uma bacia hidrográfica.

Os divisores de á gua constituem uma linha quê separa as águas pluviais (da chuva), podendo sêr altas montanhas ou outras elevações. Desde a nascente, correm em direção a partes mais baixas, percorrendo um caminho ou curso até outro rio, lago ou mar. Durante o curso, o rio cava um canal ou calha por onde corre, denominado leito. Quando o curso do rio avança por terrenos com grandes desníveis, muitas vezes formam-se corredeiras e quedas-d’água ou cachoeiras.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Como os divisores de á gua se relacionam com as bacias hidrográficas?

1. Os divisores de á gua são as áreas mais altas quê delimitam as bacias hidrográficas. Eles separam as águas pluviais e definem para onde os rios e seus afluentes escoam. Os divisores direcionam o fluxo das águas para rios principais quê, por sua vez, seguem em direção a lagos, mares ou outros rios.

2. dêz-creva como o relevo influencía o curso de um rio, desde sua nascente até sua foz, e dê exemplos de como o relevo póde alterar a velocidade da correnteza dos rios.

2. O relevo influencía diretamente o curso de um rio. Nas áreas mais altas, ou nascentes, o rio flui rapidamente em razão da declividade, podendo formár corredeiras ou cachoeiras em regiões com desníveis acentuados. Em áreas de relevo mais suave, o rio perde velocidade, podendo se alargar e formár meandros. O rio deposita sedimentos em áreas planas, como dél-tâz, diminuindo ainda mais sua velocidade.

3. Como o uso do solo e a ocupação humana podem interferir no regime dos rios? Que práticas poderiam ajudar a preservar a qualidade das águas e evitar a degradação do solo?

3. A ocupação humana póde impactar o regime dos rios por meio do desmatamento, da impermeabilização do solo e do descarte inadequado de resíduos, quê podem alterar o curso natural dos rios e aumentar a êrozão. Práticas como o reflorestamento das margens, a conservação das áreas de nascente e a redução da impermeabilização urbana podem preservar a qualidade da á gua e evitar a degradação do solo.

Página cento e dezesseis

Disponibilidade hídrica

Especialistas afirmam quê a quantidade de á gua disponível no planêta Terra é a mesma desde sua origem, há 4,6 bilhões de anos. Se a quantidade permanéce inalterada no planêta, por quê ela desapareceu ou está desaparecendo em alguns lugares? por quê o acesso à á gua é tão desigual? Como os recursos hídricos estão distribuídos no espaço geográfico? Essas kestões serão discutidas a seguir.

Infográfico 'Terra: distribuição de água'. Os dados são os seguintes: Total global (água). Água doce: 3,5 por cento. Água salgada: 96,5 por cento. Nos 3,5 por cento de água doce, apresentam-se os seguintes dados: Geleiras: 68,7 por cento. Umidade do solo: 0,86 por cento. Sob a terra: 30,1 por cento. Na superfície (rios, lagos, pântanos, seres vivos): 0,3 por cento. Atmosfera: 0,04 por cento.

Elaborado com base em: WATER SCIENCE SCHOOL. O ciclo d’água: the water cycle: portuguese. Tradução: Jayme Nery. Uóchinton, DC: USGS, 2019. Disponível em: https://livro.pw/kamih. Acesso em: 14 out 2024.

Mapa 'Mundo: disponibilidade hídrica – 2018'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Disponibilidade hídrica (metro cúbico por habitante por ano). Até 500: países como a Líbia, Argélia, Arábia Saudita, Iêmen e Omã. De 501 a 2.000: países como a China, Índia, Irã, Paquistão, Egito, Sudão, Etiópia, Quênia, África do Sul e Níger. De 2.001 a 10.000: países como Mali, Mauritânia, Estados Unidos, México, Sudão do Sul, Chade, Portugal, Espanha, França, Itália e Reino Unido. De 10.001 a 50.000: Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador, Chile, Argentina, Uruguai, República Democrática do Congo, Madagascar, Austrália, Laos e Camboja, Romênia, Suécia, Irlanda e Rússia. Mais de 50.000: Canadá, Peru, Bolívia, Paraguai, Guiana e Noruega. Sem dados: Antártida e Groenlândia.

Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 70.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Com auxílio do planisfério da página 412, identifique dois países quê apresentavam os maiores níveis de disponibilidade de á gua doce per cápita em 2018.

1. O estudante póde citar países como Canadá, Guiana, Suriname, Paraguai, Bolívia, Peru, Gabão e República do Congo.

2. Se um país tem alta disponibilidade de á gua per cápita, isso significa quê toda a sua população tem o mesmo acesso aos recursos hídricos? Explique.

2. Não necessariamente. Mesmo em países com alta disponibilidade de á gua, há desigualdade no acesso aos recursos hídricos em razão de fatores como infraestrutura de acesso à á gua de rios, bacias e lençóis fre-átikos, além de diferenças regionais no clima e no uso da á gua na agricultura, na indústria e no consumo urbano.

3. Converse com côlégas e professor sobre o impacto das atividades humanas no aumento do consumo e do desperdício de á gua.

3. Espera-se quê o estudante cite exemplos dirétos e indirétos do aumento do consumo de á gua, resultado da expansão das atividades produtivas e do consumo.

Página cento e dezessete

Demanda por á gua

Dos setores produtivos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a agricultura é o quê mais utiliza á gua, sêndo responsável por 70% das retiradas totais. Já os setores industrial e doméstico representam os restantes 20% e 12%, respectivamente. Na indústria, os maiores consumidores são metalúrgicas, siderúrgicas, petroquímicas e indústrias de produção de papel.

Até o século XIX, a demanda mundial por á gua cresceu gradualmente, aumentando no século XX, a partir da década de 1950. Os principais fatores quê explicam esse crescimento são o aumento populacional e do consumo, bem como a expansão urbana e das atividades industriais e agrícolas. No século XXI, o crescimento da demanda foi impulsionado pelo aumento de produção e consumo de bens industrializados e recursos naturais e energéticos. Esses fatores resultam na necessidade crescente de á gua potável para saúde, saneamento, produção de alimentos e outros bens e serviços. De acôr-do com a Organização das Nações Unidas (Ônu), a demanda mundial póde aumentar em 30% até 2050.

Mapa 'Mundo: água para agricultura (porcentagem do total de retiradas de água) – 2020'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Percentual: 100: países como Índia, Turquia, Indonésia, Arábia Saudita, Vietnã, Camboja, Etiópia, Líbia, Somália, Mali, Níger, Peru, Colômbia, Bolívia, Chile, Equador e Uruguai. 80: países como Brasil, México, Argentina, Paraguai, Argélia, Chade, Moçambique, África do Sul, Namíbia, Espanha, Egito, Iraque, Austrália, China, Cazaquistão e Japão. 60: Estados Unidos, Guatemala, Portugal, Itália, Rússia, Noruega, Finlândia, Malásia,  40: Canadá, Reino Unido, Irlanda, França, Alemanha, Suíça, Suécia, Polônia, Sudão do Sul, Angola e Botsuana. 20: países como República Democrática do Congo, Papua-Nova-Guiné, República Centro-africana e Congo. Sem dados: Antártida e Groenlândia.

Fonte: OUR uôrd IN DATA. Agricultural water as a share ÓF total water withdrawals, 2020. [S. l.]: Our uôrd in Data, 2024. Disponível em: https://livro.pw/pnbbr. Acesso em: 8 out. 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe o mapa e compare a retirada de á gua para a agricultura entre países ou regiões. Faça uma pesquisa sobre os fatores quê ajudam a explicar essa diferença.

1. Em países mais desenvolvidos, localizados no Norte Global, a retirada de á gua para a agricultura tende a sêr menor em termos percentuais quando comparada aos usos industrial e doméstico. Isso reflete, entre outros aspectos, em uma maior eficiência no uso da á gua. Em países do Sul Global, grande parte da á gua é direcionada à agricultura, evidenciando uma economia mais dependente dêêsse setor, culturas quê demandam muita á gua e ineficiência no uso para irrigação.

2. Quais são os fatores quê contribuem para explicar o aumento da demanda de á gua ao longo do tempo? Que estratégias podem sêr adotadas para lidar com esse crescimento na atualidade?

2. O aumento populacional e de consumo, a urbanização e a expansão da agricultura e da indústria. Estratégias incluem implementação de tecnologias mais eficientes no uso da á gua, políticas de conservação, promoção do uso sustentável dos recursos hídricos, campanhas para consumo consciente etc.

Página cento e dezoito

Recursos hídricos: acesso e degradação

A desigualdade no acesso à á gua é influenciada por fatores naturais, degradação ambiental e kestões políticas e econômicas.

Mesmo com muitos recursos hídricos, o Brasil enfrenta problemas de escassez de á gua potável. Em 2022, segundo o Instituto Trata Brasil, cerca de 84% da população brasileira contava com á gua encanada. Ainda assim, cerca de 33 milhões de pessoas não eram atendidas por esse serviço.

Parcela da população brasileira e de outros países com pouco ou nenhum acesso à á gua potável, recórre, em muitos casos, à construção de poços para captação ou à compra de á gua. A parcela mais póbre, em geral, acaba consumindo á gua não potável. Assim, investimentos em infraestrutura e técnicas – como poços, dessalinização e reutilização – podem melhorar o acesso à á gua.

Muitas vezes, a ausência de políticas públicas para regular o acesso e a distribuição permite quê grandes empresas explorem as fontes e comercializem a á gua potável em outras regiões quê não as de origem, intensificando a desigualdade no acesso à á gua.

Mapa 'Mundo: população sem acesso à água – 2010'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Número de pessoas que não têm acesso à água por país, segundo a Organização Mundial da Saúde. O Padrão da Organização Mundial da Saúde para acesso à água corrente: ponto de água potável a menos de 200 metros. 100 milhões: países como China, Índia, Nigéria, Etiópia. 25 milhões: países como Brasil, Indonésia, Bangladesh. 10 milhões: países como Peru, Angola. Filipinas, Marrocos e Iraque. Um milhão: países como Bolívia, Venezuela, Lesoto, África do Sul, Zimbábue, Turquia e Síria. População sem acesso à água (em percentual): De 50 a 78: países como Guiné, Nigéria, Mali, Níger, Etiópia, República Democrática do Congo, Madagascar e Camboja.  De 30 a 49: países como Haiti, China, Iêmen, Indonésia, Bangladesh, Uganda e Sudão. De 20 a 29: países como Brasil, Peru, Bolívia, Paraguai, Iraque e Argentina. De 10 a 19: Colômbia, Equador, México, Senegal, Paquistão, Vietnã e Turquia. De um a 9: países como Equador, Colômbia, Cuba e Paquistão.

Fonte: BLANCHON, Daví. Atlas mondial de l’eau: de l'eau pour tous. Paris: Autrement, 2013. p. 56.

O acesso desigual à á gua é uma preocupação crescente no mundo todo. A disponibilidade por pessoa tem caído nas últimas dékâdâs, e, em muitos lugares, é necessário buscar á gua em locais cada vez mais distantes, o quê encarece ou inviabiliza o abastecimento.

Página cento e dezenove

Por outro lado, há situações em quê a á gua é usada d fórma abundante e, às vezes, ineficiente (como nas perdas durante a distribuição pelas empresas) e irresponsável (como quando se lava a rua, o carro ou a calçada com á gua tratada).

A degradação dos recursos hídricos colabora para o desequilíbrio na oferta de á gua doce, pois a contaminação de águas superficiais (rios, córregos, açudes, represas etc.) e águas subterrâneas por esgoto, resíduos industriais e agrotóxicos compromete sua qualidade.

Durante séculos, a á gua usada nos processos produtivos foi devolvida à natureza sem tratamento. Embora a preocupação ambiental mundial tenha aumentado e, em muitos países, leis específicas tênham passado a regulamentar o uso e o tratamento da á gua, a degradação dêêsse recurso ainda constitui um grande problema.

Foto de um grande buraco no meio da rua. Neste buraco há um cano rompido, de onde sai muita água.

Perda de á gua em razão do rompimento da tubulação, em São Paulo (SP), 2022.
Água subterrânea
: á gua localizada no subsolo, quê preenche os póros ou os vazios das róchas sedimentares ou as fraturas, as falhas e as fissuras das róchas ígneas e metamórficas.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe o cartograma da página 118 para responder às kestões.

a) No cartograma foram representadas duas informações. Quais são elas? Quais soluções gráficas foram adotadas para representar cada uma delas?

1. a) Estão representados o percentual e o número absoluto da população dos países sem acesso à á gua. O percentual foi representado em cores com tons diferentes, e o número absoluto com base no tamãnho do quadrado quê representa o país.

b) O formato e o tamãnho dos territórios representados no cartograma correspondem aos reais? Justifique.

1. b) Não, os formatos foram unificados em quadrados proporcionais ao dado quê se quêr abordar, e os tamanhos correspondem ao número absoluto da população do país que não tem acesso à á gua.

c) Em qual continente há países com maiores percentuais de população sem acesso à á gua? Em quais países a situação é mais grave?

1. c) África. O estudante póde citar países como Níger, Mali, Guiné, República Democrática do Congo, Etiópia, entre outros.

d) por quê países com populações muito grandes, como Índia e chiina, não estão representados com tonalidades mais escuras?

1. d) Apesar de terem as maiores populações mundiais, esses países apresentam um percentual de pessoas sem acesso à á gua menor do quê o de outros países.

2. Em sua opinião, você e sua família fazem uso responsável da á gua? Por quê? Poderiam melhorar a forma como utilizam esse recurso?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reflita sobre seus hábitos, identificando aqueles quê podem sêr melhorados, como o tempo de banho, a lavagem de calçadas ou a não reutilização da á gua.

Página cento e vinte

Saneamento básico

As deficiências no saneamento básico, como a falta de côléta e o tratamento de esgoto, são um dos principais fatores da poluição das águas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (hó ême ésse) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2022, cerca de 44% da população mundial (3,5 bilhões de pessoas) ainda não tinha acesso a serviços de saneamento, das quais 419 milhões de pessoas não tí-nhão acesso a banheiro. Observe o mapa.

Mapa 'Mundo: população com acesso a saneamento básico seguro – 2022'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: 99 por cento: países como Japão, Coreia do Sul, Suíça e Áustria. 75 por cento: países como Estados Unidos, Canadá, Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Irlanda, Alemanha, Polônia, Itália, Arábia Saudita, Austrália e Nova Zelândia. 50 por cento: países como México, Peru, Paraguai, Argélia, Iraque, Ucrânia, Rússia, Mongólia, China, Índia, Myanmar, Somália, Quênia, Tanzânia, Laos, Camboja e Vietnã. 25 por cento: países como Brasil, Venezuela, Equador, África do Sul e Nigéria. zero por cento: países como Colômbia, Groenlândia, Mali, República Democrática do Congo, Etiópia, Chade, Níger, Iêmen e Líbia. Sem dados: países como a Bolívia, Argentina, Uruguai, Guatemala, Marrocos, Angola, Namíbia, Moçambique, Cazaquistão, Irã, Paquistão e Indonésia.

Fonte: WHO; UNICEF. Progresso in household drinking water, sanitation ênd hygiene 2000-2022: special focus on gender. Nova iórk: Unicef: WHO, 2023. p. IX. Disponível em: https://livro.pw/keozc. Acesso em: 24 out. 2024.

No Brasil, de acôr-do com o Instituto Trata Brasil, em 2022, apenas 52,2% do esgoto do país era tratado. Na Região Norte, esse índice era de 19,8%, e na Região Centro-Oeste 59,3%. Em 2023, das 100 maiores cidades brasileiras, apenas 27 tí-nhão mais de 80% do esgoto tratado.

O esgoto não tratado prejudica o ambiente das mais diversas formas. Em 2020, mais de 83 mil quilômetros de trechos de rios no Brasil foram comprometidos com despejo de esgoto não tratado.

Entre os impactos ambientais dessa prática, estão a intensificação do assoreamento dos rios e a contaminação da á gua para abastecimento da população e uso agrícola, expondo as pessoas a inúmeras doenças e resultando em mais problemas de saúde pública.

Assoreamento
: processo natural de acúmulo de sedimentos no leito de um rio, quê causa sua elevação. póde sêr intensificado pela ação antrópica.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Qual continente apresenta a maior concentração de países com os mais baixos índices de acesso aos serviços sanitários? O quê póde explicar esses índices?

1. África. Isso póde sêr explicado por uma série de fatores, como o crescimento urbano intenso com infraestrutura precária, a falta de políticas públicas eficazes, os conflitos armados e o impacto das mudanças climáticas quê dificultam o acesso à á gua limpa e ao saneamento adequado.

2. Quais são os impactos causados pela falta de acesso ou pelo acesso restrito aos serviços de saneamento básico para as pessoas?

2. A falta de acesso a serviços sanitários adequados aumenta o risco de doenças transmitidas pela á gua contaminada, como cólera, diarreia e disenteria, além de comprometer a qualidade de vida das populações. A ausência de saneamento básico também contribui para o aumento da mortalidade infantil e dos problemas de nutrição e limita o desenvolvimento econômico, já quê a saúde precária afeta a produtividade da população.

Página cento e vinte e um

CONEXÕES com...
BIOLOGIA
Doenças transmitidas pela á gua

Em países da África, da Ásia e da América Látína, são ainda comuns epidemias de cólera e de outras doenças transmitidas diréta ou indiretamente pela á gua.

A maioria das doenças transmitidas dessa forma são causadas por microrganismos presentes em reservatórios, geralmente, após contaminação por fézes humanas ou de animais. A transmissão do agente infekissioso ocorre por ingestão, pelo contato com a péle durante o banho, pela preparação de alimentos ou pelo consumo de alimentos lavados com á gua contaminada.

Nas regiões onde não há saneamento básico, as doenças infekissiósas podem ocorrer por causa da contaminação das águas de rios, lagos, córregos e mar. Observe o mapa.

Mapa 'Mundo: taxa de mortalidade por fontes de água inseguras – 2021'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Taxa de mortalidade a cada 100.000 pessoas. 300: países como Chade, Somália e Sudão do Sul. 100: países como Guatemala, Mali, Níger, Nigéria, Quênia, Tanzânia, Moçambique e Angola, Papua-Nova-Guiné e Índia. 30: Mauritânia, Costa do Marfim, Gana, República Democrática do Congo, África do Sul, Botsuana, Camarões e Indonésia. 10: países do continente americano, menos a Guatemala. Países da Europa e, também, Rússia, China, Japão, Austrália, Nova Zelândia, Tailândia, Egito, Sudão, Líbia, Argélia e Marrocos. Zero: Antártida.

Fonte: OUR uôrd IN DATA. Death rate from unsafe water sources, 2021. [S. l.]: Our uôrd in Data, [2024]. Disponível em: https://livro.pw/hvshx. Acesso em: 8 out. 2024.

Em 2019, a hó ême ésse divulgou quê 1,4 milhão de mortes poderiam ter sido evitadas com acesso adequado à á gua potável, ao saneamento e à higiene. Além díssu, a falta de acesso a esses serviços foi responsável por 69% de todas as mortes por diarreia no mundo.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Com auxílio do planisfério da página 412, identifique no mapa os países quê apresentaram as maiores taxas de mortes relacionadas ao consumo de á gua imprópria em 2021. Que fatores ambientais, sociais e econômicos possivelmente contribuíram para as taxas elevadas nesses países?

1. Somália, Sudão do Sul e Chade. Espera-se quê o estudante relacione esses dados à falta de saneamento básico, à pobreza, à ausência de infraestrutura e à dificuldade de acesso à á gua tratada.

2. Entre 1990 e 2021, a taxa de mortalidade por fontes de águas inseguras no Brasil caiu de 18,7 pessoas por 100 mil habitantes para 1,2 pessoas por 100 mil habitantes. Em sua opinião, quais medidas adotadas pelo Brasil levaram à mudança nessa taxa? Faça uma pesquisa para descobrir as medidas governamentais no período entre 1990 e 2021 e converse com côlégas e professor sobre ações quê ainda podem sêr tomadas.

2. Espera-se quê o estudante comente quê o acesso à á gua potável e o fornecimento de saneamento básico tênham sido incentivados pêlos governos. Entre as ações governamentais, eles podem identificar o Marco Legal do Saneamento Básico (2007), o Programa de Aceleração do Crescimento (2007 e 2023), o Programa Água para Todos (2011), entre outros.

Página cento e vinte e dois

Gestão dos recursos hídricos

Em geral, o modelo de gestão de recursos hídricos adotado por muitos países mostrou-se ineficaz diante das condições climáticas extremas (como secas prolongadas), dos problemas ambientais (desmatamento, assoreamento de rios, extinção de nascentes, entre outros), do crescimento urbano e do consumo (com maiores demandas por produtos industrializados, alimentos e energia). Ocorreu, assim, um desequilíbrio entre a intensidade do uso da á gua e os investimentos necessários, quê ampliou problemas antigos, como a degradação de mananciais e o desperdício na rê-de de distribuição.

A implementação de ações para a redução das perdas torna-se ainda mais necessária com os recorrentes déficits hídricos em diferentes regiões do mundo e do Brasil. Cidades com padrão de excelência em perdas têm indicadores menóres de 15%. No Brasil, em 2022, o índice de perdas total na distribuição foi de 37,78%. Observe a ilustração.

Esquema 'Perdas na distribuição de água por vazamentos'. As perdas podem ser causadas por: Registro defeituoso ou desgastado. Tubo rachado, quebrado ou perfurado. Junta ou luva corroída, desgastada ou solta. Hidrante vazando. Gatos, que conectam a ligação com o consumidor, sem passar pelo hidrômetro. Esses gatos geram perdas por ligações irregulares ou falhas na medição. Os gatos conectam a ligação com o consumidor, sem passar pelo hidrômetro.

Elaborado com base em: BOLETIM do saneamento. Disponível em: https://livro.pw/abwri. Acesso em: 2 maio 2025.

Elaborado com base em: GESTÃO de perdas. [S. l.]: Boletim do Saneamento, c2025. Disponível em: https://livro.pw/abwri. Acesso em: 2 maio 2025.

Esquema de representação da perda de á gua no processo de distribuição.

Entre as políticas públicas para manter a qualidade das á guas adequadas ao consumo, estão as medidas preventivas para evitar a poluição de mananciais, o investimento na recuperação de rios e as ações para promover o uso racional da água (programas de conscientização da população e educação ambiental, incentivo à côléta de á gua de chuva e reuso etc.).

Em julho de 2020, foi aprovada a lei número 14.026, quê atualizou o Marco Legal do Saneamento Básico. Essa legislação modificou a forma como o saneamento é gerido no Brasil, transferindo a responsabilidade da prestação de serviços de saneamento, quê antes era de UFs e municípios, para uma estrutura quê favorece a participação da iniciativa privada.

A nova lei visa à universalização do saneamento até 2033, garantindo quê 99% da população tenha acesso à á gua potável e quê 90% dela tenha côléta e tratamento de esgoto. Por um lado, os favoráveis ao projeto afirmam quê essa abertura ao setor privádo melhora a eficiência, amplia os investimentos e acelera a universalização do saneamento. Por outro, críticos apontam quê a privatização póde transformar o acesso à á gua, um direito fundamental, em mercadoria, priorizando o lucro, e não necessariamente a equidade no acesso ou a preservação ambiental.

Página cento e vinte e três

Água como fonte de energia

A energia hidrelétrica, gerada pela fôrça do movimento de grandes massas de á gua, é uma importante fonte energética no Brasil em razão da riqueza hidrográfica do país e da topografia.

Foto de Usina Hidrelétrica, localizada em um terreno com desnível. Há muita água represada na área mais alta. Essa água desce por meio de grandes tubulações, chegando à parte inferior do terreno.

Usina Hidrelétrica de Manso, na Chapada dos Guimarães (MT), 2024.

Ela é considerada uma fonte renovável, pois depende da á gua, um recurso renovável, e, em geral, é tida como uma fonte de energia limpa, quando comparada ao uso de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, quê são fontes não rêno-váveis e causam sérios danos ao ambiente, em especial os relacionados ao clima.

A energia hidrelétrica, entretanto, provoca impactos ambientais e sociais significativos, pois, para a implantação das usinas geradoras, em geral, é necessário inundar grandes áreas. Essa ação póde resultar em perda do solo na região, alterações no clima e grandes prejuízos à flora e à fauna locais, inclusive com o desaparecimento de espécies de peixes, por exemplo.

Além díssu, nas áreas alagadas, cresce a decomposição da matéria OR GÂNICA submersa, o quê aumenta a liberação de dióxido de carbono (CO2)e de metano (CH4) na atmosféra, contribuindo, assim, para a intensificação do efeito estufa.

O alagamento do entorno fôrça, ainda, o deslocamento de populações, geralmente de comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, quê têm fortes vínculos com o território e cujo modo de vida, em geral, depende da relação com o rio.

Por essa razão, no Brasil, foi criado o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização autônoma quê defende um projeto energético popular em todo o país. O MAB luta contra as desapropriações e por reparação e melhores programas de reassentamento para os atingidos.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Considerando os altos índices de perdas na distribuição e a crise hídrica em várias regiões do Brasil, como a privatização prevista pelo Novo Marco Legal do Saneamento póde influenciar, positiva ou negativamente, a equidade no acesso a esses serviços nos próximos anos?

Espera-se quê o estudante responda quê, se não houver uma regulação eficaz, a desigualdade no acesso póde aumentar, especialmente em locais onde o custo de operação e manutenção é mais elevado, o quê contradiz a proméssa de universalização.

Página cento e vinte e quatro

ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Em tempos de seca severa, a qualidade da á gua disponível para consumo se deteriora. A Unicef alerta quê crianças são especialmente vulneráveis a doenças relacionadas à á gua contaminada, como a diarreia. Qual é a importânssia das políticas de saneamento básico em regiões vulneráveis para a prevenção de doenças relacionadas à á gua?

1. Políticas de saneamento são essenciais para evitar a contaminação da á gua, reduzir a incidência de doenças e melhorar a qualidade de vida. Além díssu, medidas como a distribuição de hipoclorito e a construção de cisternas ajudam a garantir o acesso à á gua potável.

2. Leia o trecho da entrevista sobre as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e, em seguida, faça o quê se pede.

O descontrole na urbanização das áreas úmidas do RS construiu a maior catástrofe climática do nosso tempo.

Entrevista especial com Nina Moura

[…]

Segundo a pesquisadora [Nina Moura], os “espaços urbanos assentados sobre áreas úmidas têm intensificado o escoamento e acúmulo de á gua devido às alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, retificação e assoreamento de cursos d’água. êste modelo de urbanização, com a ocupação das planícies de inundação e impermeabilizações ao longo das vertentes e dos fundos de vale, mesmo em cidades de topografia relativamente plana, onde, teóricamente, a infiltração seria favorecida, podemos observar quê os resultados têm sido catastróficos”, ressalta.

[…]

MOURA, Nina. O descontrole na urbanização das áreas úmidas do RS construiu a maior catástrofe climática do nosso tempo: entrevista especial com Nina Moura. [Entrevista cedida a] Patricia Fachin. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 4 jun. 2024. Disponível em: https://livro.pw/hychs. Acesso em: 4 out. 2024.

a) De acôr-do com a entrevista, de quê forma a ocupação humana contribui para as enchentes quê atingiram o Rio Grande do Sul em 2024?

2. a) A ocupação humana, aliada à impermeabilização do solo e à retificação dos cursos d’água, intensificou o escoamento e o acúmulo de á gua.

b) Observe o esquema e explique como o relevo influencía os impactos das enchentes em áreas urbanizadas como Porto Alegre (RS).

2. b) O relevo desempenha um papel importante no escoamento das águas da chuva, e o relevo de planície de inundação também influencía o acúmulo de á gua, especialmente quando essas áreas são urbanizadas e a á gua não tem para onde escoar, agravando as enchentes.

Esquema que apresenta as seguintes informações:  As águas de cinco diferentes rios formam o Delta do Jacuí e deságuam no Lago Guaíba. Por causa da altitude dos seus cursos, as águas chegam ao lago em alta velocidade.

Fonte: SANTOS, Emily. Temporais no RS: entenda como o relevo de Porto Alegre e as ‘marés de tempestade’ travam escoamento. G1, [s. l.], 13 maio 2024. Disponível em: https://livro.pw/ziuak. Acesso em: 9 out. 2024.

Representação do relevo de Porto Alegre

3. Leia o trecho da reportagem sobre a êrozão marítima na praia de Atafona (RJ).

A êrozão costeira destrói Atafona como nenhum outro lugar ao longo dos 11 mil quilômetros da costa brasileira. Todos os anos, o mar avança em média 2,7 metros, mas já chegou a aumentar até oito metros em alguns anos, como entre 2008 e 2009. Desde quê a êrozão se acelerou há cerca de 60 anos, as ondas destruíram mais de 500 construções. Quatorze quarteirões da cidade estão totalmente submersos.

BRISO, Caio Barretto. O mar está engolindo esta cidade brasileira. Né chionál Geográfic, [s. l.], 27 out. 2021. Disponível em: https://livro.pw/xrxwl. Acesso em: 3 out. 2024.

3. a) Produção pessoal. promôva um momento de compartilhamento das produções.

3. b) Nas duas praias, os processos de êrozão marítima são exacerbados pelas mudanças climáticas, quê elévam o nível do mar e intensificam as marés. Em Ponta Negra, a êrozão está mais associada à instabilidade do terreno e ao risco de colapso em áreas específicas da praia, por causa da saturação da areia e da ação das marés.

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Foto de sedimentos, galhos e folhas espalhados pela areia da praia.

Praia de Atafona, em São João da Barra (RJ), 2024.

a) Faça uma pesquisa sobre o tema e elabore um texto explicando os fatores naturais e antrópicos quê contribuem para a situação descrita.

b) A praia de Ponta Negra em Natal (RN) também tem sofrido com a êrozão marítima. Em agosto de 2024, um trecho dela foi interditado por risco de colapso. Observe a imagem e compare a êrozão quê ocorre em Atafona (RJ) e a quê ocorre em Ponta Negra.

Foto de placa instalada na areia da praia. Na placa, está escrito 'Cuidado: área de risco. Área de preservação permanente. Preserve, não suba o morro'.

Trecho da Praia de Ponta Negra isolado por risco de colapso, em Natal (RN), 2024.

4. Leia o trecho da reportagem e responda às kestões.

[…] não existe crise hídrica no Brasil, mas, sim, crise de gerenciamento hídrico. Um gerenciamento negligente e ineficiente, quê permite, por exemplo, quê o menor índice de acesso à á gua potável ocorra na Região Amazônica, exatamente onde há mais água… no mundo!

Um gerenciamento quê parece não considerar os dados das séries históricas quê mostram detalhadamente o comportamento do regime pluviométrico. [...]

VENTURI, Luis Antônio Bittar. Crise hídrica ou de gerenciamento hídrico? Jornal da úspi, São Paulo, 23 nov. 2021. Disponível em: https://livro.pw/qnpxm. Acesso em: 4 out. 2024.

a) De acôr-do com a reportagem, quais são as principais causas da dita “crise de gerenciamento hídrico”?

4. a) A crise se deve à gestão ineficiente dos recursos hídricos. Mesmo com grande disponibilidade de á gua, sua má distribuição, perdas nas rêdes e poluição comprometem o acesso da população à á gua potável.

b) Quais são as consequências do lançamento de esgoto sem tratamento em rios e no mar para a população?

4. b) O esgoto despejado sem tratamento contamina os corpos d’água, propagando doenças, e compromete a qualidade da á gua.

c) Como a má gestão dos recursos hídricos póde comprometer o abastecimento de á gua na Região Amazônica, onde há grande disponibilidade dêêsse recurso?

4. c) A poluição dos rios, a falta de saneamento e a má gestão dos aqüíferos e da infraestrutura comprometem o acesso à á gua potável.

5. Quando a chuva atinge superfícies sem vegetação, a á gua corre livremente pelo solo, levando consigo sedimentos, resíduos de fertilizantes, pesticidas e outros poluentes. Esses materiais são transportados para as fontes de á gua, contaminando-as e prejudicando a qualidade da á gua utilizada para consumo humano, animal e agrícola. Como o desmatamento agrava os impactos da êrozão pluvial na qualidade das águas?

5. O desmatamento remove a cobertura vegetal, quê atua como uma barreira natural para a á gua da chuva.

6. Segundo a Ônu, em 2025, duas a cada três pessoas viverão situações de carência de á gua caso não ocorram mudanças no padrão de consumo mundial, quê vêm crescendo desde 1900, quando era de 580 km³/ano, chegando à estimativa de 5.200 km³/ano em 2025. Quais são as consequências do aumento do consumo de á gua?

6. A escassez de á gua potável em várias regiões, a degradação de recursos hídricos, a diminuição dos níveis dos rios e lagos e a pressão crescente sobre os éco-sistemas.

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