CAPÍTULO 5
Dinâmicas do relevo e das águas
OBJETIVOS DO CAPÍTULO:
• Compreender a relação entre relevo e hidrografia e seus impactos em desastres naturais.
• Identificar formas de relevo e estruturas geológicas no Brasil e no mundo.
• Analisar os efeitos das atividades humanas sobre o relevo e os elemêntos hídricos.
• Compreender os processos de intemperismo, êrozão e deposição e suas consequências.
• Avaliar o papel do planejamento urbano em áreas de relevo suscetíveis a desastres naturais.
As enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul em 2024, quê devastaram áreas rurais e urbanas, são o resultado de uma combinação de fatores naturais e antrópicos, com destaque para o novo regime climático caracterizado por chuvas extremas. Os aspectos físico-naturais dessa Unidade da Federação (UF), como áreas de planície alagável e densa rê-de de rios, facilitam o acúmulo de á gua em períodos de fortes chuvas. A ocupação urbana em áreas úmidas e fundos de vale agrava a situação, impossibilitando o escoamento adequado das águas. Assim, compreender o relevo e a hidrografia do território é essencial para o planejamento da ocupação e uso do solo, no campo e na cidade.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Você sabe o quê são áreas de planície alagável? Em sua opinião, como esse tipo de relevo influencía as enchentes em regiões como o Vale do Taquari (RS)?
1. Espera-se quê o estudante comente quê planícies alagáveis são áreas naturalmente propensas a serem inundadas durante períodos de cheia dos rios. Nessas regiões, a á gua se espalha facilmente pela superfícíe, o quê póde causar enchentes mais severas quando o volume de chuva é muito grande ou quando os rios transbordam.
2. Quais fatores climáticos e humanos podem aumentar a freqüência e a intensidade de enchentes, como as ocorridas no Rio Grande do Sul?
2. Fatores climáticos, como chuvas intensas e prolongadas, podem aumentar a freqüência de enchentes. A mudança climática também contribui com eventos extremos mais freqüentes. Fatores humanos, como o desmatamento, a impermeabilização do solo urbano e a construção em áreas inadequadas, agravam a situação, dificultando o escoamento da á gua e aumentando o risco de enchentes.
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Estrutura do relevo
O relevo, ou seja, o conjunto de formas da superfícíe terrestre, sempre influenciou a vida das pessoas em diversos aspectos, como na escolha do melhor caminho a seguir, no posicionamento de tropas para visualizar o inimigo, no estabelecimento de moradias, indústrias, portos, aeroportos, entre outros.
Todas as formas da superfícíe da Terra são moldadas por três fatores essenciais: a estrutura geológica, os processos naturais envolvidos e o tempo de atuação dessas forças.
A estrutura do relevo (morfoestrutura) tem relação diréta com as forças internas (endógenas) da Terra, especialmente os movimentos das placas tectônicas. Já a forma (morfoescultura) leva em conta também os processos ligados às forças externas (exógenas), como a ação das águas dos rios, os ventos, a tempera-túra, as geleiras, os sêres humanos etc.
As formas da superfícíe terrestre estão associadas a três grandes estruturas geológicas resultantes dos processos tectônicos ocorridos no interior do planêta. Observe a distribuição dessas estruturas no mapa.
- Estrutura geológica
- : conjunto dos vários tipos de róchas quê sustentam o relevo, ou seja, é a base sobre a qual se encontram as diversas formas da superfícíe terrestre.
Elaborado com base em: SIMIELLI, Maria Elena. Geoatlas. 35. ed. São Paulo: Ática, 2019. p. 23.
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Os escudos cristalinos são as estruturas mais antigas da superfícíe terrestre. Surgiram em decorrência do resfriamento do planêta. Também são chamados de crátons, platafórmas ou maciços antigos. Apresentam relativa estabilidade tectônica e são áreas muito desgastadas pela ação de forças externas. Nessas estruturas, predominam as róchas magmáticas ou cristalinas e minerais metálicos e não metálicos. No Brasil, essas estruturas ocupam cerca de 36% do território nacional.
Os dobramentos modernos, também chamados de cadeiras ou cinturões orogenéticos, constituem estruturas recentes (formadas na Era Cenozoica, há 70 milhões de anos), se comparadas à história geológica do planêta. São áreas de grande instabilidade tectônica, sujeitas a vulcanismos e terremotos. Suas róchas são bastante dobradas e fraturadas e podem apresentar minerais metálicos e não metálicos. O território brasileiro, por estar distante das áreas de colisão de placas, responsáveis pela formação dessas estruturas, não apresenta dobramentos modernos, vulcões ativos e terremotos de grande intensidade.
As bacias sedimentares, predominantemente constituídas por róchas sedimentares, datam das eras Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica (cerca de 600 milhões de anos) e são áreas de formação de recursos energéticos como o carvão (350 milhões de anos) e o petróleo (150 milhões de anos). No Brasil, ocupam cerca de 64% do território.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Com base na leitura do mapa e no conteúdo desenvolvido ao longo do capítulo 3, identifique as principais estruturas geológicas de diferentes continentes e relacione a presença dessas formações com a ocorrência de fenômenos naturais como terremotos e vulcanismo.
1. Espera-se quê o estudante localize áreas como o Círculo de Fogo do Pacífico, onde predominam dobramentos modernos (cadeias orogenéticas), e identifique áreas estáveis, como o escudo brasileiro, onde não ocorrem fenômenos sísmicos significativos.
2. Observe o perfil topográfico da América do Sul, elaborado com base no segmento de reta AB representado no mapa sobre estruturas geológicas, e explique as diferenças quanto às formas observadas nas diferentes estruturas geológicas.
Elaborado com base em: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 119.
2. Os escudos cristalinos têm forma relativamente uniforme, resultado de milhões de anos de êrozão. As bacias sedimentares apresentam uma forma côncava, como uma depressão no relevo, em quê os sedimentos se acumulam ao longo do tempo. Já os dobramentos modernos correspondem a montanhas elevadas e picos pronunciados, formados pela colisão de placas tectônicas. A diferença na forma reflete o tempo de formação e o tipo de processo geológico envolvido.
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Formas de relevo e altitudes
As formas da superfícíe terrestre ocorrem nas terras emersas (continentes e ilhas) e nas terras imérsas (fundo dos oceanos).
As montanhas são as formas de relevo de maior altitude quê existem na superfícíe terrestre. Um conjunto de montanhas forma uma cordilheira. Essas formas de relevo encontram-se associadas aos dobramentos modernos. Entre elas, destacam-se a Cordilheira do Himalaia (Ásia), a Cordilheira dos Andes (América do Sul) e os Alpes (sul da Europa).
Os planaltos são superfícies irregulares bastante desgastadas pela ação de agentes externos. Com o desgaste, os sedimentos são depositados nas áreas próximas e mais baixas, quê podem sêr planícies ou depressões. Os planaltos podem sêr formados por:
• chapadas: formas com quedas acentuadas, lembrando um paredão (escarpa), e topo plano;
• môrros: elevações d fórma arredôndá-da;
• sérras: nome genérico para se referir a superfícies com desníveis acentuados, como as cuestas e as escarpas de planaltos.
As depressões são superfícies desgastadas por longos processos de êrozão. Suas formas se apresentam planas ou levemente onduladas. As depressões têm altitudes mais baixas quê os terrenos em seu entorno, localizando-se, então, entre superfícies mais elevadas, como os planaltos.
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As planícies são terrenos pouco acidentados, isto é, mais ou menos planos, sem desníveis acentuados, formados pela deposição de grande quantidade de sedimentos quê vêm de rios, mares e lagos. As planícies podem sêr classificadas em costeiras ou marinhas (próximas a oceanos e mares), aluviais ou fluviais (próximas a rios) e lacustres (próximas a lagos).
As planícies aluviais ou fluviais também são conhecidas como planícies alagáveis, pois são áreas sujeitas a alagamentos periódicos em razão da alteração no nível dos rios.
Planaltos, depressões e planícies são mais comuns em áreas de escudos cristalinos e bacias sedimentares.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Observe o mapa e responda: quais regiões do planêta apresentam as maiores altitudes? Como isso se relaciona com as formas de relevo apresentadas nas páginas 106 e 107?
Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 41b.
As maiores altitudes estão representadas em cores com tons mais fortes e concentram-se no Himalaia (Ásia) e nos Andes (América do Sul). As menóres altitudes estão nas planícies costeiras, como nas regiões dos dél-tâz dos rios e nas margens de grandes oceanos. Espera-se quê o estudante associe as maiores altitudes às formas montanhosas de relevo.
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Relevo do Brasil
Observe no mapa como estão distribuídas as principais unidades do relevo brasileiro de acôr-do com a classificação apresentada por Jurandyr Luciano Sanches Ross (1947-), geógrafo brasileiro.
Fonte: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: EdUSP, 2009. p. 53.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Observe o perfil topográfico, associado ao segmento de reta cê dê presente no mapa, e, depois, explique a relação entre a variação de altitude e os diferentes tipos de relevo observados no mapa.
Fonte: ROSS, Jurandyr Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: EdUSP, 2009. p. 63.
1. A variação de altitude reflete a presença de diferentes formas de relevo, como os planaltos, quê são áreas mais elevadas, e as depressões, quê aparécem como áreas mais baixas no perfil.
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Forças externas modificam o relevo
As forças ou agentes externos do relevo atuam principalmente sobre as formas presentes nas terras emersas, transformando-as. As principais ações dêêsses agentes (chuvas, rios, mares, ventos, geleiras e sêres humanos) causam o intemperismo e a êrozão.
O intemperismo consiste no desgaste e na desagregação das róchas provocando, a longo prazo, sua decomposição.
A êrozão é o processo de remoção, transporte e sedimentação ou deposição do material intemperizado (que sofre intemperismo). A êrozão póde acontecer d fórma lenta ou acelerada, decorrente, por exemplo, de alterações promovidas pelo sêr humano, como a retirada da cobertura vegetal, resultando na remoção de grande quantidade de material superficial. Observe na ilustração os agentes externos do relevo.
Fonte: GROTZINGER, Diôn; JORDAN, Tom. Para entender a Terra. Tradução: Iuri Duquia Abreu. 6. ed. Porto Alegre: búkmã, 2013. p. 121.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
2. Com base na leitura da ilustração sobre os agentes externos do relevo, responda: como a deposição (sedimentação) contribui para a formação de planícies?
2. A deposição ocorre quando os sedimentos transportados pela á gua ou pelo vento se acumulam em áreas mais baixas, formando planícies.
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Tipos de intemperismo e de êrozão
róchas com diferentes composições e expostas em um mesmo local e época podem apresentar diferentes graus de alteração. Isso acontece porque algumas delas são mais resistentes à ação dos agentes externos do quê outras. Em geral, quanto maior o tempo de exposição de uma rocha, mais intenso é o intemperismo sofrido.
Há três tipos de intemperismo: físico, químico e biológico. O intemperismo físico ocorre quando a rocha se fragmenta por meio de processos físicos, sem modificação em sua composição química. Ele póde sêr provocado por mudanças de tempera-túra, desgaste de materiais transportados por rios, ação dos ventos ou de geleiras e degelo.
Um exemplo é a fragmentação da rocha por ação do gêlo. A á gua líquida ocupa as fissuras da rocha e, quando congelada, expande-se e exerce pressão nas laterais, rompendo-a. O intemperismo físico predomina em regiões de clima muito kemte ou muito frio e seco.
Fonte: TEIXEIRA, uílsom éti áu. Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Nacional, 2009. p. 212.
O intemperismo químico acontece quando minerais das róchas são alterados ou dissolvidos por reações químicas geradas pelo contato da rocha com o ar e a á gua. A á gua póde, por exemplo, dissolver certos minerais presentes nas róchas. Climas com tempera-túra e pluviosidade mais elevadas favorécem esse tipo de intemperismo.
O intemperismo biológico ocorre quando a ação física ou química de organismos vivos ou matéria OR GÂNICA participa do processo de alteração das róchas, como a ação do crescimento de raízes, aumentando a fragmentação.
Quanto à êrozão, de acôr-do com os agentes externos, há vários tipos, tais como pluvial, fluvial, marítima e eólica.
- Líquen
- : organismo formado pela associação simbiótica entre fungos e algas e/ou cianobactérias.
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êrozão pluvial
A êrozão pluvial ocorre quando as águas das chuvas desgastam as róchas e transportam materiais das áreas mais altas do relevo para as mais baixas. De acôr-do com a intensidade, o escoamento e a profundidade da êrozão, podem ocorrer:
• sulcos: filetes rasos (até 0,5 m), quê indicam o início de erosões maiores;
• ravinas: cavidades mais profundas e largas;
• voçorocas: grandes crateras formadas pela ação combinada das águas do escoamento superficial e do subterrânneo.
Saiba mais
• SUZUKI, Shin. As voçorocas quê ameaçam cidade brasileira – e são problema global. BBC nius, [s. l.], 22 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/zsvea. Acesso em: 8 out. 2024.
A reportagem explora como grandes erosões impactam o município de Buriticupu (MA) e outras áreas no Brasil e no mundo.
AMPLIAR SABERES
A remoção da vegetação diminui a capacidade do solo de absorver a á gua das chuvas e aumenta o escoamento superficial da á gua, provocando a êrozão e a retirada de camadas superficiais do solo. Em áreas inclinadas, como encostas, o solo encharcado póde escorregar e causar deslizamentos. A ocupação inadequada de encostas para construção de moradias, por exemplo, intensifica esses processos, aumentando o risco de deslizamentos e perdas humanas.
Em condições naturais, áreas úmidas, como banhados, planícies, lagos e fundos de vale, atuam como “esponjas”, absorvendo a á gua das chuvas e retardando o escoamento. Quando essas áreas são alteradas pela ação humana, o desequilíbrio ambiental aumenta o risco de deslizamentos e êrozão acelerada, o quê póde resultar em graves desastres naturais, especialmente em regiões de relevo acidentado.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor
• No lugar onde você vive, há áreas com grandes declives? Em caso negativo, pesquise imagens de locais com grande declive para responder: como a chuva póde afetar essas áreas? Em sua resposta, comente se há erosões visíveis, se há elemêntos quê podem contribuir para o desgaste do solo e se a comunidade local está sêndo afetada.
Espera-se quê o estudante identifique, por exemplo, sinais de êrozão, como fissuras no solo, buracos ou rachaduras no asfalto de áreas próximas, e relacione-os aos processos de êrozão pluvial. Em áreas urbanas, a falta de vegetação e a pavimentação inadequada podem contribuir para o surgimento de sulcos e, em casos mais graves, ravinas e voçorocas.
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êrozão fluvial
A chuva e a néve quê caem sobre a superfícíe terrestre podem seguir vários caminhos. Parte dessa á gua corre pela superfícíe integrando os rios e, posteriormente, póde sêr encaminhada para o mar.
As águas das chuvas quê escorrem pela superfícíe removem partículas de rocha e solo quê as acompanham até os leitos dos rios. Em geral, quanto maior a velocidade das águas dos rios maior a fôrça erosiva.
Depois quê chegam aos leitos dos rios, os sedimentos são transportados por ele.
Os processos de êrozão, transporte e sedimentação fluvial têm intensidade e velocidade vinculadas às diferentes partes do rio. Nesse sentido, o curso de um rio póde sêr dividido em três partes principais: o curso superior, próximo à nascente; o curso médio; e o curso inferior, próximo à foz.
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AMPLIAR SABERES
Ao longo do tempo, a ação erosiva dos cursos d’água provoca alterações na sua própria configuração. Um rio é considerado juvenil quando predominam as cachoeiras e as quedas-d’água e há grande transporte de sedimento; maduro quando está mais “encaixado” no relevo; e senil quando suas águas banham áreas mais planas.
Fonte: STRAHLER, élam H. Introducing physical geography. Hoboken: Wiley, 2013. p. 508.
No período senil, o rio tende a ter seu pôdêr erosivo reduzido, e ocorre deposição de grande parte do material transportado. Seu percurso torna-se sinuoso, e podem aparecer praias de areia e pedregulhos na parte interna das curvas. Os meandros, isto é, curvas acentuadas dos rios em região plana, tornam-se cada vez mais pronunciados, e o desgaste das margens supera o do leito. As curvas podem se estender a ponto de se aproximarem umas das outras, e, finalmente, a parte quê separa as curvas póde desaparecer.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Observe novamente a ilustração 1 e explique como se dá, em geral, a relação entre relevo, fluxo das águas e êrozão, analisando cada uma das partes do rio.
1. No curso superior (próximo à nascente), no qual o relevo é mais acidentado, a velocidade e o pôdêr erosivo das águas são maiores. No curso médio, a velocidade é menor, assim como o pôdêr de êrozão. Já próximo à foz, no baixo curso, as águas correm mais lentamente, sêndo a êrozão reduzida e ocorrendo maior deposição de sedimentos carregados pelas águas.
2. Em grupo, escôlham um dos rios de seu município ou Unidade da Federação (UF) e façam uma pesquisa sobre ele. Identifiquem as regiões de baixo, médio e alto curso e analisem a relação com o relevo e os processos erosivos. Procurem descobrir também os diferentes usos das águas em cada curso. Montem um painel ou uma apresentação digital com imagens e textos.
2. Produções pessoais. ôriênti os estudantes na pesquisa, indicando fontes confiáveis, e na montagem da apresentação, garantindo a integração de imagens (mapas, fotografias, ilustrações etc.) e textos.
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êrozão marítima
A êrozão marítima ou marinha ocorre na costa litorânea, provocada pela ação de ondas, correntes marítimas e marés sobre as superfícies das róchas e em praias arenosas. A fôrça das águas podem fragmentar as róchas, transformando-as em areia e contribuindo para a formação de praias ou planícies marinhas. Também póde acontecer a formação de falésias e penhascos e a redução da largura de praias.
Nas praias arenosas, causa, por exemplo, destruição das habitações e da infraestrutura e perda e desequilíbrio de hábitátis naturais.
Considerado o ponto mais oriental do continente americano, a Ponta do Seixas sofre com o intenso processo de êrozão marítima. Barreiras tem sido construídas na base das falésias para reduzir os impactos da êrozão.
êrozão eólica
A êrozão eólica é aquela provocada pela ação do vento e se dá com maior intensidade em regiões áridas, como os desertos, onde a chuva e a vegetação são escassas. Esse tipo de êrozão ocorre por causa da deflação e da corrosão. A deflação é o processo de remoção e transporte de partículas da superfícíe, rebaixando-as. Ela é responsável pela formação de oásis nos desertos, pois o rebaixamento da superfícíe póde atingir o lençol fre-átiko, formando lagos e viabilizando o desenvolvimento de vegetação. A corrosão desgasta as róchas com o impacto das partículas de areia, polindo-as. O material transportado depende da velocidade do vento e do tamãnho das partículas; quando o vento enfraquece, as partículas se depositam na superfícíe.
O Vale Monumento foi formado pela ação dos ventos. Colunas isoladas de róchas quê resistiram à êrozão se sobressaem em meio ao desgastado planalto. À medida quê a ação do vento continua a esculpir a rocha, formam-se “esculturas”.
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Bacias hidrográficas
Os rios e o relevo influenciam-se mutuamente. As formas e as altitudes do relevo influenciam a formação das nascentes, o curso dos rios e a velocidade das águas. Os rios, por sua vez, exercem um trabalho duplo sobre o relevo: intemperismo (desgaste) e êrozão (transporte, deposição e sedimentação).
Todos os rios fazem parte de uma bacia hidrográfica. Trata-se de uma área delimitada por divisores de águas (porções mais altas do relevo) e constituída de um rio principal e seus afluentes, das formas de relevo, da vegetação, das róchas e dos sólos, além dos diferentes tipos de ocupação humana. Geralmente, a bacia hidrográfica recebe o nome do rio principal. Observe a ilustração.
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Os divisores de á gua constituem uma linha quê separa as águas pluviais (da chuva), podendo sêr altas montanhas ou outras elevações. Desde a nascente, correm em direção a partes mais baixas, percorrendo um caminho ou curso até outro rio, lago ou mar. Durante o curso, o rio cava um canal ou calha por onde corre, denominado leito. Quando o curso do rio avança por terrenos com grandes desníveis, muitas vezes formam-se corredeiras e quedas-d’água ou cachoeiras.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Como os divisores de á gua se relacionam com as bacias hidrográficas?
1. Os divisores de á gua são as áreas mais altas quê delimitam as bacias hidrográficas. Eles separam as águas pluviais e definem para onde os rios e seus afluentes escoam. Os divisores direcionam o fluxo das águas para rios principais quê, por sua vez, seguem em direção a lagos, mares ou outros rios.
2. dêz-creva como o relevo influencía o curso de um rio, desde sua nascente até sua foz, e dê exemplos de como o relevo póde alterar a velocidade da correnteza dos rios.
2. O relevo influencía diretamente o curso de um rio. Nas áreas mais altas, ou nascentes, o rio flui rapidamente em razão da declividade, podendo formár corredeiras ou cachoeiras em regiões com desníveis acentuados. Em áreas de relevo mais suave, o rio perde velocidade, podendo se alargar e formár meandros. O rio deposita sedimentos em áreas planas, como dél-tâz, diminuindo ainda mais sua velocidade.
3. Como o uso do solo e a ocupação humana podem interferir no regime dos rios? Que práticas poderiam ajudar a preservar a qualidade das águas e evitar a degradação do solo?
3. A ocupação humana póde impactar o regime dos rios por meio do desmatamento, da impermeabilização do solo e do descarte inadequado de resíduos, quê podem alterar o curso natural dos rios e aumentar a êrozão. Práticas como o reflorestamento das margens, a conservação das áreas de nascente e a redução da impermeabilização urbana podem preservar a qualidade da á gua e evitar a degradação do solo.
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Disponibilidade hídrica
Especialistas afirmam quê a quantidade de á gua disponível no planêta Terra é a mesma desde sua origem, há 4,6 bilhões de anos. Se a quantidade permanéce inalterada no planêta, por quê ela desapareceu ou está desaparecendo em alguns lugares? por quê o acesso à á gua é tão desigual? Como os recursos hídricos estão distribuídos no espaço geográfico? Essas kestões serão discutidas a seguir.
Elaborado com base em: WATER SCIENCE SCHOOL. O ciclo d’água: the water cycle: portuguese. Tradução: Jayme Nery. Uóchinton, DC: USGS, 2019. Disponível em: https://livro.pw/kamih. Acesso em: 14 out 2024.
Fonte: hí bê gê hé. Atlas geográfico escolar. 9. ed. Rio de Janeiro: hí bê gê hé, 2023. p. 70.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Com auxílio do planisfério da página 412, identifique dois países quê apresentavam os maiores níveis de disponibilidade de á gua doce per cápita em 2018.
1. O estudante póde citar países como Canadá, Guiana, Suriname, Paraguai, Bolívia, Peru, Gabão e República do Congo.
2. Se um país tem alta disponibilidade de á gua per cápita, isso significa quê toda a sua população tem o mesmo acesso aos recursos hídricos? Explique.
2. Não necessariamente. Mesmo em países com alta disponibilidade de á gua, há desigualdade no acesso aos recursos hídricos em razão de fatores como infraestrutura de acesso à á gua de rios, bacias e lençóis fre-átikos, além de diferenças regionais no clima e no uso da á gua na agricultura, na indústria e no consumo urbano.
3. Converse com côlégas e professor sobre o impacto das atividades humanas no aumento do consumo e do desperdício de á gua.
3. Espera-se quê o estudante cite exemplos dirétos e indirétos do aumento do consumo de á gua, resultado da expansão das atividades produtivas e do consumo.
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Demanda por á gua
Dos setores produtivos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a agricultura é o quê mais utiliza á gua, sêndo responsável por 70% das retiradas totais. Já os setores industrial e doméstico representam os restantes 20% e 12%, respectivamente. Na indústria, os maiores consumidores são metalúrgicas, siderúrgicas, petroquímicas e indústrias de produção de papel.
Até o século XIX, a demanda mundial por á gua cresceu gradualmente, aumentando no século XX, a partir da década de 1950. Os principais fatores quê explicam esse crescimento são o aumento populacional e do consumo, bem como a expansão urbana e das atividades industriais e agrícolas. No século XXI, o crescimento da demanda foi impulsionado pelo aumento de produção e consumo de bens industrializados e recursos naturais e energéticos. Esses fatores resultam na necessidade crescente de á gua potável para saúde, saneamento, produção de alimentos e outros bens e serviços. De acôr-do com a Organização das Nações Unidas (Ônu), a demanda mundial póde aumentar em 30% até 2050.
Fonte: OUR uôrd IN DATA. Agricultural water as a share ÓF total water withdrawals, 2020. [S. l.]: Our uôrd in Data, 2024. Disponível em: https://livro.pw/pnbbr. Acesso em: 8 out. 2024.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Observe o mapa e compare a retirada de á gua para a agricultura entre países ou regiões. Faça uma pesquisa sobre os fatores quê ajudam a explicar essa diferença.
1. Em países mais desenvolvidos, localizados no Norte Global, a retirada de á gua para a agricultura tende a sêr menor em termos percentuais quando comparada aos usos industrial e doméstico. Isso reflete, entre outros aspectos, em uma maior eficiência no uso da á gua. Em países do Sul Global, grande parte da á gua é direcionada à agricultura, evidenciando uma economia mais dependente dêêsse setor, culturas quê demandam muita á gua e ineficiência no uso para irrigação.
2. Quais são os fatores quê contribuem para explicar o aumento da demanda de á gua ao longo do tempo? Que estratégias podem sêr adotadas para lidar com esse crescimento na atualidade?
2. O aumento populacional e de consumo, a urbanização e a expansão da agricultura e da indústria. Estratégias incluem implementação de tecnologias mais eficientes no uso da á gua, políticas de conservação, promoção do uso sustentável dos recursos hídricos, campanhas para consumo consciente etc.
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Recursos hídricos: acesso e degradação
A desigualdade no acesso à á gua é influenciada por fatores naturais, degradação ambiental e kestões políticas e econômicas.
Mesmo com muitos recursos hídricos, o Brasil enfrenta problemas de escassez de á gua potável. Em 2022, segundo o Instituto Trata Brasil, cerca de 84% da população brasileira contava com á gua encanada. Ainda assim, cerca de 33 milhões de pessoas não eram atendidas por esse serviço.
Parcela da população brasileira e de outros países com pouco ou nenhum acesso à á gua potável, recórre, em muitos casos, à construção de poços para captação ou à compra de á gua. A parcela mais póbre, em geral, acaba consumindo á gua não potável. Assim, investimentos em infraestrutura e técnicas – como poços, dessalinização e reutilização – podem melhorar o acesso à á gua.
Muitas vezes, a ausência de políticas públicas para regular o acesso e a distribuição permite quê grandes empresas explorem as fontes e comercializem a á gua potável em outras regiões quê não as de origem, intensificando a desigualdade no acesso à á gua.
Fonte: BLANCHON, Daví. Atlas mondial de l’eau: de l'eau pour tous. Paris: Autrement, 2013. p. 56.
O acesso desigual à á gua é uma preocupação crescente no mundo todo. A disponibilidade por pessoa tem caído nas últimas dékâdâs, e, em muitos lugares, é necessário buscar á gua em locais cada vez mais distantes, o quê encarece ou inviabiliza o abastecimento.
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Por outro lado, há situações em quê a á gua é usada d fórma abundante e, às vezes, ineficiente (como nas perdas durante a distribuição pelas empresas) e irresponsável (como quando se lava a rua, o carro ou a calçada com á gua tratada).
A degradação dos recursos hídricos colabora para o desequilíbrio na oferta de á gua doce, pois a contaminação de águas superficiais (rios, córregos, açudes, represas etc.) e águas subterrâneas por esgoto, resíduos industriais e agrotóxicos compromete sua qualidade.
Durante séculos, a á gua usada nos processos produtivos foi devolvida à natureza sem tratamento. Embora a preocupação ambiental mundial tenha aumentado e, em muitos países, leis específicas tênham passado a regulamentar o uso e o tratamento da á gua, a degradação dêêsse recurso ainda constitui um grande problema.
- Água subterrânea
- : á gua localizada no subsolo, quê preenche os póros ou os vazios das róchas sedimentares ou as fraturas, as falhas e as fissuras das róchas ígneas e metamórficas.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Observe o cartograma da página 118 para responder às kestões.
a) No cartograma foram representadas duas informações. Quais são elas? Quais soluções gráficas foram adotadas para representar cada uma delas?
1. a) Estão representados o percentual e o número absoluto da população dos países sem acesso à á gua. O percentual foi representado em cores com tons diferentes, e o número absoluto com base no tamãnho do quadrado quê representa o país.
b) O formato e o tamãnho dos territórios representados no cartograma correspondem aos reais? Justifique.
1. b) Não, os formatos foram unificados em quadrados proporcionais ao dado quê se quêr abordar, e os tamanhos correspondem ao número absoluto da população do país que não tem acesso à á gua.
c) Em qual continente há países com maiores percentuais de população sem acesso à á gua? Em quais países a situação é mais grave?
1. c) África. O estudante póde citar países como Níger, Mali, Guiné, República Democrática do Congo, Etiópia, entre outros.
d) por quê países com populações muito grandes, como Índia e chiina, não estão representados com tonalidades mais escuras?
1. d) Apesar de terem as maiores populações mundiais, esses países apresentam um percentual de pessoas sem acesso à á gua menor do quê o de outros países.
2. Em sua opinião, você e sua família fazem uso responsável da á gua? Por quê? Poderiam melhorar a forma como utilizam esse recurso?
2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reflita sobre seus hábitos, identificando aqueles quê podem sêr melhorados, como o tempo de banho, a lavagem de calçadas ou a não reutilização da á gua.
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Saneamento básico
As deficiências no saneamento básico, como a falta de côléta e o tratamento de esgoto, são um dos principais fatores da poluição das águas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (hó ême ésse) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2022, cerca de 44% da população mundial (3,5 bilhões de pessoas) ainda não tinha acesso a serviços de saneamento, das quais 419 milhões de pessoas não tí-nhão acesso a banheiro. Observe o mapa.
Fonte: WHO; UNICEF. Progresso in household drinking water, sanitation ênd hygiene 2000-2022: special focus on gender. Nova iórk: Unicef: WHO, 2023. p. IX. Disponível em: https://livro.pw/keozc. Acesso em: 24 out. 2024.
No Brasil, de acôr-do com o Instituto Trata Brasil, em 2022, apenas 52,2% do esgoto do país era tratado. Na Região Norte, esse índice era de 19,8%, e na Região Centro-Oeste 59,3%. Em 2023, das 100 maiores cidades brasileiras, apenas 27 tí-nhão mais de 80% do esgoto tratado.
O esgoto não tratado prejudica o ambiente das mais diversas formas. Em 2020, mais de 83 mil quilômetros de trechos de rios no Brasil foram comprometidos com despejo de esgoto não tratado.
Entre os impactos ambientais dessa prática, estão a intensificação do assoreamento dos rios e a contaminação da á gua para abastecimento da população e uso agrícola, expondo as pessoas a inúmeras doenças e resultando em mais problemas de saúde pública.
- Assoreamento
- : processo natural de acúmulo de sedimentos no leito de um rio, quê causa sua elevação. póde sêr intensificado pela ação antrópica.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Qual continente apresenta a maior concentração de países com os mais baixos índices de acesso aos serviços sanitários? O quê póde explicar esses índices?
1. África. Isso póde sêr explicado por uma série de fatores, como o crescimento urbano intenso com infraestrutura precária, a falta de políticas públicas eficazes, os conflitos armados e o impacto das mudanças climáticas quê dificultam o acesso à á gua limpa e ao saneamento adequado.
2. Quais são os impactos causados pela falta de acesso ou pelo acesso restrito aos serviços de saneamento básico para as pessoas?
2. A falta de acesso a serviços sanitários adequados aumenta o risco de doenças transmitidas pela á gua contaminada, como cólera, diarreia e disenteria, além de comprometer a qualidade de vida das populações. A ausência de saneamento básico também contribui para o aumento da mortalidade infantil e dos problemas de nutrição e limita o desenvolvimento econômico, já quê a saúde precária afeta a produtividade da população.
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CONEXÕES com...
BIOLOGIA
Doenças transmitidas pela á gua
Em países da África, da Ásia e da América Látína, são ainda comuns epidemias de cólera e de outras doenças transmitidas diréta ou indiretamente pela á gua.
A maioria das doenças transmitidas dessa forma são causadas por microrganismos presentes em reservatórios, geralmente, após contaminação por fézes humanas ou de animais. A transmissão do agente infekissioso ocorre por ingestão, pelo contato com a péle durante o banho, pela preparação de alimentos ou pelo consumo de alimentos lavados com á gua contaminada.
Nas regiões onde não há saneamento básico, as doenças infekissiósas podem ocorrer por causa da contaminação das águas de rios, lagos, córregos e mar. Observe o mapa.
Fonte: OUR uôrd IN DATA. Death rate from unsafe water sources, 2021. [S. l.]: Our uôrd in Data, [2024]. Disponível em: https://livro.pw/hvshx. Acesso em: 8 out. 2024.
Em 2019, a hó ême ésse divulgou quê 1,4 milhão de mortes poderiam ter sido evitadas com acesso adequado à á gua potável, ao saneamento e à higiene. Além díssu, a falta de acesso a esses serviços foi responsável por 69% de todas as mortes por diarreia no mundo.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Com auxílio do planisfério da página 412, identifique no mapa os países quê apresentaram as maiores taxas de mortes relacionadas ao consumo de á gua imprópria em 2021. Que fatores ambientais, sociais e econômicos possivelmente contribuíram para as taxas elevadas nesses países?
1. Somália, Sudão do Sul e Chade. Espera-se quê o estudante relacione esses dados à falta de saneamento básico, à pobreza, à ausência de infraestrutura e à dificuldade de acesso à á gua tratada.
2. Entre 1990 e 2021, a taxa de mortalidade por fontes de águas inseguras no Brasil caiu de 18,7 pessoas por 100 mil habitantes para 1,2 pessoas por 100 mil habitantes. Em sua opinião, quais medidas adotadas pelo Brasil levaram à mudança nessa taxa? Faça uma pesquisa para descobrir as medidas governamentais no período entre 1990 e 2021 e converse com côlégas e professor sobre ações quê ainda podem sêr tomadas.
2. Espera-se quê o estudante comente quê o acesso à á gua potável e o fornecimento de saneamento básico tênham sido incentivados pêlos governos. Entre as ações governamentais, eles podem identificar o Marco Legal do Saneamento Básico (2007), o Programa de Aceleração do Crescimento (2007 e 2023), o Programa Água para Todos (2011), entre outros.
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Gestão dos recursos hídricos
Em geral, o modelo de gestão de recursos hídricos adotado por muitos países mostrou-se ineficaz diante das condições climáticas extremas (como secas prolongadas), dos problemas ambientais (desmatamento, assoreamento de rios, extinção de nascentes, entre outros), do crescimento urbano e do consumo (com maiores demandas por produtos industrializados, alimentos e energia). Ocorreu, assim, um desequilíbrio entre a intensidade do uso da á gua e os investimentos necessários, quê ampliou problemas antigos, como a degradação de mananciais e o desperdício na rê-de de distribuição.
A implementação de ações para a redução das perdas torna-se ainda mais necessária com os recorrentes déficits hídricos em diferentes regiões do mundo e do Brasil. Cidades com padrão de excelência em perdas têm indicadores menóres de 15%. No Brasil, em 2022, o índice de perdas total na distribuição foi de 37,78%. Observe a ilustração.
Elaborado com base em: BOLETIM do saneamento. Disponível em: https://livro.pw/abwri. Acesso em: 2 maio 2025.
Elaborado com base em: GESTÃO de perdas. [S. l.]: Boletim do Saneamento, c2025. Disponível em: https://livro.pw/abwri. Acesso em: 2 maio 2025.
Entre as políticas públicas para manter a qualidade das á guas adequadas ao consumo, estão as medidas preventivas para evitar a poluição de mananciais, o investimento na recuperação de rios e as ações para promover o uso racional da água (programas de conscientização da população e educação ambiental, incentivo à côléta de á gua de chuva e reuso etc.).
Em julho de 2020, foi aprovada a lei número 14.026, quê atualizou o Marco Legal do Saneamento Básico. Essa legislação modificou a forma como o saneamento é gerido no Brasil, transferindo a responsabilidade da prestação de serviços de saneamento, quê antes era de UFs e municípios, para uma estrutura quê favorece a participação da iniciativa privada.
A nova lei visa à universalização do saneamento até 2033, garantindo quê 99% da população tenha acesso à á gua potável e quê 90% dela tenha côléta e tratamento de esgoto. Por um lado, os favoráveis ao projeto afirmam quê essa abertura ao setor privádo melhora a eficiência, amplia os investimentos e acelera a universalização do saneamento. Por outro, críticos apontam quê a privatização póde transformar o acesso à á gua, um direito fundamental, em mercadoria, priorizando o lucro, e não necessariamente a equidade no acesso ou a preservação ambiental.
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Água como fonte de energia
A energia hidrelétrica, gerada pela fôrça do movimento de grandes massas de á gua, é uma importante fonte energética no Brasil em razão da riqueza hidrográfica do país e da topografia.
Ela é considerada uma fonte renovável, pois depende da á gua, um recurso renovável, e, em geral, é tida como uma fonte de energia limpa, quando comparada ao uso de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, quê são fontes não rêno-váveis e causam sérios danos ao ambiente, em especial os relacionados ao clima.
A energia hidrelétrica, entretanto, provoca impactos ambientais e sociais significativos, pois, para a implantação das usinas geradoras, em geral, é necessário inundar grandes áreas. Essa ação póde resultar em perda do solo na região, alterações no clima e grandes prejuízos à flora e à fauna locais, inclusive com o desaparecimento de espécies de peixes, por exemplo.
Além díssu, nas áreas alagadas, cresce a decomposição da matéria OR GÂNICA submersa, o quê aumenta a liberação de dióxido de carbono (CO2)e de metano (CH4) na atmosféra, contribuindo, assim, para a intensificação do efeito estufa.
O alagamento do entorno fôrça, ainda, o deslocamento de populações, geralmente de comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, quê têm fortes vínculos com o território e cujo modo de vida, em geral, depende da relação com o rio.
Por essa razão, no Brasil, foi criado o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização autônoma quê defende um projeto energético popular em todo o país. O MAB luta contra as desapropriações e por reparação e melhores programas de reassentamento para os atingidos.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Considerando os altos índices de perdas na distribuição e a crise hídrica em várias regiões do Brasil, como a privatização prevista pelo Novo Marco Legal do Saneamento póde influenciar, positiva ou negativamente, a equidade no acesso a esses serviços nos próximos anos?
Espera-se quê o estudante responda quê, se não houver uma regulação eficaz, a desigualdade no acesso póde aumentar, especialmente em locais onde o custo de operação e manutenção é mais elevado, o quê contradiz a proméssa de universalização.
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ATIVIDADES FINAIS
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Em tempos de seca severa, a qualidade da á gua disponível para consumo se deteriora. A Unicef alerta quê crianças são especialmente vulneráveis a doenças relacionadas à á gua contaminada, como a diarreia. Qual é a importânssia das políticas de saneamento básico em regiões vulneráveis para a prevenção de doenças relacionadas à á gua?
1. Políticas de saneamento são essenciais para evitar a contaminação da á gua, reduzir a incidência de doenças e melhorar a qualidade de vida. Além díssu, medidas como a distribuição de hipoclorito e a construção de cisternas ajudam a garantir o acesso à á gua potável.
2. Leia o trecho da entrevista sobre as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024 e, em seguida, faça o quê se pede.
O descontrole na urbanização das áreas úmidas do RS construiu a maior catástrofe climática do nosso tempo.
Entrevista especial com Nina Moura
[…]
Segundo a pesquisadora [Nina Moura], os “espaços urbanos assentados sobre áreas úmidas têm intensificado o escoamento e acúmulo de á gua devido às alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, retificação e assoreamento de cursos d’água. êste modelo de urbanização, com a ocupação das planícies de inundação e impermeabilizações ao longo das vertentes e dos fundos de vale, mesmo em cidades de topografia relativamente plana, onde, teóricamente, a infiltração seria favorecida, podemos observar quê os resultados têm sido catastróficos”, ressalta.
[…]
MOURA, Nina. O descontrole na urbanização das áreas úmidas do RS construiu a maior catástrofe climática do nosso tempo: entrevista especial com Nina Moura. [Entrevista cedida a] Patricia Fachin. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 4 jun. 2024. Disponível em: https://livro.pw/hychs. Acesso em: 4 out. 2024.
a) De acôr-do com a entrevista, de quê forma a ocupação humana contribui para as enchentes quê atingiram o Rio Grande do Sul em 2024?
2. a) A ocupação humana, aliada à impermeabilização do solo e à retificação dos cursos d’água, intensificou o escoamento e o acúmulo de á gua.
b) Observe o esquema e explique como o relevo influencía os impactos das enchentes em áreas urbanizadas como Porto Alegre (RS).
2. b) O relevo desempenha um papel importante no escoamento das águas da chuva, e o relevo de planície de inundação também influencía o acúmulo de á gua, especialmente quando essas áreas são urbanizadas e a á gua não tem para onde escoar, agravando as enchentes.
Fonte: SANTOS, Emily. Temporais no RS: entenda como o relevo de Porto Alegre e as ‘marés de tempestade’ travam escoamento. G1, [s. l.], 13 maio 2024. Disponível em: https://livro.pw/ziuak. Acesso em: 9 out. 2024.
3. Leia o trecho da reportagem sobre a êrozão marítima na praia de Atafona (RJ).
A êrozão costeira destrói Atafona como nenhum outro lugar ao longo dos 11 mil quilômetros da costa brasileira. Todos os anos, o mar avança em média 2,7 metros, mas já chegou a aumentar até oito metros em alguns anos, como entre 2008 e 2009. Desde quê a êrozão se acelerou há cerca de 60 anos, as ondas destruíram mais de 500 construções. Quatorze quarteirões da cidade estão totalmente submersos.
BRISO, Caio Barretto. O mar está engolindo esta cidade brasileira. Né chionál Geográfic, [s. l.], 27 out. 2021. Disponível em: https://livro.pw/xrxwl. Acesso em: 3 out. 2024.
3. a) Produção pessoal. promôva um momento de compartilhamento das produções.
3. b) Nas duas praias, os processos de êrozão marítima são exacerbados pelas mudanças climáticas, quê elévam o nível do mar e intensificam as marés. Em Ponta Negra, a êrozão está mais associada à instabilidade do terreno e ao risco de colapso em áreas específicas da praia, por causa da saturação da areia e da ação das marés.
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a) Faça uma pesquisa sobre o tema e elabore um texto explicando os fatores naturais e antrópicos quê contribuem para a situação descrita.
b) A praia de Ponta Negra em Natal (RN) também tem sofrido com a êrozão marítima. Em agosto de 2024, um trecho dela foi interditado por risco de colapso. Observe a imagem e compare a êrozão quê ocorre em Atafona (RJ) e a quê ocorre em Ponta Negra.
4. Leia o trecho da reportagem e responda às kestões.
[…] não existe crise hídrica no Brasil, mas, sim, crise de gerenciamento hídrico. Um gerenciamento negligente e ineficiente, quê permite, por exemplo, quê o menor índice de acesso à á gua potável ocorra na Região Amazônica, exatamente onde há mais água… no mundo!
Um gerenciamento quê parece não considerar os dados das séries históricas quê mostram detalhadamente o comportamento do regime pluviométrico. [...]
VENTURI, Luis Antônio Bittar. Crise hídrica ou de gerenciamento hídrico? Jornal da úspi, São Paulo, 23 nov. 2021. Disponível em: https://livro.pw/qnpxm. Acesso em: 4 out. 2024.
a) De acôr-do com a reportagem, quais são as principais causas da dita “crise de gerenciamento hídrico”?
4. a) A crise se deve à gestão ineficiente dos recursos hídricos. Mesmo com grande disponibilidade de á gua, sua má distribuição, perdas nas rêdes e poluição comprometem o acesso da população à á gua potável.
b) Quais são as consequências do lançamento de esgoto sem tratamento em rios e no mar para a população?
4. b) O esgoto despejado sem tratamento contamina os corpos d’água, propagando doenças, e compromete a qualidade da á gua.
c) Como a má gestão dos recursos hídricos póde comprometer o abastecimento de á gua na Região Amazônica, onde há grande disponibilidade dêêsse recurso?
4. c) A poluição dos rios, a falta de saneamento e a má gestão dos aqüíferos e da infraestrutura comprometem o acesso à á gua potável.
5. Quando a chuva atinge superfícies sem vegetação, a á gua corre livremente pelo solo, levando consigo sedimentos, resíduos de fertilizantes, pesticidas e outros poluentes. Esses materiais são transportados para as fontes de á gua, contaminando-as e prejudicando a qualidade da á gua utilizada para consumo humano, animal e agrícola. Como o desmatamento agrava os impactos da êrozão pluvial na qualidade das águas?
5. O desmatamento remove a cobertura vegetal, quê atua como uma barreira natural para a á gua da chuva.
6. Segundo a Ônu, em 2025, duas a cada três pessoas viverão situações de carência de á gua caso não ocorram mudanças no padrão de consumo mundial, quê vêm crescendo desde 1900, quando era de 580 km³/ano, chegando à estimativa de 5.200 km³/ano em 2025. Quais são as consequências do aumento do consumo de á gua?
6. A escassez de á gua potável em várias regiões, a degradação de recursos hídricos, a diminuição dos níveis dos rios e lagos e a pressão crescente sobre os éco-sistemas.
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