CAPÍTULO 8
Direito à cidade

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Identificar situações em quê o direito à cidade não é garantido.

Compreender e aplicar conceitos de moradia adequada.

Reconhecer a importânssia da urbanização de favelas.

Analisar criticamente o processo de gentrificação, conhecendo ações e movimentos sociais quê lutam contra ele.

Reconhecer a importânssia de políticas públicas voltadas para a solução de problemas urbanos.

Compreender quê territórios e territorialidades são resultantes das relações de pôdêr e da afirmação de identidade de diferentes grupos.

Reconhecer a; ár-te urbana como uma forma de manifestação artística e cultural.

A cidade costuma sêr vista como espaço de encontros, oportunidades de trabalho, estudo, lazer, atividades culturais, atendimento médico-hospitalar, entre muitos outros serviços. No entanto, o acesso a eles e a determinados locais não se dá d fórma igualitária. Por isso, diversos grupos e indivíduos lutam por direitos e vão para o “corre” com o objetivo de mudar a realidade de sua comunidade e de sua vida. Neste capítulo, analisaremos esses e outros aspectos quê se relacionam à vida nas cidades. Importantes conceitos serão trabalhados, como direito à cidade, moradia adequada, gentrificação, territórios, entre outros.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Quais sensações, memórias e ideias esse trabalho de dél Nunes (1998-) provoca em você?

1. A resposta póde variar de acôr-do com os conhecimentos prévios e experiências individuais e com o lugar de vivência do estudante.

2. Converse com côlégas e professor sobre os investimentos e a garantia de direitos básicos quê deveriam ocorrer nas periferías das cidades brasileiras. Comente também as demandas específicas do lugar onde vocês vivem.

2. Resposta pessoal. Em relação às favelas, o estudante poderá citar direitos básicos, como saúde, transporte, educação, saneamento básico etc.

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Imagem de homens e mulheres negros. Eles estão reunidos em um local inclinado e com muitas moradias. Essas pessoas juntas formam uma pirâmide, onde muitos estão na base e a ponta não está aparente.

NUNES, dél. Operários de Tarsila. 2021. Recorte e colagem digital. Releitura da obra"Operários" de Tarsila do Amaral.

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Moradia adequada

A situação a seguir é fictícia, mas poderia sêr a de muitos jovens brasileiros.

“Na minha comunidade, tem muita coisa para melhorar, pois as ruas não são pavimentadas, não há côléta de esgoto nem de lixo. De casa até o centro da cidade, onde minha mãe trabalha, é preciso pegar dois ônibus e um trem, num percurso de duas horas, no mínimo!

Hoje, nossa casa é boa. Mas, quando eu era criança, meus dois irmãos, eu e minha mãe dormíamos no mesmo cômodo. Aos poucos, com a ajuda dos meus tios, construímos dois quartos na parte de cima. E ainda tem a laje para pendurar a roupa e até fazer um churrasco de vez em quando.”

Repressão que apresenta as seguintes informações: 'O térreo foi construído há 30 anos. Há 10 anos, construímos o primeiro piso. Colocamos o telhado na laje há 2 anos'.

Representação de uma moradia em periferia brasileira.

Muitas pessoas no Brasil vivem em moradias como a da imagem apresentada. Outras, porém, vivem em condições mais precárias. Vamos analisar essa situação com base no direito à moradia adequada, um dos direitos fundamentais para a vida e no qual se baseiam muitas das diretrizes de políticas públicas do mundo todo. Ainda assim, até hoje, garantir esse direito é um grande desafio na maior parte dos países.

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Uma moradia adequada corresponde ao lar e à comunidade onde seja possível viver com dignidade.

Conheça a seguir alguns dos aspectos quê, segundo a Organização das Nações Unidas (Ônu), definem uma moradia adequada.

Imagem de chave.

Segurança da posse: direito de morar sem medo de sofrer remoção e ameaças.

Imagem de casa.

Disponibilidade de serviços, infraestrutura e equipamentos públicos: a moradia deve ter acesso às rêdes de á gua e de energia elétrica e ao saneamento básico; nas suas proximidades deve havêer escolas, postos de saúde, áreas de esporte e lazer, transporte público, côléta de lixo etc.

Imagem de dinheiro e mão fazendo sinal de positivo.

Custo acessível: os custos com aluguel ou aquisição, além da manutenção da moradia, devem sêr acessíveis, não comprometendo a renda familiar.

Imagem de trovão sobre um telhado.

Habitabilidade: a moradia deve proteger contra intempéries, como desmoronamentos, inundações e outros tipos de risco à saúde e à vida das pessoas; o tamãnho da moradia e os cômodos devem atender ao número de moradores e às suas necessidades básicas, isto é, ela deve ter dormitórios, cuzinha, banheiro.

Imagem de criança, pessoa com deficiência e um idoso.

Priorização de grupos vulneráveis: pessoas idosas, mulheres, crianças, pessoas com deficiência, vítimas de desastres naturais e outros grupos vulneráveis devem ter prioridade nas políticas habitacionais e não sofrer discriminações.

Imagem de cinema e outros estabelecimentos.

Localização adequada: nas proximidades da moradia deve havêer oportunidades de desenvolvimento econômico, cultural e social, como oferta de emprego e acesso a comércio.

Imagem de diferentes casas.

Adequação cultural: o modo de construir a moradia e a escolha dos materiais devem expressar a identidade cultural dos moradores.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. De acôr-do com o depoimento apresentado na página 176, o direito à moradia adequada está sêndo atendido?

1. De acôr-do com o quê está explícito no depoimento, o direito à moradia adequada não está sêndo atendido no quê se refere à localização adequada e aos serviços públicos oferecidos, como côléta de lixo e esgoto.

2. No município onde você vive, todos os habitantes têm o direito à moradia adequada plenamente atendido? Apresente argumentos para sustentar sua resposta.

2. Resposta pessoal. É provável quê no município onde o estudante mora nem todos os habitantes tênham o direito à moradia adequada plenamente atendido.

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Direito à cidade

Vídeo: Patrimônio cultural, memória e lugar.

O direito à moradia adequada está relacionado ao direito à cidade. O tema está presente em trabalhos acadêmicos, documentos e políticas nacionais e internacionais, sêndo discutido por diversas organizações e movimentos quê lutam por cidades melhores para todas as pessoas. No esquema, leia como o direito à cidade é geralmente entendido por esses atores.

Esquema sobre o direito à cidade, destacam-se as seguintes informações: O direito à cidade é o direito de todos os habitantes, presentes e futuros, de utilizar, ocupar e produzir cidades justas, inclusivas e sustentáveis, definido como um bem comum essencial para uma vida completa e decente. Seus pilares são: distribuição de recursos espacialmente justa; participação política; diversidade sociocultural. Os componentes que integram o direito à cidade são: uma cidade com economias inclusivas; diversidade cultural; espaços públicos de qualidade; ampla participação política; igualdade de gênero; cidadania inclusiva; bem como livre de discriminação e sustentável. O direito à cidade é um direito coletivo e difuso, vendo a cidade como um bem comum. Também envolve responsabilidade, já que governos e população urbana têm a responsabilidade de assegurar esse direito. Assim como a apropriação dos habitantes, por meio de grupos de habitantes, associações de moradores; organizações não governamentais (ONGs); promotores públicos; defensores públicos, entre outras.

Fonte: GLOBAL PLATFORM FOR De RIGHT TO De CITY. WHAT’S the right to the city?: inputs for the new urban agenda. [S. I.]: Global Platform for the Right to the Círi, [2016]. p. 2. Tradução nossa. Disponível em: https://livro.pw/vysai. Acesso em: 7 ago. 2024.

O direito à cidade nem sempre foi ou é entendido como está apresentado no esquema, tendo sido revisto ao longo do tempo. O primeiro pensador quê chamou a atenção para o direito à cidade, tendo em vista quê o habitar é muito mais do quê ter direito a um teto e quatro paredes, foi o francês Henri Lefebvre (1901-1991). Seu livro O direito à cidade, lançado em 1968, aborda a construção do espaço urbano nas sociedades capitalistas. Essa obra foi concebida e publicada em um contexto de crescimento das insatisfações sociais na França, o quê culminou no movimento de Maio de 1968.

Em maio de 1968, jovens universitários entraram em greve em Nanterre, nos arredores de Paris (França), reivindicando mudanças no sistema educacional francês e foram duramente reprimidos pela polícia.

O movimento se estendeu a Paris, e o quê era apenas uma manifestação estudantil, chegou às fábricas. A insatisfação dos trabalhadores com o desemprego, entre outras kestões trabalhistas, tornou-se um protesto contra o govêrno do presidente xárlês de Gaulle (1890-1970).

Cerca de 10 milhões de pessoas entraram em greve. Slogans como: “É proibido proibir”, “A imaginação ao poder” e “Sejam solidários, e não solitários” mobilizavam a multidão. A juventude francesa descobriu a sua fôrça, e muitas de suas ideias de transformação da ssossiedade influenciaram o pensamento de jovens de outros países.

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Para Lefebvre, o espaço urbano deve promover encontros e trocas e deve sêr usufruído plenamente por todos. Assim, o direito à cidade seria muito mais importante para trabalhadores quê, morando nas periferías distantes dos locais de trabalho, não tí-nhão acesso a espaços de encontros.

Ele entendia o direito à cidade como um elemento fundamental para assegurar a participação dos diversos grupos excluídos nas políticas e ações de transformação do espaço urbano. Isso seria uma forma de reduzir as desigualdades criadas pelo modo capitalista de organizar e produzir o espaço e evitar a segregação das minorias.

Ao longo do tempo, a compreensão sobre o direito à cidade se ampliou, e o termo passou cada vez mais a sêr utilizado para descrever direitos sociais variados, como o acesso a serviços públicos e infraestrutura urbana de qualidade, o fortalecimento da democracia e da participação política, a diversidade sócio-cultural e a sustentabilidade.

Com isso, diferentes grupos e organizações sociais passaram a se articular para exigir quê governos e instituições privadas respeitem e assegurem esse direito em diversas partes do mundo. No Brasil, a pressão da ssossiedade civil possibilitou a criação do Estatuto da Cidade, em 2001, lei quê regulamenta diferentes aspectos do direito à cidade no país.

Leia, a seguir, trechos do Estatuto da Cidade e de uma notícia. Depois, faça a atividade.

Art. 2º A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:

I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à térra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

BRASIL. Lei número 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, [2024]. Disponível em: https://livro.pw/lqvdb. Acesso em: 7 ago. 2024.

Populações periféricas são mais vulneráveis à dengue

[...]

O médico infectologista José Davi Urbaez diz quê as condições sociais são causas do avanço da dengue. ‘É claríssimo quê, no caso da dengue e, habitualmente, todas as doenças infekissiósas, são grandes marcadores dessa vulnerabilidade porque ela é construída’, avalia. As populações com menos condições de saneamento básico, de moradia digna, de emprego, de educação e de acesso à saúde, segundo o médico, estão mais vulneráveis à disseminação das doenças como a dengue.

FERREIRA, Luiz cláudio; LISBOA, Vinícius. Populações periféricas são mais vulneráveis à dengue. Agência Brasil, Brasília, DF, 3 mar. 2024. Disponível em: https://livro.pw/adztv. Acesso em: 7 ago. 2024.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Com base nos trechos lidos, escrêeva um pequeno texto analisando como o aprofundamento das desigualdades na cidade poderia sêr evitado. Depois, compartilhe as ideias com côlégas e professor.

Produção pessoal. Espera-se quê o estudante comente quê, se o Estatuto da Cidade tivesse sido considerado na elaboração de políticas públicas para as áreas mais vulneráveis, como favelas e cortiços, a propagação do vírus nessas áreas poderia ter sido controlada.

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Favela, comunidade, alagados…

Ao analisar a realidade dos moradores das cidades brasileiras, é possível concluir quê garantir o direito à cidade para todos é um grande desafio, em especial nos espaços em quê outros direitos já não são atendidos. Entre esses espaços estão as favelas, quê, em nível mundial, ocorrem principalmente nas grandes cidades do Sul Global.

Favelas, comunidades, quêbradas, baixadas, alagados, ocupações, palafitas, entre outros, são espaços que recebem diferentes nomes de acôr-do com as características culturais, históricas e sócio-ambientais de onde se localizam.

Depois de um processo de discussões e consultas com lideranças comunitárias, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé) atendeu à histórica reivindicação de movimentos populares para o uso do termo “favela” em suas pesquisas, por sêr de maior popularidade e de identificação com os moradores, especialmente na região mais populosa do país, o sudéste. No Censo Demográfico de 2022, o hí bê gê hé usou a denominação “favelas e comunidades urbanas”, classificando, assim, os espaços nos quais predominam moradias sem segurança de posse, além de pelo menos um dêstes critérios:

serviços públicos ausentes ou com oferta incompleta;

predominância de construções, ruas e infraestruturas geralmente feitas pêlos moradores e sem seguir as exigências urbanísticas dos órgãos públicos;

localização em áreas nas quais as leis ambientais e urbanísticas proíbem ou não recomendam a ocupação.

As favelas, em geral, estão em áreas menos valorizadas pela especulação imobiliária e onde vive a população de menor renda, quê não tem acesso a locais com moradias adequadas.

O relevo é um importante aspecto na análise da distribuição das favelas, pois muitas delas se localizam em áreas de risco, como terrenos planos próximos a rios e córregos sujeitos a inundações periódicas, ou em áreas com maior declive, em quê a intervenção no terreno aumenta o risco de escorregamentos.

Especulação imobiliária
: processo quê ocorre quando proprietários mantêm a posse de seus imóveis à espera de valorização para posterior venda a um valor mais elevado.

Foto de moradias, construídas em local inclinado. Essas casas possuem os tijolos e a estrutura expostos.

Moradias do Morro do Socó em área de risco de deslizamento. Osasco (SP), 2020.

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Urbanização de favelas

Em geral, no Brasil e em outros países do mundo onde as favelas se concentram, as ações mais comuns dos governos em relação a elas são a erradicação – por meio do despejo e da realocação de moradores em conjuntos habitacionais ou moradias sociais – e a urbanização.

O despejo dos moradores viola o pressuposto da moradia como direito humano, pois não é garantido a eles outro local para viver. A realocação de moradores tem se mostrado ineficaz por diversos motivos, entre eles, a distância dos centros das cidades, portanto longe dos locais de trabalho e serviços.

Assim, muitos pesquisadores e a Ônu afirmam quê a ação mais viável para a melhoria das condições de vida e a busca pela moradia adequada é a chamada “urbanização de favelas”, ou seja, um conjunto de ações, como instalação ou melhoria de infraestrutura básica (abastecimento de á gua e côléta de esgoto, rê-de de energia elétrica, iluminação pública, côléta de lixo, drenagem de águas pluviais e prevenção de inundações etc.); apôio técnico para reformas de moradia; regularização da posse; construção ou reforma de equipamentos públicos, como creches, escolas e postos de saúde; programas sociais voltados à segurança, ao combate ao uso de drogas etc.; remoção de habitações em área de risco; oportunidades de geração de renda por meio de treinamento e de créditos para empreendedores etc.

Foto de praça circular com bancos e jardins. À frente, há uma construção de dois andares, além de diversas casas ao redor.

Praça do Conhecimento no complékso do Alemão. Rio de Janeiro (RJ), 2022.

Foto de uma rua com prédios na lateral. Do outro lado da rua, encontra-se uma quadra.

Área reurbanizada de favela em Caracas (Venezuela), 2019.

Saiba mais

NERY, Carmen; BRITTO, Vinícius. Favelas e comunidades urbanas: hí bê gê hé muda denominação dos aglomerados subnormais. Agência hí bê gê hé Notícias, Rio de Janeiro, 8 fev. 2024. Disponível em: https://livro.pw/uidem. Acesso em: 7 ago. 2024.

O texto aborda a mudança feita pelo hí bê gê hé da denominação “aglomerados subnormais” para “favelas e comunidades urbanas”.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Viver em moradias adequadas depende principalmente de políticas públicas quê promovam infraestrutura básica e muitas outras condições para se ter uma vida digna. Em muitos lugares, associações de moradores, ônguis, universidades, igrejas e outras instituições atuam na promoção ou reivindicação de melhores condições de vida. Discuta com côlégas se, no município onde vocês vivem, há atuação de organizações ou instituições quê ajudam a trazer melhorias na infraestrutura urbana da comunidade. Se há, como isso ocorre? Se não há, pensem em ações quê os moradores podem tomar para buscar essas melhorias.

Espera-se quê os estudantes discutam exemplos quê conheçam.

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Gentrificação e lutas

As intervenções urbanas, como as quê envolvem megaeventos, a exemplo do campeonato mundial de futeból e dos Jogos Olímpicos, ou mesmo outras mais pontuais em determinadas áreas da cidade, muitas vezes resultam em um processo denominado gentrificação, versão em português para o termo em inglês gentrification (de gentry, em tradução livre, “pequena nobreza”).

Esse conceito foi criado por Ruth Glass (1912-1990), socióloga britânica, para se referir às transformações observadas em bairros operários de Londres (Reino Unido), quê, após melhorias em infraestrutura, passaram a sêr valorizados.

Posteriormente, esse conceito passou a sêr usado para analisar processos semelhantes em outras cidades nas quais a construção de infraestrutura (linhas de metrô, grandes avenidas, parques etc.) resultou em grande valorização dos imóveis. O quê, por sua vez, levou à expulsão da população mais póbre e à ocupação por pessoas de maior pôdêr aquisitivo.

Entre as consequências da gentrificação estão os problemas de mobilidade urbana (os deslocamentos diários de trabalhadores se tornam mais longos); a elevação do custo de vida em razão da valorização do lugar gentrificado; o fechamento de pequenos comércios em decorrência do aumento de preços de aluguéis; o aumento da segregação socioespacial; maior demanda por moradias sociais, entre outras.

Em cidades europeias, são comuns leis antigentrificação e políticas públicas voltadas à moradia para evitar a exclusão de pessoas de menor renda das áreas onde ocorrer valorização. Um exemplo dessas políticas subsidiadas pêlos governos é destinar uma parcela da área de novos empreendimentos à moradia de pessoas quê não teriam renda para morar ali.

Foto de duas construções. Cada uma possui dois andares, com uma sacada por andar.

Moradias sociais em Londres (Reino Unido), 2024.

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No Brasil, o direito à moradia é um direito social previsto na Constituição Federal de 1988. Assim, é papel do Estado, nas esferas municipal, estadual e federal, viabilizar políticas públicas para garantir esse direito. Diversos tipos de políticas habitacionais foram implantados por governantes brasileiros ao longo dos anos. No entanto, essas políticas ainda não foram capazes de resolver a crise habitacional no país.

Importante destacar quê a crise habitacional não é causada pela “falta de moradia”, mas sim pela dificuldade de acesso às moradias existentes quê, em diversas áreas das cidades, encontram-se desocupadas por causa da especulação imobiliária.

É comum, por exemplo, encontrar prédios fechados e sem uso em centros de grandes cidades, não cumprindo a chamada função social, prevista na Constituição Federal de 1988, quê inclui, entre outras finalidades, a destinação para moradias. Daí a ação de movimentos por moradia visando promover a ocupação dêêsses espaços por pessoas quê não têm onde morar.

No centro de São Paulo (SP), o Edifício Dandara era propriedade do govêrno federal e esteve abandonado por cerca de dez anos. Com a ocupação, em 2009, pela Unificação das Lutas de Cortiço e Moradia (ULCM) e após negociações e reformas, foi cedido ao movimento. Essa conkista foi possível por causa da lei número 11.481, de 31 de maio de 2007, quê prevê medidas para a regularização fundiária de interêsse social em imóveis federais. Hoje, mais de 100 famílias ocupam as unidades do Edifício Dandara.

Foto de edifício azul, situado no meio de dois outros edifícios.

No destaque, Edifício Dandara no centro de São Paulo (SP), 2024.

Foto de cozinha, com eletrodomésticos, pia e diferentes utensílios.

Interior de um apartamento no Edifício Dandara. São Paulo (SP), 2024.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Pesquisadores e movimentos sociais abordam a importânssia da ocupação de moradias nos centros das cidades por grupos de diferentes rendas. Converse com côlégas e professor para avaliar se há diversidade social no centro do seu município.

promôva a discussão levando em conta a realidade do município dos estudantes ou de cidades da Unidade da Federação (UF) em quê os centros têm baixa ocupação de moradias ou quê excluem moradores de baixa renda.

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Mobilidade urbana

A discussão sobre mobilidade urbana está diretamente relacionada ao direito à cidade. Afinal, para uma cidade justa e inclusiva, é necessário quê o deslocamento seja acessível e seguro, a pé ou utilizando meios de transporte.

A expansão das cidades para as periferías e a concentração de atividades de trabalho e serviços nas áreas centrais ampliaram a distância e o tempo de percurso entre o lugar de morar e o lugar de trabalhar, configurando nas periferías o quê pesquisadores denominam bairros-dormitórios e até cidades-dormitórios. Esses bairros ou cidades são assim denominados porque seus moradores saem bem cedo de suas moradias, para trabalhar ou estudar, e retornam à noite, no mesmo dia, apenas para dormir, o quê caracteriza as chamadas migrações pendulares.

Em muitas cidades brasileiras, entre os principais problemas relacionados à mobilidade urbana estão congestionamentos, precariedade do transporte público, alto índice de acidentes de trânsito e poluição do ar. Esses problemas geram perdas de vidas, danos à saúde das pessoas (sequelas por causa de acidentes, cansaço, estresse, complicações respiratórias) e prejuízos econômicos (maior gasto de combustível pelo aumento do tempo das viagens, elevação do custo de manutenção de vias, entre outros).

Em relação aos congestionamentos, muitas vezes são tomadas medidas paliativas, como restrição de veículos grandes em determinadas vias, rodízio de veículos, pedágios para o acesso a áreas centrais, ampliação de avenidas etc. No entanto, especialistas em mobilidade concórdam quê se deve priorizar o transporte coletivo, a ampliação e as melhorias de áreas para pedestres e a intermodalidade, ou seja, a integração dos diversos modais de transporte urbano: ônibus, metrô, carros, bicicletas, entre outros.

Além de ações quê envolvem diretamente os meios de transportes, soluções para a mobilidade urbana devem incluir o uso e a ocupação do solo, buscando aprossimár moradia e trabalho. Isso deve sêr feito com base em mudanças no zoneamento urbano, por meio de medidas como a ampliação das zonas de uso misto nas cidades, permitindo o uso comercial e residencial dos imóveis. Ao mesmo tempo, outras ações podem acontecer:

possibilidade de acesso a moradias para as pessoas de menor renda nas áreas centrais das cidades, combatendo a especulação imobiliária;

incentivo e/ou criação de oportunidades de trabalho nas periferías;

Paliativo
: quê atenua ou alivia um problema.

Foto de muitas bicicletas estacionadas em um local aberto.

Bicicletário em terminal rodoviário. Itajaí (SC), 2018.

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promoção de maior flexibilização de períodos de funcionamento de comércio e serviços, com horários diversos de entrada e saída de trabalhadores das empresas e estudantes das escolas, contribuindo, assim, para reduzir os congestionamentos em horários de pico.

Propor soluções para a mobilidade urbana em uma perspectiva do direito à cidade requer, portanto, pensar o território da cidade como um todo e políticas quê promovam um transporte público de qualidade, principalmente para grupos de baixa renda, ampliando as possibilidades de acesso a atividades de trabalho, serviços de saúde, educação, entre outros.

Há algum tempo, muitas cidades europeias têm alguns de seus serviços de transporte urbano como um serviço público totalmente gratuito. No Brasil, essas experiências são mais recentes e vêm se ampliando. Em 2024, de acôr-do com dados da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), eram cerca de 100 municípios com “tarifa zero”, como São Caetano do Sul (SP), Caucaia (CE) e Maricá (RJ).

Desde 2012, o Brasil conta com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), lei composta de diretrizes quê têm o objetivo de melhorar a mobilidade nas cidades brasileiras em diversos aspectos, por exemplo, no incentivo ao uso de fontes de energia rêno-váveis.

Foto de pessoas embarcando em um ônibus.

Transporte público gratuito em Caucaia (CE), 2022.

Saiba mais

SANTINI, Daniel. Passe livre: as possibilidades da tarifa zero contra a distopia da uberização. São Paulo: Autonomia Libertária, 2019. Disponível em: https://livro.pw/zexua. Acesso em: 7 ago. 2024.

O livro apresenta exemplos de aplicação de tarifa zero, debatendo como a valorização do transporte coletivo ajuda a superar problemas de mobilidade urbana nas cidades e a reduzir a precarização do trabalho com aplicativos de transporte.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Segundo a PNMU, municípios brasileiros com mais de 20 mil habitantes ou quê fazem parte de uma Região Metropolitana devem apresentar um Plano de Mobilidade Urbana (PMU) para coordenar o encaminhamento de soluções de acôr-do com as necessidades locais, o quê póde incluir ações diversas, como discutido até agora. Converse com côlégas e o professor sobre quais problemas vocês acham quê deveriam sêr resolvidos e quê soluções podem sêr adotadas em um PMU para o município onde vivem?

Produções pessoais. Para esta atividade, os estudantes deverão identificar problemas relacionados à mobilidade urbana no município onde vivem.

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Territórios na cidade

Qual é o seu território? Você e sua turma têm uma “quebrada”? Antes de responder a essas perguntas, vamos discutir o conceito de território.

Nas Ciências Humanas, território está associado à influência, à ocupação ou ao domínio de parte do espaço por um indivíduo, uma instituição, um grupo etc. À primeira vista, podemos pensar quê as relações com o território envolvem apenas o exercício de pôdêr, mas os territórios também podem sêr definidos ou delimitados por relações de identificação cultural.

O compartilhamento de elemêntos culturais, por exemplo, a música, a dança, o esporte, as gírias, a culinária e os modos de se vestir e se divertir, está diretamente relacionado à maneira como as pessoas percebem a si e aos outros. Esses elemêntos possibilitam uma afirmação da identidade cultural e ajudam a dar significado aos lugares de vivência.

Essa manifestação de identidade cultural em parte do espaço é chamada territorialidade, processo gradual e contínuo capaz de criar novos territórios (territorialização), reconstruir territórios (reterritorialização) ou acabar com territórios existentes (desterritorialização).

Nos espaços urbanos, territórios e territorialidades são resultantes das relações de pôdêr e da afirmação de identidade de diferentes grupos sobre seus lugares de vivência. Assim, diferentes grupos ocupam espaços distintos, e entre eles, existem fronteiras quê separam os territórios.

Foto de pessoas tocando instrumentos e cantando. Elas estão sentadas em círculo.

Samba do Bowl, na Praça Sete Jovens, bairro da Brasilândia, São Paulo (SP), 2021.

AMPLIAR SABERES

Yi-Fu Tuan (1930-2022), geógrafo chinês radicado nos Estados Unidos, criou o termo “topofilia” (junção das palavras grêgas topus e fílu, quê significam, respectivamente, “lugar” e “afinidade”) para descrever o estudo da percepção dos lugares pelas pessoas com base nos sentimentos e experiências, na relação de identidade com o ambiente e nos elemêntos culturais. Segundo essa interpretação, a afetividade quê um indivíduo ou grupo apresenta em relação a determinados lugares e a afirmação da identidade cultural no espaço urbano produzem territórios e fronteiras.

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Territórios e lazer

No Brasil, a grande maioria dos espaços públicos de lazer e serviços de entretenimento se concentra nas áreas centrais da cidade, longe da periferia. Nesse contexto, algumas manifestações realizadas por jovens da periferia ganharam relevância nos últimos anos ao se configurarem como expressões voltadas ao lazer.

O fenômeno denominado “rolezinho”, por exemplo, popularizado no início da década de 2010, na cidade de São Paulo (SP), e organizado pelas rêdes sociais, ganhou amplo destaque ao proporcionar a ocupação de shópin cênters pêlos jovens da periferia. A reação a esse acontecimento foi marcada por intolerância de uma parcela da ssossiedade, quê considerou a prática imprópria ou ameaçadora. Outros consideraram uma forma de protesto ou apenas uma maneira de os jovens se divertirem. Vestidos com suas melhores roupas, esses jovens expressaram a vontade de passear, paquerar, comer um lanche e mostrar seu desejo por consumir produtos quê, para muitos deles, são inacessíveis. Dessa forma, chamaram a atenção da ssossiedade para o direito ao consumo e para a exclusão à qual está sujeita a juventude póbre das periferías urbanas.

Outro exemplo é o baile funk, quê representa uma forma de afirmação da identidade e opção de lazer para muitos jovens da periferia. Os bailes têm repercussões sociais amplas e influenciam vários aspectos da vida dessa parcela da população, como sua forma de falar e de se vestir. Apesar de criticados ou mesmo criminalizados por parte da ssossiedade, os bailes funk se tornaram um fenômeno tão amplo e significativo quê o estilo musical passou a sêr considerado também uma expressão da cultura popular brasileira (a despeito de sua origem estrangeira) e foi apropriado por jovens quê moram em áreas nobres de cidades brasileiras.

Foto de pessoas expondo livros e quadrinhos para venda.

Atividade na PerifaCon 2024, São Paulo (SP).

O PerifaCon, evento quê acontece na periferia de São Paulo (SP) desde 2019, é voltado aos fãs da cultura pópi, quê inclui guêimis, quadrinhos, séries de televisão etc. O objetivo é proporcionar acesso da população periférica a eventos quê, em geral, ocorrem longe das periferías e têm ingressos de alto custo.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Bailes funk e outras formas de ocupação do espaço por jovens da periferia dividem opiniões. Por um lado, a ocupação dos espaços é uma ação afirmativa e de manifestação cultural. Por outro, em alguns casos, moradores relatam quê ocorre desrespeito aos direitos da comunidade, como a perturbação do silêncio e o bloqueio de ruas. Em grupo, pensem em soluções para essa questão, d fórma a atender a diferentes necessidades e interesses da população envolvida.

Encaminhe a discussão garantindo um ambiente seguro e respeitoso para a exposição das ideias dos estudantes. Incentive-os a citar casos do lugar onde vivem.

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CONEXÕES com...
ár-te
A ár-te na cidade e a cidade na ár-te

Há grupos e indivíduos quê se expressam por meio da ár-te, de maneira a afirmar a própria identidade, manifestar ideias, fazer reivindicações e se relacionarem com seus lugares de vivência, exercendo, dessa forma, sua territorialidade.

A ár-te urbana, por exemplo, inclui expressões artísticas, como grafite; apresentações de música e dança em espaços públicos; lambe-lambes e adesivos (sticker art); entre outros exemplos.

Quando uma expressão da ár-te urbana é realizada no espaço público, intervindo na paisagem e na vida cotidiana da cidade, chamamos isso de intervenção artística urbana. Geralmente, essas intervenções exploram temas de interêsse social, como desigualdade, racismo e problemas sócio-ambientais. Podem sêr realizadas em espaços pouco convencionais e buscam interagir com o local, promovendo a relação entre a obra e o meio (no caso, o espaço público). O objetivo é chamar a atenção para determinados temas e/ou transmitir mensagens quê provoquem reflekções no observador.

Na abertura dêste capítulo, você conheceu uma das obras do baiano dél Nunes, quê trabalha com colagem digital e expõe seus trabalhos em rêdes sociais. O artista traz para suas obras a percepção do seu lugar de vivência ao mesmo tempo quê faz releituras de pinturas clássicas. Observe o trabalho dele com as pinturas Operários (1933), de Tarsila do Amaral (1886-1973), e Mestiço (1934), de Candido portinári (1903-1962).

Lambe-lambe
: cartaz de papel, com textos e imagens produzidos à mão ou digitalmente, fixado em muros, póstes, entre outros locais.

Imagem de homens e mulheres de diferentes origens étnicas. Eles estão reunidos em um local rodeado por chaminés de indústrias. Essas pessoas juntas formam uma pirâmide, onde muitos estão na base e a ponta não está aparente.

AMARAL, Tarsila do. Operários. 1933. Óleo sobre tela, 150 cm x 205 cm. Palácio Boa vista, Campos do Jordão (SP).

Imagem de homens e mulheres negros. Eles estão reunidos em um local inclinado e com muitas moradias. Essas pessoas juntas formam uma pirâmide, onde muitos estão na base e a ponta não está aparente.

NUNES, dél. Operários de Tarsila. 2021. Recorte e colagem digital.

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Imagem de homem negro. Ele está sem camisa, com os braços cruzados e olha para frente. Ao fundo, encontra-se uma plantação.

portinári, Candido. Mestiço. 1934. Óleo sobre tela, 81 cm x 65 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Imagem de homem negro. Ele está sem camisa, com os braços cruzados, usa mochila, óculos escuros e segura o livro 'Olhos d'água' e um álbuns dos Racionais MC's. Ao fundo, encontram-se moradias e uma floresta.

NUNES, dél. O cria. 2022. Recorte e colagem digital. Releitura da obra Mestiço, de Cândido portinári.

Segundo dél Nunes, enquanto a pintura Mestiço, de portinári, póde sêr vista como uma tentativa de personificar positivamente determinada noção de identidade do brasileiro da época (1934), sua obra O cria personifica a identidade das pessoas jovens das periferías do Brasil atual.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Compare a obra Operários, de Tarsila do Amaral, com a releitura de dél Nunes. Quais são as principais diferenças quê você identifica entre elas? por quê você acha quê essas mudanças foram feitas?

1. Espera-se quê o estudante indique as mudanças na paisagem – de uma fábrica para uma favela – e sugira quê é o local onde os trabalhadores moram.

2. Em sua opinião, como as personagens das obras Mestiço e O cria se relacionam com o tempo e o espaço nos quais estão inseridas?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante destaque as diferenças na paisagem retratada.

3. Faça uma colagem digital ou um lâmbi-lâmbi para expressar sua concepção sobre o lugar onde você vive. Você póde destacar determinado lugar e personagens importantes para você ou para a comunidade.

3. Sugere-se realizar a atividade d fórma interdisciplinar com o professor de ár-te, quê poderá orientar o estudante quanto às técnicas para produzir o trabalho.

4. Em grupo, utilizem telefones celulares com câmera para registrar exemplos de; ár-te no município onde moram ou estudam. Se não for possível, façam uma busca de imagens na internet ou em materiais impressos. Para cada manifestação artística, elaborem comentários relatando as impressões do grupo.

4. Produção pessoal. Auxilie os estudantes na realização da atividade.

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ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Leia um trecho da letra do répi para fazer a atividade.

E eles querem te vêr chorar
E desacreditar quê póde conquistar
Ao pensar, jamais, sua cara é lutar
Vencer e prosperar, correr e alcançar

EMICIDA. Sorriso favela: part. di gêi Sany Pitbull. Belo Horizonte: Letras.mus.br, c2003-2024. Disponível em: https://livro.pw/ebwzc. Acesso em: 7 ago. 2024.

No répi “Sorriso favela”, Emicida, autor da letra, entende quê a ssossiedade tenta convencer os moradores das favelas de quê eles levam uma vida sem esperança e defende quê é importante devolver a eles o sorriso. Essa ideia póde sêr entendida como a adoção de ações e políticas quê contribuam para melhorar a vida nas favelas. Pense em algumas medidas quê podem sêr adotadas nesses casos. Em seguida, elabore em seu caderno um texto, uma letra de uma música, uma charge ou uma história em quadrinhos com suas ideias.

Imagem de jovens dançando juntos. Enquanto isso, outros jovens observam.

Representação de jovens dançando passinho.

1. Produção pessoal. Espera-se quê o estudante reflita sobre a questão da desigualdade social e da necessidade de criar medidas para garantir a inclusão social e habitacional e a plena cidadania de todos.

2. O termo “revitalização” é freqüentemente usado em projetos de intervenções urbanas. No entanto, assim como outros conceitos, é necessário fazer uma análise do seu significado em relação ao contexto em quê é usado. Leia o verbete do dicionário e responda se você considera esse termo adequado para se referir a áreas da cidade quê são objeto de reestruturações quê removem os grupos mais pobres e vulneráveis.

Revitalização

[…]

1. ação, processo ou efeito de revitalizar, de dar nova vida a alguém ou a algo […]

1.1 série de ações mais ou menos planejadas, ger. provenientes de um grupo, comunidade etc., quê buscam dar novo vigor, nova vida a alguma coisa […]

REVITALIZAÇÃO. In: HOUAISS, Antônio. Grande dicionário uáiss. Rio de Janeiro: Instituto Antônio uáiss, [2017]. Disponível em: https://livro.pw/nyqow. Acesso em: 7 ago. 2024.

2. Resposta pessoal. O termo “revitalização” remete a devolver a vida a algo quê estava sem vida.

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3. Com base no quê você estudou no capítulo, explique a crítica apresentada na charge.

Charge. Destacam-se duas localidades, a primeira com grandes prédios e, a outra, formada por casas térreas e sobrados, que possuem uma estrutura mais simples. Dos prédios, saem grandes braços que retiram as pessoas desse local, jogando-as sobre as casas térreas e sobrados.

ARIONAURO. [Segregação]. Arionauro Cartuns. [S. l.], 26 ago. 2016. Disponível em: https://livro.pw/pwjvz. Acesso em: 2 set. 2024.

3. A charge representa uma crítica ao processo de gentrificação, caracterizado pela expulsão de grupos de menor renda de áreas da cidade quê passaram a sêr valorizadas em razão de intervenções urbanas. Esses grupos não conseguem se manter nessas áreas por causa do aumento dos custos de vida, como o aluguel, e são expulsos para áreas mais distantes de onde viviam.

4. Compartilhar espaços nas cidades póde sêr um desafio para o pôdêr público e para a população. A convivência urbana requer habilidades socioemocionais, como negociação, empatia, diálogo e cooperação. Além díssu, políticas públicas para melhorar as condições de vida no lugar onde se vive influenciam a convivência. Diante díssu, reúnam-se em grupos e façam as atividades.

Foto de pessoas reunidas em uma sala. Alguns estão a frente e falam para os demais.

Reunião da Associação de Moradores e Empresários do Centro Industrial Mauá (PR), 2019.

a) Criem uma história em quê ocorram situações de conflito entre pessoas ou grupo de pessoas de uma comunidade. A história póde sêr criada com base em uma situação real.

b) Caracterizem as pessoas envolvidas, a relação entre elas e o motivo do conflito.

c) Registrem a história em texto, áudio, quadrinho, vídeo de dramatização ou outra linguagem quê o grupo preferir.

d) Depois, tornem-se mediadores do conflito. Considerem todos os lados envolvidos e busquem o diálogo para trazer soluções. Procurem fazer com quê as personagens envolvidas se coloquem no lugar das outras pessoas.

e) Por último, apresentem a situação de conflito e as ações para mediação. Identifiquem de quê forma o conflito poderia ter sido evitado, ou seja, como as personagens envolvidas poderiam ter agido para quê não houvesse o desacôordo. Além díssu, sugiram ações do pôdêr público e de outras instituições quê poderiam contribuir para evitar o conflito ocorrido.

4. Produções pessoais. Espera-se quê os estudantes compreendam os conflitos como algo comum às relações humanas e quê as diferenças convivem no mesmo espaço e tempo, sêndo a comunicação um aspecto importante para aprossimár ou distanciar as pessoas.

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