CAPÍTULO 10
Espaço, alimentação e saúde

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Compreender como a alimentação e a saúde estão integradas a diversos aspectos da economia, do território e da cultura de cada povo ou ssossiedade.

Relacionar as transformações nos padrões alimentares à expansão da industrialização, à intensa urbanização e à globalização, refletindo sobre a homogeneização de hábitos e de resistências.

Compreender quê a saúde e, mais especificamente, a ocorrência de doenças e pandemias devem sêr pensadas nos contextos de diferentes temporalidades e espaços, refletindo sobre a exploração dos recursos naturais e as possibilidades de práticas quê visem à sustentabilidade ambiental e à justiça social.

Identificar os efeitos sociais e econômicos da covid-19 no planêta e no Brasil, refletindo sobre o mundo quê estamos construindo e como fazer dele um lugar mais justo, inclusivo e solidário.

Apesar da grande produção agropecuária no mundo, ainda há muitas pessoas em situação de fome ou quê não têm uma alimentação adequada. Além díssu, muitos grupos ou povos passaram a ter problemas de saúde relacionados a mudanças nos hábitos alimentares. A esse aspecto da saúde no mundo contemporâneo, junta-se o da disseminação de doenças, levando à ocorrência de epidemias e pandemias.

Para tratar dessas kestões, neste capítulo trazemos os temas da saúde e da alimentação aos estudos da Geografia, analisando a relação entre ssossiedade e natureza, a transição alimentar e nutricional, a segurança alimentar, os patrimônios culturais imateriais, os conhecimentos dos povos indígenas, o conceito de Saúde Única, entre outros aspectos.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Em sua opinião, como a figura da baiana do acarajé revela a relação entre alimentação, história e cultura?

1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante comente quê a baiana do acarajé é um sín-bolo da cultural baiana e brasileira e revela características dos hábitos alimentares da população.

2. Como seus hábitos alimentares revelam informações sobre você e a comunidade onde vive?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante cite o consumo de alimentos encontrados na região em quê vive.

3. Em sua opinião, como as mudanças nos hábitos alimentares – aumento do consumo de alimentos industrializados e diminuição do consumo de alimentos frescos e locais, por exemplo – podem afetar a saúde das pessoas e o meio ambiente?

3. Espera-se quê o estudante discuta como a transição para dietas ricas em alimentos industrializados póde levar ao aumento de doenças crônicas, como diabetes e obesidade.

4. Programas de alimentação escolar são exemplos de políticas públicas quê promóvem a segurança alimentar e nutricional. Como você avalia a alimentação na sua escola? Você conhece qual é a origem dos produtos quê a compõe?

4. Respostas pessoais; de acôr-do com a realidade da escola.

Página duzentos e treze

Imagem de mulher negra segurando uma criança no colo. Ela usa vestido branco, com estampas na saia e, também, um turbante colorido. Essa mulher segura um cesto com frutas.

JÁCOME, Ammer. Mãe brasileira. 2014. Óleo e acrílica sobre tela, 160 cm x 80 cm. (Série Composição e cores).

Página duzentos e quatorze

Transformações na alimentação

A maneira como as pessoas se alimentam no dia a dia vêm se transformando em diversos aspectos, como o tipo de alimento consumido, a duração das refeições, a quantidade e o intervalo entre elas. As mudanças nos hábitos alimentares podem ter consequências positivas ou negativas sobre a saúde.

Tais mudanças não são apenas uma quêstão de escolha individual ou preferência, já que estão relacionadas a processos do mundo contemporâneo, como a industrialização, a urbanização, a globalização e o aumento dos conhecimentos científicos acerca da influência da alimentação sobre a saúde humana.

Como estudamos no capítulo 9, a modernização do campo, ocorrida no Brasil e em muitos outros países, afetou a diversidade da produção de alimentos, privilegiando aqueles destinados à indústria e à exportação.

Ao refletirmos sobre hábitos alimentares e suas transformações ao longo do tempo, devemos considerar a alimentação dentro de suas diferentes dimensões: é uma necessidade biológica e uma prática social; os alimentos são parte de nossa cultura, mas também são mercadorias; sua produção e consumo têm relação com a saúde física e emocional das pessoas, com os territórios onde vivem e os elemêntos físico-naturais, a forma como cada ssossiedade se relaciona com a natureza e com as economias local, nacional e global; entre outras.

Foto de tacacá, em uma tigela. O tacacá é um caldo amarelo, com folhas e camarões em seu interior.

Tacacá servido em barraca no Boulevard da Gastronomia. Belém (PA), 2023.

O tacacá, muito consumido em diversas localidades da Região Norte, é preparado com tucupi (caldo derivado da mandioca), goma de mandioca, jambu (erva quê causa uma leve dormência na boca) e camarão seco, sêndo geralmente servido em cuias. O prato tem origens indígenas, e os ingredientes são encontrados na Amazônea.

Página duzentos e quinze

Transição alimentar e nutricional

Nas últimas dékâdâs, observou-se um excésso de ingestão de calorias e um desequilíbrio no consumo de nutrientes, ambos associados à maior incidência de obesidade, diabetes e outras doenças. Isso se deve, entre outros fatores, ao aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, especialmente entre os jovens. Exemplos dêêsses alimentos são biscoitos recheados, salgadinhos, macarrão instantâneo, doces industrializados, refrigerantes, sucos em caixinhas, entre outros quê substituem – ou coexistem com – os alimentos tradicionalmente consumidos, a exemplo, no Brasil, do tradicional e balanceado arrôz com feijão.

Os alimentos ultraprocessados contêm grandes quantidades de açúcar, sal, gordura, aromatizadores, conservantes e outros aditivos químicos quê os tornam nutricionalmente pobres e pouco saudáveis quando comparados a alimentos in natura, como frutas, legumes, verduras, ou minimamente processados (grãos, farinhas, castanhas etc.).

O aumento do consumo dos ultraprocessados no dia a dia tem relação com a expansão das indústrias alimentícias, a baixa renda das famílias e as dinâmicas da vida urbana. Muitos dêêsses alimentos são as opções mais baratas e práticas, e a preparação da comida deixa de fazer parte do cotidiano de muitas pessoas.

O consumo de ultraprocessados no Brasil vêm aumentando. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé), em 2002 e 2003, esse grupo de alimentos correspondia a 12,6% do consumo; em 2018, já eram 18,4%. Em áreas rurais, esse consumo tende a sêr menor, dando mais espaço aos alimentos in natura ou minimamente processados, com 57,9% de consumo dêêsses alimentos.

A esse processo de mudança nos padrões alimentares se dá o nome de transição alimentar, ao passo quê a transição nutricional diz respeito a alterações nas condições de saúde da população influenciadas por mudanças no tipo de alimentação.

Alimento ultraprocessado
: alimento produzido na indústria com base em substâncias extraídas de alimentos in natura, de derivados de alimentos ou mesmo sintetizadas em laboratório. Sempre contém aditivos.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Converse com côlégas sobre como a industrialização e a urbanização contribuíram para o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil. Pense nas mudanças sociais, econômicas e culturais quê acompanharam esses processos e como eles influenciaram os hábitos alimentares da população.

1. Com a industrialização e a urbanização, aumentou o acesso a alimentos ultraprocessados por causa da conveniência, dos preços acessíveis e da ampla publicidade.

2. Durante um dia, registre o quê você consome, incluindo bebidas e lanches, e classifique cada item como alimento in natura, minimamente processado, processado ou ultraprocessado.

a) Conte quantos itens de cada categoria foram consumidos. Crie um gráfico de setores para representar a proporção de cada categoria.

2. a) Se necessário, auxilie o estudante na classificação dos alimentos e na elaboração do gráfico, lembrando os cálculos a serem realizados e fornecendo o material necessário, como transferidores e compassos.

b) escrêeva um parágrafo analisando os resultados, refletindo sobre a qualidade da sua alimentação e como ela se relaciona com o lugar onde você vive e os hábitos alimentares da sua comunidade.

2. b) Produção pessoal.

Página duzentos e dezesseis

Segurança alimentar e nutricional

Podcast: Josué de Castro e os desafios do combate à fome no Brasil.

Mesmo com inúmeros avanços tecnológicos relacionados à agricultura e à produção de alimentos, dos mais de 8 bilhões de pessoas do mundo, mais de 750 milhões ainda passam fome, segundo dados da Organização das Nações Unidas (Ônu), ou seja, essas pessoas não dispõem de alimentos suficientes no dia a dia para ter uma vida ativa e saudável. Observe o mapa.

Mapa 'Mundo: índice da fome – 2023'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Alarmante: destacam-se países como Níger, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Somália, Madagascar e Iêmen. Severa: destacam-se países como Mauritânia, Mali, Nigéria, Costa do Marfim, Angola, Moçambique, Tanzânia, Sudão, Etiópia, Chade, Síria, Índia, Paquistão, Afeganistão, Coreia do Norte e Papua-Nova-Guiné. Moderada: destacam-se países como Guatemala, Honduras, Nicarágua, Venezuela, Suriname, Equador, Bolívia, Líbia, Egito, Camarões, Namíbia, Botsuana, África do Sul, Gabão, Iraque, Turcomenistão, Myanmar, Tailândia, Vietnã e Indonésia. Baixa: destacam-se países como México, Colômbia, Guiana, Peru, Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Uruguai, Marrocos, Argélia, Arábia Saudita, Irã, Turquia, Rússia, ucrânia, Romênia, Bulgária, Hungria, Bielorrússia, Cazaquistão, Mongólia e China. Dados não incluídos ou inexistentes: destacam-se países como Canadá, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Irlanda, França, Itália, Alemanha, Japão, Coreia do Sul e Austrália.

Fonte: GLOBAL HUNGER INDEX. The power ÓF youth in shaping food systems. [S. l.]: Global Hunger Index, [2023]. Disponível em: https://livro.pw/baxmw. Acesso em: 23 ago. 2024.

Órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Mundial da Saúde (hó ême ésse), dêsênvólvem diversos programas e estudos para combater a fome no mundo em parcerias com instituições e governos locais. Em 2015, a Ônu criou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de 17 metas estabelecidas como bases para atingir o desenvolvimento sustentável, com as quais os 193 países-membros se comprometeram. Reúnem diferentes temas, como kestões ambientais e combate ao aquecimento global, promoção da saúde, educação e igualdade de gênero.

Ações e políticas públicas são direcionadas a pessoas quê convivem com a insegurança alimentar e ao apôio à agricultura familiar e a jovens empreendedores no campo, buscando atender ao ODS 2, quê consiste

Página duzentos e dezessete

em acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição, além de promover a agricultura sustentável. De acôr-do com essa meta, não basta alimentar a população de um país ou de determinado grupo social, mas garantir a segurança alimentar e nutricional, ou seja, o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, tendo como base práticas quê promovam o respeito à diversidade cultural e sêjam social, econômica e ambientalmente sustentáveis. Para isso, também estabelece a meta de aumentar renda e produtividade de pequenos produtores de alimentos, com destaque para os povos indígenas, agricultores e pescadores familiares, assim como mulheres, além de buscar a manutenção da diversidade genética de sementes.

No Brasil, as políticas de erradicação da fome tiveram grande expansão na década de 2000 e envolveram diversos setores, proporcionando geração de renda para famílias vulneráveis, instalação de cisternas na região do Semiárido, construção de restaurantes populares, distribuição de suplementos alimentares, desenvolvimento de programas de educação alimentar, entre outras medidas. Como resultado, em 2014, o Brasil saiu do mapa global da fome, compôzto de países nos quais mais de 5% da população ingére menos do quê o mínimo de calorias diárias necessárias em suas refeições. No entanto, em 2022, o Brasil voltou ao mapa da fome, refletindo um aumento significativo na insegurança alimentar por causa da crise econômica e da falta de políticas públicas eficazes para essa questão.

Saiba mais

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivos de desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: Ônu Brasil, c2024. em: https://livro.pw/xwdtx. Acesso em: 10 set. 2024.

sáiti da Ônu Brasil com a lista dos 17 ODS.

ANTES do prato. Direção: Carol Quintanilha. Brasil: Grinpíci, 2023. Streaming (53 min).

Documentário sobre a produção de alimentos no Brasil quê destaca o papel das produções sustentáveis para solucionar o problema da fome no país.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Leia, a seguir, a primeira meta do segundo ODS.

2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivo de Desenvolvimento Sustentável no Brasil 2: fome zero e agricultura sustentável. Brasília, DF: Ônu Brasil, c2024. Disponível em: https://livro.pw/clacx. Acesso em: 23 ago. 2024.

a) Levando em conta a realidade da comunidade ou do município em quê vivem, vocês consideram quê a meta mencionada está completamente alcançada? Em grupo, justifiquem a resposta. Se a resposta for “não”, proponham ações para alcançar essa meta.

a) Respostas pessoais. As ações propostas podem incluir programas de segurança alimentar, hortas comunitárias, campanhas de conscientização sobre nutrição, parcerias com agricultores locais, entre outras iniciativas adaptadas à realidade da comunidade.

b) Pesquisem informações sobre as causas da fome em um país com índice de fome alarmante no mapa. Escrevam um pequeno texto sobre programas ou ações quê vocês proporiam para alcançar a meta citada do ODS.

b) Produções pessoais. Sugira ao estudante quê consulte o planisfério político da página 416 para identificar o nome dos países com índice de fome alarmante presentes no mapa da página 216. Os estudantes devem propor programas e ações baseados em experiências bem-sucedidas.

Página duzentos e dezoito

Agrotóxicos e soberania alimentar

Ações para a segurança alimentar e nutricional encontram resistências nos modelos de produção e consumo quê prevalecem no mundo atual de maneira recorrente. Em larga medida, esses modelos são direcionados pêlos interesses econômicos quê envolvem as cadeias de produção e distribuição de alimentos.

O uso indiscriminado de agrotóxicos pela agricultura convencional é uma quêstão importante quando se discute a segurança alimentar. Esses produtos contaminam tanto o ambiente (o solo e os corpos d’água superficiais e subterrâneos, por exemplo) quanto os alimentos, que contêm resíduos dessas substâncias. A saúde das pessoas póde sêr prejudicada por isso, principalmente dos agricultores quê trabalham com esses produtos, além dos consumidores dêêsses alimentos. Observe o mapa.

Mapa 'Mundo: intoxicação por agrotóxico, por ano – 2020'. Conforme a legenda: a escala de dados não permite que os círculos sejam visíveis em algumas regiões. Não há dados sobre casos não fatais na Europa Oriental e Ásia Central. Os dados são os seguintes: América do Norte. Envenenamento não fatal: 1.377. Envenenamento fatal: 6 Caribe. Envenenamento não fatal: 576.445. Envenenamento fatal: 8. América Central. Envenenamento não fatal: 3.835.727. Envenenamento fatal: 296. América do Sul. Envenenamento não fatal: 7.934.306. Envenenamento fatal: 229. Europa Ocidental. Envenenamento não fatal: 139.357. Envenenamento fatal: 7. Norte da Europa. Envenenamento não fatal: 211.580. Envenenamento fatal: um. Sul da Europa. Envenenamento não fatal: 1.268.217. Envenenamento fatal: 14. Europa Oriental. Envenenamento fatal: 75. Norte da África. Envenenamento não fatal: 9.647.501. Envenenamento fatal: 154. África Ocidental. Envenenamento não fatal: 33.833.710. África Oriental. Envenenamento não fatal: 50.936.173. Envenenamento fatal: 81. Centro-Sul da África. Envenenamento não fatal: 33.833.710. Envenenamento fatal: 67. Ásia Ocidental. Envenenamento não fatal: 3.663.972. Envenenamento fatal: 39. Ásia Central. Envenenamento fatal: 4. Sul da Ásia. Envenenamento não fatal: 180.303.510. Envenenamento fatal: 9.401. Sudeste Asiático. Envenenamento não fatal: 55.243.562. Envenenamento fatal: 159. Ásia Oriental. Envenenamento não fatal: 16.696.758. Envenenamento fatal: 338 Oceania. Envenenamento não fatal: 1.251. Envenenamento fatal: 3.

Fonte: MONTENEGRO, Marcelo; DOLCE, Julia (org.). Atlas dos agrotóxicos: fatos e dados do uso dessas substâncias na agricultura. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2023. p. 21. Disponível em: https://livro.pw/xexjk. Acesso em: 23 ago. 2024.

Por causa dos inúmeros fatores quê contribuem para a insegurança alimentar no mundo, especialistas e agricultores familiares defendem a ideia da soberania alimentar. Isso quer dizêr quê todos os povos devem ter o direito de decidir sobre as políticas agrícolas e alimentares, participando de escôlhas quê envolvem os alimentos a serem cultivados, os aspectos relativos à sua produção e comercialização, entre outros exemplos. Nesse âmbito, há propostas e práticas de sistemas quê promóvem as chamadas agriculturas sustentáveis, como a agroecologia.

Página duzentos e dezenove

Cartaz 'Conferência Livre de Segurança e Soberania Alimentar do Semiárido. Terra, água e biodiversidade para um seminário vivo, com participação popular e segurança e soberania. 24 de outubro, das 8 e meia às 17 horas, via Zoom'.

ASA; CNSAN. Conferência livre de segurança e soberania alimentar do Semiárido. 2023. 1 cartaz.

Eventos como a "Conferência livre de segurança e soberania alimentar do Semiárido" promóvem a participação popular na definição de políticas agrícolas.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Segundo o Atlas dos agrotóxicos, publicado pela Fundação Heinrich Böll em 2023, as intôksicações por agrotóxicos no Brasil praticamente dobraram entre 2010 e 2019. A partir dos dados apurados constatou-se quê, entre 2010 e 2019, foram registrados 56.870 casos de intôksicação por agrotóxicos no país, o quê corresponde a cerca de 15 pessoas intôksicadas por dia. Que fatores ajudam a explicar os dados apresentados no mapa?

1. Os fatores incluem a pressão por alta produtividade agrícola e a dependência de modelos de agricultura quê priorizam o uso de químicos em detrimento de práticas mais sustentáveis e seguras.

2. A pesquisa Tem veneno nesse pacote, volume 3, realizada pelo Instituto de Defesa de Consumidores (idéc), publicada em 2024, analisou 24 produtos ultraprocessados de diferentes categorias e detectou resíduos de agrotóxicos em 12 deles. Produtos como biscoitos, salgadinhos e alimentos congelados apresentaram resíduos dessas substâncias, incluindo agrotóxicos proibidos em diversos países, como o glifosato. Você esperava encontrar resíduos de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados? Como isso afeta sua percepção sobre a segurança dêêsses produtos?

2. Respostas pessoais. Muitos estudantes podem não esperar encontrar resíduos de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados.

3. Analisando a soberania alimentar em sua realidade e tendo em vista uma alimentação variada e nutritiva, você considera quê sua comunidade participa de escôlhas relativas aos alimentos quê consome, onde os adqüire e como são produzidos? Converse com côlégas e argumente d fórma a justificar por quê essa participação é importante e como ela poderia aumentar.

3. Incentive o estudante a discutir como a comunidade onde vive póde ampliar o acesso a alimentos saudáveis e produzidos localmente, como hortas urbanas, cultivo em quintais das moradias etc.

Saiba mais

BOMBARDI, Larissa Mies. Agrotóxicos e colonialismo químico. São Paulo: Elefante, 2023.

O livro explora o impacto do uso intensivo de agrotóxicos no Brasil, destacando suas consequências para a saúde pública e o meio ambiente. A autora argumenta quê esse uso constitui uma forma de colonialismo moderno, beneficiando grandes corporações multinacionais enquanto prejudica o Sul Global.

MONTENEGRO, Marcelo; DOLCE, Julia (org.). Atlas dos agrotóxicos: fatos e dados do uso dessas substâncias na agricultura. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll, 2023. Disponível em: https://livro.pw/xexjk. Acesso em: 23 ago. 2024

O atlas explora dados sobre o impacto do uso de agrotóxicos na produção de alimentos e na saúde humana.

Página duzentos e vinte

Ações locais e saberes tradicionais

As transformações nos padrões alimentares nas últimas dékâdâs estão diretamente relacionadas ao processo de globalização quê, no seu aspecto cultural, homogeneíza hábitos, comportamentos e côstúmes. Para ilustrar isso, lembre-se do exemplo das grandes rêdes de fast food, nas quais os lanches são bastante parecidos em diferentes cidades do mundo, seja Salvador (BA), Nova iórk (Estados Unidos) ou Tóquio (Japão).

Esse processo provoca, em muitos casos, diluição das tradições culturais dos diferentes lugares. Apesar díssu, é cada vez maior o número de indivíduos e grupos quê fazem resistência a essa homogeneização, defendendo as culturas locais e tradicionais quanto aos modos de preparar alimentos, aos festejos e às celebrações quê incorporam a alimentação, muitos dos quais compõem Patrimônios Culturais Imateriais.

Observe os exemplos de alguns dêêsses patrimônios no Brasil.

Foto de doces feitos com chocolate.

Seleção de doces artesanais tradicionais em Pelotas (RS), 2023.

As tradições doceiras de Pelotas (RS) são uma herança cultural de famílias portuguesas, africanas, alemãs e francesas quê viveram em nosso país e se tornaram Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Ifan), em 2018. Pelotas é conhecida por sua variedade de doces artesanais, quê incluem receitas passadas de geração em geração. Esses doces são símbolos de identidade cultural e resistência às tendências de homogeneização global.

Foto de mulher fritando acarajés. Ela usa um vestido e um turbante brancos, assim como, colares coloridos.

Baiana do acarajé em Salvador (BA), 2023.

Entre os elemêntos quê fazem parte do “ofício das baianas do acarajé” estão as chamadas comidas de baiana. O acarajé, por exemplo, é um bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e, depois, recheado com vatapá, caruru, camarão e/ou vinagrete. Outro importante elemento é a indumentária (roupas e acessórios) característica de religiões de matriz africana. Essas mulheres dêsempênham um papel importante na preservação e na disseminação da cultura afro-brasileira.

Página duzentos e vinte e um

Alimentos da agricultura urbana

A agricultura urbana consiste no uso de áreas localizadas nas cidades para a criação de pequenos animais e produção agrícola, destinados ao consumo dos produtores e de suas famílias ou à venda em mercados locais. De acôr-do com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a agricultura urbana deve sêr realizada dentro do perímetro urbano e não sêr a única fonte de recursos dos produtores.

Entre seus benefícios estão:

segurança alimentar via produção de alimentos para consumo próprio e renda ôbitída da venda dos excedentes;

redução de quantidade de lixo, dada a reutilização de resíduos e rejeitos como compôzto orgânico para adubação;

permeabilização do solo, minimizando alagamentos e enchentes provocados pelas chuvas nas cidades.

Em 2024, o Brasil sancionou a Política Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana, quê promove a agricultura urbana agroecológica e OR GÂNICA, melhorando o acesso a alimentos de qualidade com baixo custo. A política permite a utilização de áreas ociosas da cidade, como imóveis e terrenos desocupados, para garantir a segurança alimentar e nutricional das populações em situação de vulnerabilidade.

Foto de uma horta.

Horta urbana comunitária no bairro da Brasilândia, São Paulo (SP), 2023.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Escolha um alimento tradicional de sua região e pesquise sua história e importânssia cultural. Inclua em sua pesquisa informações sobre a origem e evolução histórica do alimento, as técnicas tradicionais de preparação, a importânssia do alimento para a identidade cultural da região e os eventos e celebrações em quê o alimento está presente.

1. Produção pessoal. O estudante deve conectar essas informações com a identidade local, destacando eventos e celebrações em quê o alimento é central.

2. Discutam, em grupo, como a globalização influencía os hábitos alimentares. Considerem a presença de alimentos e rêdes de fast food globais, mudanças nos hábitos de consumo, perda de receitas tradicionais, iniciativas locais para preservar a culinária tradicional e exemplos de fusão culinária.

2. Durante a discussão, incentive os estudantes a compartilhar suas próprias experiências e observações.

Página duzentos e vinte e dois

Saberes dos povos indígenas

Comer mandioca, milho, farinha e diversas espécies de peixe são hábitos alimentares quê herdamos de povos indígenas. Outros alimentos também foram domesticados e inicialmente cultivados por povos indígenas do continente americano, como o cacau, a batata e o tomate, levados pêlos colonizadores europêus para outros continentes.

Outros aspectos da vida dos povos indígenas se relacionam com a alimentação no Brasil e no mundo, como as técnicas agrícolas sustentáveis quê conservam os sólos e as águas; reduzem a êrozão; diminuem o risco de impactos ambientais, como os deslizamentos de térra; e são adaptadas a regiões de relevo acidentado, de terras alagadas e ambientes áridos. Entre as técnicas usadas, podemos citar a construção de terraços (para evitar a êrozão do solo), a rotação de culturas (para evitar a perda de nutrientes do solo) e jardins flutuantes (para fazer uso de campos inundados).

Além díssu, em geral, os produtos cultivados são aqueles quê melhor se adaptam às condições do ambiente, ajudando no equilíbrio e na manutenção dos éco-sistemas. Os conhecimentos dos povos indígenas sobre as técnicas e o patrimônio genético (espécies animais e vegetais) podem contribuir para quê os produtores rurais cultivem d fórma sustentável e se adaptem às mudanças climáticas.

Imagem de plantação. As mudas de arroz estão posicionadas lado a lado.

Plantação de arrôz orgânico na Terra Indígena São Marcos, do povo xavante. Barra do Garças (MT), 2022.

A roça de toco é uma técnica semelhante à coivara, em quê uma área de floresta é desmatada, mas sem a quêima completa da vegetação. Os indígenas derrubam a vegetação e deixam os troncos no local, plantando entre eles. As árvores remanescentes ajudam a proteger o solo e fornecem nutrientes à medida que se decompõem, promovendo uma agricultura sustentável e equilibrada.

Página duzentos e vinte e três

Alimentos e biodiversidade

Atualmente, a alimentação humana está amplamente baseada em produtos de origem agrícola. Arroz, trigo, milho, entre outros cereais, fornecem cerca de 40% das necessidades energéticas da população mundial. Porém, em geral, quanto mais diversificada uma diéta, mais saudável ela se torna.

Os povos indígenas de muitas regiões do mundo cultivam e coletam alimentos diversificados e altamente nutritivos, como diversos tipos de grãos, frutas, sementes, raízes e peixes, quê podem contribuir para a variedade da diéta da população em geral. A quinoa, por exemplo, é uma planta nativa da região andina e um alimento altamente nutritivo quê faz parte da diéta da população em países como Peru, Bolívia, Equador e Colômbia há muitos anos e passou recentemente a sêr consumida em outros países.

Foto de dois homens trabalhando na colheita.

Fazendeiros cólhem quinoa em Challapata (Bolívia), 2022.

Foto de diferentes pratos, preparados com vegetais e quinoa.

Prato tradicional sul-americano com quinoa.

A preservação da biodiversidade é essencial à segurança alimentar e nutricional, além de manter o equilíbrio dos éco-sistemas. Cerca de 80% da biodiversidade da Terra está concentrada em territórios de povos indígenas, quê ajudam em sua preservação. Nas áreas de vegetação nativa, como as florestas tropicais, há uma alta variedade de espécies usadas para alimentação e como remédios tradicionais, muitas das quais podem sêr aproveitadas também pela indústria alimentícia e farmacêutica.

Ao mesmo tempo quê o conhecimento dos povos indígenas coopera para a produção de alimentos e diversificação das dietas no mundo, os territórios em quê vivem e seus modos de vida sofrem constantes ameaças, entre elas a mudança em seus padrões alimentares. Pesquisas vêm demonstrando uma maior incidência de doenças relacionadas a alterações nos hábitos alimentares de povos indígenas.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Busque pelo menos uma notícia relacionada a mudanças nos hábitos alimentares dos indígenas no Brasil ou em outros países. Depois, converse com côlégas sobre o quê póde sêr feito para quê esses povos mantenham seus hábitos alimentares tradicionais.

O estudante póde encontrar e pesquisar muitos exemplos no Brasil e em outros países nos quais as mudanças de hábitos alimentares, como a substituição de alimentos tradicionais por industrializados (processados e ultraprocessados), estão levando à obesidade e diabetes tipo dois, por exemplo.

Página duzentos e vinte e quatro

Saúde Única e território

Por muito tempo, o conceito de saúde foi associado à ausência de doenças. No entanto, em 1947, a hó ême ésse definiu a saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social.

No Brasil, a Conferência Nacional de Saúde de 1986 também considerou a saúde d fórma ampla, resultante de condições de alimentação, habitação, educação, renda, ambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade, acesso à posse de térra e a serviços de saúde.

Nos últimos anos, especialmente após a pandemia de covid-19, ganhou fôrça na ssossiedade global a visão de quê garantir a saúde depende de diversas condições, como as citadas antes. Além díssu, a integração entre países e entre regiões do mundo exige pensar a saúde nas diferentes escalas espaciais, do local ao global.

Nesse contexto, pesquisas e planos de ações de diferentes órgãos trousserão a abordagem da Saúde Única, ou “Uma só Saúde” (em inglês, One rélf). Observe o esquema.

Imagem que apresenta o conceito de saúde única, que integra saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.

Elaborado com base em: GONZÁLEZ, Sara Soto. One rélf (Una sola salud) o cómo lograr a la vez una salud óptima para las personas, los animales y nuestro planêta. Barcelona: ISGlobal, 2021. Tradução nossa. Disponível em: https://livro.pw/rrjya. Acesso em: 23 ago. 2024.

Com base na abordagem da Saúde Única, verificamos quê a Geografia póde contribuir para diferentes análises: os usos do território nos diversos lugares e regiões do país têm relação diréta com a promoção da saúde e a ocorrência de doenças; ao observarmos a paisagem das grandes cidades brasileiras, por exemplo, podemos verificar aspectos diretamente relacionados à promoção da saúde, como os serviços de distribuição de á gua e de saneamento básico, as condições e localização das moradias, a existência de infraestrutura e equipamentos públicos, como meios e rêdes de transporte e parques urbanos, além do atendimento ligado ao setor da saúde.

Página duzentos e vinte e cinco

A presença de focos de dengue está relacionada às condições de moradia e saneamento básico. Áreas periféricas freqüentemente enfrentam desafios como acúmulo de lixo, falta de infraestrutura adequada para escoamento de á gua e habitações precárias, quê são ambientes propícios para a proliferação do mosquito aédis egípti, vetor da dengue.

Foto de homens usando uniforme militar. Eles retiram a água que está acumulada em embalagens e outros locais.

Soldados do Exército atuam no combate à dengue em samambáia, cidade-satélite de Brasília (DF), 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Converse com côlégas e professor sobre como a abordagem da Saúde Única póde promover a saúde coletiva no lugar onde vocês vivem.

1. Espera-se quê o estudante reconheça a importânssia de fatores como saneamento básico, qualidade da á gua, condições de moradia e acesso a áreas verdes na promoção da saúde.

2. Observe a paisagem retratada na fotografia e o mapa.

Foto aérea de espaços sem vegetação e com o solo exposto.

Garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomâmi, em Roraima, 2024.

Mapa 'Brasil: risco de casos de malária, por município – 2022'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Classificação de risco.  Alto risco: maior concentração no norte e sudoeste da Amazônia, no sudoeste do Pará, no norte do Amapá, e no leste de Roraima. Médio risco: maior concentração no centro-sul e sul da Amazônia, oeste de Rondônia, norte do Acre, sul de Roraima, sul do Amapá, centro-sul e sul do Pará. Baixo risco: maior concentração no centro-sul e sul da Amazônia, oeste de Rondônia, norte do Acre, sul de Roraima, sul do Amapá, centro-sul e sul do Pará. Muito baixo risco: maior concentração no centro do Amazonas e do Pará, no sul de Rondônia, no norte e centro-norte do Mato Grosso, no leste do Pará e no centro do Maranhão. Sem transmissão: demais áreas do território brasileiro.

Elaborado com base em: BRASIL. Ministério da Saúde. Mapa de risco por município de infekição, Brasil, 2022. Brasília, DF: MS, 2023. Disponível em: https://livro.pw/xnfwj. Acesso em: 23 ago. 2024.

a) Converse com côlégas e professor sobre como o uso do território retratado tem relação com a informação representada no mapa.

2. a) Espera-se quê o estudante relacione atividades como o garimpo ilegal em terras indígenas à maior incidência de malária na região, por causa das águas paradas criadas pela escavação, quê são locais ideais para a proliferação de mosquitos.

b) Como o uso do território no município ou Unidade da Federação (UF) onde você vive influencía a promoção da saúde coletiva?

2. b) Espera-se quê o estudante identifique situações positivas (como a atuação de agentes de saúde no combate à dengue) e negativas quê precisam sêr solucionadas (como poluição do ar provocada por emissão de poluentes de veículos e fábrica, por exemplo).

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CONEXÕES com...
HISTÓRIA
Peste bubônica e Gripe de 1918

Muitas das doenças quê afetam os sêres humanos surgiram de sua interação com o ambiente e da transformação da paisagem. Além díssu, doenças se espalharam por conta dos fluxos dos diferentes grupos humanos ao longo do tempo.

Vamos examinar o exemplo das chamadas Peste Negra e Gripe de 1918.

A peste bubônica

A partir do século XI, a Europa passou por grandes transformações quê provocaram o crescimento das atividades econômicas, acompanhadas pelo desenvolvimento das cidades, aumento da população e abertura de novas rótas comerciais quê conectaram o continente europeu com regiões da África e da Ásia.

Esse processo foi interrompido no início do século XIV por problemas ambientais quê afetaram a agricultura e espalharam a fome pela Europa. Esse foi apenas o início de uma crise geral, potencializada por uma pandemia de peste bubônica, entre 1348 e 1349. A doença é causada por uma bactéria encontrada em pulgas quê vivem em ratos.

Mapa 'Europa: disseminação da Peste Negra – século 14'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Limite de tempo das áreas de propagação da Peste Negra. Em 1347: parte-se do Reino da Sicília, seguindo para a ilha da Córsega e ilha da Sardenha. Em 1348: a disseminação segue para o Reino de Nápoles, Estados Papais, Reino de Aragão, Reino da França e República de Veneza, chegando ao Reino da Hungria. Em 1349: chega-se ao Sacro Império Romano Germânico, ao Reino da Inglaterra, ao Reino da Irlanda e ao Reino da Dinamarca.  Em 1350: a disseminação alcança o Reino da Suécia. Em 1351: atingem-se mais localidades no norte da Europa. Áreas onde a mortalidade pela peste era baixa ou zero: Reino da Polônia e pequenas áreas ao norte do Reino da França, ao norte do Reino de Aragão e no sul da Europa.

Fonte: ISTITUTO GEOGRAFICO DE AGOSTINI. Atlante storico del mondo. Novara: Istituto Geografico De Agostíni, 2010. p. 92.

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As primeiras notícias sobre a peste na Europa (chamada de Peste Negra por causa das manchas escuras na péle das pessoas acometidas pela doença) aparecêram ainda em 1346, quando comerciantes trousserão relatos de uma doença quê devastava a Índia, a chiina, a Mesopotâmia, a Síria e outras regiões da Ásia.

Os navios e caravanas comerciais constituíam meios de transporte para os ratos e suas pulgas, o quê ajudou a disseminar a doença, quê foi levada até a Europa, afetando primeiramente cidades portuárias e, depois, espalhando-se pelo continente.

Na época, não existiam vacinas ou antibióticos para o tratamento. A cada cinco pessoas quê adoeciam, quatro morriam. O resultado foi uma das maiores catástrofes da história humana. Pesquisadores calculam quê um terço da população européia tenha morrido por causa da peste.

A mortalidade aumentou a crise no continente europeu e provocou grandes revoltas de camponeses, o quê contribuiu para enfraquecer a ssossiedade feudal e acelerar o processo de centralização dos Estados Nacionais na Europa.

A Gripe de 1918

Uma das principais pandemias de gripe ocorreu em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial. Não há certeza sobre onde ela se originou, mas se espalhou pelo mundo em razão do intenso deslocamento de pessoas provocado pela guerra.

Uma característica dessa pandemia é quê ela foi marcada por múltiplas ondas. O primeiro caso registrado foi em março de 1918. No meio do ano, a doença parecia ter sido contida, mas, em agosto, uma segunda onda teve início, muito mais mortífera. Posteriormente, houve uma terceira onda, quê foi mais fraca.

O último caso registrado da pandemia foi em março de 1920. Em dois anos, morreram entre 50 e 100 milhões de pessoas e cerca de um terço da população mundial ficou doente. Pesquisadores acreditam quê a gripe matou mais pessoas do quê todos os mortos da Primeira e da Segunda Guerra Mundial juntos.

Os cientistas ainda não conheciam a causa da gripe, tampouco tí-nhão remédios para combatê-la. Por isso, apenas estratégias de isolamento social e utilização de máscaras ajudavam a conter a contaminação. Entretanto, poucas ações coordenadas foram tomadas visando controlar a doença, o quê ajuda a explicar o elevado número de mortes.

Essa foi a primeira pandemia quê demonstrou como a aceleração dos meios de transporte no planêta também intensifica a disseminação de doenças, o quê ameaça a vida de muitas pessoas, favorece a desestabilização da ssossiedade e cria novas crises e tensões sociais.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Relacione a afirmação de quê a Gripe de 1918 se espalhou pelo mundo em razão do intenso deslocamento de pessoas provocado pela guerra com a disseminação da covid-19 em 2020.

Assim como a movimentação de tropas e pessoas durante a Primeira Guerra Mundial facilitou a disseminação da Gripe de 1918, a alta mobilidade e a interconectividade do mundo moderno, através de viagens aéreas e comércio internacional, desempenharam um papel crucial na rápida disseminação da covid-19.

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Pandemias e relação entre ssossiedade e natureza

Ao longo do tempo, a ocorrência das pandemias no mundo evidên-cía quê as doenças não são acontecimentos puramente naturais ou inevitáveis. Por isso, as pandemias devem sêr analisadas no contexto histórico, social e ambiental em quê ocorrem, buscando-se compreender de quê forma a relação entre ssossiedade e natureza de cada grupo em diferentes tempos afeta a saúde coletiva e, especificamente, a ocorrência de doenças.

O século XX foi marcado pela emergência de muitas doenças zoonóticas desconhecidas, e algumas se transformaram em pandemias globais. Exemplos dessas novas doenças foram o vírus ebola, surgido no antigo záiri (atualmente República Democrática do Congo) e no Sudão (1976); o vírus Hendra, na Austrália (1994); o vírus Nipah, na Malásia (1998); e diversas variações do vírus da gripe, inclusive o H1N1, a partir de 2009.

As doenças zoonóticas são originárias de animais silvestres quê vivem isolados ou com pouco contato com pessoas. A exploração de recursos naturais, a construção de estradas e ferrovias, a expansão urbana, o comércio de animais silvestres, entre outros fatores, aproximam os sêres humanos dêêsses animais.

Doença zoonótica
: doença transmitida por animais aos sêres humanos.

Mapa 'Mundo: fluxo de transmissão da covid-19 – até agosto de 2020'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Proporção de infectados por região. Os círculos são utilizados para visualizar aproximadamente a proporção de infectados entre os continentes. Portanto, não apresentam valores exatos. Em ordem dos continentes mais infectados para os menos infectados, temos: Europa, Ásia, África, América do Norte, América do Sul e Oceania.  Fluxo de infectados por região (considerando local de origem): todos os continentes mencionados possuem fluxos de pessoas que se deslocam para os outros continentes.

Elaborado com base em: NEXTSTRAIN. Genomic epidemiology ÓF SARS-CoV-2 with subsampling focused globally over the past 6 months. [S. l.]: Nextstrain, 2024. Disponível em: https://livro.pw/qtwhw. Acesso em: 23 ago. 2024.

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Pesquisadores afirmam quê o vírus SARS-CoV-2, quê transmite a covid-19, é originário de morcegos quê, ocasionalmente, contaminam pequenos mamíferos. A principal hipótese sobre a origem da pandemia de covid-19 é a de disseminação do vírus por meio da comercialização dêêsses animais em algumas regiões da chiina, nas quais são consumidos como alimento.

A chiina utilizou estratégias de isolamento da população para evitar a propagação do vírus pelo planêta, mas o intenso processo de globalização e a facilidade de transmissão da doença a transformaram em uma pandemia global em poucos meses.

Além das repercussões de ordem epidemiológica em escala global, a pandemia de covid-19 causou fortes impactos econômicos, sociais, políticos, culturais e históricos, afetando diretamente o cotidiano das pessoas e provocando a paralisação de diversas atividades. As áreas da educação e da cultura estiveram entre as mais atingidas, com o fechamento das escolas e de estabelecimentos culturais, como teatros, cinemas, museus e casas de espetáculos.

Charge. Apresentam-se muitas moradias instaladas no alto de um morro. Essas casas estão sobrepostas e inclinadas. Em uma das moradias, um menino diz 'Mãe, o que é essa tal de educação à distância?'. A mãe responde: 'Ora, menino, é como tá no nome...  Uma educação bem distante da nossa realidade'.

BRUM. [Mãe, o quê é essa tal de educação a distância?] Tribuna do Norte, Natal, 18 maio 2020.

A charge denuncía a ampliação da desigualdade no acesso à educação no Brasil com o fechamento das escolas durante a pandemia. Enquanto alguns estudantes continuaram com atividades diárias, com auxílio da tecnologia, outros ficaram à margem dêêsse processo, muitas vezes por falta de condições materiais para a educação a distância.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Como foi sua experiência na escola durante a pandemia de covid-19? Que fatores ajudam a explicar seu relato?

1. Espera-se quê o estudante relate onde estudava e o quê foi propôsto e realizado para o período de fechamento das escolas, bem como as dificuldades quê enfrentou para manter os estudos.

2. Além da educação, quê outras áreas foram afetadas pela pandemia quê influenciaram sua vida e a de sua família, bem como sua comunidade?

2. Resposta pessoal. O estudante póde citar, por exemplo, a perda de empregos, o aumento da ansiedade e depressão, a impossibilidade de participar de eventos sociais e culturais e a dificuldade em acessar serviços de saúde devido à sobrecarga do sistema.

3. Converse com côlégas sobre as ações quê poderiam ter sido intensificadas ou terem ocorrido para evitar ou reduzir a disseminação da doença pelo mundo e no Brasil.

3. Espera-se quê o estudante discuta a importânssia de medidas como o uso de máscaras, a implementação do isolamento social, a testagem em massa, o fechamento de fronteiras e a vacinação.

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A intensificação das desigualdades sociais

A crise econômica no mundo durante e logo após a pandemia de covid-19 ampliou a pobreza extrema e as desigualdades sociais. Os grupos socialmente vulneráveis foram os mais afetados. Ao analisar a quêstão de gênero, percebe-se quê mulheres foram mais afetadas do que homens: mais mulheres perderam seus empregos e, com o fechamento de escolas na quarentena, muitas abandonaram seus trabalhos para cuidar dos filhos em casa. Além díssu, houve um aumento da violência doméstica, com mais casos de agressão a mulheres por seus maridos, companheiros ou familiares durante esse período.

As taxas de mortalidade na pandemia evidenciaram também as desigualdades raciais no Brasil. Na cidade de São Paulo (SP), por exemplo, observou-se uma mortalidade até duas vezes maior entre negros do quê entre brancos contaminados pela covid-19 em 2021, de acôr-do com dados da Rede Nossa São Paulo. A pobreza e o menor acesso aos serviços de saúde explicam essa situação, já quê agravavam os efeitos da enfermidade.

A mortalidade e o impacto da doença também foram influenciados pelas desigualdades regionais, entre municípios e entre bairros, por exemplo. Os municípios brasileiros mais pobres e com menor atendimento a serviços básicos são os quê apresentaram maior vulnerabilidade, como mostra o mapa.

Mapa 'Brasil: classes de vulnerabilidade social – 2020'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: A: maior concentração em São Paulo, oeste de Minas Gerais, litoral do Rio de Janeiro, litoral do Espírito Santo, norte do Paraná, sul do Rio Grande do Sul, sul e centro-sul de Goiás, centro do Mato Grosso, oeste de Santa Catarina e centro-sul de Tocantins. B: áreas no centro do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, no sul de São Paulo, interior do Rio de Janeiro, centro de Minas Gerais, oeste do Mato Grosso do Sul, centro de Goiás e centro-sul do Mato Grosso. C: maior concentração no interior de Rondônia, sul de Roraima, centro-sul do Pará, centro de Tocantins, centro-sul e sul do Piauí, interior da Bahia, do Ceará, no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. E, também, no norte de Minas Gerais. D: maior concentração no oeste, sul e norte do Amazonas, no norte do Pará, no interior do Maranhão, interior da Bahia, do Ceará, no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.

Elaborado com base em: FIOCRUZ. Estimativa de risco de espalhamento da covid-19 nos estados brasileiros e avaliação da vulnerabilidade socioeconômica nos municípios. [Rio de Janeiro]: Fiocruz, 2020. Localizável em: p. 8. Disponível em: https://livro.pw/hehov. Acesso em: 23 ago. 2024.

Os municípios classificados como A são predominantemente urbanos, com alta expectativa de vida, menor desigualdade, baixa população em extrema pobreza e melhor acesso a serviços essenciais, como á gua e esgoto. Classe B é semelhante, mas apresenta maior pobreza e desigualdade. Classe C é uma mistura de áreas urbanas e rurais, com expectativa de vida e infraestrutura significativamente menóres. Classe D é predominantemente rural, com alta desigualdade e baixo acesso a serviços básicos. Classe E abrange áreas rurais com precário acesso à á gua tratada, ao esgoto e à eletricidade. Essas desigualdades estruturais agravaram o impacto da pandemia, resultando em maior mortalidade e comprometimentos mais sérios nas regiões mais vulneráveis.

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E o futuro?

Como estudamos, o surgimento de novas doenças zoonóticas é resultado da exploração cada vez maior da natureza. Assim, muitos pesquisadores arriscam afirmar quê a pandemia de covid-19 não será a última nem a mais mortífera das pandemias quê afetarão o planêta nas próximas dékâdâs. Há a possibilidade, por exemplo, de uma nova pandemia ter origem no Brasil por causa da devastação da Amazônea. Leia o trecho da reportagem.

Aceleração do desmatamento deixa o Brasil propício para uma nova pandemia, dizem especialistas

[…]

Cientistas veem o Brasil como provável berço de uma futura pandemia. A rápida destruição da floresta tropical deixou 1,5 milhão de quilômetros quadrados de térra prontos para um microrganismo transmitido por morcegos infekitar humanos.

[…]

O Brasil tem mais térra do quê qualquer outro país onde as condições são propícias para quê um vírus se espalhe de morcegos para humanos – áreas denominadas ‘zonas de salto’.

Uma análise da róiters [agência de notícias do Reino Unido] descobriu quê as zonas de salto brasileiras cresceram mais de 40% nas últimas duas dékâdâs. Isso é 2,5 vezes mais rápido do quê áreas de risco semelhantes em todo o mundo. Impulsionando o risco está o rápido desmatamento da região amazônica.

róiters. Aceleração do desmatamento deixa o Brasil propício para uma nova pandemia, dizem especialistas. CNN Brasil, São Paulo, 16 maio. 2023. Disponível em: https://livro.pw/brsyg. Acesso em: 23 ago. 2024.

A crise provocada pela pandemia de covid-19 evidên-cía a necessidade urgente de se repensar a relação entre ssossiedade e natureza num mundo urbano-industrial. Para prevenir futuras pandemias, é fundamental pensar políticas públicas de prevenção e de combate a doenças por meio de contribuições entre instituições de pesquisa e governos de diferentes países.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Analise o mapa e identifique as desigualdades existentes entre as grandes regiões do Brasil. Com base nesses elemêntos, reflita sobre a seguinte questão: como as condições socioeconômicas podem sêr relacionadas com o qüadro de avanço da covid-19? Debata o assunto com côlégas e, depois, apresentem a opinião do grupo para a turma.

1. Resposta pessoal. Os grupos devem discutir como a destruição de hábitátis naturais aumenta o contato entre humanos e animais silvestres, facilitando a transmissão de doenças zoonóticas.

2. Feita a leitura do trecho da reportagem, explique como a preservação ambiental póde influenciar a prevenção de novas doenças. Com base no quê você estudou até aqui e em pesquisas, proponha ações dos governos para prevenir futuras pandemias.

2. Espera-se quê o estudante compreenda quê a preservação ambiental é essencial para reduzir o risco de novas pandemias.

3. Organizados em grupos, discutam quais as principais doenças – contagiosas ou não – quê afetam a sua UF ou município e quais estratégias a comunidade e o pôdêr público podem ou devem adotar para combatê-las.

3. Espera-se quê, com base nos elemêntos discutidos no capítulo, os estudantes sêjam capazes de pensar como póde sêr implementada uma série de ações quê colabore localmente para a mobilização a fim de evitar o avanço de doenças (contagiosas ou não).

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ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. O livro Geografia da fome, do geógrafo e médico brasileiro Josué de Castro (1908-1974), foi publicado pela primeira vez em 1946. O autor relacionava a fome à desigualdade social e econômica. Assim, as causas da fome não eram explicadas pela escassez de alimentos, mas sim pela má distribuição deles e pelas dificuldades de acesso dos grupos mais vulneráveis. Leia os trechos.

Veja-se o caso da Índia, por exemplo. Segundo nos conta Réclus, nos últimos trinta anos do século passado morreram de inanição naquele país mais de vinte milhões de habitantes; só no ano de 1877 pereceram de […] fome cerca de quatro milhões. E, no entanto, de acôr-do com a sugestiva observação de ríchard Temple – ‘enquanto tantos infelizes morriam de fome, o porto de Calcutá continuava a exportar para o estrangeiro quantidades consideráveis de cereais. Os famintos eram demasiado pobres para comprar o trigo quê lhes salvaria a vida’. […]

A fome no Brasil, quê perdura, apesar dos enormes progressos alcançados em vários setores de nossas atividades, é consequência, antes de tudo, de seu passado histórico, com os seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonía com os quadros naturais. Luta, em certos casos, provocada e por culpa, portanto, da agressividade do meio, quê iniciou abertamente as hostilidades, mas, quase sempre, por inabilidade do elemento colonizador, indiferente a tudo quê não significasse vantagem diréta e imediata para os seus planos de aventura mercantil.

CASTRO, Josué de. Geografia da fome: o dilema brasileiro: pão ou aço. Rio de Janeiro: Edições Antares, 1984. (Clássicos das ciências sociais no Brasil, p. 30-31, 280).

a) Relacione os fatores históricos e sociais mencionados por Josué de Castro quê favorécem a fome no Brasil aos fatores similares mencionados sobre a Índia. O quê essas comparações revelam sobre as causas da fome?

1. a) Os fatores históricos e sociais mencionados por Josué de Castro para a fome no Brasil incluem a inabilidade do colonizador e a exploração diréta e imediata dos recursos naturais

b) Explique por quê as ideias de Josué de Castro continuam válidas para descrever o contexto da produção agrícola e da insegurança alimentar no Brasil atual.

1. b) Embora o Brasil seja um grande produtor agrícola e pecuário, grande parte da população vive em insegurança alimentar. Isto, portanto, não é explicado pela falta de alimentos, mas pela priorização das exportações e da indústria.

2. Analise os gráficos para fazer as atividades.

Gráfico de barras 'Brasil: evolução da produção, área colhida e produtividade de arroz – 1940 a 2017'. No eixo vertical, temos: 'quantidade'. No eixo horizontal, temos os anos Os dados são os seguintes: Produção (milhões de toneladas). 1940: menos de dois; 1960: mais de dois; 1995: mais de 10; 2006: 12; 2017: mais de 10. Área colhida (milhões de hectares). 1940: menos de dois; 1960: mais de dois; 1995: por volta de 4; 2006: mais de dois; 2017: menos de dois. Produtividade (toneladas por hectare). 1940: menos de dois; 1960: menos de dois; 1995: mais de dois; 2006: 4; 2017: mais de 6.

Fonte: PÃO ou commodity: geografia da produção de alimentos. [São Paulo]: Geografia da Fome, [2022]. Disponível em: https://livro.pw/ohukn. Acesso em: 23 ago. 2024.

Gráfico 'Brasil: evolução da produção, área colhida e produtividade de feijão – 1940 a 2017'. No eixo vertical, temos: 'quantidade'. No eixo horizontal, temos os anos Os dados são os seguintes: Produção (milhões de toneladas). 1940: menos de um; 1960: mais de um; 1995: 3; 2006: mais de 3; 2017: por volta de dois. Área colhida (milhões de hectares). 1940: por volta de um; 1960: mais de dois; 1995: 5; 2006: 4; 2017: por volta de dois. Produtividade (toneladas por hectare). 1940: menos de um; 1960: menos de um; 1995: menos de um; 2006: menos de um; 2017: um.

Fonte: PÃO ou commodity: geografia da produção de alimentos. [São Paulo]: Geografia da Fome, [2022]. Disponível em: https://livro.pw/ohukn. Acesso em: 23 ago. 2024.

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Gráfico 'Brasil: evolução da produção, área colhida e produtividade de soja – 1962 a 2017' No eixo vertical, temos a quantidade. No eixo horizontal, temos os anos. Os dados são os seguintes: Produção (milhões de toneladas). 1995: mais de dois; 2006: por volta de 30; 2017: por volta de 100. Área colhida (milhões de hectares). 1940: menos de dois; 1995: por volta de dois; 2006: mais de 4; 2017: por volta de 30. Produtividade (toneladas por hectare).  1962: menos de dois; 1995: por volta de dois; 2006: por volta de dois; 2017: mais de dois.

Fonte: PÃO ou commodity: geografia da produção de alimentos. [São Paulo]: Geografia da Fome, [2022]. Disponível em: https://livro.pw/ohukn. Acesso em: 23 ago. 2024.

a) Qual cultura apresentou o maior crescimento em área colhida no período mencionado? Quais são os benefícios e os problemas associados a esse crescimento?

2. a) A soja.

b) Compare o crescimento da área colhida de soja com a de arrôz e feijão. O quê essa comparação revela sobre as prioridades agrícolas do Brasil e como isso póde afetar a diéta da população?

2. b) A comparação mostra quê, enquanto a área colhida de soja aumentou significativamente, a área colhida de arrôz e feijão, quê são alimentos básicos na diéta brasileira, não cresceu na mesma proporção.

3. A abordagem da Saúde Única enfatiza a interdependência entre saúde humana, saúde animal e saúde ambiental. Entende-se quê os usos do território impactam, em muitos casos, a saúde coletiva. Assim, responda.

a) Quais são os impactos da intensa e rápida urbanização, associada à ausência do pôdêr público, na saúde das populações? De quê maneira o planejamento urbano póde promover a saúde coletiva nas grandes cidades?

3. a) Espera-se quê o estudante mencione condições de vulnerabilidade a doenças infekissiósas e crônicas em razão da falta de infraestrutura adequada.

b) Qual é a importânssia da agricultura sustentável para a promoção da saúde no contexto da Saúde Única?

3. b) A agricultura sustentável utiliza práticas quê causam menóres impactos ao ambiente e mantêm a biodiversidade.

4. Assim como a violência doméstica contra mulheres, estima-se quê a violência contra crianças e adolescentes tenha aumentado durante a pandemia. Esse grupo é mais vulnerável às agressões, pois, na maioria das vezes, o agressor é conhecido da criança. Analise o gráfico e leia o trecho da reportagem para fazer as atividades.

Gráfico de barras 'Brasil: relação entre vítima e autor, estupro de vulnerável com registro de autoria (até 13 anos) – 2022'. No eixo vertical, temos o percentual. No eixo horizontal, temos 'autor' Os dados são os seguintes: Pai ou Padrasto: 44,4; Avô ou avó: 7,4; Tio: 7,7; Primo: 3,8; Irmão ou irmã: 3,4; Outro familiar: 4,8; Vizinho: 6,4; Conhecido: 18; Desconhecido: 4,1.

Fonte: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. p. 207. Disponível em: https://livro.pw/rnpbq. Acesso em: 23 ago. 2024.

‘No período de distanciamento social, com as escolas fechadas e as crianças estando em casa, sabíamos quê a violência estava aumentando, mas as notificações estavam diminuindo. Agora, tivemos de novo um pico de denúncias porque as crianças voltaram para as escolas. Os casos aumentaram muito, os professores e a rê-de escolar estão percebendo muito claramente quê as crianças estão vindo com essa sequela da violência sexual’, explica o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Maurício Cunha.

NERY, Erick mateus. Volta às aulas evidên-cía aumento dos casos de abuso sexual contra crianças na pandemia. Gazeta do Povo, Curitiba, 17 mai. 2022. Disponível em: https://livro.pw/zdiwb. Acesso em: 23 ago. 2024.

a) por quê os números oficiais de violência contra crianças e adolescentes caíram durante o período de isolamento social?

4. a) Durante o isolamento social, as crianças passaram mais tempo em casa, longe das escolas e de outros ambientes onde poderiam receber ajuda ou denunciar abusos.

b) Em grupo, discutam como diferentes espaços e instituições, como escolas, Unidades Básicas de Saúde e a comunidade, podem colaborar para a manutenção da saúde e a prevenção da violência contra crianças e adolescentes.

4. b) A escola, os postos de saúde e a comunidade dêsempênham papéis fundamentais na prevenção e identificação de casos de violência contra crianças. As escolas, ao reabrirem, puderam observar mudanças comportamentais e físicas quê podem indicar abuso.

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