CAPÍTULO 11
Territórios tradicionais

OBJETIVOS DO CAPÍTULO:

Conhecer aspectos de diferentes povos e comunidades tradicionais.

Reconhecer os direitos e a importânssia das lutas dos povos e comunidades tradicionais por seus territórios.

Compreender o conceito de território tradicional e sua relação com a sobrevivência física e cultural de grupos e povos.

Reconhecer a importânssia dos territórios tradicionais para povos e comunidades quê neles vivem, para a proteção da biodiversidade e a preservação de conhecimentos ancestrais.

Os povos e comunidades tradicionais do Brasil têm papel fundamental na preservação de conhecimentos ancestrais e na manutenção de práticas culturais profundamente interligadas à natureza. Um exemplo dessa relação são os apanhadores de flores sempre-vivas, comunidade quê habita a Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. Os apanhadores preservam, há gerações, técnicas de colheita sustentáveis, respeitando o ciclo natural das flores.

Neste capítulo, será explorada a diversidade cultural e territorial dos povos e comunidades tradicionais no Brasil. Entre os temas abordados, destacam-se a importânssia cultural e ambiental dos territórios tradicionais, as ameaças enfrentadas e as estratégias de resistência quê essas comunidades utilizam para preservar seus modos de vida.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. O quê você entende por “povos e comunidades tradicionais”? Quais deles você conhece, e o quê eles têm em comum?

1. Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante aponte quê os povos e comunidades tradicionais são grupos quê têm modos de vida, culturas e relações com a natureza quê diferem da ssossiedade dominante.

2. Em sua opinião, qual é a importânssia da côléta de sempre-vivas para as comunidades quê praticam essa atividade?

2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante responda quê a atividade é importante porque representa uma forma de sustento e está relacionada à preservação de tradições culturais.

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Foto de homem colhendo flores. Essas flores são pequenas, brancas e possuem hastes compridas.

Coletor de sempre-viva no Parque Nacional das Sempre-Vivas, Diamantina (MG), 2013.

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Povos e comunidades tradicionais

No Brasil, povos e comunidades tradicionais (PCTs) são grupos com organização social, religiosidade, ancestralidade e uso da térra próprios de sua cultura, diferenciando-se da ssossiedade hegemônica, no caso ocidental-capitalista. Esses grupos ocupam e usam seus territórios como condição para sua sobrevivência física e cultural.

Os PCTs não formam um grupo homogêneo. Além dos inúmeros povos indígenas e comunidades quilombolas, os órgãos governamentais brasileiros reconhecem outros grupos, como: andirobeiras, apanhadores de sempre-vivas, caatingueiros, caiçaras, castanheiras, catadores de mangaba, ciganos, cipozeiros, extrativistas, faxinalenses, fundo e fecho de pasto, geraizeiros, ilhéus, morroquianos, pantaneiros, pescadores artesanais, pomeranos, povos de terreiro, quebradeiras de coco-babaçu, retireiros, ribeirinhos, seringueiros, vazanteiros e veredeiros.

Conheça alguns deles.

Imagem 'Andirobeiros', apresentando uma mulher recolhendo andirobas sobre um lona, posicionada na horizontal. Também se destaca o texto: 'Os andirobeiros constituem comunidades extrativistas, localizadas na Amazônia, que têm na extração da andiroba sua principal atividade. A partir desta árvore produzem repelentes, velas, sabão e remédios tradicionais'.

Andirobeira fabricando óleo na comunidade Terra Preta, Manicoré (AM), 2022.

Imagem 'Quebradeiras de coco-babaçu', apresentando mulheres sentadas em roda e quebrando os cocos. Também se destaca o texto: 'São mulheres que vivem principalmente nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará e têm como principal atividade a coleta e quebra do coco-babaçu. O coco-babaçu é utilizado para alimentação, fabricação de óleo, sabão e outros produtos, em um sistema de extrativismo sustentável'.

Mulheres quebram cocos-babaçus em Monção (MA), 2023.

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Imagem 'Seringueiros', apresentando um homem fazendo fissuras diagonais no tronco de uma árvore. Também se destaca o texto: 'São comunidades tradicionais da Amazônia que vivem da extração do látex das seringueiras. Essa atividade de coleta de látex é uma forma sustentável de utilização dos recursos da floresta, preservando-a enquanto gera renda para essas populações, que têm uma relação de dependência e proteção do território em que vivem'.

Seringueiro extrai látex na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri (AC), em 2022.

Imagem 'Pantaneiros', apresentando um homem a cavalo conduzindo diversas cabeças de gado. Também se destaca o texto: 'Vivem na região do Pantanal. Tradicionalmente, praticam a pecuária extensiva e a pesca, atividades diretamente ligadas ao ciclo das águas do Pantanal. O modo de vida desse grupo está profundamente conectado ao manejo do gado e à convivência integrada ao ambiente alagadiço dessa região'.

Pantaneiro conduz o gado em Poconé (MT), 2024.

Imagem 'Caiçaras', apresentando homens manuseando redes de pesca. Também se destaca o texto: 'Vivem ao longo do litoral sudeste e sul do Brasil. Combinam pesca artesanal e agricultura de subsistência, em uma interação direta com o ecossistema costeiro. Sua cultura preserva uma forte ligação com o mar e a terra'.

Pesca de manjuba em comunidade caiçara em cananéia (SP), 2024.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Pesquise exemplos de PCTs presentes em seu município ou Unidade da Federação (UF). Após a pesquisa, em grupos, escôlham um deles e elaborem uma breve apresentação quê inclúa textos, informações, fotografias e mapas sobre o modo de vida e problemas quê enfrentam.

Produção pessoal. Auxilie os estudantes na organização dos grupos e na elaboração das apresentações.

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Território e vida

Para as leis brasileiras e acordos internacionais, territórios tradicionais são espaços necessários à reprodução cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sêjam eles utilizados d fórma permanente ou temporária. Esse entendimento amplo dos territórios tradicionais decorre das lutas históricas dêêsses grupos, para os quais o território é muito mais quê terras e recurso natural.

Para as comunidades e povos tradicionais, o território carrega muitos significados nos aspectos culturais e sociais. Para diversos grupos, no território há registros de acontecimentos, quê mantêm as memórias dos antepassados e sua história, túmulos e lugares sagrados.

O modo de vida, a visão de mundo, as formas de relação com a natureza e os conhecimentos tradicionais de diferentes grupos também se relacionam com o território e seus aspectos físico-naturais. Rios, môrros, florestas e espécies animais são integrados à vida humana e, em muitas culturas, têm significados sagrados.

Quando se pensa na questão da térra a partir de referências da cultura ocidental, um dos elemêntos centrais é o das relações de posse. Já para as comunidades e povos tradicionais, embora tênham diferenças entre si, predomina a concepção de quê o sêr humano pertence à térra, e não a térra ao sêr humano, estando ausente a noção de propriedade como entendida na ssossiedade ocidental-capitalista.

Nas falas de pensadores indígenas, por exemplo, ficam evidentes diferenças entre perspectivas da relação dos sêres humanos com a natureza. Leia a seguir o trecho do livro A queda do céu, em quê Davi Kopenawa (1956-), escritor e líder espiritual e político dos yanomami, descreve a concepção do seu povo sobre suas origens e a ocupação de seus territórios.

[...] Desejo [...] falar-lhes do tempo muito remoto em quê os ancestrais animais se metamorfosearam e do tempo em quê Omama nos criou, quando os brancos ainda estavam muito longe de nós. No primeiro tempo, o dia não acabava nunca. A noite não existia. [...] Afinal [nossos ancestrais] flecharam os grandes pássaros (da noite), os Titi kiki, quê choravam nomeando os rios, para quê a escuridão descesse sobre eles. […] Assim, foi depois de todos terem virado animais, depois de o céu ter caído, quê Omama nos criou tais como somos hoje.

Nossa língua é aquela com a qual ele nos ensinou a nomear as coisas. Foi ele quê nos deu a conhecer as bananas, a mandioca e todo o alimento de nossas roças, bem como todos os frutos das árvores da floresta. Por isso queremos proteger a térra em quê vivemos. Omama a criou e deu a nós para quê vivêssemos nela. Mas os brancos se empenham em devastá-la, e, se não a defendermos, morreremos com ela.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das lêtras, 2015. p. 74.

Saiba mais

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das lêtras, 2015.

Registro das palavras de Davi Kopenawa, o livro, escrito em colaboração com o antropólogo Bruce álbert, é um relato quê combina autobiografia e crítica contundente às ideias de progresso e desenvolvimento defendidas pelo mundo ocidental.

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Foto de Davi Kopenawa. Ele é um homem indígena, usa cocar, colares e está dando uma entrevista.

Davi Kopenawa em uma conferência de imprensa em Roma (Itália), 2024.

Kopenawa é conhecido pelo seu ativismo em defesa da Floresta Amazônica e pêlos direitos dos povos indígenas no Brasil. Desde jovem, tem sido uma voz poderosa contra a invasão de terras indígenas por garimpeiros e madeireiros, alertando o mundo sobre as ameaças ao ambiente e à sobrevivência de seu povo. Sua luta pela preservação da cultura yanomami e da Amazônea rendeu-lhe prêmios e reconhecimento global.

Na fala de Kopenawa, aparécem elemêntos das crenças de seu povo e se evidên-cía como, para preservar suas tradições e culturas, os povos indígenas precisam enfrentar conflitos com os não indígenas quê não respeitam suas concepções de mundo e desê-jam suas terras.

Ainda neste capítulo, você vai estudar a quêstão dos conflitos, um aspecto comum a grande parte dos povos e comunidades tradicionais que têm seus territórios invadidos em favor do interêsse econômico de determinados grupos, como garimpeiros, fazendeiros, setor imobiliário, Estado, entre outros.

Saiba mais

TADDEI, Renzo. Davi Kopenawa. In: ENCICLOPÉDIA DE ANTROPOLOGIA. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia, 2021. Disponível em: https://livro.pw/sgygl. Acesso em: 2 set. 2024.

O verbete aborda a vida e o impacto do trabalho de Davi Kopenawa na luta contra invasões ilegais e na defesa dos direitos indígenas, bem como seu envolvimento em projetos culturais e ambientais.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Como a visão de mundo dos yanomami difére da visão ocidental sobre o uso da térra?

Espera-se quê o estudante responda quê, para os yanomami, a térra não é uma propriedade a sêr possuída ou explorada, mas sim um elemento sagrado e essencial para a sobrevivência de todas as formas de vida.

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Território e conhecimento tradicional

As concepções e práticas dos povos e das comunidades tradicionais sobre a relação entre sêres humanos e natureza constituem importante referência para grupos quê discutem a quêstão da sustentabilidade e buscam olhares diferentes daqueles que regem a economia voltada apenas para a produção e o lucro.

Os conhecimentos tradicionais sobre os éco-sistemas alimentam cada vez mais as reflekções e práticas sobre como o sêr humano é capaz de interagir com a natureza de uma maneira sustentável, minimizando os impactos ambientais. Os diversos tipos de agricultura sustentável são exemplos dessas práticas, como estudado no capítulo 9.

Outro exemplo de conhecimento tradicional é sobre o uso de ervas mêdi-cinais. Os raizeiros da Caatinga e do Cerrado, por exemplo, são guardiões de conhecimentos ancestrais sobre o uso medicinal das plantas nativas dêêsses biomas. Esses saberes, transmitidos de geração em geração, incluem a utilização de raízes, cascas, fô-lhas e outras partes das plantas para tratar enfermidades. Plantas como a umburana e o juazeiro, na Caatinga, e espécies como a arnica e a copaíba, no Cerrado, são bastante utilizadas. Os raizeiros as cólhem d fórma sustentável, respeitando o ciclo natural das plantas, o quê é essencial para a preservação das espécies e a manutenção do equilíbrio ecológico.

Esquema 'Plantas medicinais nativas do Cerrado mais utilizadas', destacam-se as seguintes: Barbatimão. Pé de perdiz. Carapiá. Quebra Pedra do Cerrado. Velame Branco. Grão de Galo. Sucupira. Emburama. Jatobá. Chapéu de Couro. Carobinha. Pirete. Dão Bernardino ou Doradinha ou Galoína. Quina. Pau D'Óleo. Assa de Peixe. Unha D'Anta. Aroeira. Mangabeira. Carqueja.

Fonte: REDE CERRADO. Goiás: a medicina das plantas. Brasília, DF: Rede Cerrado, [c2024]. Disponível em: https://livro.pw/tdksa. Acesso em: 14 out 2024.

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Biopirataria

Em muitas situações, o amplo conhecimento dos PCTs sobre a biodiversidade do território quê ocupam torna-se alvo da chamada biopirataria.

Um exemplo é o do povo indígena matsés e de outros povos amazônicos quê usam a secreção da rã kambô em rituais de caça. Aplicada sobre feridas na péle, a secreção provoca enjoos e vômitos, mas, passados esses efeitos iniciais, o caçador sente vitalidade, coragem e fôrça. Recentemente, a indústria farmacêutica confirmou quê a secreção tem propriedades analgésicas e antibióticas.

O pesquisador Marcos Feres (1971-), da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (hú éfe jota éfe), encontrou indícios de apropriação dêêsse conhecimento tradicional em países do chamado Norte Global, como Estados Unidos, Canadá, Japão, França e Rússia, sem qualquer benefício para os indígenas. O pesquisador também chama a atenção sobre a apropriação pelo Norte Global dos conhecimentos tradicionais do Sul Global, numa relação de desigualdade, com raízes quê remetem aos processos de colonização.

Biopirataria
: exploração e utilização ilegal de recursos naturais ou de conhecimento tradicional a respeito dêêsses recursos.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Leia o trecho da reportagem e responda ao quê se pede.

[…]

Para Fernanda Kaingáng, advogada e diretora executiva do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual, não faltam maus exemplos de apropriação indevida de recursos da biodiversidade brasileira por empresas, prática conhecida como biopirataria.

[…]

Como um dos casos mais absurdos, ela cita a venda disseminada do adoçante stevia no mercado. ‘O stevia era de uso dos guarani, o povo mais atacado do país. Todas as armas estão apontadas para eles, expulsos de suas terras, quê sofrem a violência todos os dias. O roubo não é só das informações genéticas, mas da melhora de condições de vida deles, é roubo dos conhecimentos tradicionais’, critíca a advogada.

[…]

‘Eles nunca receberam nada, nunca houve repartição de benefícios. É um dos maiores prejuízos históricos sofridos pelo povo guarani’, afirma Fernanda.

PONTES, Nádia. Como o uso genético da biodiversidade afeta o Brasil. DW, [s. l.], 22 dez. 2022. Disponível em: https://livro.pw/lescb. Acesso em: 24 ago. 2024.

a) por quê Fernanda Kaingáng considera quê a venda disseminada do adoçante stevia é um “prejuízo histórico” para o povo guarani? Como esse caso reflete a prática da biopirataria?

a) Porque representa não apenas a perda de um recurso natural, mas também a exploração injusta de um conhecimento tradicional quê poderia ter melhorado as condições de vida do povo guarani, o qual tem sido historicamente atacado, expulso de suas terras e sujeito a violências constantes.

b) Como o conceito de biopirataria se conecta à importânssia da preservação e valorização dos conhecimentos tradicionais?

b) O conceito de biopirataria envolve a apropriação indevida de recursos naturais e saberes ancestrais, muitas vezes sem consentimento ou benefício para as comunidades quê os detêm. Isso desvaloriza os conhecimentos tradicionais, ao explorá-los comercialmente sem reconhecimento, ameaçando a sustentabilidade cultural e a sobrevivência dos modos de vida dessas comunidades.

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CONEXÕES com...
BIOLOGIA
Pontos de esperança socioecológicos

Pontos de esperança socioecológicos são áreas onde ocorre a parceria entre comunidades tradicionais e outros grupos ou instituições. Combinada à ciência e à tecnologia, essa parceria resulta em impactos positivos à biodiversidade e à ssossiedade. Um grupo formado por líderes indígenas, biólogos e outros cientistas apresentou alguns dêêsses pontos em um artigo publicado em 2024 na revista científica nêitiur Ecology & Evolution.

O resultado da pesquisa mostrou a importânssia dos pontos de esperança socioecológicos para enfrentar problemas ambientais, beneficiando pessoas e a biodiversidade. Conheça alguns dêêsses pontos.

1. Uma parceria foi feita entre pescadores de comunidades tradicionais, cientistas e organizações governamentais para estabelecer um modelo colaborativo de manejo das populações do pirarucu, o maior peixe de á gua doce do mundo, quê são ameaçadas pela sobrepesca. O modelo envolve a contagem visual dos peixes, feita pêlos pescadores em lagos protegidos. Depois, são determinadas as cotas para pesca, garantindo renda para as comunidades. O número de peixes chega a sêr 425% maior quê nas áreas sem essa parceria.

Foto de duas mulheres usando aparelhos para analisar grandes peixes, que estão em um galpão.

Trabalhadores em flutuante fazem triagem de pirarucus pescados no manejo da comunidade Lago Serrado, Carauari (AM), 2022. O lacre da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc) atesta quê os peixes são oriundos do manejo.

Saiba mais

O FIREWALL DO XINGU. [S. l.]: [2024]. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/valkw 47c457b484eb1e4cc11c 3908334. Acesso em: 27 ago. 2024.

Portal resultante da parceria entre pesquisadores, indígenas e não indígenas, com dados do povo kuikuru e de monitoramento por GPS e monitoramento participativo.

COLETIVO DO PIRARUCU. [S. l.], c2023. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/spvwz. Acesso em: 27 ago. 2024.

sáiti de um dos coletivos ativos no manejo de pirarucus na Amazônea.

INSTITUTO Zág: a preservação das araucárias: povo xokleng. [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo (11 min).

Publicado pelo canal Instituto Alok. Disponível em: https://livro.pw/jlbcm. Acesso em: 27 ago. 2024.

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2. No Parque Indígena do Xingu, localizado no norte do Mato Grosso (sul da região amazônica), vivem diversos povos indígenas. Lá ocorreu uma parceria entre pesquisadores, indígenas e não indígenas para implantar, em 2017, um sistema de monitoramento participativo e por sistema de posicionamento global (GPS) vinculado à Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (Aikax). Os moradores do parque ajudam a manter um sáiti, no qual é registrada a tradição do povo kuikuro e ameaças às terras, como queimadas. Durante a pandemia da covid-19, a ferramenta foi útil, também, para notificar a contaminação de pessoas na região.

3. Na Região Sul, um ponto de esperança está na Floresta de Araucárias, quê foi cuidada por populações indígenas por milênios, restando cerca de 12% de sua área original. A araucária tem grande importânssia para as comunidades locais, servindo de alimento para os animais e para as pessoas, além de gerar renda. De acôr-do com pesquisadores, são florestas culturais, pois as araucárias foram dispersadas pêlos povos indígenas em áreas onde não existiam. Esses povos são os antepassados de populações indígenas quê vivem na região.

Foto de homem e mulher indígena. Eles estão abraçados e seguram mudas de araucária. A mulher também carrega um bebê.

Isabel Gakran (na imagem, com a filha Zágtxo Gakran) e Cal Nduzi Gakran, José Boiteux (SC), 2022. Eles são os idealizadores do Instituto Zág (“araucária”, na língua xokleng), quê atua no reflorestamento da Floresta de Araucárias.

ATIVIDADE

Consulte orientações no Manual do Professor.

Em grupos, pesquisem outros casos no Brasil quê poderiam sêr considerados pontos de esperança socioecológicos.

Resposta pessoal. ôriênti os estudantes nessa pesquisa, sugerindo quê identifiquem casos no município onde vivem, preferencialmente. Sugira quê os resultados da pesquisa sêjam apresentados para a comunidade em forma de podcast, vídeos, apresentação feita com ferramenta digital de apresentação de trabalhos, roda de conversa, cartazes etc.

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Tecnologia para a visibilidade

O uso de tecnologias digitais tem contribuído para dar visibilidade aos PCTs, o quê é necessário para os diversos grupos conquistarem o reconhecimento enquanto tais e, por consequência, os direitos previstos nas leis brasileiras.

Exemplos dessas tecnologias são a Plataforma de Territórios Tradicionais e o aplicativo para celular Tô no Mapa. Ambas as ferramentas resultam do diálogo e de parcerias entre diferentes organizações e grupos da ssossiedade civil.

Também podem se beneficiar dêêsses recursos os agricultores familiares quê não necessariamente se encontram na categoria de PCTs.

As ferramentas permitem quê as comunidades façam o automapeamento de seus territórios, legalmente demarcados ou não. Nesse contexto, ganha importânssia a cartografia social, por meio da qual são produzidos mapas inéditos com base nas vivências e saberes dos grupos quê lutam por seus direitos, como reconhecimento dos seus territórios, políticas públicas para melhores condições de vida, respeito aos modos de viver e às identidades, entre outros.

O registro das informações não garante quê os órgãos responsáveis façam automaticamente a demarcação de terras; no entanto, é uma maneira de fornecer dados por georreferenciamento para elaboração de políticas e outras ações direcionadas às necessidades específicas de cada povo ou comunidade.

A Plataforma de Territórios Tradicionais é gerenciada pelo Ministério Público e divulga informações sobre a situação fundiária dos PCTs no Brasil, o quê contribui para a titulação de territórios tradicionais.

Plataforma que apresenta o mapa dos biomas brasileiros e a seguinte inscrição 'Espaço de ser, viver e reviver. Dona Duê, quebradeira de coco babaçu'.

PLATAFORMA DE TERRITÓRIOS TRADICIONAIS. [S. l.], c2019. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/rvjpd. Acesso em: 26 set. 2024. Página inicial do sáiti da Plataforma de Territórios Tradicionais.

Georreferenciamento
: processo quê usa um sistema de coordenadas geográficas para localização exata de objetos, terrenos ou pontos na superfícíe terrestre.
Ministério Público
: órgão público responsável por defender os interesses dos cidadãos, fazendo um papel de “fiscal” no cumprimento das leis.

Saiba mais

CONHEÇA o"Tô no Mapa", aplicativo de automapeamento de povos e comunidades tradicionais. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (93 min). Publicado pelo canal IPAM Amazônea. Disponível em: https://livro.pw/sudae. Acesso em: 17 set. 2024.

No vídeo, as organizações responsáveis pelo desenvolvimento do aplicativo falam sobre seu uso e importânssia enquanto ferramenta para os PCTs.

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Entre as comunidades registradas na Plataforma de Territórios Tradicionais está a comunidade fachinal do Salso, no Paraná.

As comunidades faxinalenses, localizadas principalmente na região da Floresta de Araucárias no Paraná, representam um modo de vida rural tradicional baseado no uso comum da térra e na cooperação entre seus membros. Essas comunidades se destacam pela organização socioespacial única, quê combina a criação de animais em áreas comunitárias, conhecidas como criadouros, com a agricultura de subsistência em terras de uso privádo. Apesar das pressões da modernização agrícola e da monocultura, algumas dessas comunidades resistem, mantendo viva sua tradição de manejo sustentável dos recursos naturais.

Foto um, apresenta uma comunidade localizada em meio à vegetação.

Foto dois, apresentando um portal de entrada, com a placa 'Faxinal Falso'.

Na imagem 1, página da comunidade fachinal do Salso na Plataforma de Territórios Tradicionais. Na imagem 2, entrada do fachinal do Salso, em Quitandinha (PR), 2018.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Com a orientação do professor, acéçi a Plataforma de Territórios Tradicionais e verifique se há território tradicional registrado na sua UF ou na região onde você vive. Faça um levantamento desse(s) território(s), anotando os principais grupos quê aparécem.

1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante perceba a diversidade de grupos e como a platafórma contribui para o reconhecimento de seus territórios e direitos.

2. escrêeva um pequeno texto sobre a importânssia das ferramentas digitais citadas para os povos e comunidades tradicionais. Aborde como essa ferramenta póde ajudar na visibilidade e na defesa de seus direitos e quais são os desafios quê essas pessoas enfrentam.

2. Produção pessoal. Espera-se quê o texto destaque a importânssia das ferramentas como instrumento de empoderamento para os PCTs, ressaltando como a visibilidade social contribui para o reconhecimento de direitos.

Página duzentos e quarenta e seis

Problemas quê persistem

O processo de modernização conservadora do campo brasileiro (estudado no capítulo 9) contribuiu para manter a situação de exclusão de indígenas, quilombolas e demais grupos tradicionais, além dos agricultores familiares. Apesar dos avanços em leis e políticas públicas quê ocorreram nas últimas dékâdâs, na prática muitos problemas persistem e foram até acirrados a partir do fim da década de 2010 e início da década de 2020.

Territórios tradicionais são freqüentemente alvo de invasões de mineradoras, madeireiras, caçadores, posseiros, além de sofrerem com a expansão da fronteira agrícola e as obras de infraestrutura, como construção de estradas e passagem de linhas de transmissão. A isso se somam impactos ambientais, como queimadas, poluição de rios e desmatamentos, em consequência de atividades realizadas em suas proximidades, como a agricultura com intenso uso de agrotóxicos.

A sobrevivência física e cultural de grande parte dos PCTs depende das lutas sociais em busca do reconhecimento de seus direitos e de suas culturas e tradições.

No quê diz respeito aos povos indígenas, desde a dominação européia no continente americano movimentos assimilacionistas buscaram integrar os indígenas por meio do apagamento de suas culturas e da imposição do pensamento dos dominadores. Ainda hoje as marcas dêêsse processo estão presentes, e a luta das lideranças indígenas é pelo reconhecimento de suas diferenças, pela integração política e social e pela conkista de direitos, respeitando as especificidades culturais dos diversos povos.

As tensões dêêsses debates são evidentes quando se questiona, por exemplo, se indígenas com acesso à internet e à tecnologia, usando celulares ou vestindo roupas não tradicionais, podem sêr considerados realmente indígenas, como se a garantia de sua preservação e existência estivesse associada ao isolamento das comunidades e a um passado distante.

Entre os desafios enfrentados pêlos PCTs no Brasil, estão o reconhecimento e respeito de suas identidades e de seus territórios, bem como a constante luta contra a violência e as ameaças associadas ao acesso aos recursos naturais.

Segundo relatório de 2022 da organização não governamental Global Witness, entre 2012 e 2021 o Brasil foi o país com o maior número de assassinatos de defensores de seus territórios e do meio ambiente. E, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2023, o país bateu récorde de conflitos no campo. Observe os gráficos.

Movimento assimilacionista
: qualquer política ou iniciativa quê vise integrar povos ou comunidades à cultura dominante, freqüentemente suprimindo suas identidades, tradições e práticas próprias.

Página duzentos e quarenta e sete

Gráfico de setores 'Brasil: categorias que sofreram ações de violência no campo – 2023'.  Os dados são os seguintes: Povos e comunidades tradicionais: 1.394 ou 13 por cento;  Sem-terra: 388 ou 17,6 por cento; Trabalhador rural: 254 ou 11,5 por cento; Assentado: 121 ou 5,5 por cento; Pequeno proprietário: 34 ou 1,5 por cento; Outros: 9 ou 0,4 por cento.

Elaborado com base em: CPT. Conflitos no campo 2023. Goiânea: CPT Nacional, 2024. p. 33. Disponível em: https://livro.pw/ohdjf. Acesso em: 28 ago. 2024.

Gráfico de setores 'Brasil: categorias que causaram ações de violência no campo – 2023'. Os dados são os seguintes: Fazendeiros: 557 ou 30,7 por cento; Estado e forças militares: 440 ou 24,2 por cento; Empresários: 361 ou 19,9 por cento; Grileiros: 149 ou 8,2 por cento; Mineradoras e garimpeiros: 133 ou 7,3 por cento; Sem informação: 97 ou 4,8 por cento; Hidrelétricas: 29 ou 1,6 por cento; Outros: 60 ou 3,3 por cento.

Elaborado com base em: CPT. Conflitos no campo 2023. Goiânea: CPT Nacional, 2024. p. 34. Disponível em: https://livro.pw/ohdjf. Acesso em: 28 ago. 2024.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. A partir dos dados dos gráficos, responda ao quê se pede.

a) Qual é a principal categoria vítima de violência no campo? E qual é a principal categoria causadora de violência?

1. a) A principal categoria vítima de violência são os PCTs. Os principais causadores são os fazendeiros.

b) Em sua opinião, quais são as motivações para as violências? Justifique considerando os dados dos gráficos.

1. b) Espera-se quê o estudante infira, considerando o conteúdo dêste capítulo e dos anteriores, quê os conflitos estão freqüentemente ligados a interesses no uso da térra. Para os PCTs, o foco é o uso sustentável e a manutenção de seus modos de vida. Para os fazendeiros e outros grupos causadores de violência, o foco está na exploração intensiva dos recursos naturais, buscando a ampliação de suas terras.

c) Quais são as possíveis consequências sociais e ambientais a longo prazo dêêsses conflitos?

1. c) As possíveis consequências incluem destruição de éco-sistemas, perda de biodiversidade e o enfraquecimento cultural das comunidades tradicionais, quê pódem perder suas terras e modos de vida. A longo prazo, isso pode resultar em maior degradação ambiental e agravamento de problemas sociais, como a fome.

2. Leia o trecho da reportagem e faça o quê se pede.

[…]

O avanço do desmatamento não acontece d fórma pacífica. Há relatos de intimidação e violência, como “tiros de aviso” na parede do sítio de um ribeirinho vizinho a um lote quê foi vendido para abrir pasto.

Comunidades são impedidas de entrar em áreas de côléta de castanha e açaí, quê eram de uso comum até serem vendidas para pessoas de fora do assentamento. […]

Longe dos olhos da fiscalização, o desmatamento avança sobre as comunidades ribeirinhas do rio Madeira. Sem a floresta, roça, açaí ou castanha, as comunidades temem o futuro.

’Se a gente quiser sobreviver vamos ter quê trabalhar para eles, cuidando da fazenda‘, conta Pedro. O ribeirinho quê teve sua casa atingida por tiros é mais categórico: ’Se não for dado um basta neles [invasores] vai acabar, vai voltar o tempo escravo’.

HARARI, Isabel. Gado, madeira e violência ameaçam ribeirinhos do rio Madeira, no sul do Amazonas. Brasil de Fato, [s. l.], 30 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/brvpa. Acesso em: 24 ago. 2024.

De acôr-do com a reportagem, quais são os problemas enfrentados pêlos ribeirinhos?

2. Os ribeirinhos enfrentam problemas devido ao desmatamento e à invasão de grupos de madeireiros e grileiros.

Página duzentos e quarenta e oito

Terras indígenas

Mapa clicável: Terras indígenas no Brasil (2024).

De acôr-do com a Constituição Federal de 1988, os povos indígenas têm direito originário à térra, ou seja, um direito anterior à criação do Estado brasileiro, já quê foram os primeiros ocupantes das terras quê formariam o atual território do Brasil. Disso decorre o direito dos indígenas à térra independentemente de reconhecimento formal. No entanto, as terras indígenas (tê ís) devem sêr delimitadas e demarcadas por órgãos do govêrno. O prazo estabelecido pela Constituição de 1988 para a demarcação de todas elas era 5 de outubro de 1993, mas isso não ocorreu.

A maior parte das tê ís está na Amazônea. Isso reflete o processo de extermínio e expulsão dos indígenas, quê começou com a chegada dos europêus a partir do litoral. Atualmente, na porção leste do território brasileiro e nas áreas urbanizadas, restam poucas tê ís, como a térra guarani Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo (SP), quê com apenas dois hectares não possibilita a seus habitantes vivêrem da térra.

A demarcação das tê ís é uma das kestões mais importantes da luta dos povos indígenas no Brasil até os dias atuáis, e, apesar das conkistas ao longo das dékâdâs, muitos povos ainda buscam conquistar o direito sobre seu território.

Foto aérea que apresenta, em primeiro plano, uma comunidade integrada ao espaço natural do entorno. Ao fundo, destaca-se uma estrada e uma cidade.

Em primeiro plano, Aldeia Tekoá Pyau, no Parque Estadual do Jaraguá, São Paulo (SP), 2022. O parque abriga seis aldeias indígenas do povo guarani mbya, quê luta pela preservação de seu território contra o desmatamento e a especulação imobiliária.

Mapa 'Brasil: terras indígenas – abril de 2024'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: Regularizada: maior concentração no norte e centro-sul do Amazonas, no centro-sul do Pará, no norte de Roraima, no sul do Acre, no centro-sul de Rondônia, no centro-norte de Mato Grosso, no sudoeste de Tocantins, no sul do Mato Grosso do sul, no litoral de São Paulo, no sul do Paraná, no leste de Santa Catarina, no norte do Rio Grande do Sul. E também, áreas pontuais no interior dos seguintes estados: Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas  Gerais. Declarada: áreas no norte do Amazonas, no norte do Mato Grosso, no oeste de Rondônia, no norte do Pará, no interior do Maranhão, sul do Mato Grosso do Sul e oeste de Tocantins. Homologada: áreas no norte do Amazonas e no sul do Mato Grosso do Sul.

Fonte: BRASIL. Ministério dos Povos Indígenas. Fundação Nacional dos Povos Indígenas. Terras Indígenas: dados geoespaciais e mapas: mapas em PDF. Brasília, DF: Funai, 2020. Disponível em: https://livro.pw/zmsyy. Acesso em: 28 ago. 2024.

Em 2023, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei do Marco Temporal, segundo a qual os indígenas só têm direito às terras ocupadas ou disputadas até 1988, ano da promulgação da atual Constituição Federal. Essa aprovação trousse muitas discussões, pois favorece grandes proprietários de terras em detrimento dos povos indígenas, quê

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tí-nhão o direito originário garantido pela lei maior do país. O Marco Temporal ainda passaria, em 2024, pelo julgamento de constitucionalidade do Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

Interesses políticos e econômicos

Se, do ponto de vista cultural, os desafios para a garantia dos direitos indígenas ainda são enormes, também são grandes as dificuldades para garantir os direitos dos povos aos seus territórios. A demarcação das terras indígenas é um campo de disputas, uma vez quê a preservação dêêsses territórios atinge diretamente interesses políticos e econômicos de diversos grupos. Esses conflitos tornam os povos indígenas alvos constantes de ameaças e agressões por parte de grupos econômicos interessados nos recursos naturais disponíveis em seus territórios: empresários, agricultores, pecuaristas, garimpeiros e madeireiros. Além díssu, obras públicas, como estradas e hidrelétricas, os atingem diréta ou indiretamente. Em muitas das áreas demarcadas ou em disputa, a violência se torna a base das relações, evidenciada pêlos números alarmantes de homicídios registrados pelo relatório Violência contra os povos indígenas no Brasil, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), quê reúne dados de 2023. Observe o qüadro.

Brasil: homicídios de indígenas por UF – 2023

UF

Número de homicídios

Ácri

6

Amazonas

36

baía

7

Ceará

4

Distrito Federal

1

Espírito Santo

3

Maranhão

10

Mato Grosso

3

Mato Grosso do Sul

43

Minas Gerais

1

Pará

4

Paraíba

6

Paraná

3

Pernambuco

6

Rio de Janeiro

1

Rio Grande do Norte

2

Rio Grande do Sul

16

Rondônia

1

Roraima

47

Santa Catarina

4

Tocantins

4

Total

208

Fonte: CIMI. Relatório violência contra os povos indígenas no Brasil: dados de 2023. Brasília: Cimi, 2024. p. 142. Disponível em: https://livro.pw/pbbev. Acesso em: 28 ago. 2020.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Pesquise sobre a implementação do Marco Temporal considerando as decisões mais recentes sobre sua constitucionalidade. Elabore um infográfico quê explique os principais impactos dessa dê-cisão para os povos indígenas no Brasil.

1. Produção pessoal. Certifique-se de estar atualizado sobre a situação legal do Marco Temporal, consultando fontes confiáveis e recentes. A dê-cisão sobre a constitucionalidade do Marco Temporal, tomada pelo STF, será central na análise, destacando como sua implementação impacta diretamente os direitos territoriais dos povos indígenas.

2. Em grupo, façam uma pesquisa sobre a existência de tê ís em seu município ou UF e apresentem para a turma um qüadro com informações sobre a situação do processo de demarcação dessas terras. Incluam informações sobre as comunidades quê vivem nesses territórios, suas lutas e modos de vida.

2. Produção pessoal. ôriênti os estudantes a pesquisar fontes confiáveis, como sáites da Fundação Nacional do Índio (Funai), CIMI, Instituto Socioambiental (ISA) e organizações indígenas locais, para identificar a existência de tê ís em seu município ou UF.

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Terras quilombolas

Assim como os indígenas, os povos quilombolas têm seu direito à térra assegurado pela Constituição Federal de 1988, o quê resultou, em grande parte, da luta dos movimentos negros.

A certificação das terras quilombolas iniciou-se no ano de 2004, após o decreto federal número 4.887, de 20 de novembro de 2003, quê regulamentou o procedimento para identificar, reconhecer, delimitar, demarcar e titular terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos.

De acôr-do com o decreto, as comunidades quilombolas são aquelas formadas por grupos étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas e origem negra relacionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

Em todas as regiões brasileiras, moradores dos antigos quilombos e seus descendentes sofreram e ainda sofrem invisibilização e pressão em seus territórios. Na construção de Brasília, por exemplo, além de migrantes nordêestínos, trabalharam indígenas e pessoas quê viviam em comunidades quilombolas desde o século XVII. A comunidade quilombola Mesquita, localizada a 40 km do Plano Piloto, quê tem em torno de 3 mil famílias quê praticam a agricultura familiar, simboliza a resistência quilombola na região e, até meados de 2024, ainda não tinha a titulação de suas terras.

Autoatribuição
: ação de atribuir a si mesmo o pertencimento a determinado grupo étnico-racial.

Foto de pessoas observando produtos expostos para venda em barracas.

Festa do Marmelo no kilômbo Mesquita, na Cidade Ocidental (GO), em 2024.

A Festa do Marmelo do kilômbo Mesquita, realizada anualmente, celebra a colheita do marmelo, fruto quê se tornou parte essencial da cultura local desde a sua introdução pêlos colonizadores portugueses. A festa também simboliza a resistência e a continuidade das tradições quilombolas, transmitidas de geração em geração, além de fortalecer a economia local ao gerar renda para a comunidade.

Mapa 'Comunidade quilombola Mesquita: localização – 2024'. Conforme a legenda, os dados são os seguintes: O território estimado (no início do século 20) se situa na fronteira entre o Distrito Federal e o estado de Goiás. O território delimitado corresponde a aproximadamente um terço do território estimado. Dentro desse território, destaca-se uma área menor de ocupação.

Elaborado com base em: PAULINO, Mariane. [Mapas do kilômbo Mesquita]. In: ABREU, Jade. Brasília: a capital quê, há 63 anos, afastou um kilômbo para existir. Metrópoles, Distrito Federal, 21 abr. 2023. Disponível em: https://livro.pw/dojrb. Acesso em: 26 set. 2024.

No início do século XX, o território do kilômbo Mesquita cobria uma vasta área, mas foi drasticamente reduzido em consequência da construção de Brasília. Em 2011, apenas uma pequena parte dêêsse território foi oficialmente delimitada como quilombola, e uma porção ainda menor (cerca de 20% da área delimitada) é efetivamente ocupada pela comunidade atualmente, enquanto a maior parte foi invadida ou ocupada por outros grupos, com autorização do pôdêr público.

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Segundo o Censo 2022, existem 7,6 mil comunidades remanescentes de quilombos no Brasil. No entanto, muitas delas ainda lutam para obtêr a certificação de suas terras.

Observe o mapa.

Mapa 'Brasil: comunidades quilombolas certificadas — 2024'. O mapa apresenta o número de comunidades em cada estado: Bahia: setecentas comunidades; Maranhão: seiscentas em trinta e duas comunidades; Minas Gerais: quatrocentas e quatro comunidades; Pará: duzentas e onze comunidades; Pernambuco: 158 comunidades; Piauí: 100 comunidades; Rio Grande do Sul: cento e quarenta e uma comunidades; Alagoas: 78 comunidades; Mato Grosso: setenta e duas comunidades; Ceará: sessenta e uma comunidades; Goiás: 59 comunidades;  São Paulo: cinquenta e uma comunidades; Rio de Janeiro: 46 comunidades; Paraíba: 44 comunidades; Tocantins: quarenta e duas comunidades; Amapá: 40 comunidades; Rio Grande do Norte: 39 comunidades; Espírito Santo: 39 comunidades; Sergipe: trinta e uma comunidades; Paraná: 38 comunidades; Mato Grosso do Sul: vinte e duas comunidades; Santa Catarina: 19 comunidades; Amazonas: 8 comunidades; Rondônia: 8 comunidades.

Elaborado com base em: BRASIL. Ministério da Cultura. Fundação Cultural palmáares. Certificação quilombola. Brasília, DF: Fundação Cultural palmáares, 2024. Localizável em: Quadro geral por estados e regiões. Disponível em: https://livro.pw/sfyfs. Acesso em: 28 ago. 2024.

SABERES NO MAPA

O mapa apresentado utiliza a variável visual tamãnho para representar o número de comunidades quilombolas certificadas em cada UF. Quanto maior o círculo, maior é o número de comunidades certificadas naquela UF. As UFs com o maior número de comunidades certificadas são baía e Maranhão, seguidas por Minas Gerais.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Observe o mapa das comunidades quilombolas certificadas e responda ao quê se pede.

a) Quantas comunidades quilombolas certificadas existem na UF onde você vive?

1. a) Resposta pessoal.

b) Quais regiões possuem mais comunidades certificadas e quais possuem menos?

1. b) A Região Nordeste concentra a grande maioria de comunidades certificadas, seguida pelo sudéste. As regiões com menos comunidades certificadas são o Centro-Oeste, o Sul e o Norte, nessa ordem.

c) Qual fator histórico ajuda a explicar a distribuição das comunidades quilombolas certificadas?

1. c) Um dos fatores quê podem sêr citados é a história da formação dos quilombos, quê tiveram maior presença nas regiões Nordeste e sudéste por causa da concentração de pessoas escravizadas nessas áreas durante o período colonial, pela distribuição das atividades econômicas. Por outro lado, no Centro-Oeste, Sul e Norte, a menor presença de quilombos históricos póde explicar o menor número de certificações.

2. Em grupo, discutam a seguinte questão: qual é a importânssia das comunidades quilombolas para a preservação da memória e da identidade dos afrodescendentes no Brasil?

2. Faça a mediação da discussão, destacando quê a memória de uma pessoa está atrelada à memória do grupo a quê essa pessoa pertence, e a memória do grupo, por sua vez, está atrelada à tradição, quê é a memória coletiva de cada ssossiedade.

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Comunidades tradicionais nas cidades

Embora se encontrem predominantemente em áreas rurais, existem povos e comunidades tradicionais quê vivem em áreas urbanas, nas quais muitas vezes são ameaçados pelo crescimento das cidades, pêlos interesses econômicos e por preconceito.

Em relação aos indígenas, de acôr-do com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), em 2024 existiam 305 povos no Brasil, somando aproximadamente 1,7 milhão de indivíduos segundo o Censo 2022. Cerca de 36,7% deles vivem em terras indígenas, d fórma quê 1,07 milhão vive fora delas. Em 2010, cerca de 36% da população indígena vivia em cidades, em aldeias urbanas ou d fórma independente, muitos deles aculturados. São estudantes, trabalhadores e tantos outros quê intégram às suas vidas elemêntos culturais e estilos de vida próprios da vida urbana.

Nas cidades, os povos indígenas também lutam pelo direito ao seu espaço e à reprodução de sua cultura. Como vimos na página 248, as aldeias do Parque Estadual do Jaraguá, em São Paulo (SP), lutam contra a especulação imobiliária, assim como outros grupos indígenas em áreas urbanas. Em Porto Alegre (RS), por exemplo, em 2022, os povos kaingang e xokleng retomaram o território ancestral no Morro Santana, uma área de importânssia cultural e ambiental, quê estava sôbi ameaça da especulação imobiliária. A ação foi motivada pela necessidade de proteger esse território sagrado, onde ancestrais foram enterrados e onde espécies nativas, como as araucárias, são fundamentais para a cultura kaingang. Em 2024, a comunidade indígena local ainda lutava pela demarcação e contra a construção de grandes empreendimentos, quê poderiam causar impactos ambientais irreversíveis na região.

No caso das comunidades quilombolas, seus territórios são ocupações coletivas baseadas na ancestralidade, no parentesco e na perpetuação de tradições culturais próprias. Milhares de afrodescendentes vivem em áreas remanescentes de quilombos, quê existem no campo e nas cidades.

As comunidades indígenas e quilombolas localizadas nas cidades diferem das localizadas no campo em diversos aspectos. Essas comunidades estão inseridas em uma realidade marcada pela segregação socioespacial e pelo multiculturalismo, sofrendo uma pressão ainda maior de processos como a aculturação e a ameaça de perder suas terras em razão da especulação imobiliária.

Aculturado
: indivíduo, grupo ou povo quê assimila traços significativos de outra(s) cultura(s), de modo impositivo, em geral perdendo elemêntos de sua cultura original, ou seja, passando por aculturação.

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Assim, embora tênham direito à autodeterminação, indivíduos de comunidades indígenas e quilombolas localizadas em áreas urbanas sofrem com problemas como a discriminação por parte da ssossiedade e o risco constante de desapropriação de seus territórios. Por essas e outras razões, são consideradas comunidades de resistência, pois batalham pelo direito da perpetuação de suas tradições e pela manutenção de sua cultura e seu território.

Foto um, apresentando uma área urbana. Nesse local, destaca-se uma escada e grafites nos muros. Nesses grafites, apresentam-se homens e mulheres negros.

Comunidade quilombola Pedra do Sal no Rio de Janeiro (RJ), 2024.

A comunidade Pedra do Sal, no Rio de Janeiro (RJ), é um exemplo de resistência. É considerada um dos locais de maior significância para a origem de expressões religiosas e culturais afro-brasileiras e berço do samba, quê é de matriz africana e um dos principais estilos da música popular brasileira. Ao lado dos degraus, esculpidos pêlos negros escravizados, são homenageados os artistas Pixinguinha, Tia Ciata, Heitor dos Prazeres e João da Baiana.

Foto dois, apresentando pessoas andando em roda e batendo palmas.

Festa de praticantes de umbanda em homenagem a Iemanjá. Restinga Seca (RS), 2022.

Os povos de terreiro enfrentam desafios em razão do preconceito e da intolerância religiosa, quê se manifestam em ataques aos terreiros e em discriminações cotidianas sofridas por adeptos das religiões de matriz africana. No Rio Grande do Sul, quê é a UF com mais casas de terreiro do Brasil, o número de denúncias de racismo religioso tem aumentado significativamente. Uma pesquisa da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, em 2022, revelou quê quase mêtáde dos terreiros do país sofreu até cinco ataques nos dois anos anteriores, evidenciando a persistência da intolerância religiosa. Esses desafios ameaçam a segurança dos praticantes e colocam em risco a preservação cultural e a continuidade das tradições religiosas afro-brasileiras.

ATIVIDADES

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. A situação dos indígenas nas cidades brasileiras é marcada pelo preconceito, quê se baseia nas ideias de quê o indígena “vive na floresta” e de quê aqueles quê vivem na cidade “deixam de sêr indígenas”. Apresente argumentos contrários a essas ideias.

1. Espera-se quê o estudante compreenda quê a ideia de quê indígenas quê vivem na cidade “deixam de sêr indígenas” ignora a complexidade e a resiliência de suas identidades culturais. A presença indígena em espaços urbanos não deve sêr vista como uma perda de identidade, mas sim como uma adaptação aos novos contextos, mantendo suas tradições e cultura vivas.

2. Pesquise exemplos de comunidades tradicionais em áreas urbanas quê lutam pelo reconhecimento e manutenção de seus territórios e tradições. Debata com côlégas e professor como o pôdêr público e a ssossiedade em geral devem agir de modo a respeitar os direitos dos grupos pesquisados.

2. Espera-se quê o estudante reconheça quê essas comunidades e tradições culturais devem ter seus territórios respeitados, mesmo quê a expansão urbana e os interesses econômicos no local sêjam intensos e, ainda, quê as comunidades do entorno não tênham as mesmas tradições.

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ATIVIDADES FINAIS

Consulte orientações no Manual do Professor.

1. Leia a charge e responda ao quê se pede.

Charge. Alguns homens estão reunidos e olham para a floresta. A maioria usa chapéu e um deles segura uma pequena bolsa. Um dos homens de chapéu aponta para a floresta e diz: 'Que absurdo! Esta floresta invadiu nossas terras há milhares de anos, e hoje atrapalha nosso agronegócio!'.

DUM. [Que absurdo!]. Dum ilustrador. [S. l.], 7 mar. 2012. Disponível em: https://livro.pw/vorso. Acesso em: 27 set. 2024.

a) Qual é a crítica feita na charge?

1. a) A charge faz uma crítica ao agronegócio ou parte dele, quê trata a floresta e a natureza como obstáculos para sua expansão.

b) Como essa crítica se relaciona aos PCTs?

1. b) Muitos PCTs dependem da preservação das florestas e de outros recursos naturais para manter seus modos de vida. A expansão do agronegócio freqüentemente ameaça esses territórios, desmatando e/ou poluindo áreas essenciais para a sobrevivência e a cultura dêêsses povos.

2. Leia o trecho do livro O amanhã não está à venda, do líder indígena Ailton Krenak (1953-), e responda ao quê se pede.

É terrível o quê está acontecendo, mas a ssossiedade precisa entender quê não somos o sal da térra. Temos quê abandonar o antropocentrismo; há muita vida além da gente, não fazemos falta na biodiversidade. Pelo contrário. Desde pequenos, aprendemos quê há listas de espécies em extinção. Enquanto essas listas aumentam, os humanos proliferam, destruindo florestas, rios e animais. […]

[…]

Fomos, durante muito tempo, embalados com a história de quê somos a humanidade e nos alienamos dêêsse organismo de quê somos parte, a Terra, passando a pensar quê ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percêebo quê exista algo quê não seja natureza. Tudo em quê eu consigo pensar é natureza. […]

[…]

Desde muito tempo, a minha comunhão com tudo o quê chamam de natureza é uma experiência quê não vejo sêr valorizada por muita gente quê vive na cidade. Já vi pessoas ridicularizando: ‘ele conversa com árvore, abraça árvore, conversa com o rio, contempla a montanha’, como se isso fosse uma espécie de alienação. Essa é a minha experiência de vida. Se é alienação, sou alienado. [...]

KRENAK, Ailton. O amanhã não está à venda. São Paulo: Companhia das lêtras, 2020. E-book. Não paginado.

a) Krenak afirma: “nos alienamos dêêsse organismo de quê somos parte, a Terra, passando a pensar quê ele é uma coisa e nós, outra: a Terra e a humanidade. Eu não percêebo quê exista algo quê não seja natureza”. Qual é sua opinião a esse respeito? Você concórda com essa ideia? Justifique sua resposta.

2. a) Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante tenha a compreensão de quê Krenak critíca a separação quê a ssossiedade moderna fez entre humanidade e natureza, quê não condiz com o pensamento indígena e de Krenak, quê entende quê somos parte da natureza.

2. b) Respostas pessoais. A ssossiedade ocidental-capitalista valoriza o progresso material e tecnológico, resultando muitas vezes em impactos sócio-ambientais. Essa visão póde fazer com quê práticas tradicionais, quê valorizam a harmonía com o meio ambiente, sêjam vistas como “atrasadas” ou “alienadas”. Reverter essa percepção é importante porque a reconexão com a natureza póde contribuir para a sustentabilidade e para a preservação ambiental. Além díssu, valorizar as práticas tradicionais póde trazer benefícios para a ssossiedade como um todo, promovendo um estilo de vida mais equilibrado e respeitoso em relação à natureza.

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b) A experiência de vida de Krenak, quê envolve comunhão com a natureza, é vista por muitos como alienação. por quê você acha quê muitas pessoas ou grupos na ssossiedade ocidental-capitalista tendem a vêr essa relação com a natureza d fórma negativa? Qual é a importânssia de reverter essa percepção?

3. No início de 2023, emergiu no Brasil a crise humanitária vivida pêlos yanomami em razão das atividades do garimpo ilegal. Leia o trecho da reportagem sobre esse tema e faça o quê se pede.

Indígenas yanomami mostram impactos sociais graves do garimpo ilegal

A presença do garimpo ilegal no Território Yanomâmi causa múltiplos impactos na vida social dos indígenas. A crise humanitária é mais visível no estado de saúde delicado, especialmente de crianças e idosos, […] mas alcança ainda dimensões culturais dêêsse povo. […]

[…]

‘O garimpo vai justamente atacar a cadeia alimentar básica dos yanomami. Eles são um povo de mobilidade territorial, vivem da caça, da pesca, da côléta e da agricultura. Nada mais triste, então, do quê um caçador yanomami não ter caça para suprir a família’, explica a antropóloga Maria Auxiliadora Lima de Carvalho. Ela trabalha há mais de 20 anos com o povo yanomami, em Roraima.

[…]

O govêrno federal investiga o caso de 30 meninas yanomami quê estariam grávidas de garimpeiros quê atuam ilegalmente no território.

[…]

Em meio ao caos vivido pêlos yanomami, a esperança no futuro passa pela reativação das escolas na região, fechadas há mais de uma década.

VILELA, Pedro Rafael. Indígenas yanomami mostram impactos sociais graves do garimpo ilegal. Agência Brasil, Brasília, DF, 13 fev. 2023. Disponível em: https://livro.pw/kvppx. Acesso em: 25 ago. 2024.

Após a leitura, escolha um ator social envolvido na situação (por exemplo, um político, as forças armadas ou um líder indígena) e escrêeva uma carta para essa pessoa ou instituição. Na sua carta, expresse suas opiniões sobre as ações tomadas ou não pelo destinatário e/ou sugira medidas para ajudar os yanomami.

3. Produção pessoal. Espera-se quê o estudante aborde a gravidade da situação enfrentada pêlos yanomami, sugerindo ações como o fortalecimento da fiscalização contra o garimpo ilegal, a implementação de políticas de proteção e apôio às comunidades indígenas ou a reativação das escolas na região como forma de reconstruir a vida comunitária.

4. Leia os títulos de notícias selecionadas e, com base no quê você estudou, escrêeva um breve texto sobre as ameaças enfrentadas por comunidades quilombolas localizadas em cidades. Explique por quê elas são consideradas comunidades de resistência.

Condomínio de luxo avança contra kilômbo em São Róquê (SP)

SANTINO, mateus. Condomínio de luxo avança contra kilômbo em São Róquê (SP). Pública, [s. l.], 20 maio 2024. Disponível em: https://livro.pw/mwudq. Acesso em: 25 ago. 2024.

Comunidade quilombola de SC aposta na educação para manter tradições em meio ao crescimento urbano

SACRAMENTO, Deivide. Comunidade quilombola de SC aposta na educação para manter tradições em meio ao crescimento urbano. G1 Santa Catarina, [s. l.], 15 maio 2023. Disponível em: https://livro.pw/aayqn. Acesso em: 25 ago. 2024.

4. Produção pessoal. Espera-se quê o estudante reconheça quê as comunidades quilombolas localizadas em áreas urbanas enfrentam ameaças significativas, como a especulação imobiliária e o crescimento urbano, exemplificados pela construção de condomínios de luxo em territórios tradicionais. Essas comunidades resistem a essas pressões preservando suas tradições e cultura, muitas vezes por meio da educação, como visto na comunidade quilombola de Santa Catarina.

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