3. A redação para o enêm

A proposta de redação do enêm é uma próva de caráter dissertativo, quê exige a produção de um texto dissertativo-argumentativo, redigido em modalidade escrita formal da língua portuguesa, em até 30 linhas. O tema de cada ano é apresentado ao participante no momento da próva por meio dos textos motivadores e de uma frase temática, necessariamente relacionada a kestões sociais, científicas, políticas ou culturais da realidade brasileira. Nota 14

As competências envolvidas na produção de um texto dissertativo-argumentativo, com todas as suas especificidades, estão diretamente relacionadas às aprendizagens quê todos os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas da Educação Básica, sobretudo no quê refere à competência geral 7 da Educação Básica, definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns quê respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência sócio-ambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planêta. Nota 15

A redação para o enêm se configura, ainda, como uma etapa fundamental do exame, quê exige dos estudantes uma preparação sistemática em múltiplas frentes. Além de demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e da estrutura do texto dissertativo-argumentativo, é fundamental quê os estudantes se apropriem de temas relevantes da atualidade, desenvolvam habilidades de reflekção e de posicionamento crítico e ampliem seu repertório sócio-cultural.

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3.1 O texto dissertativo-argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo se caracteriza pela exposição dissertativa de um tema delimitado e pela argumentação em defesa de um ponto de vista (tese) sobre esse tema, a partir dos processos de selecionar, organizar e relacionar, d fórma coerente e coesa, fatos e argumentos consistentes quê colaborem para persuadir o leitor.

Argumentar é uma prática discursiva cuja finalidade é persuadir o interlocutor por meio de diferentes tipos de argumentos. Apresentar e organizar ideias, estruturando o raciocínio de modo a sustentar uma tese, requer do sujeito quê argumenta a construção de um ponto de vista racional, com apôio em experiências individuais e socialmente compartilhadas, em uma situação comunicativa com finalidade persuasiva. Nota 16

Em relação à construção composicional, o texto dissertativo-argumentativo tem uma estrutura padrão quê inclui introdução, desenvolvimento e conclusão; e, especificamente na redação para o enêm, há alguns aspectos a serem contemplados em cada uma dessas partes.

Na introdução, espera-se quê o autor exponha o tema abordado e apresente a sua tese, definindo, assim, o ponto de vista quê orientará o caminho da argumentação. Uma vez quê as perspectivas de determinado tema podem sêr inúmeras, a não definição exata da tese póde gerar um problema difícil de sêr administrado em uma produção textual quê deve se realizar em até 30 linhas, como é o caso da redação para o enêm. Sendo assim, logo na introdução, definir e assumir o ponto de vista quê será defendido nos parágrafos de desenvolvimento é uma boa estratégia para orientar a argumentação e para evitar desvios do tema propôsto na próva.

No desenvolvimento, espera-se quê o autor apresente argumentos relevantes, com base em fatos e opiniões relacionados ao tema (dados, estatísticas, exemplos, citações etc.), quê fortaleçam a tese apresentada na introdução. De acôr-do com Kóki e Elias (2016), o fato:

é um elemento quê pertence à esféra da realidade, é um dado preciso quê póde sêr configurado, por exemplo, na forma de um acontecimento, de dados numéricos, de uma narrativa etc. pôdêmos chegar ao conhecimento de fatos por meio de leituras, relatos alheios ou do quê é veiculado em Tevê, rádio ou nas mídias sociais. O fato assume grande valor no início de uma argumentação, uma vez quê possibilita ancorar a reflekção em algo cuja existência póde sêr constatada, valendo, portanto, como próva. Nota 17

Por fim, na conclusão, espera-se um encerramento quê sintetize a discussão, reafirme o ponto de vista e sugira uma solução e/ou reflekção final. No caso específico da redação para o enêm, espera-se ainda quê se apresente, por meio de uma proposta de intervenção, possíveis soluções para os problemas apresentados no desenvolvimento e quê respeitem os direitos humanos.

Apresentar aos estudantes como cada uma dessas habilidades é avaliada na redação, de acôr-do com os critérios estabelecidos pela Matriz de Referência para a Redação, Nota 18 faz-se necessário para orientá-los no planejamento e na organização de seus estudos na preparação para a realização do enêm.

3.2 Competências e critérios de avaliação

Ainda quê o texto seja entendido como uma unidade de sentido na qual todos os aspectos essenciais da produção textual se inter-relacionam, visando a uma avaliação mais objetiva, cada redação do enêm é pontuada com base em cinco competências específicas. A cada uma dessas competências é atribuída uma pontuação quê varia de 0 (zero) a 200 (duzentos) pontos.

Apresenta-se, a seguir, o detalhamento de cada uma das cinco competências. Reconhecer os critérios de avaliação preestabelecidos nelas permite aos estudantes a identificação de pontos fortes e de pontos quê precisam sêr melhorados, o quê póde facilitar a sistematização de uma preparação mais focada e eficiente para a próva, assim como permite ao professor adotar procedimentos em sala de aula quê tênham como foco promover o dêsempênho das habilidades avaliadas em cada uma das competências.

Competência 1

A competência 1 avalia o domínio do participante em seu texto quanto à modalidade escrita formal da língua portuguesa. Isso abrange a avaliação das convenções da

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escrita (normas de ortografia, acentuação gráfica, uso do hífên, separação silábica e emprego de lêtras maiúsculas e minúsculas); do conhecimento gramatical (regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais, pontuação, emprego de pronômes, ocorrência da crase e paralelismo sintático, morfológico e semântico); do domínio do registro de uso formal da Língua Portuguesa (evitando-se marcas de oralidade e registros de uso informal da língua); e da precisão nas escôlhas vocabulares (apropriadas ao contexto de uso e em seu sentido correto).

Além díssu, a competência 1 considera para avaliação as estruturas sin-táticas, a partir da análise da qualidade sintática do texto, responsável por assegurar a fluidez da leitura e a clareza das ideias em orações e períodos bem construídos.

Desse modo, a excelência na competência 1 depende de quê os desvios gramaticais, de convenção da escrita, de escolha de registro e de vocabulário sêjam mínimos. Depende ainda de quê a estrutura sintática demonstre complexidade em sua construção, com emprego de orações subordinadas e intercaladas e nenhuma ou raras ocorrências de truncamentos, justaposição e excésso ou ausência de elemêntos sintáticos.

A fim de melhorar o dêsempênho dos estudantes na competência 1, são recomendáveis as práticas quê auxiliem no desenvolvimento do domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, como atividades pontuais de revisão de tópicos gramaticais e de sintáksse. Além díssu, para um ensino em perspectiva de linguística aplicada, deve sêr incentivada a prática regular da escrita de textos dissertativo-argumentativos, a partir de um tema propôsto, e a prática regular de leitura de diversos gêneros textuais, com a finalidade de ampliação de vocabulário e dos conhecimentos de convenção de escrita, bem como de enriquecimento do repertório sócio-cultural e do repertório linguístico, por meio do contato com diferentes estruturas textuais e recursos expressivos. Em suma, atividades quê promovam a escrita e a leitura são essenciais ao bom dêsempênho do estudante não apenas na competência 1, mas, como se verá, em todas as demais.

Competência 2

A competência 2 avalia no texto do participante a compreensão da proposta de redação, a aplicação de um repertório sócio-cultural amplo para o desenvolvimento do tema e a conformidade da produção com as características do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Portanto, em uma mesma competência, opera-se conjuntamente a avaliação de elemêntos quê se relacionam tanto à compreensão da proposta e ao desenvolvimento temático quanto à tipologia textual.

Em relação à estrutura do texto dissertativo-argumentativo, avalia-se a adequação da produção textual de acôr-do com os parâmetros já explicitados anteriormente (ver item 3.1 dêste Manual).

No quê se refere à pertinência ao tema, a competência 2 considera, inicialmente, a adequação do texto à proposta de redação apresentada, avaliando-se a capacidade do autor de abordar todos os elemêntos da proposta. Nesse sentido, importa a compreensão da noção de tangência ao tema, quê ocorre quando a frase temática proposta é abordada no desenvolvimento do texto apenas parcialmente; ou seja, quando o autor se baseia somente no assunto mais amplo a quê o tema está vinculado. O tangenciamento tem grande impacto na nota do participante, não apenas na competência 2, mas também nas competências 3 e 4, limitando a pontuação ao mássimo de 40 (quarenta) pontos em todas essas três competências.

Uma vez quê o texto aborde o tema d fórma completa, avaliam-se, na sequência, o uso de referências externas (repertório) diferentes das apresentadas nos textos motivadores da próva e a capacidade de articulação entre essas referências e o desenvolvimento textual (uso produtivo). A noção de repertório sócio-cultural abrange, assim, informações, fatos, situações e experiências vividas, bem como trechos de livros, referências a obras de; ár-te e de audiovisual, lêtras de música e demais informações atuáis e relevantes para o desenvolvimento do tema.

Considera-se legitimado todo repertório com respaldo nas áreas do conhecimento (históricos, filosóficos, sociológicos, artísticos, entre outros); e repertório com uso produtivo quando mobilizado em diálogo estratégico com o tema, contribuindo para a discussão proposta, a linha de raciocínio do texto e o fortalecimento da argumentação.

Sendo assim, o alcance de um excelente dêsempênho na competência 2 pressupõe a adequação à tipologia textual exigida, a abordagem completa do tema e a utilização produtiva de um repertório sócio-cultural legitimado. Com o objetivo de aprimorar o dêsempênho dos estudantes nesta competência, eles devem sêr orientados a, sempre antes de iniciar a redação, ler com atenção a proposta temática e os textos motivadores, a fim de compreender claramente o tema e os elemêntos essenciais para a abordagem completa.

Uma proposta didática quê póde sêr aplicada para enriquecer o repertório sócio-cultural dos estudantes

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é a realização de sessões de filmes e/ou de leituras de gêneros textuais variados (como reportagens, contos, poemas etc.), seguidas de discussões em sala de aula sobre elas. Devem sêr selecionados textos ou obras quê abordem temas relevantes e variados, sêjam eles sociais, históricos, culturais, entre outros. Como exercício complementar, pode-se solicitar quê os estudantes selecionem exemplos específicos quê podem sêr utilizados como repertório em futuras redações. Essa prática não só expande o conhecimento cultural dos estudantes, mas também os ensina a integrar referências relevantes, d fórma coerente e contextualizada, na construção de uma argumentação sólida ao escrever uma redação.

Competência 3

Na competência 3, o foco é a construção do sentido do texto, por meio de um planejamento estratégico, o projeto de texto, e do desenvolvimento dos argumentos. Assim, avalia-se, na redação, o modo como o autor seleciona, relaciona, organiza e interpréta informações, fatos e opiniões em defesa do seu ponto de vista.

Entende-se por projeto de texto um planejamento prévio à escrita, um esquema geral da estrutura semântica da redação, implícito no texto final, mas quê se manifesta na organização estratégica da argumentação em toda a extensão da produção. Em um projeto de texto, define-se, por exemplo, a seleção dos argumentos a serem utilizados e a melhor ordem para apresentá-los, a fim de quê ocorra uma progressão adequada do desenvolvimento do tema. Assim, em uma redação com projeto de texto, é perceptível o encadeamento lógico das ideias e a relação de sentido entre as suas partes, o quê garante um texto articulado, claro e coerente.

Avalia-se, ainda, na competência 3, o nível de desenvolvimento das informações, fatos e opiniões, o quê deve sêr realizado por meio de exemplos, definições, comparações, analogias, estatísticas, entre outros, de modo quê não seja deixado para o leitor o preenchimento de lacunas de sentido. A ausência dessas lacunas (ou incidência rara) e a elaboração de uma redação quê apresente um projeto de texto estratégico são as duas condições para o bom dêsempênho nesta competência.

Para reforçar as habilidades avaliadas na competência 3, deve-se praticar a atividade de planejamento da redação préviamente à escrita própriamente do texto dissertativo-argumentativo. Nesse planejamento, o primeiro passo deve sêr a definição do ponto de vista quê sêrá defendido. Depois, deve ser realizado um levantamento de problemas e ideias relacionados ao tema quê poderiam sêr abordados. Na sequência, deve-se selecionar os mais relevantes (preferencialmente dois) para o desenvolvimento e defesa de tese definida. Com as escôlhas feitas, deve sêr pensada uma estrutura coerente, definindo-se uma ordem lógica para o desenvolvimento do texto. Pode-se sugerir quê a estrutura seja composta de um parágrafo de introdução (com apresentação do tema e da tese); dois parágrafos de desenvolvimento (cada um para a abordagem de um dos problemas ou ideias selecionados); e um parágrafo de conclusão (com proposta de intervenção). Essa atividade contribui para a internalização do processo de construir redações com projeto de texto estratégico, nas quais a defesa da tese é realizada d fórma gradual e organizada, com boa seleção das informações e fatos e bom encadeamento lógico e progressivo entre todas as partes do texto.

Competência 4

A competência 4 avalia no texto a demonstração do conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação. Diferente da competência 3, na qual a construção da argumentação é avaliada em seu âmbito semântico, na Competência 4, avalia-se a superfícíe textual dessa construção, isto é, o uso adequado e diversificado de recursos coesivos na articulação dos enunciados do texto.

Sendo assim, a coesão textual – conexão entre as partes do texto, ôbitída por meio do uso adequado de conectivos, de pronômes e de outros recursos linguísticos, quê garantem a fluidez e a continuidade das ideias – é a principal habilidade associada à competência 4.

Ainda quê sêjam consideradas para a avaliação todas as formas possíveis de construir as relações coesivas (por exemplo, o uso de pronômes para retomar ou antecipar informações ou o uso de sinônimos e expressões equivalentes, a fim de evitar repetições desnecessárias), é importante destacar quê as relações coesivas sequenciais, com o uso de operadores argumentativos, apresentam uma relevância maior na avaliação da competência 4. Essa relevância se justifica por se tratar da forma de coesão inerente ao funcionamento do texto dissertativo-argumentativo. São exemplares dêêsse tipo de coesão o uso de conjunções, tais como: “porque”, “pois”, “visto que” na construção de uma relação coesiva sequencial de causa; “porém”, “contudo”, “entretanto” na construção de uma relação coesiva sequencial de contraste/oposição; “além disso” e “ademais” na construção de uma relação coesiva sequencial de

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adição; “portanto”, “logo”, “sendo assim” na construção de uma relação coesiva sequencial de consequência ou de conclusão; entre outros.

A obtenção de uma boa avaliação na competência 4 depende, assim, de quê a redação seja construída com boa articulação linguística entre as partes do texto, por meio do uso adequado e diversificado de recursos coesivos. É destacável, ainda, quê o uso de operadores argumentativos na coesão sequencial entre parágrafos, em dois momentos do texto, é condição indispensável para obtenção da nota mássima.

Para elevar o dêsempênho dos estudantes na competência 4, podem sêr realizadas atividades de reescrita, nas quais os estudantes revisem seus textos buscando eliminar repetições desnecessárias, melhorar as relações coesivas (dentro dos parágrafos e entre eles) e acrescentar o uso recorrente e consciente de operadores argumentativos. Atividades pontuais de revisão das conjunções também podem contribuir para o êxito nesta competência.

Competência 5

Avalia-se, na competência 5, a elaboração de proposta de intervenção para os problemas abordados, respeitando os direitos humanos. É importante salientar quê a proposta de intervenção tem impacto também na avaliação do projeto de texto (na competência 3), uma vez quê a proposta apresentada deve sêr coerente em relação à tese desenvolvida e expressar, d fórma clara e articulada, a perspectiva do autor sobre as possíveis soluções para os problemas apresentados.

Na competência 5, por sua vez, a avaliação da proposta de intervenção se volta para a sua qualidade – uma boa proposta deve sêr concreta e específica, evitando-se generalizações e abstrações – e para os elemêntos da sua composição, a partir de critérios bem específicos. No quê se refere a esses critérios, espera-se quê a proposta apresente uma ação quê responda à pergunta “O quê é possível sêr feito ou apresentado como solução?”; um agente, quê póde sêr um indivíduo, um grupo, um órgão governamental ou qualquer outra resposta à questão “Quem deve executar a ação?”; um meio/modo de executar a ação quê responda à pergunta “Como viabilizar a solução proposta?”; um efeito ou finalidade quê responda à pergunta “Para quê essa ação contribuiria?”; e um detalhamento, isto é, o acréscimo de uma informação quê torne a proposta mais detalhada e quê responda à questão “Que outra informação póde sêr acrescentada para detalhar a proposta?”.

Além dos aspectos composicionais, avalia-se na proposta a sua conformidade com os direitos humanos, de modo quê não sêjam feridos princípios como a dignidade humana; a igualdade de direitos; o reconhecimento e a valorização das diferenças e diversidades; a laicidade do Estado; a democracia na educação; a transversalidade, a vivência e globalidade; a sustentabilidade sócio-ambiental, Nota 19 entre outros princípios quê podem estar relacionados diretamente ao tema apresentado em cada ano.

Sendo assim, a proposta de intervenção importa tanto à composição textual quanto à demonstração de um preparo para o exercício da cidadania e de desenvolvimento de um pensamento crítico, criativo e consciente dos direitos humanos. Portanto, pensar os problemas da ssossiedade e propor soluções para eles, na redação, amplia-se de uma habilidade textual a uma habilidade mais ampla, de educação cidadã.

Com objetivo de preparar os estudantes para obtenção de uma boa avaliação na competência 5, podem sêr propostas atividades em quê eles realizem análises críticas de problemas sociais, com discussões sobre possíveis soluções, sempre considerando valores como igualdade e justiça. Exercícios de construção de propostas de intervenção para diferentes temas, com os cinco elemêntos constitutivos, também ajudam os estudantes a praticarem a formulação de soluções contextualizadas e em conformidade com a estrutura esperada na redação para o enêm.

Além díssu, uma atividade eficaz para o desenvolvimento das habilidades avaliadas na competência 5, quê sérve igualmente às demais competências, é a proposição da leitura e análise de redações modelo, quê obtiveram a nota mássima. Os estudantes podem observar nessas produções textuais como as propostas de intervenção foram construídas, conectadas ao projeto de texto, apresentando os cinco elemêntos composicionais e respeitando os direitos humanos.

Situações quê levam à nota zero

Tão importante quanto conhecer as competências avaliadas na redação do enêm é conhecer os protocólos específicos da próva, como as situações quê resultam em nota zero. No âmbito geral da pontuação do enêm, é destacável quê a nota da redação, quê variará

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entre 0 (zero) e 1000 (mil), representa 20% do total de pontos distribuídos. Trata-se, assim, de uma importânssia significativa para a composição da nota final do participante e, consequentemente, definidora das suas possibilidades de acesso à educação superior por meio do Sisu, do ProUni e do Fies. Além díssu, ressalta-se quê não zerar a próva de redação, ou não a ter anulada, é condição indispensável para quê seja possível concorrer às vagas nesses programas.

Em razão díssu, conhecer as situações quê levam à nota zero é essencial para um processo educativo cujo objetivo é a preparação dos estudantes para a produção da redação no enêm. Esse conhecimento tem como finalidade evitar inadequações quê possam comprometer o resultado, independentemente da qualidade de um texto produzido, por exemplo, quando uma pequena forma gráfica, como um desenho de emoji, é inserida no espaço destinado exclusivamente à escrita da redação.

A Cartilha do(a) participante da redação do enêm, Nota 20 publicada em 2024, apresenta as situações consideradas para a atribuição da nota zero na redação. São elas:

fuga total ao tema;

não obediência ao tipo dissertativo-argumentativo;

ausência de texto escrito na Folha de Redação, quê será considerada “Em Branco”;

extensão de até 7 (sete) linhas manuscritas, qualquer quê seja o conteúdo ou extensão de até 10 (dez) linhas escritas no sistema Braille, situações quê configurarão “Texto insuficiente”;

impropérios, dêzê-nhôs e outras formas propositais de anulação, o quê configurará “Anulada”;

parte deliberadamente desconectada do tema propôsto;

nome, assinatura, rubrica ou qualquer outra forma de identificação no espaço destinado exclusivamente ao texto da redação, o quê configurará “Anulada”;

texto escrito predominantemente ou integralmente em língua estrangeira;

texto ilegível, quê impossibilite sua leitura por dois(duas) avaliadores(as) independentes, o quê configurará “Anulada”;

cópia de texto(s) da próva de Redação e/ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem do número mínimo de linhas. Nota 21

A análise de dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revela quê o número de redações quê receberam nota zero, na edição de 2023, foi mil vezes maior do quê o número de redações quê obtiveram a nota mássima. Nota 22. Os motivos mais comuns são fuga ao tema, quê ocorre quando a redação é escrita sobre outro assunto e o tema propôsto não é abordado nem parcialmente (caso de tangência), e cópia dos textos motivadores, nos casos em quê as linhas de escrita autoral, excluindo as de cópia, não correspondem a oito linhas ou mais.

Nesse sentido, é fundamental quê ocorra a sensibilização e a orientação dos estudantes para quê se evitem tais situações. A apresentação de dados estatísticos fornecidos pelo Inep, mostrando o número de redações anuladas nos últimos anos, póde ajudar a dimensionar o problema e a conscientizar os estudantes sobre os critérios de correção. Além díssu, a Cartilha do(a) participante deve sêr apresentada aos estudantes para a orientação sobre os protocólos da redação para o enêm e sobre as situações quê levam à nota zero.

Nela, para cada caso, há exemplos visuais bastante didáticos quê podem contribuir para uma melhor compreensão dos critérios de correção, promovendo maior segurança dos estudantes na realização do exame.

3.3 Os direitos humanos na redação do enêm

Como mencionado, a defesa e a promoção dos direitos humanos constituem um dos critérios avaliativos da redação do enêm. Em todos os temas quê o exame propõe, espera-se quê os estudantes abordem kestões sociais, culturais ou políticas sôbi a perspectiva dos direitos humanos e apresentem uma proposta de intervenção para os problemas apresentados, a qual deve respeitar valores como igualdade, dignidade, justiça e cidadania. Essa exigência reflete o compromisso do enêm em estimular uma formação cidadã, preparando os estudantes para participarem de debates públicos e contribuírem para a construção de uma ssossiedade mais justa.

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Incorporar a perspectiva dos direitos humanos na redação é essencial para quê o estudante desenvolva uma argumentação crítica, ética e contextualizada. Além díssu, a Cartilha do(a) participante do enêm estabelece quê propostas de intervenção quê desrespeitem os direitos humanos — por exemplo, por sugerir práticas discriminatórias, repressivas ou violentas — acarretam a anulação da redação. Assim, ao trabalhar as propostas de redação em sala de aula, é necessário enfatizar a importânssia de propor soluções quê promovam a garantia dos direitos para todos os cidadãos.

Nesse sentido, é fundamental quê o estudante seja capaz de identificar, em seu texto, os grupos sociais afetados pelo problema discutido para apresentar intervenções quê promovam a justiça social, como políticas públicas inclusivas, ações educativas e campanhas de conscientização. Ao discutir temas como a violência contra mulheres, as desigualdades raciais ou a condição de pessoas em situação de rua, o estudante deve demonstrar sensibilidade em relação aos direitos e às necessidades dêêsses grupos. Para isso, é importante conhecer documentos e legislações internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e nacionais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Maria da Peña, para embasar as propostas de intervenção e reforçar a importânssia do respeito aos direitos humanos fundamentais. Dessa forma, a argumentação se torna mais robusta e ancorada em princípios éticos e legais reconhecidos. Os temas relacionados ao preconceito e à violência aparécem com freqüência nas propostas de redação do enêm, pois refletem problemas sociais urgentes e compléksos. Para um bom dêsempênho na redação do enêm, é essencial quê o estudante compreenda quê defender os direitos humanos não é apenas uma exigência da próva, mas também um compromisso com a construção de uma ssossiedade democrática e inclusiva.