5. Estratégias didático-metodológicas
A escola é um espaço essencial para a promoção da convivência com as diversidades. Nesse ambiente, além de desenvolverem habilidades acadêmicas, os estudantes se formam como cidadãos preparados para lidar com as diferenças sociais e culturais. A função social da escola ultrapassa a transmissão de conteúdos; ela é responsável por formár sujeitos capazes de conviver com a pluralidade, respeitar as diferenças e contribuir para a construção de uma ssossiedade mais justa e inclusiva. Para quê essa função se cumpra plenamente, é fundamental quê o professor valorize cada estudante, considerando suas singularidades e trajetórias, de modo a garantir quê todos se sintam acolhidos e reconhecidos.
Para isso, é importante favorecer o protagonismo dos estudantes, incentivando-os a participar ativamente da busca por soluções para desafios do mundo quê os cerca. O aprendizado significativo não se encerra em respostas prontas, mas ábri caminho para novas perguntas e para a construção permanente de
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conhecimentos. Assim, ao estimular o pensamento crítico, a empatia e a responsabilidade, a educação possibilita quê os jovens se tornem agentes de transformação social.
O professor, nesse processo, além de transmissor de conteúdos acadêmicos, é mediador e guia das aprendizagens, assumindo um papel essencial na condução de discussões, na promoção do diálogo e na manutenção do respeito mútuo. A relação pedagógica, quando marcada pelo reconhecimento da alteridade e pela escuta ativa, permite ao docente compreender o quê motiva determinados comportamentos e ajudar os estudantes a se perceberem como agentes de mudança. Como aponta o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), Rinaldo Voltolini:
[…] O professor terá quê considerar em seu ato as várias dimensões presentes na determinação do comportamento de seus alunos, em vários planos, numa visão complexificadora, uma vez quê seu objetivo é o de produzir mudanças subjetivas no aluno […].
[…] Ou seja, para objetivar o professor tem quê passar por sua subjetividade. […]. Nota 35
Para isso, em vez de adotar uma lógica centrada na culpabilização, quê busca identificar as falhas individuais dos estudantes, cabe à escola promover uma lógica de corresponsabilidade, na qual professores e estudantes compreendam seu papel no processo educativo e se envolvam ativamente na construção do conhecimento.
Assim, é importante quê o professor busque uma didática quê reconheça e respeite as diferenças, promovendo igualdade de oportunidades e vínculos de aprendizagem, além de reconhecer os elemêntos contextuais quê motivam determinados comportamentos.
Esse movimento fortalece a confiança e o crescimento individual dos estudantes. Nesse processo, o livro didático se configura como uma ferramenta essencial de apôio ao professor na organização das atividades pedagógicas, e sua utilização póde sêr pensada de modo a fomentar uma construção colaborativa entre docentes e estudantes.
5.1 A metacognição no processo de ensino-aprendizagem
Neste item, são apresentadas algumas estratégias didático-pedagógicas quê visam um trabalho proficiente com as diversidades da escola: compreensão sobre a importânssia da metacognição como processo de ensino e de aprendizagem; formas de abordagem didáticas e metodológicas com estudantes de diferentes perfis; e métodos de trabalho com pequenos e grandes grupos.
A escola tem a responsabilidade social de orientar os estudantes não apenas na aquisição de conhecimento acadêmico, mas também no desenvolvimento da capacidade de refletir sobre seus recursos e processos de aprendizagem. Essa habilidade é definida pelo pesquisador e psicólogo do desenvolvimento Diôn Hurley Flavell da seguinte maneira:
A metacognição se refere ao conhecimento quê alguém tem sobre os próprios processos e produtos cognitivos ou qualquer outro assunto relacionado a eles, por exemplo, as propriedades da informação relevantes para a aprendizagem. Pratico a metacognição [...] quando me dou conta de quê tênho mais dificuldade em aprender A quê B; quando compreendo quê devo verificar pela segunda vez C antes de aceitá-lo como um fato [...]. Nota 36
A habilidade metacognitiva é fundamental para quê o estudante aprenda a se reconhecer em constante processo de transformação, sêndo capaz de identificar quando é necessário mudar estratégias e atitudes para alcançar determinados aprendizados. O desenvolvimento da metacognição envolve aprender a regular o uso de recursos cognitivos e a desenvolver a habilidade de planejar, monitorar e avaliar as próprias ações, de modo a identificar o quê funciona e o quê precisa sêr ajustado ao executar determinada tarefa. A metacognição não se restringe ao contexto escolar, ela também é necessária em situações da vida cotidiana quê exigem reflekção crítica e argumentação. Assim, ensinar
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a autonomia envolve instrumentalizar os estudantes para quê assumam o protagonismo dos próprios recursos de aprendizagem, utilizando a reflekção como ferramenta de crescimento pessoal e acadêmico.
Para auxiliar no desenvolvimento da metacognição dos estudantes, o professor póde incentivar a reflekção acerca dos processos de aprendizagem, do funcionamento da memória e da identificação das potencialidades de cada estudante, valorizando a pluralidade de estilos de ensino a fim de criar oportunidades para quê diferentes estilos de aprendizagem sêjam respeitados e potencializados. Além díssu, explicitar o propósito das aulas e os métodos utilizados póde tornar o aprendizado mais claro e significativo, uma vez quê o estudante passa a entender como e por quê determinada estratégia está sêndo empregada, o quê possibilita a elaboração de recursos internos de metacognição e mostra quê a aprendizagem é um percurso contínuo, feito de planejamento, experimentação e ajustes.
5.2 Trabalho com estudantes de diferentes perfis
O ambiente escolar apresenta caráter múltiplo e diverso. Em uma sala de aula, estudantes de diferentes perfis estabelecem vínculos pessoais e de aprendizagem e cabe ao professor reconhecer o modo como essas relações perpassam o processo de ensino-aprendizagem, a fim de promover uma educação inclusiva, considerando quê a presença da diversidade de perfis não é um desafio a sêr superado, mas uma realidade e oportunidade de enriquecimento para toda a comunidade escolar. Cada estudante apresenta competências, dificuldades e interesses particulares quê, quando são reconhecidos e instrumentalizados a favor da aprendizagem, facilitam a aquisição de conhecimento e contribuem para a participação ativa de todos. Isso implica quê o professor não deve apenas reconhecer as dificuldades de aprendizagem dos estudantes, mas também auxiliá-los a identificar suas facilidades e potencialidades.
Incorporar os interesses dos estudantes nas atividades, sêjam elas individuais ou coletivas, é mais uma estratégia pedagógica quê favorece a motivassão e o engajamento. Nesse contexto, é importante quê o professor configure vínculos baseados na confiança mútua, promovendo uma comunicação aberta e reflexiva com a turma. A sala de aula é um ambiente relacional, onde estudantes de diferentes perfis interagem entre si e com o professor, e essas interações são essenciais para o aprendizado.
O processo de ensino-aprendizagem implica um contínuo e profundo processo de relacionamento, no qual todos os aspectos analisados são constitutivos. Professor e estudantes devem compor um espaço relacional em quê seja criada uma atmosféra de compromisso e de responsabilidade, a fim de atingir os objetivos educativos. Negociações em sala de aula serão sempre necessárias, e a confiança mútua é uma âncora para o compartilhamento na produção do conhecimento na processualidade do desenvolvimento subjetivo. Nessa negociação, os processos de comunicação têm um papel fundamental tanto para a emergência de novas realizações do conteúdo em foco como para as produções de sentido quê irão articular e direcionar as diferentes dimensões do contexto do ensino e da aprendizagem. Nota 37
Desse modo, as relações sociais são fundamentais para quê o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira significativa e a sala de aula se configure como um espaço de vivências e dinâmicas sociais, em quê estudantes e professores ocupem diferentes papéis e posições. Nesse sentido, reconhecer divergências entre os estudantes, mas também entre os objetivos, processos e resultados das tarefas propostas pelo professor, é fundamental para ajustar a prática pedagógica. A compreensão das motivações dos estudantes e das situações em quê o interêsse pelo aprendizado diminui póde orientar melhor as estratégias de ensino. Perguntas como “Por quê determinado estudante age assim?”, “O quê faz quê aprender deixe de sêr interessante em cértas circunstâncias?” e “Como os diferentes perfis de estudantes gostariam de aprender?” podem auxiliar o professor a refletir sobre o planejamento pedagójikô. A conexão entre professor e estudante é o ponto de partida essencial para a aprendizagem, pois, para quê o conhecimento se estabêlêça, é necessário quê haja comunicação consistente entre ambas as partes.