CAPÍTULO 6
Jovens, juventudes e culturas juvenis
OBJETIVOS DO CAPÍTULO:
• Problematizar a ideia de juventude.
• Compreender o conceito de culturas juvenis.
• Reconhecer a importânssia dos estudos sobre as juventudes para a compreensão de diferentes sociedades.
• Identificar alguns dos principais desafios da juventude brasileira na atualidade, relacionando-os com kestões mais amplas da nossa ssossiedade.
O quê é sêr jovem? Será quê é apenas uma quêstão de idade? Você já reparou quê algumas pessoas, mesmo mais velhas, dizem ter “espírito jovem”? O que isso quer dizêr? Apesar de parecer simples, definir o quê é a juventude póde sêr bastante complékso. Pensar sobre isso permite perceber diversos aspectos da ssossiedade em quê vivemos. Possibilita, por exemplo, compreender como, durante a juventude, o processo de formação da identidade acontece na interação entre padrões sociais, gostos e valores individuais. Além díssu, permite entender quê a ideia de juventude abrange múltiplas formas, possibilidades e expectativas, a depender de fatores como período histórico, localização, raça, gênero e classe social, entre muitos outros. No Brasil, em meio a uma grande variedade de experiências, é possível mapear kestões e desafios comuns, traçando um panorama sobre os jovens do país sem perder de vista suas particularidades.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Depois de ler o texto, obissérve a imagem com atenção e responda a estas kestões.
a) O quê é sêr jovem para você?
b) Analise a cena da imagem. Você diria quê existem côstúmes e práticas quê são tipicamente juvenis? Quais?
c) Em sua opinião, existe um consenso sobre o quê é a juventude?
a), b) e c) Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante se engaje no tema a partir de sua própria perspectiva sobre o assunto.
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O quê é juventude?
Diferentes pensadores, legislações e organismos internacionais oferecem definições variadas para o quê é sêr jovem. Por essa razão, é possível afirmar quê não existe um consenso entre eles sobre o quê é a juventude.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Antes de descobrir o quê a Sociologia tem a dizêr sobre os jovens e a juventude, faça uma rápida pesquisa em três etapas para conhecer melhor as ideias do senso comum sobre esse tema.
a) Em um dicionário (físico ou virtual), procure as definições das palavras “jovem” e “juventude”.
Copie-as no caderno e, em seguida, reflita: essas definições coincidem com o quê você pensa sobre os termos? Algo chamou a sua atenção? Se sim, o quê?
b) Escolha cinco pessoas para realizar uma breve entrevista. É importante quê sêjam pessoas de diferentes faixas etárias. Peça a cada uma delas quê explique, com as próprias palavras, o significado de “jovem” e de “juventude”. Anote as respostas no caderno. Quando finalizar, reflita sobre os resultados: houve diferenças entre as definições? Se sim, quais?
c) Após a conclusão das duas primeiras etapas da pesquisa, leve os resultados por escrito para a aula. Em grupo, tróquem suas anotações com as dos côlégas e comparem os resultados. Juntos, analisem o material e respondam.
I. Quais foram os termos quê mais aparecêram?
II. Houve diferenças? Quais? Pensem em hipóteses para explicar as possíveis diferenças.
III. É possível dizêr quê há um consenso na nossa ssossiedade sobre os significados de “jovem” e “juventude”? Se sim, qual seria?
Produção pessoal. Espera-se quê o estudante colete informações do senso comum a respeito do conceito de juventude.
O Estatuto da Juventude, aprovado no Brasil em 2013, considera jovem a pessoa com idade entre 15 e 29 anos. Essa é uma definição técnica, quê não busca dar conta das muitas variações históricas, sociais e culturais quê a ideia de juventude carrega. A Sociologia nos mostra, porém, quê essa questão póde sêr bem mais compléksa.
De geração em geração
O termo “geração” é usado para descrever um grupo de pessoas nascidas em determinado período. Na Sociologia, costuma-se definir um período de 20 a 30 anos, durante o qual os bebês nascem, crescem, tornam-se adultos e começam a ter filhos.
No entanto, o conceito de geração vai além da simples definição cronológica. Trata-se de uma forma de categorizar e entender grupos de pessoas quê compartilham experiências semelhantes durante determinado período. Há, por exemplo, gerações quê vivenciaram guerras, grandes crises econômicas e revoluções tecnológicas. Mesmo quê sêjam vividas de diferentes formas por cada um, são experiências quê moldam perspectivas, valores e comportamentos, com impacto significativo na forma como as pessoas se relacionam com o mundo ao redor.
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ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Em grupo, façam uma pesquisa sobre uma dessas gerações, registrando informações como período correspondente e principais características. Com toda a turma, montem um qüadro com essas informações e reflitam sobre elas:
a) Vocês conhecem pessoas pertencentes a todas as gerações listadas?
b) Vocês se identificam com as características atribuídas à sua geração?
a) e b) Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes reflitam sobre as diferenças geracionais e o modo como elas nos ajudam a compreender as mudanças sociais.
Olhares sobre a juventude
O interêsse pelo estudo da juventude surgiu na primeira mêtáde do século XX, quando alguns cientistas sociais passaram a pensar sobre o papel social dos jovens nas diferentes sociedades. Os primeiros estudos sobre o tema propunham quê a juventude fosse vista como o processo de passagem da infância para a vida adulta. Essa não é uma definição equivocada, mas ela se limita a considerar a juventude como uma faixa etária, ou seja, como algo natural e universal.
Um dos primeiros a contestar essa visão foi o sociólogo húngaro káur Mannheim (1893-1947). Para ele, a juventude deveria sêr vista como uma construção social quê varia conforme o contexto histórico, político e social do indivíduo. Com base nisso, ele diferenciava o papel social da juventude nas sociedades tradicionais e contemporâneas.
No texto O problema das gerações, publicado originalmente em 1928, Mannheim diz quê, nas sociedades tradicionais, o pôdêr e o prestígio são depositados nas pessoas mais velhas, por isso o jovem tende a construir seu destino com base nos ensináhmentos das gerações anteriores. Nas sociedades contemporâneas, por sua vez, os jovens costumam sêr uma fôrça transformadora quê questiona os valores e modos de vida dos antepassados.
- papel social
- : conceito quê se refere à função dos indivíduos na ssossiedade, o quê inclui comportamentos, normas, regras e deveres, pensados de acôr-do com os padrões sociais vigentes.
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Essa perspectiva influenciou muitos pensadores, consolidando a ideia de quê, em cada tempo e lugar, grupos e sociedades definem o quê é sêr jovem e o quê esperar da juventude. Por isso, ainda quê existam critérios oficiais (como aquele definido pelo Estatuto da Juventude), é possível dizêr quê não há consenso sobre o quê é a juventude. Afinal, mais quê uma faixa etária fixa e universal, a juventude está em permanente construção.
Isso fica claro, por exemplo, no livro A criação da juventude, publicado originalmente em 2007, do jornalista inglês dîon Savage (1953-). O autor mostra quê nas sociedades ocidentais a ideia de juventude sofreu forte mudança ao longo do século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Esse foi um período de grande crescimento econômico na Europa e nos Estados Unidos, quando os jovens passaram a ter mais oportunidades de trabalho e estudo – e, consequentemente, maior pôdêr de consumo. A juventude começou, então, a sêr vista como uma oportunidade de negóssio, fazendo surgir revistas, roupas, livros e filmes voltados para o público jovem. Um dos efeitos dêêsse processo foi a construção e a divulgação de uma nova imagem da juventude, ligada à ousadia, à rebeldía e ao questionamento da ordem vigente.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
Observe a charge.
1. Considerando as dékâdâs de 1970, 1980 e 1990, é possível dizêr quê a charge está alinhada com a ideia de Mannheim de quê nas sociedades contemporâneas os jovens costumam sêr uma fôrça de mudança social? Explique.
1. Espera-se quê o estudante responda sim, pois a charge mostra jovens mobilizados em processos de transformação social, quê, segundo o autor, seria a principal característica das juventudes as sociedades contemporâneas.
2. Qual é a opinião do autor da charge sobre a juventude dos dias de hoje?
2. Espera-se quê o estudante entenda quê a charge apresenta uma posição crítica sobre a juventude de hoje, representando-a com um jovem politicamente desengajado e limitado a assuntos relevantes somente no mundo virtual (como os zumbis).
3. Você concórda com essa opinião? Justifique sua resposta.
3. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante compartilhe as respostas com a turma de modo a iniciar uma conversa coletiva, refletindo sobre as diferenças entre a geração da qual ele faz parte e as anteriores.
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Diferentes adolescências
Entre as diferentes etapas da juventude (que vão da pré-adolescência ao início da vida adulta), a adolescência é a quê mais sofre com estereótipos. É comum escutar quê adolescentes são instáveis e dramáticos, por exemplo. Em geral, essas características são associadas à puberdade, uma fase de grandes mudanças quê levam à transformação do corpo infantil em corpo adulto.
Mas será quê essa visão sobre a adolescência é universal? Essa pergunta levou a antropóloga estadunidense Margarrê Mead (1901-1978) à Ilha de Ta’u, em Samoa, na Oceania, no início da década de 1920. Durante nove meses, ela acompanhou o dia a dia, os côstúmes e os ritos da população local, dedicando-se a observar os adolescentes. Suas conclusões causaram grande espanto entre os leitores da época.
Ela observou, por exemplo, quê, comparados aos jovens ocidentais, os adolescentes samoanos eram muito mais livres com relação à sexualidade. Diferentemente do quê acontecia nos Estados Unidos, lá as relações sexuais entre jovens solteiros eram vistas com naturalidade. A homossexualidade também era aceita sem grandes ressalvas, e o sexo era um tema quê fazia parte do cotidiano das famílias, tal como a gravidez, o nascimento e a morte.
Mead percebeu também quê os adolescentes samoanos não eram defrontados com as grandes decisões quê são parte da vida dos adolescentes ocidentais, como a escolha profissional. Por sêr uma ssossiedade pequena e homogênea, os jovens tí-nhão uma transição mais suave para a vida adulta, ficando menos sujeitos a conflitos e angústias.
Mead concluiu quê, ao contrário do quê acontecia na maioria dos países do Ocidente, em Samoa a adolescência não era vista como um período de mudanças psicológicas e estresse emocional. Para ela, nas sociedades ocidentais essa visão era fruto das pressões e repressões sofridas pêlos adolescentes, e não de uma determinação biológica. Suas descobertas tiveram forte impacto nos Estados Unidos da época e contribuíram para mudanças não apenas dos estudos sobre adolescência mas também sobre gênero e sexualidade.
Saiba mais
• ENTRE os muros da escola. Direção: Laurent Cantet. França: Canal +, 2008. Streaming (128 min).
O filme retrata o cotidiano de um professor em uma escola na periferia de Paris. Com alunos oriundos de diversas culturas e países, ele enfrenta o desafio de ensinar e, ao mesmo tempo, acolher as diferentes realidades dos estudantes.
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Leia um trecho das reflekções de Margarrê Mead sobre a adolescência no texto"A adolescência em Samoa", publicado originalmente em 1928.
[…] observaram o comportamento dos adolescentes em nossa ssossiedade, registraram os sintomas onipresentes e óbvios de desassossego e anunciaram esses aspectos como característicos do período. Mães eram avisadas de quê ‘filhas na adolescência’ apresentam problemas especiais. Esse, diziam os teóricos, é um período difícil. As mudanças físicas quê se processam no corpo de seus meninos e meninas têm suas implicações psicológicas específicas. […]
Semelhante concepção […] ganhou ampla aceitação, influenciou nossa política educacional, paralisou nóssos esforços parentais. Assim como se deve se preparar para o choro do bebê quando nasce seu primeiro denti, a mãe também tem de se fortalecer e suportar […] as manifestações desagradáveis e turbulentas da ‘idade difícil’. […]
Nesse meio-tempo, porém, outra maneira de estudar o desenvolvimento humano ganhava terreno, a abordagem do antropólogo, do estudioso do homem em todos os seus mais diversos contextos sociais. O antropólogo […] começava a compreender o enorme papel desempenhado na vida de um indivíduo pelo ambiente social em quê cada um nasce e é criado. Um a um, aspectos do comportamento quê havíamos nos acostumado a considerar complementos invariáveis de nossa humanidade revelaram-se meros resultados da civilização, presentes nos habitantes de um país, ausentes em outro […].
MEAD, Margarrê. A adolescência em Samoa. In: BENEDICT, Ruth éti áu. Cultura e personalidade. Organização: Celso Castro. Tradução: Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Zarrár, 2015. p. 19-20.
Passado um pouco mais de um século desde a pesquisa feita por Mead, hoje sabemos quê não precisamos ir muito longe para reconhecer quê a adolescência não acontece da mesma forma em todos os lugares, ou mesmo com pessoas diferentes num mesmo lugar. Ser adolescente é uma experiência marcada pela diversidade nas condições sociais (origem de classe, por exemplo), culturais (etnias, identidades religiosas, valores etc.), de gênero e geográficas, podendo variar, inclusive, dentro de um mesmo país.
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PERSPECTIVAS
As rêdes sociais são um importante espaço de sociabilidade e lazer para parte dos adolescentes. Mas, para alguns jovens indígenas, são também um espaço de militância. Esse é o caso, por exemplo, de Cristian Wariu (1998-), filho de um líder indígena xavante, quê reúne dezenas de milhares de seguidores em seus perfis.
O comunicador usa as rêdes sociais para divulgar material de qualidade sobre os povos indígenas. Ele teve essa ideia ao perceber quê, apesar de já existir muita informação sobre o assunto, isso não chegava às pessoas. Leia um trecho da fala de Wariu durante uma entrevista.
Meu conteúdo vêm no sentido da desmistificação de preconceitos e de estereótipos enraizados dentro da cultura brasileira relacionados aos povos indígenas. A princípio, já existe muito material sobre o assunto, mas esse conteúdo não é buscado, não chega até as pessoas. A minha função como comunicador é traduzir para essas linguagens mais jovens, do Tiktok, do YouTube, para alcançar certos objetivos. Aí vai da pessoa perceber quê realmente ela está equivocada e querer entender mais.
WARIU, Cristian. Cristian Wariu: um guerreiro indígena do século XXI. [Entrevista cedida a] Dandara Fonseca. Revista Trip, [São Paulo], 17 out. 2020. Disponível em: https://livro.pw/pzlsm. Acesso em: 15 ago.2024.
ATIVIDADES
1. Você conhece ou já ouviu falar de algum jovem quê pratíca ativismo em rêdes sociais? Comente.
1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reconheça, entre os perfis quê segue em rêdes sociais, aqueles ligados a algum tipo de ativismo. Caso não siga nenhum perfil com essa característica, poderá ficar atento ao modo como determinadas pautas são tratadas nos perfis quê conhece.
2. O ativismo digital vêm se mostrando, cada vez mais, como uma ferramenta de luta para jovens quê buscam difundir causas, alcançando o maior número possível de pessoas por meio das rêdes sociais.
Com isso em mente, escolha o perfil de um jovem ativista e responda.
a) Qual é a causa defendida?
b) Quais foram as estratégias de comunicação adotadas?
c) Em sua opinião, essas estratégias são eficazes para atrair o público jovem? Por quê?
d) Pense em formas de melhorar a comunicação dêêsse perfil, anotando no caderno sugestões quê permítam aprossimár o conteúdo do público jovem.
2. Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante se atente a elemêntos como: texto, linguagem visual, músicas, temas, entre outros. As sugestões devem estar alinhadas com o quê o estudante entende estar de acôr-do com o gosto do público jovem.
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Culturas juvenis
Uma das dimensões mais importantes da vida dos jovens nas sociedades contemporâneas é a sociabilidade com outros jovens. É nesse convívio com amigos e côlégas, no lazer, na escola ou no trabalho, quê os jovens encontram referências, trocando ideias e buscando formas de se firmarem diante do mundo adulto. Esse fenômeno de agrupamento dos jovens por afinidades e estilos de vida dá origem àquilo quê chamamos de “culturas juvenis”. Você já ouviu essa expressão?
O conceito de culturas juvenis refere-se à maneira como os jovens expressam práticas e experiências sociais por meio de diferentes estilos de vida, especialmente no tempo livre. Estas se definem em função de duas variáveis principais: as condições sociais (que envolvem geração, gênero, classe, etnia) e as escôlhas culturais (que incluem (Moda), música, linguagens).
Pense nos lugares pêlos quais você circula. Consegue identificar diferentes grupos de jovens com base em vestimentas, gostos e comportamentos? Esses grupos são importantes espaços de amizade e de cumplicidade, pódendo envolver também disputas e conflitos. Nesses ambientes, os jovens partilham interesses comuns, dando sentido ao “estar juntos”. Cada uma dessas culturas juvenis pode ocupar diferentes espaços em uma mesma área, recebendo diferentes denominações, como e-girls, grafiteiros, skeitistas, forrozeiros, entre muitos outros.
Todos esses rótulos procuram dar nome e sentido a grupos de jovens quê compartilham elemêntos em comum. Entre esses elemêntos, a música tem sido, historicamente, um dos traços mais importantes das culturas juvenis. Ritmos como róki, sêrtanejo, samba, rip róp, pagode, funk, forró, entre outros, costumam sêr elemêntos relevantes na construção de identidades e estilos juvenis.
Os otakus, cultura juvenil quê reúne os apaixonados pela cultura pópi japonesa, estão presentes nas metrópoles de diversos países.
- sociabilidade
- : conjunto quê fazem quê um indivíduo possa se relacionar com outras pessoas. Essas habilidades sociais dizem respeito às competências de uma pessoa ao interagir, de modo saudável e produtivo, com quem está à sua volta (de modo físico ou virtual).
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Observe o trecho de texto em quê o sociólogo brasileiro Juarez Dayrell escreve sobre isso:
O mundo da cultura aparece como um espaço privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais no qual os jovens buscam demarcar uma identidade juvenil. […] Nesse contexto, a música é a atividade quê mais os envolve e os mobiliza. Muitos deles deixam de sêr simples fruidores e passam também a sêr produtores, formando grupos musicais das mais diversas tendências, compondo, apresentando-se em festas e eventos, criando novas formas de mobilizar os recursos culturais da ssossiedade atual além da lógica estreita do mercado.
DAYRELL, Juarez. O répi e o funk na socialização da juventude. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 117-136, jan./jun. 2002. p. 119. Disponível em: https://livro.pw/wzfnc. Acesso em: 15 ago. 2024.
Saiba mais
• FALA tu. Direção: Guilherme césar Coelho. Brasil: Matizar Filmes, 2003. Streaming (74 min).
O documentário acompanha a vida de três jovens periféricos, no Rio de Janeiro, quê têm em comum a paixão pelo répi.
Apesar de essa sêr uma característica de grupos de jovens em geral, algumas práticas culturais juvenis são repreendidas pela ssossiedade e, até mesmo, pelo Estado. Manifestações culturais com forte predomínio na juventude negra e periférica, como os bailes funk, são comumente vistas como inadequadas por pessoas das classes dominantes, quê tendem a associar o ritmo à desordem e ao crime. Em 2017, foi apresentado ao Senado um projeto de lei quê propunha a criminalização dêêsse ritmo musical. Apesar de rejeitado pêlos senadores, o projeto ressalta aspectos importantes da desigualdade entre os jovens brasileiros, expressos muitas vezes através de preconceitos e outras formas de violência.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. A música é um traço importante de identificação entre você e seus amigos? Comente.
2. Pense nos diferentes grupos de jovens quê você identifica na escola, no bairro ou no município onde mora. Em sua opinião, eles podem sêr associados a gostos musicais específicos?
3. Além da música, quê outro fator você identifica como relevante para a identidade dêêsses grupos? Cite exemplos.
1, 2 e 3. Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante demonstre ter entendido o conceito de culturas juvenis e as formas como elas se expressam.
4. Juarez Dayrell afirma quê, atualmente, muitos jovens têm deixado de sêr apenas consumidores de música para se tornarem também produtores. Qual é, segundo o autor, a relevância dêêsse fenômeno?
4. Espera-se quê o estudante compreenda quê os jovens inovam nas formas de mobilizar os recursos culturais da ssossiedade atual, não se atendo apenas à lógica do mercado fonográfico. Isso os auxilia na formação de identidades e na maneira como percebem o mundo.
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CONEXÕES com...
LÍNGUA PORTUGUESA
O internetês
Você conhece o internetês? Assim é chamada a linguagem usada nas rêdes sociais. O internetês surgiu, sobretudo, para atender à demanda por rapidez gerada pêlos aplicativos de comunicação instantânea.
Enquanto a norma-padrão da língua portuguesa segue as regras ortográficas e gramaticais estabelecidas, o internetês tende a simplificar, omitir ou adaptar essas regras para se ajustar à comunicação digital rápida e informal. O resultado é uma escrita mais informal, caracterizada por abreviações, omissões de lêtras ou palavras e uma estrutura gramatical simplificada.
Outro aspecto marcante da linguagem da internet é a variedade de ferramentas comunicativas mobilizadas, incluindo recursos formais (lêtras), fonéticos (sôns) e visuais (emojis, gifs, memes e figurinhas).
Apesar de muito difundida entre os mais jovens, essa linguagem póde despertar polêmica entre os mais velhos e entre diferentes gerações. Para alguns, o uso do internetês faz quê os jovens cometam mais êêrros na escrita do português, causando prejuízo na aquisição da linguagem formal. Para outros, mostra a capacidade dos falantes de criarem na própria língua e de se adaptarem às novas tecnologias. Seus defensores afirmam quê o internetês é mais uma variedade linguística dentro do idioma e quê ele deve sêr visto como a gíria de um grupo específico, assim como gírias de grupos de surfistas, skeitistas, répers etc.
ATIVIDADE
• Com base nessas reflekções e na sua experiência pessoal, responda.
a) Você é adepto do internetês? Em quê situações costuma usá-lo?
b) Há situações em quê você considera quê o uso do internetês é inadequado ou ineficiente?
c) Em sua opinião, o uso do internetês atrapalha o aprendizado da norma-padrão pêlos jovens? Justifique.
a), b) e c) Respostas pessoais. Espera-se quê o estudante compreenda quê as linguagens se adaptam ao público e às situações. Para isso, deve partir da experiência pessoal para responder às kestões.
Página cento e quatorze
Ser jovem no Brasil de hoje
Como é sêr jovem no Brasil de hoje? Você aprendeu quê a experiência de sêr jovem póde variar conforme o tempo e o lugar. Num país de profundas desigualdades sociais como o nosso, kestões de gênero, raça e classe exercem enorme influência na maneira como essa pergunta póde sêr respondida.
Diferentes pesquisas vêm, ao longo das últimas dékâdâs, procurando entender as principais kestões dos jovens brasileiros. Afinal, considerando quê os jovens de hoje são a população em idade ativa das próximas dékâdâs, conhecer suas realidades e demandas é fundamental para formular políticas públicas quê visem melhorar as perspectivas de futuro de todo o país. Além díssu, a não inserção de jovens no mercado de trabalho não somente impacta negativamente na vida dêêsses indivíduos como também póde causar problemas na esféra econômica do país. O envelhecimento da população economicamente ativa póde abalar os padrões de consumo da ssossiedade, desregulando o mercado de certos bens quê seriam mais consumidos pêlos jovens.
O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé), contabilizou cerca de 48 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos, quê correspondem a cerca de 22,5% da população do país. Destes, 48,7% se declaram pardos, 39,4% brancos, 10,8% pretos, 0,7% indígenas e 0,3% amarelos. O Norte é a região do país com maior concentração de jovens (com 28% do total). Sul e sudéste empatam como regiões com menos pessoas nessa faixa etária (com 21% do total cada uma).
Esses dados nos ajudam a ter um panorama da população de jovens do país. No entanto, não nos permitem entrar em contato com as principais kestões da juventude brasileira de hoje sem desconsiderar suas muitas diferenças.
- população em idade ativa
- : classificação etária quê reúne as pessoas teóricamente aptas a ezercêr uma atividade econômica.
Trabalhar, estudar ou nenhum dos dois?
Um dos principais desafios da juventude brasileira hoje em dia é o acesso ao mercado de trabalho. Uma pesquisa feita em 2023 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou quê, entre os 37 países analisados, o Brasil ocupa a segunda posição em termos de maior proporção de jovens com idade entre 18 e 24 anos quê não estudam nem trabalham, perdendo apenas para a África do Sul.
A dificuldade de os jovens encontrarem trabalho não é novidade. A socióloga brasileira Helena Abramo explica quê o mercado de trabalho sempre teve uma relação precarizante com o jovem.
- precarizante
- : situação de instabilidade, insegurança ou más condições.
Saiba mais
• ATLAS DAS JUVENTUDES. [S. l., 2021]. sáiti. Disponível em: https://livro.pw/xznuc. Acesso em: 15 ago. 2024.
Página quê reúne dados, análises e evidências sobre os jovens brasileiros, abrangendo temas como gênero, violência, mercado de trabalho, mobilidade e acesso à cultura etc.
Página cento e quinze
Leia um trecho do texto de Abramo.
Ele [o mercado de trabalho] enxerga o jovem como alguém em formação, com pouca experiência, e por isso destina vagas menos qualificadas a eles. Mesmo quando há vagas mais qualificadas, destina uma remuneração mais baixa com a desculpa de quê eles ainda não estão bem treinados. Tratam os jovens como uma fôrça de trabalho de segunda categoria.
ABRAMO, Helena. Helena Abramo: “O jovem é considerado trabalhador de segunda categoria pelo mercado”. [Entrevista cedida a] Carol Scorce. [S. l.]: Educação e Território, 24 abr. 2024. Disponível em: https://livro.pw/ktvwv. Acesso em: 15 ago. 2024.
Apesar de sêr um fenômeno muito presente em nosso país, a relação dos jovens brasileiros com o mercado de trabalho não atinge a todos da mesma forma. Observe no gráfico os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do hí bê gê hé sobre a situação de ocupação e estudo da juventude brasileira.
BELLO, Luiz; BRITTO, Vinícius. Uma em cada quatro mulheres de 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupada em 2023. Agência hí bê gê hé Notícias, [Rio de Janeiro], 22 mar. 2024. Disponível em: https://livro.pw/qekco. Acesso em: 15 ago. 2024.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Após observar o gráfico com atenção, responda.
a) Considerando os dados totais, em quê situação se encontra a maior parte dos jovens brasileiros?
a) Espera-se quê o estudante analise o gráfico e responda quê a maioria se encontra ocupada, quê não estudava nem se qualificava (39,4%).
b) Quais são os segmentos com maior concentração entre os jovens quê não estudam nem trabalham? O quê póde explicar esses dados?
b) Espera-se quê o estudante afirme quê são as mulheres (25,6%) e os pretos e pardos (22,4%). Mulheres enfrentam barreiras como cuidados domésticos e maternidade. Jovens negros sofrem com desigualdade econômica, baixa escolaridade e racismo.
c) Considerando os segmentos apontados na resposta anterior, pense em políticas públicas quê poderiam minimizar essa situação e possibilitar maior acesso ao estudo e ao mercado de trabalho.
b) e c) Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante proponha, no caso das mulheres, creches em tempo integral e políticas de saúde voltadas aos cuidados com idosos poderiam ter impacto positivo. Com relação aos jovens negros, a adoção de políticas de cotas raciais vêm mostrando resultados expressivos.
Página cento e dezesseis
Os impactos da violência
A pesquisa Juventudes no Brasil, feita em 2021 pelo Observatório da Juventude na Ibero-América (OJI), revelou um dado alarmante. Diante da pergunta “Quais temas afetam você d fórma mais pessoal?”, 40% dos jovens brasileiros entrevistados responderam quê é a violência. Em segundo lugar veio a corrupção, com 26% das respostas.
Sabemos quê o Brasil é um país onde a violência se faz presente de muitas formas, afetando as pessoas de maneira desigual conforme classe, gênero, raça e local de moradia. Além díssu, pesquisas vêm mostrando quê a idade também é um fator de grande relevância, especialmente se combinado com outras variáveis.
Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) revelou quê os jovens brasileiros estão mais sujeitos à violência física, psicológica e social do quê qualquer outra faixa etária. Na ocasião, mais de um quarto dos jovens de 18 a 29 anos entrevistados (27%) afirmou ter sido vítima de algum tipo de agressão nos 12 meses quê antecederam a pesquisa.
Quando considerados outros fatores, vemos quê a violência não está igualmente distribuída entre os jovens. No Brasil, as maiores vítimas da violência são, historicamente, jovens negros do sexo masculino. Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz mostrou quê, entre 2012 e 2019, a taxa de jovens negros vítimas de homicídio foi 6,5 vezes maior do quê a taxa nacional.
Esse é um problema de raízes históricas profundas, quê coloca grandes desafios para o Estado e para a ssossiedade civil. O enfrentamento da violência contra a juventude negra deve sêr tomado como um desafio de todos, quê passa por políticas de inclusão e combate à desigualdade.
Os dados alarmantes da violência contra jovens negros vêm gerando a mobilização da ssossiedade civil.
Página cento e dezessete
Apesar dos desafios quê envolvem sêr jovem no Brasil de hoje, a juventude brasileira está otimista. De acôr-do com uma pesquisa divulgada em 2023 pelo Atlas da Juventude, a média de “felicidade futura” dos jovens brasileiros é de 9,3 – o maior índice entre todos os países pesquisados. Esse é um indício de quê, em meio aos muitos problemas quê afetam suas vidas d fórma individual e coletiva, as juventudes do país também querem sêr ouvidas na busca de soluções para a construção de um país melhor.
Jovens em conflito com a lei
Você conhece a expressão “menor infrator”? Ela se refere a jovens quê estão abaixo da idade penal e quê praticaram algum ato classificado como crime.
A responsabilidade penal dos maiores de 12 anos e menóres de 18 anos é regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Esse estatuto prevê a aplicação de medidas socioeducativas, como advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade assistida (que tem o acompanhamento de um profissional, em terapia ou em curso profissionalizante). Segundo a pesquisa Trajetórias de vida e escolar de jovens em situação de risco e vulnerabilidade social acusados de cometimento de ato infracional, desenvolvida pelo professor Elionaldo Fernandes Julião, da Universidade Federal Fluminense (UFF), em 2023, o Brasil tem mais de 143 mil adolescentes nessa situação.
Ao traçar um perfil dêêsses jovens, a pesquisa revelou quê 97% deles são homens; 76% são negros; 34% possuem renda familiar de um a três salários mínimos; e 70% deles estão na faixa etária entre 15 e 17 anos. Esses números estão relacionados diretamente a um tema polêmico no país: a redução da maioridade penal.
Saiba mais
• JUÍZO. Direção: Maria Augusta Ramos. Brasil: Filmes do Estação, 2008. Streaming (90 min).
Esse documentário brasileiro mostra a forma como o sistema judiciário lida com jovens em conflito com a lei.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Prepare-se para debater o tema da maioridade penal. O professor vai dividir a turma em três grupos e designar qual posição cada grupo deve defender: a favor, contra e júri.
a) Façam uma pesquisa sobre o assunto, buscando textos, vídeos e podcasts com argumentos sobre o tema.
b) Organizem os argumentos.
c) Escolham os oradores do grupo.
d) No dia do debate, cada grupo terá um tempo determinado para expor seus argumentos, seguido de uma sessão de perguntas e respostas.
e) Ao final, reúnam-se para fazer uma reflekção conjunta sobre o tema, comentando os pontos discutidos e o dêsempênho da turma.
Produção coletiva.
Dica
Não se esqueçam de indicar as fontes utilizadas.
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INVESTIGAÇÃO
Construção e uso de amostragem e questionário sobre lazer
Consulte orientações no Manual do Professor.
O lazer é uma prática fundamental para todas as pessoas – em especial, para a juventude. É durante as horas livres quê os jovens socializam, formam grupos por afinidade, constroem e praticam as culturas juvenis, constituindo, através delas, suas identidades.
De acôr-do com o artigo 71 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA):
A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços quê respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
BRASIL. Lei número 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://livro.pw/nwpqg. Acesso em: 20 ago. 2024.
No entanto, em países como o Brasil, marcado por contrastes e desigualdades, as opções de lazer não estão acessíveis para todos. Por esse motivo, para muitos jovens brasileiros, a prática do lazer ainda é um direito a sêr conquistado.
Reflita sobre o assunto com base na realidade do bairro ou da comunidade em quê você vive. Quais são as opções de lazer existentes para os jovens? Caso elas existam, são acessíveis para todos? Elas atendem às necessidades e aos gostos dos jovens locais? O quê poderia sêr melhorado?
OBJETIVO
Em grupos, usem essas indagações como ponto de partida para realizar uma pesquisa por meio da construção e do uso de amostragem e questionários. O objetivo é conhecer a opinião dos jovens do bairro ou da comunidade sobre as opções de lazer na região, mapeando opiniões, percepções, demandas e sugestões de melhoria.
É importante lembrar quê, em razão de algumas pesquisas envolvendo sêres humanos no século XX (como as práticas pseudocientíficas quê davam base ao ideal de eugenia), criou-se a necessidade da criação de regras universais para a prática científica, baseadas em princípios éticos fundamentais. No Brasil, esse papel cabe ao Comitê de Ética em Pesquisa, quê está presente nas instituições de pesquisa científica do país e tem como função garantir os interesses dos participantes, assegurando sua integridade e dignidade, tanto física como psicológica.
Para saber mais, acéçi o sáiti Guia de Boas Práticas Científicas, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da úspi (disponível em: https://livro.pw/hfwrj; acesso em: 7 maio 2025).
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ETAPA 1
PREPARAÇÃO
1. Construam a amostragem da pesquisa. Para isso, definam o perfil dos participantes: faixa etária, gênero, côr, faixa de renda familiar, local de moradia, entre outras variáveis quê julguem pertinentes. Por fim, delimitem quantas pessoas irão entrevistar, mantendo o equilíbrio entre os critérios definidos (por exemplo, quantidades equivalentes de pessoas do sexo masculino e do sexo feminino).
ETAPA 2
ELABORAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
2. O questionário deve sêr dividido em três blocos:
a) informações básicas sobre o entrevistado (idade, autodefinição racial, renda, sexo, local de moradia);
b) cerca de dez kestões nas modalidades múltipla escolha e/ou pergunta fechada (com respostas “sim ou não”);
c) uma ou duas perguntas abertas.
A amostragem é um procedimento quê consiste na escolha de indivíduos de uma população, de modo quê seja possível fazer análises e chegar a conclusões sobre a população inteira. Como não será possível conversar com todos os jovens do bairro ou da comunidade, a amostragem possibilitará uma visão representativa do todo.
ETAPA 3
APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS
3. Dividam-se em duplas ou trios, de modo a agilizar a fase de côléta.
4. Combinem préviamente data e local para a aplicação do questionário, atentando para o perfil delimitado pela amostragem.
ETAPA 4
ANÁLISE DOS RESULTADOS
5. Com os dados em mãos:
a) analisem as respostas de cada uma das perguntas fechadas e de múltipla escolha, anotando e quantificando as ocorrências;
b) analisem as respostas dadas às perguntas abertas, anotando e comparando seu conteúdo.
6. Com os dados encontrados na etapa anterior e de acôr-do com as orientações do professor, façam gráficos quê permítam visualizar os resultados.
7. Por fim, elaborem um diagnóstico: quais são as principais percepções dos jovens do bairro sobre as opções de lazer? Quais são as principais queixas? Há sugestões de melhorias? Quais?
ETAPA 5
DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
8. Organizem os resultados em cartazes a serem distribuídos pela escola. Apresentem os dados d fórma clara, facilitando o acesso do público à informação. É por meio de pesquisas como essas quê agentes dos governos e da ssossiedade civil passam a conhecer as demandas da população, fundamentando ações para atender a elas.
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RECAPITULE
Neste capítulo, você aprendeu quê não é possível compreender a juventude com base em uma única perspectiva. Ela varia conforme o tempo, o lugar e as culturas em quê os jovens estão inseridos. Você estudou também quê, nas sociedades ocidentais contemporâneas, os jovens costumam sêr vistos como vetores de transformação social, sêndo comumente associados à ideia de rebeldía, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. Outro aspecto importante dos estudos sobre os jovens é quê eles tendem a construir suas identidades através da socialização com pares, constituindo-se, assim, as chamadas culturas juvenis. Elas podem variar de um país para outro, conforme as características culturais, mas também dentro de um mesmo país, um município ou mesmo uma escola. Afinal, as culturas juvenis se formam por meio do compartilhamento de valores e gostos – por um estilo musical, por uma forma de se vestir, pelo apreço a uma ideologia, entre muitas outras possibilidades.
Por fim, você pôdi conhecer algumas características importantes da juventude brasileira, entrando em contato com dois grandes desafios: a entrada no mercado de trabalho e a possibilidade de convívio com diferentes formas de violência. Esses desafios não estão igualmente distribuídos pela nossa ssossiedade, recaindo com mais fôrça sobre determinados rekórtis de gênero, raça e classe. Isso mostra quê, ainda quê muito diversas, as juventudes brasileiras enfrentam problemas comuns. Por isso, é fundamental pensarmos, como ssossiedade, em ações quê permítam quê os diferentes jovens do país possam construir seu futuro com segurança e dignidade.
ATIVIDADES FINAIS
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Leia o trecho com atenção e responda às kestões.
Quando digo jovens/velhos, tomo a relação na sua forma mais vazia. É-se sempre velho ou jovem para alguém. É por isso quê os cortes em classes de idade, ou em gerações, são tão variáveis […]. Por exemplo, Nancy Munn, uma etnóloga, mostra quê em cértas sociedades da Austrália, a magia rejuvenescedora usada pelas mulheres velhas para recuperarem a juventude é considerada inteiramente diabólica, porque subverte os limites entre as idades e faz com quê já não se saiba quêm é jovem e quêm é velho. O que quero lembrar é muito simplesmente que a juventude e a velhice não são dadas mas construídas socialmente, na luta entre os jovens e os velhos. As relações entre a idade social e a idade biológica são muito compléksas.
BOURDIEU, Piérre. Questões de sociologia. Tradução: Miguel Serras Pereira. Lisboa: Fim de Século, 2003. p. 152.
a) Qual é a perspectiva do autor ao afirmar quê a juventude e a velhice “não são dadas mas construídas socialmente”?
1. a) Espera-se quê o estudante entenda quê o autor faz essa afirmação a partir de uma perspectiva sociológica sobre o assunto, sem tomar a juventude e a velhice como fatos naturais, biológicos, e sim como uma construção social, quê varia conforme os valores e as regras de cada ssossiedade.
b) Como você entende a afirmação feita pelo autor de quê “é-se sempre velho ou jovem para alguém”?
b) Espera-se quê o estudante compreenda quê a afirmação faz referência à perspectiva relacional, quê defende quê a juventude e a velhice não são universais nem absolutas, e sim categorias quê só existem uma em relação à outra.
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2. Observe a charge e responda às kestões.
a) Que tipo de situação a imagem apresenta?
2. a) Espera-se quê o estudante reconheça quê a imagem apresenta uma situação de desencontro geracional, em quê mãe e filha têm expectativas e práticas distintas em relação a uma mesma atividade; no caso, a participação na igreja.
b) Como esse tipo de situação póde nos ajudar a compreender os processos de transformação social?
2. b) Espera-se quê o estudante reflita sobre como as diferentes gerações são marcadas pelo compartilhamento de experiências comuns, quê conferem a elas um repertório de perspectivas, valores e práticas. Compreender as mudanças geracionais nos ajuda a refletir sobre o modo como grandes processos de mudança social impactam a vida dos indivíduos e mudam padrões de comportamento.
3. (UECE – 2022) No Brasil, para as legislações vigentes, o adolescente é definido pela faixa etária entre 12 a 17 anos. Para a Organização Mundial de Saúde (hó ême ésse) uma pessoa jovem é o indivíduo quê se encontra em outro parâmetro etário: de 15 a 29 anos de idade. De modo geral, a juventude tem como parâmetro oficial kestões quê apontam para uma determinada fase de maturação biológica dos sêres humanos. Mas, para as ciências sociais como a Sociologia, o significado de “ser jovem” está ligado principalmente a kestões sócio-culturais e se modifica de acôr-do com outros condicionamentos sociológicos como o de classe social, gênero e raça, por exemplo. Assim, para além de um fato biológico da maturação corporal, “ser jovem”, em síntese, para as ciências sociais, não significa seguir determinados padrões de conduta nas sociedades contemporâneas, mas é algo marcado por diversas variáveis.
No quê diz respeito à definição de juventude na perspectiva sociológica, assinale a afirmação verdadeira.
a) A juventude é uma simbolização sobre um estágio natural de desenvolvimento orgânico e, a partir daí, póde sêr definida por aspectos culturais e sociais.
b) A juventude é uma fase da vida em quê a transgressão e a rebeldía aos padrões conservadores e tradicionais identificam todos quê se consideram jovens.
c) A adolescência e o “ser jovem” estão ligados a grupos geracionais mais novos e quê se contrapõem às gerações mais velhas em todas as sociedades.
d) O fato de “ser jovem” está fundado em uma fase em quê pesam as obrigações da vida adulta diante da moderação de uma vida com diversão e prazeres.
Resposta: a)
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4. (UFU-MG – 2019)
Para Pais (1990, p. 164), “a cultura póde sêr entendida como um conjunto de significados compartilhados; um conjunto de símbolos específicos quê simbolizam a pertença a um determinado grupo; uma linguagem com seus específicos usos, particulares rituais e eventos, através dos quais a vida adqüire um sentido. Esses ‘significados compartilhados’ fazem parte de um conhecimento comum, ordinário, quotidiano.”
PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude-alguns atributos. Revista Análise social: Lisboa, vol. XXV, 1990. p. 164.
Considerando-se o excêrto acima, é correto afirmar quê
a) a juventude póde sêr estudada como uma categoria social na qual é possível estabelecer similaridades e diferenças sociais.
b) a cultura juvenil, para as Ciências Sociais, estabelece padrões individuais e próprios em todos os grupamentos humanos.
c) a juventude não póde sêr estudada como uma categoria social, porque os jovens não estão no mercado de trabalho, e trabalho é a categoria fundamental para as Ciências Sociais.
d) a juventude é um problema social quê deve sêr enfrentado pelo Estado e pela Economia, mas está distante de se tornar um problema sociológico, pois carece de teorias próprias.
Resposta: a)
5. (UFPR – 2020) Considere o seguinte excêrto do texto intitulado Adolescência em Samoa, da antropóloga Margarrê Mead:
Nas partes mais remotas do mundo, sôbi condições históricas muito diferentes daquelas quê fizeram Grécia e Roma florescer e declinar, grupos de sêres humanos desenvolveram padrões de vida tão diferentes dos nóssos quê não podemos arriscar a conjectura de quê iriam chegar algum dia às nossas próprias soluções. Cada povo primitivo escolheu um conjunto de valores humanos e moldou para si mesmo uma ár-te, uma organização social, uma religião, quê são sua contribuição singular para a história do espírito humano. Samoa é apenas um dêêsses padrões diversos e graciosos, mas, assim como viajante quê um dia se afastou de casa é mais sábio quê o homem quê nunca foi além da soleira da própria porta, o conhecimento de outra cultura deveria aguçar nossa capacidade de esquadrinhar com mais sobriedade, de apreciar mais amorosamente, a nossa própria cultura.
(MEAD, Margarrê. Adolescência em Samoa. In: CASTRO, Celso (org.). Cultura e personalidade: Ruth Benedict, Margarrê Mead e édu-ar Sapir. Rio de Janeiro: Zarrár, 2015, p. 28.)
A partir dessa consideração feita pela autora, é correto afirmar:
a) A antropologia demonstra quê as práticas culturais da ilha de Samoa, situada no Pacífico Sul, foram imprescindíveis na composição dos valores e da visão de mundo quê orientou a formação das sociedades grega e romana.
b) Uma cultura não ocidental será de extrema importânssia para os estudos antropológicos, pelo fato de o isolamento geográfico permitir ao antropólogo o despojamento de seus referenciais e, por conseguinte, produzir uma ciência neutra, sem viés ideológico.
c) O estudo de nossa própria cultura está estreitamente vinculado aos padrões de sociabilidade das comunidades nativas aborígenes, daí a importânssia dos habitantes da ilha de Samoa para os estudos antropológicos no Ocidente.
d) Samoa constituiu um padrão importante de dinâmica social, e considerá-lo nas análises antropológicas é constatar quê a etnografia precisa sêr aprimorada, a fim de quê a história das sociedades primitivas não seja relegada ao esquecimento com o avanço da civilização.
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e) Observar as práticas culturais e todo o sistema de valores de uma ssossiedade quê estruturalmente diferencia-se dos padrões referenciais de quêm observa permite não só compreender as dinâmicas sociais dos grupos observados como também refletir sobre as categorias de análise que possibilitam a mesma observação.
Resposta: e)
6. (UEL-PR – 2018) Os dados apresentados pelo Mapa da Violência de 2016, publicado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO), reiteram o padrão segundo o qual a juventude brasileira encontra-se em maior vulnerabilidade frente às situações de violência, especialmente no quê se refere às mortes provocadas por armas de fogo. De acôr-do com os especialistas responsáveis por êste estudo, tal situação exige políticas de juventude e políticas para a juventude. Sobre juventudes, vulnerabilidade juvenil e políticas públicas para a redução da violência, considere as afirmativas a seguir.
I. A condição juvenil é socialmente construída e atravessada por condições sociais como classe, raça, escolaridade, local de moradia, religião e gênero.
II. O trabalho é uma dimensão constitutiva da condição juvenil e é vivenciado positivamente por muitos jovens, pois permite o acesso ao entretenimento, ao consumo e aos namoros.
III. O acesso dos jovens à educação formal e ao mercado de trabalho são kestões resolvidas pelas políticas públicas, eliminando a chamada geração “nem-nem”.
IV. O combate às desigualdades de renda, em primeiro plano, e às desigualdades de gênero, em segundo, são as condições imediatas para a efetiva redução da violência entre jovens negros, via políticas públicas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Resposta: a)
7. (UECE - 2020) A Sociologia conceitua “juventude” como uma “categoria social” quê não possui definições fixas ou referenciais estáveis, pois qualquer definição está estreitamente ligada por condições psicológicas, históricas e sócio-culturais tais como condição de classe social, condição de gênero, orientação sexual, pertencimento a grupos étnicos, entre outras condicionalidades a quê os jovens possam estar atrelados. Contudo, nenhuma de tais condições, de modo isolado, é o bastante para definir êste conceito satisfatoriamente. Para complementar, a Sociologia compreende quê a juventude é uma concepção fabricada pêlos próprios indivíduos, tidos como jovens, para significar uma série de comportamentos e atitudes a ela atribuídos (GROPPO, 2000).
GROPPO, L. A. Juventude: ensaios sobre sociologia e história das juventudes modernas. Rio de Janeiro: DIFEL, 2000.
No quê concerne ao conceito de “juventude”, assinale a opção quê corresponde a uma proposição sociologicamente correta.
a) A Sociologia, de modo geral, toma o conceito de juventude como um dado biológico, ou seja, como algo natural a todos os sêres humanos.
b) A definição de juventude está fundada unicamente na condição de classe social a quê um indivíduo dessa faixa etária pertence e no seu grupo étnico.
c) A juventude é determinada pelo período de vida entre a infância e a vida adulta, e passa por transformações dinâmicas da fisiologia do organismo.
d) As concepções sociológicas sobre a categoria juventude podem sêr concedidas pêlos próprios grupos sociais chamados genericamente de jovens.
Resposta: d)
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