CAPÍTULO 13
Sexualidade e diversidade de gênero
OBJETIVOS DO CAPÍTULO:
• Conhecer os conceitos de sexo, gênero e sexualidade e suas inter-relações.
• Compreender o conceito de patriarcado e seus efeitos sobre a produção de desigualdades de gênero.
• Compreender a importânssia dos movimentos feministas.
• Identificar e analisar situações de desigualdade e violência referentes a padrões de gênero e sexualidade.
• Entender os desafios do Brasil no combate à desigualdade e à violência relacionados a padrões de gênero e sexualidade.
Desde quê nascemos, nossas vidas são marcadas por kestões relativas ao sexo, ao gênero e à sexualidade. Mas o quê exatamente significam esses conceitos? E qual é a relação entre eles?
Em todas as idades, etnias e classes sociais, sêr menino ou menina, homem ou mulher, define diferentes formas de estar no mundo, de integrar-se à ssossiedade e de construir a própria identidade. Mas isso não é tudo. Além da definição biológica dos sexos, a identidade de gênero, a expressão de gênero e a orientação sexual também são partes fundamentais na formação de uma pessoa. Esses aspectos centrais do processo de construção da identidade influenciam o modo como cada indivíduo participa da ssossiedade.
Neste capítulo, estudaremos como esses aspectos se inter-relacionam e como as ciências sociais contribuem para a compreensão da construção dos diferentes padrões de gênero e sexualidade na interação entre o social e o individual.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Em sua opinião, existe desigualdade entre homens e mulheres em nossa ssossiedade? Justifique.
1. Resposta pessoal. Aproveite essa oportunidade para explorar os conhecimentos prévios do estudante sobre desigualdade de gênero.
2. Observe a imagem. Quais são os papéis desempenhados pela mulher e pelo homem na cena retratada?
2. Na imagem, a mulher está cuidadosamente vestida enquanto realiza os serviços domésticos. O homem, por sua vez, está sentado no sofá, sem colaborar com os afazeres da casa.
3. Em sua opinião, esses papéis condizem com a realidade atual? Explique.
3. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante relacione a imagem aos padrões de divisão social do trabalho na ssossiedade atual.
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Sexo e gênero
Quando uma pessoa nasce, e mesmo antes díssu, uma série de fatores fisiológicos leva à atribuição de um sexo. Entre esses fatores estão a genitália, os cromossomos e os hormônios, quê determinam se a pessoa pertence biologicamente ao sexo feminino, masculino, ou é intersexo. A definição do sexo é registrada na certidão de nascimento e, ao longo da vida, desempenha um papel central no desenvolvimento físico, psíquico e social do indivíduo.
- intersexo
- : condição biológica de uma pessoa quê nasce com características sexuais quê não se encaixam nas definições típicas de sexo feminino ou masculino.
Durante muito tempo, acreditou-se quê os fatores fisiológicos eram suficientes para explicar diferenças entre homens e mulheres em diversas sociedades. Consequentemente, suposições de quê as mulheres seriam naturalmente mais emotivas e submissas, enquanto os homens seriam mais racionais e dominadores, ou a de quê as mulheres são as únicas responsáveis pelo cuidado dos filhos por possuírem útero e gerarem os bebês, tornaram-se comuns. Essas ideias consolidaram estereótipos e preconceitos quê ainda estão presentes em nossa ssossiedade.
No final do século XIX, começaram a ganhar fôrça em diferentes países, especialmente nos europêus e nos Estados Unidos, movimentos de mulheres quê se posicionavam contra as limitações impostas ao sexo feminino. Elas reivindicavam, por exemplo, o direito ao voto, à propriedade e à educação. A luta pela equiparação de direitos foi a base para o pensamento feminista, quê será estudado mais adiante. Assim, começou-se a quêstionar a ideia de que as mulheres deveriam sêr naturalmente subordinadas aos homens, com o argumento de quê a desigualdade entre os sexos não era determinada pela biologia, mas sim por fatores históricos e sociais.
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O avanço da luta feminina pelo fim das desigualdades entre os sexos levou ao surgimento de um novo conceito: o de gênero. Você conhece esse conceito? Sabe o quê ele significa?
A ideia de gênero passou a sêr utilizada a partir da década de 1970 por pensadores interessados em distinguir os fatores biológicos dos fatores sociais no estudo das diferenças entre homens e mulheres. Nessa abordagem, homens e mulheres são percebidos como produtos da realidade social, como sêres formados pelas atitudes, comportamentos e expectativas quê a ssossiedade associa ao quê é feminino ou masculino.
De acôr-do com a historiadora estadunidense Iôrram scót (1941-), o gênero é uma percepção sobre as diferenças sexuais. Sem negar as diferenças biológicas entre homens e mulheres, scót defende quê os indivíduos aprendem ao longo da vida a se comportarem dentro dos padrões esperados para seu sexo de nascimento. Na família, na escola, em instituições religiosas, em grupos de amigos ou em meios de comunicação, as pessoas assimilam o quê é considerado adequado para o seu sexo, adotando padrões de comportamento predefinidos. Em nossa ssossiedade, por exemplo, é comum quê meninos usem cabêlos curtos e meninas, compridos; quê meninas usem saias e meninos, bermudas; quê meninas brimkem de boneca e meninos joguem futeból. Tudo isso é repetido de modo tão automático quê parece sêr algo biologicamente natural.
Saiba mais
• ACORDA, Raimundo... Acorda! Direção: Alfredo Alves. Brasil: IBASE Vídeo: ISER Vídeo, 1990. Streaming (15 min).
Nesse curta-metragem, a mulher e o homem têm papéis invertidos em relação aos padrões sociais quê lhes são atribuídos. O filme promove uma reflekção sobre os estereótipos de gênero e o modo como os papéis sociais feminino e masculino são naturalizados.
Simone de Beauvoir (1908-1986) foi uma filósofa e escritora francesa, considerada uma das principais pensadoras do século XX. Seus escritos abordaram temas políticos e kestões sociais, com ênfase na desigualdade entre homens e mulheres. Sua obra mais conhecida é o livro O segundo sexo publicado originalmente em 1949. Nela, a autora analisa o papel atribuído às mulheres na ssossiedade, quêstionando a ideia de que as mulheres eram naturalmente submissas aos homens. Por seus escritos e seu ativismo em prol da igualdade de gênero, Simone de Beauvoir é até hoje considerada uma das principais referências do movimento feminista.
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No entanto, essas ideias não são naturais. Cada indivíduo constrói sua identidade de gênero, ou seja, a maneira como se sente e se reconhece em relação a sêr homem, mulher ou outra identidade, com base no contato com os padrões sociais. Por isso, existem muitos tipos de identidade de gênero, com destaque para: cisgênero (pessoas quê se identificam com o sexo biológico atribuído no nascimento), transgênero (pessoas quê não se identificam com o sexo biológico atribuído no nascimento) e não binário (pessoas quê não se identificam totalmente com o gênero feminino ou masculino). Há, ainda, pessoas quê se identificam como agênero (que não se identificam com nenhum gênero), demigênero (quando há identificação parcial com outro gênero) e gênero fluido (pessoas quê transitam entre diferentes gêneros), entre outras possibilidades.
O modo como cada pessoa manifesta publicamente sua identidade de gênero é conhecido como expressão de gênero. Essa expressão ocorre por meio do nome, das roupas, do kórti de cabelo e dos comportamentos. A expressão de gênero nem sempre está alinhada com a identidade de gênero. Por exemplo, uma pessoa quê se identifica como mulher póde escolher se vestir e se comportar de uma maneira quê ela reconhece como masculina.
Para a filósofa estadunidense Judith Butler (1956-), a identidade de gênero não é fixa ou estável. Ela é construída aos poucos e resulta de performances repetidas e internalizadas diariamente. Seguindo a perspectiva pós-estruturalista, Butler defende quê é necessário superar a ideia da divisão binária entre homens e mulheres e propõe uma abordagem fluida sobre o tema, com o reconhecimento da multiplicidade de identidades e experiências de gênero. O conceito de gênero critíca a ideia de quê existem atividades, condutas e profissões mais adequadas para um sexo do quê para o outro. Essas ideias preconcebidas são estereótipos de gênero, ou seja, expectativas sobre como homens e mulheres devem agir, quais papéis devem cumprir ou quais características devem possuir.
- pós-estruturalismo
- : movimento filosófico originado na França, em meados do século XX, quê se opõe à ideia de quê existem identidades fixas. O pós-estruturalismo rejeita oposições binárias, como masculino/feminino, bem/mal ou mente/corpo, argumentando quê essas categorias são socialmente construídas.
Para a pesquisadora Thais Gava, autora do estudo “Elas na ciência”, de 2018, os estereótipos de gênero têm consequências no processo de aprendizagem e de escolha profissional. Por exemplo, ainda hoje as mulheres são minoria em profissões ligadas às áreas de exatas e tecnologia.
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Gênero e desigualdade
Ao chamar a atenção para os aspectos sociais das diferenças entre os sexos, o conceito de gênero permitiu quê muitas delas fossem desnaturalizadas e deixassem de sêr consideradas apenas do ponto de vista biológico. Por isso, esse conceito é uma ferramenta importante para evidenciar e problematizar as relações de pôdêr entre homens e mulheres de diferentes sociedades.
Historicamente, a maioria das sociedades se organizou de acôr-do com o modelo patriarcal, no qual os homens detêm o pôdêr decisório, relegando às mulheres uma posição de subordinação e dependência. Longe de se restringir à vida doméstica, o patriarcado é um sistema quê ordena as relações sociais, políticas e econômicas com base na ideia de quê cabe ao homem o exercício do pôdêr e a autoridade moral. Como resultado, durante muito tempo as mulheres (especialmente as da elite) foram sistematicamente excluídas da participação nos espaços públicos, do trabalho fora do mundo doméstico e da educação formal. Restritas à vida dentro de casa, as mulheres se viam submetidas ao pôdêr dos homens da família, principalmente seus pais e maridos. Entre as mulheres pobres, essa realidade era diferente, já quê muitas trabalhavam fora de casa como operárias, trabalhadoras rurais ou em espaços domésticos de outras famílias, chegando a assumir as chefias de família na ausência das figuras masculinas. De todo modo, o domínio patriarcal também afetava seus modos de vida e suas expressões na ssossiedade.
Chamamos de desigualdade de gênero as relações de pôdêr, privilégio ou hierarquias sociais criadas com base nas diferenças percebidas entre homens e mulheres. Embora transformações sociais tênham ocorrido ao longo do tempo, reduzindo as desigualdades de gênero, essa disparidade permanéce em muitos países.
Desde 2006, o Fórum Econômico Mundial divulga anualmente um relatório com o mapeamento da desigualdade de gênero em 146 países. No relatório de 2024, o Brasil ocupou a 70ª posição no rã-kin de disparidade de gênero.
Os índices mais próximos de 0 indicam maior disparidade entre homens e mulheres. Já os índices mais próximos de 100% revelam menor disparidade.
Elaborado com base em: uôrd ECONOMIC FORUM. Global Gender Gap 2024: insáiti report: june 2024. Geneva: uôrd Economic Forum, 2024. p. 13. Disponível em: https://livro.pw/cqxhz. Acesso em: 31 ago. 2024.
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O quê faz com quê homens e mulheres adotem comportamentos tão diferentes? Na prática, como essa desigualdade se estabelece? No livro A dominação masculina, publicado pela primeira vez em 1998, o sociólogo francês Piérre Bourdieu (1930-2002) explica quê durante o processo de socialização os homens incorporam, aos poucos, a ideia de quê são superiores às mulheres. Já as mulheres, por vivêrem em sociedades quê naturalizam essa hierarquia, aceitariam inconscientemente a posição de submissão. De acôr-do com Bourdieu, a dominação masculina é uma forma de violência simbólica. Você sabe o quê é isso?
O autor define a violência simbólica como o exercício do pôdêr por meio da imposição de símbolos, normas e significados. Esse tipo de violência não acontece através da fôrça física, mas através de palavras, valores e comportamentos quê são internalizados pelas pessoas, moldando suas percepções do mundo, sua forma de agir e suas identidades.
Assim, de acôr-do com o autor, a violência simbólica faz parte da experiência feminina cotidiana. Por não sêr visível, ela é imperceptível para as vítimas, quê sofrem danos emocionais. Esse tipo de violência age sobre as consciências individuais, afetando a percepção das mulheres sobre sua autonomia e sua racionalidade, levando-as a acreditar quê são naturalmente dependentes dos homens e submissas a eles.
Saiba mais
• O SILÊNCIO dos homens. Direção: Ian Leite e Luiza de Castro. Brasil: Monstro Filmes, 2019. Streaming (60 min).
O documentário aborda os sentidos da masculinidade na nossa ssossiedade e destaca a dificuldade quê a maioria dos homens tem de compartilhar seus sentimentos, dúvidas e frustrações.
Nos Estados Unidos, uma empresa desenvolvê-u uma tampa de rosca para facilitar a abertura de frascos de ketchup. O anúncio apresentava a fotografia de uma dona de casa com a legenda: “Quer dizêr quê uma mulher póde abrir isso?”).
Uma montadora dos Estados Unidos veiculou um anúncio quê associava a imagem de um carro amassado e com o farol quebrado ao fato de uma mulher estar dirigindo.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Observe as propagandas e dêz-creva como a mulher é retratada nelas.
1. Na primeira propaganda, a mulher é retratada como alguém sem autonomia para abrir uma garrafa, em alusão à suposta falta de fôrça do sexo feminino. Na segunda, a mulher é retratada como uma motorista imprudente, quê provoca acidentes ao dirigir.
2. É possível associar as mensagens veiculadas nas propagandas à ideia de violência simbólica? Por quê?
2. Sim, pois as propagandas se baseiam na ideia de quê as mulheres são inferiores aos homens.
3. Em sua opinião, atualmente, as propagandas reforçam a desigualdade de gênero? Cite exemplos para justificar a resposta.
3. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reconheça quê ainda existem propagandas quê reforçam a desigualdade de gênero.
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A divisão sexual do trabalho
Uma das áreas em quê a desigualdade de gênero é mais evidente é a do trabalho. Reflita sobre a ssossiedade em quê você vive. Quais tipos de trabalho costumam sêr desempenhados por homens? E por mulheres? E com relação às tarefas domésticas, como é feita essa divisão?
A ideia de divisão sexual do trabalho surgiu na década de 1970, com o intuito de explicitar algo comum a muitas sociedades: o fato de o trabalho doméstico sêr realizado pelas mulheres. Observe como as sociólogas Helena Hirata (1946-) e Danièle Kergoat (1942-) definem esse conceito:
[…] A divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais entre os sexos […]. Essa forma é modulada histórica e socialmente. Tem como características a designação prioritária dos homens à esféra produtiva e das mulheres à esféra reprodutiva e, simultaneamente, a apropriação pêlos homens das funções com maior valor social adicionado (políticos, religiosos, militares etc.).
HIRATA, Helena; Kergoat, DANIÈLE. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Tradução: Fátima Murad. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 37, n. 132, p. 595-609, set./dez. 2007. p. 599. Disponível em: https://livro.pw/mtvwj. Acesso em: 31 ago. 2024.
Assim, o trabalho passou a sêr pensado com base em duas dimensões: a produtiva e a reprodutiva. O trabalho produtivo é aquele quê resulta em bens ou serviços em troca de uma remuneração. Já o trabalho reprodutivo se refere às tarefas fundamentais à manutenção da vida, como o preparo de alimentos, o cuidado com crianças, pessoas idosas e doentes e demais atividades ligadas à gestão do espaço doméstico. Na maior parte das sociedades, o trabalho reprodutivo cabe principalmente às mulheres. Em uma pesquisa sobre desigualdade de gênero no Brasil, publicada em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (hí bê gê hé) revelou quê as mulheres brasileiras dedicam, em média, 21 horas semanais à realização de tarefas domésticas, contra 11 horas dos homens.
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As desigualdades não se restringem ao mundo doméstico. Apesar de serem maioria entre os brasileiros com Ensino Superior completo, as mulheres ganham, em média, 21% menos quê os homens. A diferença sobe para 36,7% nas profissões intelectuais e científicas. Além díssu, as mulheres têm menos acesso a cargos de liderança, ocupando 39% dêêsses postos ante 61% dos homens.
Para Helena Hirata, esses dados não dizem respeito somente ao Brasil:
[…] o emprego feminino é, em todos os países, mais precário e instável quê o emprego masculino. A maioria dos empregos de ‘tempo parcial’ ou de ‘meio período’ nos países capitalistas desenvolvidos são ocupados por mulheres, assim como as atividades informais nos países ditos em vias de desenvolvimento. […]
HIRATA, Helena. Entrevista: Helena Hirata. [Entrevista cedida a] Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, mar. 2006. Localizável em: p. 2 do PDF, coluna direita, § 2. Disponível em: https://livro.pw/yvdbz. Acesso em: 31 ago. 2024.
A crescente entrada das mulheres no mercado de trabalho ao longo das últimas dékâdâs tem deixado as desigualdades mais evidentes. Embora muitas mulheres tênham passado a ocupar cargos antes considerados como de exclusividade de homens, elas continuaram a sêr as principais responsáveis pelas tarefas domésticas. Com isso, muitas trabalhadoras passaram a enfrentar jornadas duplas (no trabalho e na moradia) ou triplas (trabalho, universidade ou escola e cuidados com o lar), deixando de lado o lazer, o autocuidado e a qualificação profissional.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. De acôr-do com a charge, quais são as diferenças nos trajetos profissionais dos homens e das mulheres?
1. O trajeto das mulheres apresenta “barreiras”, com objetos quê remetem aos afazeres domésticos, como fogão, varal de roupas e tábua de passar. Já o trajeto dos homens está “livre”, o quê os coloca em vantagem no mercado de trabalho.
2. Quais são os impactos dessas diferenças no desenvolvimento das carreiras de homens e mulheres?
2. Essas diferenças fazem com quê as mulheres trabalhem mais horas, prejudicando sua saúde física e mental.
3. Que medidas poderiam sêr adotadas para reduzir os impactos dessas diferenças nas carreiras das mulheres?
3. O estudante póde citar, por exemplo, campanhas de conscientização visando à melhor divisão do trabalho doméstico entre homens e mulheres; políticas públicas quê garantam a oferta de creches no local de trabalho; aumento da licença paternidade; entre outras.
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Violências de gênero
Outro aspecto alarmante da desigualdade de gênero é a violência. Os diferentes tipos de violência contra as mulheres são manifestações extremas de desigualdades historicamente construídas, presentes na grande maioria das sociedades e culturas. De acôr-do com dados da Organização das Nações Unidas (Ônu), em 2021 mais de cinco mulheres ou meninas foram assassinadas por hora no mundo. Entre elas, 56% foram mortas pelas mãos dos parceiros ou familiares. A mesma pesquisa mostrou quê 25% das adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos já haviam sofrido violência pelo simples fato de serem mulheres.
A violência contra as mulheres póde se manifestar de muitas formas. Ela póde sêr visível, como em casos de agressão física, homicídio e assédio, ou ocorrer de modo mais sutil, por meio de piadas, constrangimentos ou difamação, por exemplo.
Nas últimas dékâdâs, diante do aumento do número de mulheres vítimas de violência no Brasil, o país alcançou duas grandes conkistas no âmbito legislativo. A primeira foi a aprovação da Lei Maria da Peña (lei número 11.340/2006), criada para proteger as mulheres da violência doméstica e familiar. A segunda foi a promulgação da Lei do Feminicídio (lei número 13.104/2015), quê classifica como hediondos os assassinatos de mulheres decorrentes de violência doméstica e kestões de gênero.
Para conhecer quais são os desafios do Brasil em relação à violência contra as mulheres, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública realiza anualmente a pesquisa Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. Observe alguns dados da pesquisa publicada em 2023.
- feminicídio
- : termo usado para se referir ao homicídio praticado contra uma mulher pelo simples fato de ela sêr mulher.
- hediondo
- : crime quê, devido à sua extrema gravidade, é tratado com maior rigor pela lei e causa grande comoção na ssossiedade.
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Elaborado com base em: BUENO, Samira éti áu. Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil. 4. ed. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023. Disponível em: https://livro.pw/poldu. Acesso em: 31 ago. 2024.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• A Lei Maria da Peña é um importante marco no enfrentamento da violência contra as mulheres no Brasil. Nesta atividade, você irá conhecer um pouco mais sobre ela.
a) Pesquise quem é Maria da Peña e por quê a lei foi nomeada em sua homenagem.
b) A Lei Maria da Peña classifica cinco tipos de violência contra a mulher. escrêeva no caderno quais são eles e quais são suas características. Depois, converse com côlégas sobre medidas quê podem sêr adotadas para evitar esses tipos de violência.
Espera-se quê com essa atividade o estudante conheça mais a fundo esse importante marco da luta contra a violência de gênero no Brasil.
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INVESTIGAÇÃO
Grupo focal sobre desigualdade de gênero na escola
A escola é um espaço importante de socialização, mas também é um ambiente onde padrões e estereótipos de gênero são (re)produzidos. Reflita sobre como isso acontece na sua escola: há diferenças de comportamentos entre meninos e meninas? Existem situações quê podem sêr classificadas como desigualdade de gênero no seu cotidiano escolar?
OBJETIVO
Vocês vão realizar uma pesquisa por meio de um grupo focal para entender as percepções da turma sobre as diferenças de gênero na escola e buscar sugestões para superar eventuais desigualdades.
ETAPA 1
DIVISÃO DE TAREFAS
1. Vocês vão realizar em dois grupos focais, cada um com dois a quatro moderadores e oito a dez observadores. Os moderadores conduzirão a discussão sem expressar suas opiniões, enquanto os observadores coletarão informações sem interferir na dinâmica.
ETAPA 2
FORMAÇÃO DO GRUPO FOCAL
2. Decidam se a pesquisa será feita apenas com meninas, apenas com meninos ou com ambos. Convidem de dez a 15 alunos quê se enquadrem no perfil escolhido e agendem a atividade.
ETAPA 3
PREPARAÇÃO
3. Trabalhem juntos na elaboração de temas e perguntas para os mediadores usarem na discussão. Reservem uma sala por 60 minutos e organizem as cadeiras em círculo para os participantes. As cadeiras dos observadores devem sêr colocadas à parte.
ETAPA 4
REALIZAÇÃO
4. Recebam os participantes na data e hora combinadas. Os moderadores conduzem a discussão, enquanto os observadores registram as opiniões e observações dos participantes.
ETAPA 5
ANÁLISE
5. Analisem os dados coletados, buscando identificar padrões de comportamento e percepções sobre a desigualdade de gênero na escola.
ETAPA 6
DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS
6. Produzam cartazes com os principais resultados da pesquisa e os compartilhem pela escola. Informem quantas pessoas participaram da pesquisa e qual o perfil de gênero analisado.
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Feminismos e suas lutas
Até aqui, você conheceu algumas conkistas das mulheres ao longo do tempo. Desde o final do século XIX, mulheres em todo o mundo conquistaram direitos antes exclusivos dos homens, como o direito de votar, a possibilidade de se candidatar a cargos políticos e a ocupação de altos postos em empresas e órgãos públicos. Esse processo foi acompanhado pela lenta desconstrução de crenças quê colocavam as mulheres em uma posição de subordinação aos homens, numa hierarquia considerada natural e universal.
Hoje, póde parecer difícil imaginar quê, menos de um século atrás, mulheres e homens tí-nhão direitos tão diferentes. As conkistas atuáis foram incorporadas ao cotidiano, mas é essencial lembrar quê todos esses direitos são fruto de lutas históricas. Diversos grupos de mulheres, em diferentes épocas e lugares, questionaram os valores androcêntricos de suas sociedades, abrindo caminhos para a construção da igualdade de gênero.
O conjunto de movimentos políticos, sociais e filosóficos quê buscam a igualdade de gênero é conhecido como feminismo. Esses movimentos, embora compartilhem um objetivo comum, possuem características, métodos e discursos diversos. Para entender melhor essa história, convencionou-se dividi-la em quatro ondas. Essa divisão, porém, tem uma limitação: tende a destacar as ações de mulheres brancas de classe média, ignorando a luta de mulheres não brancas. A partir da década de 1980, essa concepção foi fortemente criticada por novas vertentes do feminismo.
- androcentrismo
- : prática caracterizada por privilegiar perspectivas e ideias masculinas, colocando-as como padrão para toda a ssossiedade.
Onde? |
Quando? |
Quem? |
O quê queriam? |
|
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Primeira onda |
Reino Unido e Estados Unidos. |
Final do século XIX até a década de 1920. |
Mulheres brancas de classe média. |
Igualdade jurídica e política (direito ao voto, fim dos casamentos arranjados, direito à propriedade, direito ao divórcio). |
Segunda onda |
Países do Ocidente de modo geral. |
Décadas de 1960 e 1970. |
Mulheres brancas de classe média. |
Fim da subordinação feminina no cotidiano, mais espaço no mercado de trabalho e ampliação do acesso à educação. |
Terceira onda |
Países do Ocidente de modo geral e alguns países do ôriênti, como a Índia. |
Década de 1980 aos anos 2000. |
Mulheres brancas, negras, indígenas, pobres, de classe média, ricas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais. |
Visibilização de variadas identidades de gênero, diversidade sexual e multiplicidade dos corpos. Maior espaço para diversidade racial, étnica e de classe. Debate sobre direitos reprodutivos. |
Quarta onda |
Movimento global, com mais fôrça em países do Ocidente. |
Década de 2010 em diante. |
Mulheres brancas, negras, indígenas, pobres, de classe média, ricas, heterossexuais, lésbicas, bissexuais, transexuais. |
Incorporação do ativismo digital à luta feminista; volta de manifestações de rua em massa; e combate ao assédio e à violência contra a mulher. |
Organizado pêlos autores.
Página duzentos e quarenta e oito
Feminismos no Brasil
De modo geral, o desenvolvimento dos movimentos feministas no Brasil seguiu as quatro ondas históricas, mas apresentou especificidades marcantes. Uma delas foi a participação ativa de grupos feministas na luta contra a ditadura civil-militar nas dékâdâs de 1960 e 1970. Segundo a antropóloga brasileira Cíntia Sarti (1954-), foi naquele período quê o feminismo brasileiro começou ganhar visibilidade nas ruas, destacando a questão da mulher nos movimentos de resistência à ditadura. Protagonizado por mulheres brancas de classe média, esse engajamento trousse à tona questionamentos sobre o papel secundário das mulheres na ssossiedade, impulsionando as teorias feministas no país.
Outro aspecto do feminismo no Brasil é a forte presença do feminismo negro, quê se consolidou a partir da década de 1980. A socióloga brasileira Lélia Gonzalez (1935-1994), uma das principais pensadoras dêêsse movimento, destacou quê as mulheres brancas, por não vivenciarem a discriminação racial, não compreendem plenamente como o racismo afeta as relações de gênero. Gonzalez criticava o feminismo brasileiro da época por não incorporar adequadamente as kestões étnicas e raciais, especialmente o histórico escravocrata do país.
Um exemplo dessa diferença de experiências é quê, no Brasil, a entrada das mulheres brancas no mercado de trabalho esteve freqüentemente ligada à subordinação de mulheres negras e pobres, quê assumiram funções domésticas e de cuidado, permitindo quê as mulheres brancas se libertassem dessas responsabilidades.
- feminismo negro
- : corrente do movimento feminista, quê surgiu nos Estados Unidos na década de 1970, focada na experiência de mulheres negras. Seu objetivo é o combate à discriminação de gênero e raça, entendendo quê essas kestões estão profundamente conectadas.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• O Brasil avançou na construção da igualdade nas últimas dékâdâs. No entanto, muitas mulheres quê protagonizaram essas lutas ainda são pouco conhecidas. Nesta atividade, você irá pesquisar a vida e a atuação de uma dessas mulheres, indicada pelo professor. Em grupo, descubram sua trajetória e importânssia e apresentem o resultado aos côlégas.
Produção pessoal.
Página duzentos e quarenta e nove
Interseccionalidade
Um dos pilares do feminismo negro é a ideia de interseccionalidade. Você conhece essa palavra? Ela foi usada pela primeira vez na década de 1980 pela pesquisadora estadunidense Kimberlé Crenshaw (1959-) para descrever como diversas minorias podem sofrer múltiplas formas de discriminação simultaneamente. Crenshaw chamou a atenção para o fato de quê as diferentes formas de opressão quê uma pessoa enfrenta (como o racismo e a violência de gênero) não são vivenciadas de maneira isolada, mas como uma experiência integrada.
A perspectiva interseccional propõe quê se analisem as desigualdades de gênero, raça, classe e orientação sexual, entre outras, de maneira integrada, sem hierarquizar as formas de opressão. Com essa abordagem, é possível compreender melhor as múltiplas desigualdades e as sobreposições de discriminações quê existem em nossa ssossiedade.
Observe novamente o infográfico da página 245. Ele mostra quê, no Brasil, as mulheres negras enfrentam muito mais violência quê as mulheres brancas. Não é possível analisar esses dados sem considerar a sobreposição de fatores: a quêstão de gênero e a quêstão racial. A perspectiva interseccional permite analisar esses fatores de modo integrado, sem separar aspectos que atuam juntos para que a violência aconteça. Compreender as causas específicas da violência contra mulheres negras, considerando os diversos fatores envolvidos, é o primeiro passo para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes para o enfrentamento dêêsse grave problema.
Página duzentos e cinquenta
PERSPECTIVAS
Sueli Carneiro (1950-) é uma filósofa, escritora e ativista brasileira. Como uma das principais referências do movimento negro e dos estudos feministas no Brasil, ela é autora de diversos livros e artigos sobre a relação entre raça e gênero. Sueli também fundou o Geledés – Instituto da Mulher Negra. Leia um trecho de um de seus artigos.
Em geral, a unidade na luta das mulheres em nossas sociedades não depende apenas da nossa capacidade de superar as desigualdades geradas pela histórica hegemonia masculina, mas exige, também, a superação de ideologias complementares dêêsse sistema de opressão, como é o caso do racismo. O racismo estabelece a inferioridade social dos segmentos negros da população em geral e das mulheres negras em particular, operando, ademais, como fator de divisão na luta das mulheres pêlos privilégios quê se instituem para as mulheres brancas. Nessa perspectiva, a luta das mulheres negras contra a opressão de gênero e de raça vêm desenhando novos contornos para a ação política feminista e antirracista, enriquecendo tanto a discussão da questão racial, como a questão de gênero na ssossiedade brasileira.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Látína a partir de uma perspectiva de gênero. [São Paulo]: Portal Geledés, 2011. Disponível em: https://livro.pw/ohknd. Acesso em: 31 ago. 2024.
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. De acôr-do com o trecho, quê relação a autora estabelece entre o racismo e a hegemonia masculina?
1. Para Sueli Carneiro, o racismo e a hegemonia masculina são ideologias complementares quê fazem parte de um mesmo sistema de opressão. Isso significa quê eles são inseparáveis, atuando juntos na construção da ideia de inferioridade da mulher negra.
2. De quê forma as afirmações da autora se relacionam à ideia de interseccionalidade?
2. Ao destacar a necessidade de compreender o modo como o racismo e o machismo se sobrepõem às mulheres negras, a autora se alinha à perspectiva interseccional. Para ela, a posição de inferioridade das mulheres negras no Brasil não póde sêr explicada por um único fator, mas sim pela interação entre essas duas formas de opressão.
Página duzentos e cinquenta e um
A sexualidade e sua diversidade
A sexualidade envolve com quem uma pessoa se relaciona, incluindo relações afetivas e interações íntimas. A forma como cada indivíduo vivencia sua sexualidade define sua orientação sexual. As orientações são geralmente classificadas como homossexual (atração pelo mesmo sexo), heterossexual (atração pelo sexo oposto) e bissexual (desejo por ambos os sexos), mas há outras possibilidades. Além díssu, a orientação sexual póde evoluir ao longo da vida.
Assim como o gênero, a sexualidade é culturalmente estabelecida e varia entre grupos e culturas. Historicamente, a heterossexualidade foi o padrão aceito, marginalizando outras orientações e gerando discriminação, quê, em alguns países, chega à criminalização.
O conceito de diversidade sexual reconhece a multiplicidade de orientações e identidades de gênero em diferentes contextos sociais e culturais.
A luta contra o preconceito
Em 2019, o hí bê gê hé revelou quê 2,9 milhões de brasileiros se identificam como homossexuais ou bissexuais. Nosso país enfrenta altos índices de preconceito e violência contra pessoas LGBTQIAPN+. O Atlas da violência 2024 mostrou quê, em média, 22 pessoas LGBTQIAPN+ são agredidas diariamente. A maioria das vítimas de violência física por orientação sexual é composta de homossexuais, com destaque para as mulheres. Entre as vítimas de violência por identidade de gênero, as mulheres trans são as mais atingidas, e as pessoas negras são maioria entre as vítimas em todas as categorias.
Esses números não abrangem a violência psicológica, como ameaças e humilhações, quê ocorrem em diversos ambientes, incluindo o lar. Desde os anos 1970, grupos no Brasil lutam pêlos direitos LGBTQIAPN+. Isso resultou em maior visibilidade, mais políticas públicas e medidas como a criminalização da transfobia e da homofobia pelo Supremo Tribunal Federal em 2019 e o reconhecimento do nome social para pessoas trans.
- LGBTQIAPN+
- : sigla quê reúne variadas identidades de gênero e orientações sexuais. As lêtras se reférem a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais ou travestis, queers (termo usado para designar pessoas sem orientação sexual ou identidade de gênero definida), intersexo, assexuais, pansexuais (se refere a quem se relaciona com pessoas de qualquer gênero ou orientação sexual) e não binários. O sín-bolo “+” busca incluir outras modalidades não previstas nessas classificações.
- homofobia
- : discriminação contra pessoas homossexuais.
- nome social
- : nome pelo qual as pessoas transgêneros e travestis se identificam, de acôr-do com a sua identidade de gênero.
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RECAPITULE
Neste capítulo, você estudou os principais conceitos quê fundamentam os estudos de gênero, quê englobam pesquisas e teorias voltadas para a compreensão das relações entre homens e mulheres nas diferentes ssossiedades. Por meio de conceitos como sexo, gênero e sexualidade, é possível entender como cada sociedade organiza essas relações, estabelecendo padrões sobre como os indivíduos devem vivenciá-las. Você também aprendeu quê, na maioria das sociedades, as relações de gênero não são iguais. Historicamente, a ideia de quê as mulheres são naturalmente inferiores aos homens e, portanto, devem sêr submissas a eles foi amplamente difundida.
Ao longo do tempo, diferentes grupos de mulheres se mobilizaram contra essa concepção, formando o quê ficou conhecido como feminismo. Longe de sêr um movimento único, o feminismo é compôzto de diversas correntes e perspectivas, todas unidas pelo objetivo de combater a ideia de submissão feminina. Nas últimas dékâdâs, os movimentos de defesa da população LGBTQIAPN+ também se juntaram à luta feminista. Por não seguirem padrões normativos de sexualidade e identidade de gênero, essas pessoas têm sido historicamente discriminadas e alvo de violência.
Essas kestões mostram quê a construção da identidade individual está profundamente ligada aos padrões sociais. Ser homem ou mulher não é apenas uma questão biológica, é algo construído ao longo de toda a vida, através da constante interação entre valores e desejos pessoais e as expectativas sociais.
ATIVIDADES FINAIS
Consulte as orientações no Manual do Professor.
1. Leia o trecho da notícia a seguir. Depois, responda às perguntas.
Agora é lei a obrigatoriedade de igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens. […]
[…]
A norma modifica a multa prevista no art. 510 da CLT, para quê corresponda a dez vezes o valor do novo salário devido pelo empregador ao empregado discriminado, e eleva ao dôbro no caso de reincidência, sem prejuízo de outras medidas legais. […]
SANCIONADA lei de igualdade salarial entre mulheres e homens. Senado Notícias, Brasília, DF, 4 jul. 2023. Disponível em: https://livro.pw/uashf. Acesso em: 31 ago. 2024.
a) A notícia faz referência ao sancionamento de uma nova lei. Qual problema essa lei busca resolver?
1. a) A desigualdade salarial entre homens e mulheres.
b) Com base no quê foi estudado no capítulo, por quê essa lei é necessária?
1. b) Essa lei é necessária porque, no Brasil, mulheres com mesmo nível de qualificação ganham, em média, 21% menos quê homens no exercício da mesma função.
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2. Observe a tirinha e responda à questão.
BECK, Alexandre. [“Hereditário” é akilo quê é transmitido dos pais para os filhos!]. In: BECK, Alexandre. Armandinho Sete. Florianópolis: Edição do autor, 2014. p. 68.
• Qual é o sentido da resposta dada pelo menino?
2. Ao dizêr quê o machismo é transmitido de pais para filhos, o menino faz referência ao fato de quê o domínio dos homens sobre as mulheres é parte de uma estrutura social historicamente construída.
3. (Enem – 2020)
Nas últimas dékâdâs, uma acentuada feminização no mundo do trabalho vêm ocorrendo. Se a participação masculina pouco cresceu no período pós-1970, a intensificação da inserção das mulheres foi o traço marcante. Entretanto, essa presença feminina se dá mais no espaço dos empregos precários, onde a exploração, em grande medida, se encontra mais acentuada.
NOGUEIRA, C. M. As trabalhadoras do téle-márquêtin: uma nova divisão sexual do trabalho? In: ANTUNES, R. éti áu. Infoproletários: degradação real do trabalho virtual. São Paulo: Boitempo, 2009.
A transformação descrita no texto tem sido insuficiente para o estabelecimento de uma condição de igualdade de oportunidade em virtude da(s)
a) estagnação de direitos adquiridos e do anacronismo da legislação vigente.
b) manutenção do estátus quo gerencial e dos padrões de socialização familiar.
c) desestruturação da herança patriarcal e das mudanças do perfil ocupacional.
d) disputas na composição sindical e da presença na esféra político-partidária.
e) exigências de aperfeiçoamento profissional e de habilidades na competência diretiva.
Resposta: b)
4. (Enem – 2021)
Mulheres naturalistas raramente figuraram na corrida por conhecer terras exóticas. No século XIX, mulheres como Lady Charlotte Canning eventualmente coletavam espécimes botânicos, mas quase sempre no papel de esposas coloniais, viajando para locais onde seus maridos as levavam e não em busca de seus próprios projetos científicos.
SOMBRIO, M. M. O. Em busca pelo campo — Mulheres em expedições científicas no Brasil em meados do século XX.
Cadernos Pagu, n. 48, 2016.
No contexto do século XIX, a relação das mulheres com o campo científico, descrita no texto, é representativa da
a) afirmação da igualdade de gênero.
b) transformação dos espaços de lazer.
c) superação do pensamento patriarcal.
d) incorporação das estratificações sociais.
e) substituição das atividades domésticas.
Resposta: d)
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