CAPÍTULO 18
Entre crenças e práticas sociais: anseios para o futuro
OBJETIVOS DO CAPÍTULO:
• Reconhecer a importânssia do afrofuturismo e identificar futuros possíveis de modo inclusivo e democrático.
• Comparar argumentos de pensadores clássicos sobre religião.
• Debater e propor caminhos para a constituição de práticas sociais de tolerância religiosa.
• Planejar o futuro considerando sonhos pessoais e coletivos.
• Valorizar a dimensão ética em seus valores e prática de vida.
A imaginação e a preocupação sobre o futuro não são novidade para os sêres humanos. O futuro, ou como imaginamos o futuro, está intimamente relacionado às nossas percepções e vivências no presente. Imaginar futuros póde estar vinculado a muitas ideias; exemplos díssu são a ficção científica ou, nas religiões, a esperança de um mundo melhor. O futuro póde estar associado a narrativas utópicas de um mundo perfeito ou, ao contrário, a distopias, um futuro caótico. E quanto à Sociologia? É possível fazer uma Sociologia do futuro?
ATIVIDADES
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. Quais são os elemêntos quê você vê na imagem? Descreva-a e reflita sobre a ideia quê está sêndo transmitida por eles.
1. Espera-se quê o estudante identifique a atmosféra futurista da imagem, com elemêntos de diferentes referências misturados, entre elas a ficção científica.
2. Você conhece ou já ouviu falar do afrofuturismo? Comente.
2. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante comente se está familiarizado com essa estética, sobretudo na música e na literatura.
3. Como você imagina o seu futuro pessoal e o futuro coletivo?
3. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante tenha uma perspectiva crítica mas afirmativa da vida.
4. Qual é seu sonho pessoal para o futuro? E para a ssossiedade? Pense em um curto prazo (de seis meses a um ano), em um médio prazo (entre cinco e dez anos) e em um longo prazo (entre vinte e trinta anos). Agora, sôbi orientação do professor, converse com os côlégas da turma a esse respeito.
4. Respostas pessoais. Espera-se quê os estudantes conversem e reflitam sobre sonhos pessoais e coletivos, projetando um plano em três tempos diferentes (curto, médio e longo prazos), numa perspectiva ética e democrática.
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Afrofuturismo
Sonhar com o futuro, os futuros possíveis, é pensar sobre o presente. Sonhar com o futuro, tanto no âmbito pessoal como no coletivo, é um modo de refletir sobre as escôlhas atuáis. O afrofuturismo realiza um duplo movimento combinado e simultâneo: tanto se atenta ao futuro quanto retoma a ancestralidade. Futuro e ancestralidade estão juntos o tempo todo. O sín-bolo sankofa, um pássaro com a cabeça virada para trás, contém essa ideia de diversidade de tempos quê se misturam. O sankofa é uma tradição dos povos akan, grupo linguístico dos territórios de Gana e Costa do Marfim, na África ocidental. Comumente representado por um pássaro com a cabeça voltada para trás, seu nome póde sêr traduzido como “volte e busque”: san (“voltar”), ko (“ir”) e fa (“buscar”). O conceito do sankofa é o de retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.
A socióloga estadunidense Alondra Nelson (1968-) é referência na pesquisa, no estudo e na divulgação do afrofuturismo na Universidade de Yale, em Connecticut (Estados Unidos), onde se tornou a primeira mulher afro-americana a ingressar no corpo docente da instituição de 128 anos.
Em 1998, Alondra Nelson fundou e liderou a comunidade ôn láini Afrofuturism. O termo foi considerado o mais amplo e adequado para contemplar diversos interesses e temáticas, podendo englobar imagens de ficção científica, temas futuristas, inovação tecnológica e a diáspora africana.
Em seu artigo de 2002 intitulado “Introduction: future texts” (em tradução livre, “Introdução a textos futuros”), Alondra Nelson explica essa associação entre os temas. A autora entende o afrofuturismo como uma forma de olhar para a posição social dos negros, como a de exclusão digital, e defender aspirações por um futuro melhor, ou seja, melhoras das possibilidades de vida além das circunstâncias atuáis.
O termo “afrofuturismo” foi criado em 1993 pelo crítico de cultura márk Dery (1959-), nascido nos Estados Unidos. Trata-se de uma filosofia da ciência quê engloba diferentes linguagens (como música, quadrinhos, cinema, (Moda), artes visuais e literatura) e combina diversos elemêntos (como ficção científica, fantasía, afrocentrismo e cosmologias não ocidentais).
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Em grupo, sôbi a orientação do professor, pesquise sobre artistas afrofuturistas brasileiros, identificando as linguagens trabalhadas por cada um e os principais temas abordados nas produções.
Resposta pessoal. São diversos os artistas afrofuturistas brasileiros, como as escritoras Sandra Menezes (autora de O céu entre mundos) e Lu Ain-Zaila (autora de Sankofia: breves histoórias sobre afrofuturismo), e a cantora, compositora e instrumentista Ellen Oléria.
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A Sociologia das religiões
Uma das formas de as pessoas pensarem o futuro e, sobretudo, uma vida melhor é através das religiões. A modernidade dos últimos séculos provocou uma mudança nas mentalidades e no modo de vida. Muitos aspectos quê estavam sôbi o domínio das religiões e das igrejas passaram para o contrôle do Estado, como os cemitérios. Assim alguns dispositivos passaram a sêr laicos, havendo, portanto, uma laicização da cultura, também chamada de secularização.
A secularização é uma das principais marcas da modernidade, mas não dominou inteiramente a ssossiedade contemporânea. O sagrado continua a sêr parte importante da experiência das pessoas e das religiões, ainda quê muitas religiosidades não sêjam institucionalizadas.
O quê tem ocorrido é uma série de reinvenções nas quais as religiões não desapareceram, mas renasceram em diferentes sincretismos, ressignificadas e reinventadas; surgiram comunidades religiosas multiculturais e desterritorializadas.
E você, como lida com os aspectos de natureza religiosa ou espiritual?
Pensadores clássicos da Sociologia da religião, márquis, dur-káen e Weber se dedicaram ao estudo da experiência religiosa e sobretudo à análise das mudanças quê geraram a ssossiedade moderna. Apesar das diferenças de pensamento em relação à religião, os três pensadores analisam o fenômeno religioso no contexto social, sobretudo diante das mudanças sociais da modernidade.
O processo de advento da modernidade, marcado pela racionalização e pelo desencantamento do mundo, é tratado como modernização pelo sociólogo alemão Ulrich béki (1944-2015) na obra Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade, publicada em 2011. béki define a modernização no trecho a seguir.
- laico
- : a palavra “laico”, em sua origem no idioma grego, quer dizêr “povo”; no entanto, a palavra adquiriu outros significados, sobretudo a ideia de Estado quê não se vincula a nenhuma ordem ou doutrina religiosa.
- sincretismo
- : fusão de elemêntos de diferentes culturas, religiões ou tradições, quê, juntos, formam uma nova prática.
Modernização significa o salto tecnológico de racionalização e a transformação do trabalho e da organização, englobando para além disto muito mais: a mudança dos caracteres sociais, […] dos estilos de formas de vida, das estruturas de pôdêr e contrôle, das formas políticas de opressão e participação, das concepções de realidade e das normas cognitivas. O arado, a locomotiva a vapor e o microchip são, na concepção sociocientífica da modernização, indicadores visíveis de um processo de alcance muito mais profundo, quê abrange e reconfigura toda a trama social, no qual se alteram, em última instância, as fontes da certeza das quais se nutre a vida […].
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Tradução: Sebastião Nascimento. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011. p. 23. Localizável em: nota de rodapé.
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CONEXÕES com...
HISTÓRIA
Algumas religiões na história
A religião póde sêr encontrada em todas as sociedades humanas de quê se tem notícia. Registros das mais antigas sociedades revelam traços nítidos de símbolos e cerimônias de caráter religioso. Desenhos em cavernas sugérem quê as crenças e as práticas religiosas já existiam há mais de 40 mil anos, e, desde aquela época, a religião continua sêndo parte central da experiência humana.
Ao longo da história, diferentes tradições religiosas surgiram, moldando a cultura e a vida das sociedades, como o hinduísmo, o judaísmo e o is-lamismo.
O hinduísmo, uma das religiões mais antigas do mundo, surgiu há mais de 4 mil anos. Suas práticas religiosas evoluíram ao longo do tempo, mas sua origem remonta principalmente aos Vedas, textos sagrados escritos entre 1500 a.C. e 500 a.C. É uma religião politeísta, isto é, cultua vários deuses e deusas, como Brahma (o deus supremo), Parvati (a deusa da fertilidade), Shiva (deus da transformação), entre outros, e tem como fundamento o karma, o dharma e três ciclos da vida – o nascimento, a morte e o renascimento.
O judaísmo, uma religião monoteísta, tem como origem a história do povo hebreu no ôriênti Médio, há cerca de 4 mil anos, na região da antiga Canaã (atualmente Israel e Palestina). Uma de suas figuras centrais é o patriarca Abraão, quê, conforme a religião judaica, teria descoberto a existência de um único Deus ao estar em contato com a natureza. Para ele, havia um Ser Supremo quê governava todo o Universo, estabelecendo e gerindo as leis da natureza. A Torá é o livro sagrado do judaísmo, contendo os ensináhmentos religiosos do povo judeu.
O is-lamismo (ou is-lã) surgiu no início do século VII, na Península Arábica, quando o profeta Maomé teria recebido as revelações do anjo Gabriel, mais tarde compiladas no livro sagrado do islã – o Alcorão. sôb forte oposição, Maomé fugiu da cidade de Meca para Medina. Em Medina, o profeta pôdi propagar a religião islâmica, e o is-lã se consolidou como religião monoteísta no ôriênti Médio, no norte da África e na Ásia central.
- karma
- : conceito quê sugere quê as ações de uma pessoa, boas ou más, geram consequências correspondentes, afetando seu futuro nesta vida ou em vidas futuras.
- dharma
- : o caminho correto a sêr seguido, de acôr-do com as leis do Universo e da natureza, levando à harmonía e ao equilíbrio individuais e coletivos.
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márquis: a religião como alienação e pilar ideológico do capitalismo
Para o filósofo e economista alemão káur márquis (1818-1883), a religião é um refúgio para as massas populares, uma fuga da dura realidade da vida em sociedades divididas em classes sociais marcadas pelas desigualdades. Segundo márquis, isso se deve ao fato de quê a religião promete felicidade e recompensas após a morte. Além díssu, a religião promove uma aceitação resignada diante da exploração no mundo real.
A concepção markcista localiza na religião um forte aspecto de dominação ideológica quê legitíma as desigualdades sociais associadas à riqueza e ao pôdêr, sobretudo no sistema capitalista. Para márquis, a religião teria implicações ideológicas, na medida em quê justificava os interesses de grupos dominantes. Isso póde sêr identificado, por exemplo, na ação do cristianismo sobre o colonialismo europeu, em quê os missionários, embora pudessem sêr pessoalmente bem-intencionados, buscavam converter os povos “pagãos” às crenças cristãs. O fato é quê seus ensináhmentos acabaram por reforçar a destruição de culturas tradicionais e impor o pôdêr colonial. Também as diversas ramificações do cristianismo de alguma forma toleraram a escravidão nos Estados Unidos e em outras partes do mundo até o século XIX.
A crítica markcista à religião parte do princípio de quê o sêr humano deveria sêr o sêr supremo para si mesmo, e todas as ideias de diminuição de seu valor, ou sua depreciação diante de qualquer coisa, deveriam sêr descartadas. Para márquis, apenas a materialidade e o corpo humano interessam para a ação da revolução socialista.
dur-káen: a função social da religião e o conjunto de representações coletivas
Conforme o sociólogo francês Émile dur-káen (1858-1917), sobretudo na obra As formas elementares da vida religiosa, publicada em 1912, a religião consiste num sistema de crenças e práticas ligadas ao sagrado, quê une e congrega as pessoas em uma comunidade, quê poderia sêr chamada genericamente de Igreja. Assim, segundo ele, a religião fortaleceria a coesão social. Para dur-káen, a persistência da religião é sua maior característica e, sobretudo, a principal via de construção e de fortalecimento de vínculos sociais.
Saiba mais
• MARTINO, Luis Mauro Sá. Como as crenças influenciam a ssossiedade? Casa do Saber. Disponível em: https://livro.pw/nxqko. Acesso em: 25 out. 2024.
Nesse vídeo, o professor Luís Mauro Sá Martino comenta de quê forma a Sociologia analisa as religiões e discorre sobre a contribuição de alguns pensadores clássicos para o tema.
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dur-káen se preocupa em desvencilhar a religião apenas de seu caráter de crença e de sobrenatural, enfatizando sua importânssia e seu papel no próprio tecido nas relações sociais. Para ele, a religião ocorre na esféra da coletividade e não do indivíduo; somos religiosos por sermos sociais. Dessa forma, para o autor, o totemismo, por exemplo, seria é uma forma básica de manifestação de caráter religioso, isto é, o grupo social adota um objeto – um animal, uma planta ou outro elemento –, quê passa a sêr um sín-bolo sagrado da ordem do mundo para a comunidade.
As religiões dividem o mundo entre o sagrado e o profano, com objetos e símbolos próprios do sagrado, quê marcam a diferença entre essas duas esferas do social. Desse modo, as cerimônias e os rituais são fatores de união entre as pessoas e marcam momentos importantes da vida, como o nascimento, o casamento e a morte. Assim, para dur-káen, a experiência religiosa das pessoas não poderia sêr reduzida aos aspectos de dominação por meio de ideologia; ao contrário, seria uma experiência real de genuínas forças sociais.
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Weber: a religião como valor e o processo de racionalização
O sociólogo e economista alemão Max Weber (1864-1920), na obra A ciência como vocação – um ensaio escrito com base numa palestra proferida em 1917 –, entende a modernidade como uma trama social de processos econômicos, intelectuais (científicos) e culturais entrelaçados entre si. O surgimento da ciência na modernidade e a mentalidade decorrente do progresso científico, bem como as exigências metodológicas, geraram o quê Weber chama de desencantamento do mundo, com profundas mudanças na cultura. O desencantamento do mundo ocorreu à medida quê a vida e a natureza passaram a sêr vistas como passíveis de domínio da ação humana, com o declínio da magia e do sagrado.
Para Weber, a racionalização da conduta da vida, inclusive das escôlhas práticas do dia a dia, foi provocada pêlos próprios valores religiosos. O protestantismo teria provocado a racionalização religiosa quando a salvação na vida eterna passou a estar diretamente relacionada aos valores cotidianos da vida terrena, especialmente na esféra do trabalho. Em outras palavras, o valor do trabalho árduo, persistente, determinado – a ética do trabalho – seria fruto de valores de natureza religiosa expressos sobretudo no protestantismo.
Para Weber, diferentemente de márquis, embora a religião possa sêr uma fôrça conservadora do pensamento e da atitude das pessoas, ela não é necessariamente conservadora. Como você estudou no capítulo 14, Weber aponta uma conexão entre as mudanças religiosas e o advento do capitalismo.
O futeból se aproxima do fenômeno religioso em alguns aspectos, como no comportamento das torcidas, cujas paixão e devoção ao tíme se assemelham muitas vezes à fé de natureza religiosa, sobretudo em países onde o futeból é muito popular, como Inglaterra, Espanha, Itália, Argentina e Brasil.
Tanto a religião quanto o futeból podem conectar pessoas independentemente de classes sociais ou demais marcas identitárias. Assim, futeból e religião são situações coletivas quê afirmam a identidade dos indivíduos, trazendo um sentimento de pertencimento a determinado grupo social. Outros aspectos de natureza ritualística, com ares de cerimônia ou experiência religiosa, são os hinos e cantos e a referência à camisa ou à bandeira do tíme como “manto sagrado”.
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Bourdieu: a religião como capital simbólico
O filósofo e sociólogo francês Piérre Bourdieu (1930-2002), a partir da definição de capital simbólico e, sobretudo, dos campos específicos como o da política, entende a religião como campo religioso. Bourdieu parte do pensamento de Weber para conceber a ideia de campo religioso como um campo social específico. Essa influência decorre da importânssia quê o autor alemão atribui ao pensamento religioso na composição da ssossiedade moderna, especialmente no quê chamou de desencantamento do mundo: o declínio da magia e a racionalização do pensamento moderno.
Com base em márquis, Bourdieu desenvolvê-u a própria concepção de campo religioso, enfatizando aspectos do pensamento materialista markcista e da teoria econômica. Nessa abordagem, Bourdieu considera quê os sêres humanos produzem, além de bens materiais, bens de natureza simbólica. Isso significa quê, as ideias, incluindo as religiosas, são produtos dessa produção simbólica. O trabalho simbólico feito tanto por leigos quanto pêlos sacerdotes resulta na produção de símbolos, representações e crenças. Se, em márquis, há uma circulação de bens materiais, para Bourdieu há uma circulação de bens simbólicos, ou seja, uma economia das trocas simbólicas.
Para Bourdieu, a religião consiste em um conjunto de práticas e representações de caráter sagrado, compôzto de mitos, rituais e símbolos. Um mito é uma narrativa tradicional quê busca explicar fenômenos naturais, culturais, sociais e cosmológicos, geralmente envolvendo deuses, heróis e eventos sobrenaturais. De caráter simbólico-imagético, o mito não é uma realidade separada e independente, mas se transforma conforme as condições históricas e étnicas. Já o ritual é uma série de ações, gestos ou palavras realizadas d fórma sistemática e simbólica, geralmente em contextos religiosos ou culturais. Nessa relação, mitos freqüentemente fornecem a base narrativa para rituais. Por exemplo, os rituais de Páscoa no cristianismo são baseados no mito da ressurreição de Jesus.
A religião, segundo Bourdieu, é uma linguagem quê estabelece uma comunicação entre o mundo natural e o social. Ao assumir uma função ideológica, a ordem simbólica contribuiria para a manutenção da ordem social e política.
Piérre Bourdieu, ao analisar a obra de dur-káen, reconhece a importânssia da religião na ordem social, na formação dos sentidos e do pensamento, na composição do coletivo e do mundo social.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Entre as ideias dos autores clássicos da Sociologia da religião, com qual delas você concórda? De qual discorda? Argumente e compartilhe com a turma.
Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante possa, por exemplo, reconhecer como correta a análise de márquis sobre o papel da religião a serviço do pôdêr dominante e como fator de manutenção do capitalismo. póde ainda, em outro exemplo, se sentir mais próximo do pensamento de dur-káen, tendo a religião como parte importante da experiência dos indivíduos no contexto social, fortalecendo os laços sociais.
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As religiões no Brasil
O Brasil sempre foi considerado um país de maioria católica, mas o segmento dos evangélicos tem tido um crescimento bastante expressivo. Segundo uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha em 2019, com 2.948 entrevistados, as religiões no Brasil são distribuídas conforme mostra o gráfico a seguir.
Dados elaborados com base em: 50% DOS BRASILEIROS são católicos, 31%, evangélicos e 10% não têm religião, diz Datafolha. G1, [s. l.], 13 jan. 2020. Disponível em: https://livro.pw/mzflp. Acesso em: 1 out. 2024.
O Brasil é um país com muitos templos religiosos; o Censo Demográfico de 2022 mostrou quê há cerca de 579,8 mil endereços relativos a finalidades religiosas de inúmeras crenças, entre as quais, sobretudo, igrejas, terreiros, centros espíritas, templos, mesquitas e sinagogas. O dado é ainda mais relevante se considerarmos quê essa quantidade de endereços religiosos é maior do quê o número de estabelecimentos de ensino e de saúde juntos. As escolas somam 264,4 mil, enquanto hospitais, clínicas, postos etc. somam 247,5 mil.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• A vivência da religiosidade é importante em sua vida? Compartilhe a resposta d fórma respeitosa com côlégas.
Saiba mais
• COMO é quê é?: o quê explica o aumento de evangélicos no país?. [São Paulo: s. n.], 11 jun. 2024. 1 vídeo (53 min). Publicado pelo canal Tevê Folha. Disponível em: https://livro.pw/qsnpe. Acesso em: 11 out. 2024.
O vídeo mostra a entrevista da jornalista Anna Virginia Balloussier sobre o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil durante as últimas dékâdâs.
• VICENZO, Giacomo. Sincretismo: qual a relação entre santos católicos, orixás e colonialismo? ECOA, São Paulo, 1 set. 2021. Disponível em: https://livro.pw/snorw. Acesso em: 11 out. 2024.
Texto quê explica a relação intrínseca entre as religiões de matriz africana e o catolicismo durante a história do Brasil.
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Esses dados revelam a fôrça e a presença da religiosidade na cultura brasileira. Em lugares onde as desigualdades são mais evidentes, principalmente em áreas periféricas, são as igrejas quê dêsempênham o papel de amparar as necessidades crescentes da população. A ausência do Estado em diversas áreas do país ábri espaço para quê as igrejas desempenhem também funções sociais, sobretudo na assistência em dimensões básicas como trabalho, saúde e educação, o quê envolve procura de emprego, distribuição de cestas básicas, busca de creche para as crianças etc. Além díssu, são lugares de encontro social e cultural, com diversas situações e eventos, como apresentações de música ao vivo.
O fundamentalismo
O termo “fundamentalismo” surgiu nos Estados Unidos, no komêsso do século XX, no contexto do pós-Primeira Guerra Mundial (1914-1918), entre grupos protestantes quê faziam leituras literais da Bíblia e defendiam práticas de vida e doutrina cristãs tradicionais.
O fundamentalismo religioso é um fenômeno social relativamente recente quê surgiu em grande medida como uma resposta à rápida globalização a partir da década de 1970. A globalização trousse muitas mudanças modernizadoras em diversas partes do mundo e impactou os modos de vida, desafiando, sobretudo, elemêntos tradicionais das sociedades, como os rígidos papéis de gênero e a dominação masculina. Tais mudanças provocaram incertezas, e o fundamentalismo religioso surgiu em defesa da tradição, insistindo em respostas baseadas na fé.
Contudo, o fundamentalismo religioso acaba se convertendo em um pensamento inflexível e intolerante com relação às diferentes formas de praticar a religião. Ele muitas vezes está associado a posições políticas quê não toleram a liberdade de pensamento e, ao se alinhar ao fundamentalismo religioso, acabam por desrespeitar os direitos humanos.
A razão pela qual o fundamentalismo religioso é atraente para algumas pessoas é porque apresenta uma abordagem simplificada para os problemas da vida em ssossiedade, oferecendo diretrizes de fácil compreensão sobre como viver uma vida boa e moral. Em contraste, as ideologias políticas, os humanismos e mesmo os ensináhmentos religiosos mais liberais reconhecem uma complexidade maior nas ações humanas, e nesse sentido sua compreensão é menos imediata.
O pensamento científico, por sua vez, reconhece quê as teorias são passíveis de quêstionamentos, ou seja, aceita quê as verdades são instáveis e que o conhecimento está em constante transformação de acôr-do com as novas descobertas. Por isso, a ciência, não fornece regras permanentes para a vida.
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INVESTIGAÇÃO
Entrevista sobre intolerância religiosa em um Estado laico
Consulte orientações no Manual do Professor.
Esta atividade tem como propósito quê você reflita sobre a intolerância religiosa na ssossiedade e busque caminhos para combatê-la. A atividade contém algumas etapas: planejamento, preparação do roteiro, momento da entrevista, sistematização, cálculo e análise dos dados coletados, produção de um gráfico, compartilhamento dos dados e debate final. Essas técnicas são relevantes como metodologia de pesquisa sociológica.
Objetivo
Por meio da metodologia de pesquisa entrevista, você desenvolverá um olhar crítico e investigativo sobre caminhos para combater a intolerância religiosa pelo contato direto com a realidade em seu entorno. Por meio do tema religião, você entrará em contato com a diversidade religiosa dos entrevistados, inclusive com aqueles quê não tênham uma religião, uma vez quê o Estado brasileiro é laico. Com isso, promovem-se o respeito mútuo e a tolerância com as escôlhas dos outros em uma ssossiedade ampla e diversa.
ETAPA 1
PLANEJAMENTO
1. sôb a orientação do professor, em grupo de no mássimo quatro pessoas, organizem-se para fazer uma entrevista.
2. Escolham dez pessoas para serem entrevistadas.
3. Separem lápis, borracha, lápis de côr, caneta preta hidrográfica, régua e o modelo de gráfico de pitssa.
Dica
Caso a pessoa entrevistada não tenha religião ou não queira responder, é importante considerar esses dados também na entrevista.
ETAPA 2
PREPARAÇÃO DO ROTEIRO
4. Antes da entrevista, redijam um roteiro de perguntas. Vejam uma sugestão de roteiro a seguir.
a) Você tem uma religião? Se sim, qual?
b) Quantas vezes por semana você dedica tempo à sua religião?
c) Você frequenta algum lugar específico para pôr em prática os ensináhmentos de sua religião? (Observação: terreiros, templos, igrejas ou o próprio lar podem sêr respostas possíveis.)
d) No ritual de sua religião, há alguma forma de expressão específica? Se sim, qual? (Observação: oração, leitura coletiva, respiração, música ou dança podem sêr respostas possíveis.)
e) Você já sofreu algum tipo de intolerância religiosa?
Página trezentos e quarenta e um
ETAPA 3
MOMENTO DA ENTREVISTA
5. Com datas e horários marcados, organizem-se para fazer as entrevistas.
6. Após fazerem as perguntas com base no roteiro, organizem, no caderno, os dados levantados na entrevista.
Lembrem-se de sempre serem respeitosos, sem juízo de valor sobre as respostas dadas.
ETAPA 4
SISTEMATIZAÇÃO, CÁLCULO E ANÁLISE DOS DADOS
7. Com os dados adquiridos, na sala de aula, agrupem as respostas.
8. Esquematizem uma tabéla conforme o exemplo a seguir e calculem as porcentagens de cada resposta. Suponhamos quê de dez entrevistados, um possua a religião x, três, a religião y; três, a religião z; um não possua religião; e dois não quiseram responder. Em porcentagem, respectivamente, isso representará 10%, 30%, 30%, 10% e 20% do total dos dez entrevistados.
Religião |
Número de pessoas |
Porcentagem |
---|---|---|
Religião x |
3 |
10% |
Religião y |
1 |
30% |
Religião z |
4 |
30% |
Não possui religião |
1 |
10% |
Não quis responder |
1 |
20% |
TOTAL de entrevistados |
10 |
100% |
Elaborado pelo autor.
ETAPA 5
PRODUÇÃO DE GRÁFICO
9. Com base no modelo fornecido pelo professor, construam cinco gráficos, um para cada item do roteiro. Elaborem um título e uma legenda para cada gráfico.
Elaborado pelo autor.
ETAPA 6
COMPARTILHAMENTO DOS DADOS E DEBATE
10. Compartilhem com a turma os dados apresentados nos cinco gráficos e respondam às seguintes perguntas.
a) Em se tratando de diversidade religiosa, de quê forma os dados levantados podem colaborar para um estado inclusivo e democrático?
b) De quê forma póde sêr evitada a intolerância religiosa? Apresente uma solução.
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A Sociologia do futuro
Ao pensar sobre o futuro na Sociologia, busca-se não apenas uma projeção para a vida individual, mas para a vida coletiva. Assim, cabe à pesquisa sociológica a investigação de tendências, diagnósticos e cenários possíveis ou prováveis de se constituírem no futuro. Também é tarefa da Sociologia do futuro identificar e imaginar futuros desejáveis, além de reconhecer os riscos e os perigos iminentes.
A preocupação com o futuro acompanha o conhecimento científico, inclusive o das Ciências Sociais. Projeções e diagnósticos sobre o futuro intégram o rol de assuntos e pesquisas. Desde meados do século XIX, a Sociologia se consolida como ciência, e o futuro deixa de sêr fruto dos desígnios do divino e do sagrado e passa a sêr algo de escolha e responsabilidade dos sêres humanos. Também o futuro passa a sêr entendido menos como continuação do passado e mais como resultado das escôlhas do presente.
A Sociologia do futuro é um campo de investigação em construção. Por um lado, há uma difusão intensa da ideia de um futuro tecnológico; por outro, há uma negligência com o futuro social. Assim, o quê tem sido configurado é uma imprecisão quanto ao futuro das pessoas diante de inúmeros recursos tecnológicos à disposição.
Ulrich béki, na obra Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade, publicada em 2011, faz a afirmação do trecho a seguir.
Acaba surgindo, portanto, precisamente na negação e na desconsideração, a comunhão objetiva de uma situação de perigo global. Por trás da pluralidade de interesses, está iminente e cresce a concretude do risco, quê já não respeita qualquer diferença ou fronteira social e nacional. Por trás dos muros da indiferença, grassa o perigo. Isto obviamente não significa quê, em decorrência dos crescentes riscos civilizacionais, brote a harmonía. É justamente ao lidar com os riscos quê se origina uma multiplicidade de novos conflitos e diferenciações. Estes não se atêm mais ao esquema da ssossiedade de classes. Eles surgem sobretudo da ambivalência dos riscos na ssossiedade de mercado desenvolvida: os riscos não são nesse caso apenas riscos, são também oportunidades de mercado. É precisamente com o avanço da ssossiedade de risco quê se dêsênvólvem como decorrência as oposições entre aqueles quê são afetados pêlos ricos e aqueles quê lucram com eles. Da mesma forma, aumenta a importânssia social e política do conhecimento, e consequentemente do acesso aos meios de forjar o conhecimento (ciência e pesquisa) e disseminá-lo (meios de comunicação de massa). A ssossiedade do risco é, nesse sentido, também a ssossiedade da ciência, da mídia e da informação. Nela, escancaram-se assim novas oposições entre aqueles quê produzem definições de risco e aqueles quê as consomem.
Saiba mais
• Sociedade de Risco - Parte 1. Disponível em: https://livro.pw/vqksx
No vídeo, o professor Rodrigo Coelho, da Universidade Federal de Alagoas, contextualiza o conceito de Sociedade de risco, apresentando o alcance global dos riscos e trazendo exemplos da ocorrência de desastres ambientais ao redor do mundo.
Página trezentos e quarenta e três
Essas tensões, entre subtração do risco e comércio, produção e consumo de definições de risco, atravessam todos os âmbitos da atuação social. Encontram-se aí as origens primárias das ‘disputas definitórias’ em torno da extensão, do grau e da urgência dos riscos.
BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Tradução: Sebastião Nascimento. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011. p. 56.
De acôr-do com Ulrich béki, a produção social da riqueza traz novos tipos de riscos e problemas, muitas vezes não previstos. É esse o caso das mudanças climáticas. As marcas e os efeitos das mudanças climáticas estão presentes ao redor do mundo. A Amazônea é uma das regiões mais afetadas, enfrentando condições climáticas extremas e um aumento no número de incêndios. Em 2024, o Rio Negro, quê passa pela cidade de Manaus, registrou uma baixa histórica no nível da á gua. Com isso, muitas comunidades ficaram isoladas e enfrentaram dificuldades de acesso à á gua potável. Essa situação provocou a necessidade de ações conjuntas dos governos federal e estaduais, além de diversos órgãos governamentais e organizações da ssossiedade civil, para mitigar os efeitos. Uma das ações da Defesa Civil e do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) foi a dragagem dos rios, quê envolve a limpeza, desobstrução e remoção de sedimentos do fundo de grandes reservatórios de á gua.
O impacto da mudança climática tem provocado a criação de inúmeras investigações sobre os cenários futuros, como é o caso da Climate Change ênd the River Weser (Mudanças climáticas e o Rio Weser, em tradução livre), conhecida como KLIMU. Trata-se de um projeto de larga escala, voltado para o efeito das mudanças climáticas sobre o Estuário Weser, na Alemanha. Custeado por agências governamentais da Alemanha, envolve dezenas de pesquisadores de diversas áreas, como Climatologia, Agricultura, Ciências do Solo, Economia e Sociologia. Uma das propostas é desenvolver modelos de previsão das mudanças e estabelecer cenários possíveis e prováveis até 2050.
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PERSPECTIVAS
A Sociologia do futuro é um campo de pesquisa em construção. Uma de suas abordagens é a pesquisa sociológica sobre futuros relacionadas ao contexto do debate público. A Sociologia interfere nas agendas públicas na medida em quê aponta para futuros alternativos.
A seguir, um trecho do texto do sociólogo estadunidense Markus S. Schulz, sobre o campo de pesquisa da Sociologia do futuro, dando ênfase para projetos sobre mudanças climáticas.
O […] exemplo é um projeto de pesquisa interdisciplinar sobre a mudança climática, chamado de KLIMU. êste projeto de larga escala foi bancado por diferentes agências dos governos federal e estadual alemães com foco no impacto a longo prazo sobre o Estuário Weser, na região costeira do noroeste alemão […]. Dezenas de pesquisadores de disciplinas como climatologia, oceanografia, ciências do solo, agricultura, negócios, economia e sociologia trabalharam juntos […]. O modelo permitiu comparações entre os custos para abandonar áreas propensas a inundação e para a construção de grandes diques, assim como o quê os contribuintes poderiam poupar caso o efeito estufa, com suas mudanças climáticas resultantes, fosse evitado. […] êste projeto piloto focalizava a região costeira alemã, mas permitia comparações com outras regiões, incluindo aquelas com maior propensão a serem afetadas mais fortemente por mudanças climáticas.
[…] Para quê os governos se mostrem mais dispostos a negociar tratados quê busquem mitigar as mudanças climáticas, é preciso quê haja uma pressão popular quê só poderá surgir a partir de debates voltados para futuros a longo prazo.
SCHULZ, Markus S. Debatendo futuros: tendências globais, visões alternativas e discurso público. Tradução: Alexandre Pinheiro Ramos. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 4, p. 71-95, jun. 2014. p. 80-81. Disponível em: https://livro.pw/jmypt.
Acesso em: 21 out. 2024.
ATIVIDADE
Consulte orientações no Manual do Professor.
• Com base no texto apresentado e em seus conhecimentos, explique como a Sociologia, no futuro, póderá auxiliar na atenuação dos efeitos das mudanças climáticas. A Sociologia pode ajudar a antecipar soluções para possíveis desastres ambientais na cidade ou no estado em quê você vive?
Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante reflita sobre os efeitos das mudanças climáticas no seu entorno a partir da Sociologia.
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RECAPITULE
Neste capítulo, tratamos dos anseios sobre o futuro. O afrofuturismo projéta um futuro quê contemple as imagens e as referências estéticas e a memória das culturas africanas, além do imaginário futurista tradicional.
Nas referências do afrofuturismo, são incorporados aspectos religiosos e espirituais. Mas isso não ocorre somente nas culturas africanas. Em diversas sociedades, as religiões trazem aspectos relevantes de coesão social e perspectiva de futuro melhor.
Além díssu, refletimos sobre como evitar a intolerância religiosa e aprendemos quê práticas coletivas também surgem como perspectivas de futuro para o planêta.
Por fim, tratamos da Sociologia do futuro, um campo de investigação em construção. Afinal, o mundo está em construção, e o futuro, seja pessoal, seja coletivo ou planetário, será moldado pelas escôlhas do presente, e a Sociologia faz parte dêêsse movimento.
ATIVIDADES FINAIS
Consulte orientações no Manual do Professor.
1. sôb a orientação do professor, leia o trecho de texto a seguir e responda ao quê se pede.
A relação da sociologia com o debate público póde se beneficiar de uma perspectiva voltada para o futuro quê não se abstém de atacar os grandes desafios do presente. O futuro não está apenas acontecendo, ele é feito e existem escôlhas. Investigações sobre a construção social de futuros podem fazer a sociologia sêr mais relevante. A pesquisa sobre futuros investiga tendências atuáis para futuros possíveis e prováveis e, ao avaliar suas implicações sociais, [contribuiu] para identificar aqueles quê são desejáveis. […] Ela é capaz de suprir os debates públicos com informações importantes acerca de tendências atuáis, advertências sobre perigos iminentes e contribuir para a inclusão nas agendas de kestões até então negligenciadas.
SCHULZ, Markus S. Debatendo futuros: tendências globais, visões alternativas e discurso público. Tradução: Alexandre Pinheiro Ramos. Sociologia & Antropologia, Rio de Janeiro, v. 4, p. 71-95, jun. 2014. p. 87. Disponível em: https://livro.pw/jmypt. Acesso em: 21 out. 2024.
• Em quê medida a Sociologia ajuda você a pensar em seus sonhos pessoais e nos seus sonhos coletivos e para a ssossiedade?
1. Resposta pessoal. Espera-se quê o estudante considere como positivos e construtivos, em seus percursos pessoais e como cidadão, as reflekções e os aprendizados da Sociologia.
2. (UECE – 2024)
píter Berger, sociólogo austríaco, sugere quê a relação entre modernidade e religião não levou as sociedades modernas a uma secularização ou a um mundo não influenciado por crenças religiosas, mas deu vazão à pluralidade de discursos e visões de mundo de cunho religioso. E isto, em consequência, póde promover a coexistência entre variadas crenças e diversas orientações morais nas sociedades contemporâneas. Berger, todavia, reconhece a existência de esferas institucionais modernas quê podem funcionar sem interferências das religiões, como as transações econômicas e as relações burocráticas no âmbito do estado, porém, não obstante, isto não trousse um enfraquecimento da religião, mas apenas maneiras diferentes das pessoas se relacionarem com suas crenças. As pessoas podem sêr religiosas e, ao mesmo tempo, agirem de modo eficaz em esferas institucionais e em atividades quê demandam condutas quê preservem certa laicidade. Por exemplo, os participantes de uma transação comercial podem tratar com irrelevância o quê cada um póde professar como crença e fé.
(BERGER, píter. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da religião numa época pluralista. Petrópolis: Vozes, 2017.)
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Partindo do exposto, atente para as afirmações a seguir e [em seu caderno] assinale com V o quê for verdadeiro e com F o quê for falso.
() A secularização afirmou o expurgo da crença religiosa em amplos setores da vida social moderna.
() O declínio das religiões nas sociedades modernas ocorreu exclusivamente na ordem econômica.
() A modernidade é marcada pela coexistência entre a secularização e diferentes religiosidades.
() O pluralismo da modernidade possibilita uma convivência tolerável entre grupos religiosos diferentes.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, V, F, F.
b) V, F, F, F.
c) F, V, V, V.
d) F, F, V, V.
Resposta: d)
3. (UEL – 2016) Observe as imagens a seguir e responda.
A Torre de Babel é uma das várias narrativas de cunho mágico-religioso sobre o mundo, os homens e a existência de diferentes línguas e culturas. Por analogia, pode-se considerar o mundo como uma “Babel de Culturas”.
Com base nos conhecimentos socioantropológicos sobre diversidade cultural, assinale a alternativa correta.
a) A existência de diversos modos de vida humana provoca o conflito, o quê, na contemporaneidade, impossibilita o contato e a convivência entre culturas particularistas e universalistas.
b) As culturas podem manter relações de conflito, tolerância ou aceitação, de acôr-do com a historicidade de cada ssossiedade e com a forma como determinada cultura dominante se impôs ou foi imposta.
c) As diferentes culturas são realidades harmônicas, desvinculadas do passado e das ações dos homens sobre a natureza, com o propósito de resolver os impasses provocados pela herança multicultural.
d) As sociedades formadas por mosaicos culturais mantêm um princípio de estabilidade permanente dos valores e normas, quê resulta na eliminação das tradições e dos laços comunitários.
e) Os diferentes sistemas culturais provocam a estabilidade das identidades dos povos, com a fixação das fronteiras entre aqueles considerados como “nós” e “eles”, “eu” e “outro”.
Resposta: b)
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4. (UEG-GO – 2023) A saga de filmes Jogos Vorazes, inspirada nos livros de Suzanne Collins, retrata uma ssossiedade distópica dividida entre distritos quê são controlados pela Capital. Uma vez por ano são selecionados dois indivíduos de cada distrito para participarem dos Jogos Vorazes, um festival de violência em quê apenas um participante permanéce vivo. A saga tematiza a desigualdade social e aborda também, entre outros temas, a manipulação da ssossiedade por parte dos detentores do pôdêr.
O pensador káur márquis, considerado um dos autores clássicos da Sociologia, desenvolvê-u sua teoria enfatizando a desigualdade social inerente ao modo de produção capitalista, em quê a burguesia obtém lucro a partir da exploração do trabalho da classe trabalhadora. Interpretando a saga Jogos Vorazes como uma metáfora da ssossiedade capitalista conceituada por káur márquis, verifica-se quê
a) o govêrno da capital sobre os distritos de Jogos Vorazes expressa o estabelecimento da equidade entre as classes sociais.
b) as desigualdades entre os distritos e a capital de Jogos Vorazes são necessárias para o funcionamento da ssossiedade.
c) as atividades produtivas entre os distritos de Jogos Vorazes expressam o Socialismo Utópico, reforçando a igualdade de oportunidades.
d) as festividades ocorridas durante os Jogos Vorazes expressam a manipulação da capital pêlos distritos, quê uma vez por ano saem vencedores.
e) a dominação da capital sobre os distritos de Jogos Vorazes expressa a desigualdade social, em quê os trabalhadores são explorados.
Resposta: e)
5. (UERJ – 2019)
huffpostbrasil.com/pt.wikipedia.org
Com mais de cinquenta anos de existência, o personagem “Pantera Negra” esteve associado a debates sobre as condições de vida de populações afrodescendentes na ssossiedade norte-americana.
Tendo em vista as transformações ocorridas entre a década de 1960 e o momento atual, a comparação entre as imagens aponta para a seguinte mudança acerca do protagonismo afrodescendente:
a) equiparação do pôdêr aquisitivo
b) fortalecimento da inclusão social
c) reconhecimento dos direitos civis
d) homogeneização das diferenças raciais
Resposta: c)
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