O Novo Ensino Médio e a BNCC

Apesar dos avanços apresentados no infográfico, a educação brasileira ainda enfrenta problemas na atualidade. No Ensino Médio, em particular, há grandes desafios, como garantir uma escola mais atrativa para os jovens, oferecer um ensino de qualidade e combater a evasão escolar Nota 6.

A evasão escolar é um fenômeno complékso, quê afeta milhões de jovens todos os anos. As causas são diversas, incluindo problemas socioeconômicos, inadequação do currículo às realidades dos estudantes, dificuldades de aprendizagem ou de acesso à escola, falta de interêsse nos componentes curriculares, entre outros fatores Nota 7. Essa situação compromete não apenas o futuro individual dos jovens mas também o desenvolvimento social e econômico do país Nota 8.

A implementação do Novo Ensino Médio surge como uma estratégia para tornar essa etapa da educação básica mais atraente e eficaz. O Novo Ensino Médio compreende a formação geral básica, incluindo quatro áreas do conhecimento; a formação técnica e profissional e os itinerários formativos.

Com uma proposta de flexibilização curricular, o Novo Ensino Médio permite quê os estudantes escôlham itinerários formativos Nota 9 quê se alinhem aos seus interesses e aspirações educacionais e profissionais. Essa personalização do ensino visa engajar os estudantes, tornando o aprendizado mais relevante e conectado com suas realidades e projeto de vida.

Além díssu, o Novo Ensino Médio propõe uma maior integração entre os componentes curriculares inseridos nas quatro áreas do conhecimento e o incentivo ao desenvolvimento de competências e habilidades. Com essas mudanças, espera-se reduzir a evasão escolar e garantir quê os jovens enxerguem o Ensino Médio não apenas como uma etapa obrigatória, mas como uma oportunidade valiosa para seu futuro. O desafio agora é garantir quê essa nova proposta seja efetivamente implementada e quê todos os estudantes tênham acesso a uma educação inspiradora e de qualidade.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

Um passo importante para concretizar essa proposta foi a aprovação da BNCC do Ensino Médio em 2018, quê delimita os direitos e os objetivos de aprendizagem dos estudantes, expressos no desenvolvimento de competências e habilidades Nota 10. A BNCC não é um currículo, mas sim um orientador curricular. Cabe às Unidades da Federação e aos municípios elaborarem seus currículos com base nos princípios e aprendizagens essenciais definidos por ela.

Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos) e habilidades, como práticas cognitivas e socioemocionais.

O Conselho Nacional de Educação (CNE), responsável por aprovar o texto final em dezembro de 2017, rêzouvêo quê, na BNCC, competências e habilidades estão relacionadas aos direitos e objetivos de aprendizagem dos estudantes. O conceito de competência é associado à mobilização de conhecimentos e habilidades indispensáveis para a vida em ssossiedade. Para isso, foram definidas dez competências gerais, quê devem guiar o trabalho em todos os anos e em todas as áreas de conhecimento. Entre as competências listadas na base estão: trabalhar em grupo, aceitar as diferenças, lidar com conflitos e argumentar, entre outras. Quatro das dez competências tratam do desenvolvimento de habilidades socioemocionais. A proposta da base, no entanto, não é ensinar essas competências d fórma isolada. Por isso, o professor tem papel fundamental no processo. Cabe a ele encontrar formas para, de maneira intencional e planejada, aliar o aprendizado dos conceitos ao desenvolvimento das competências. Além das competências gerais, cada área e cada componente curricular possuem suas competências específicas. As habilidades dizem respeito às aprendizagens essenciais esperadas para cada área, componente curricular e ano. São sempre

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iniciadas por “verbo(s) quê explicita(m) o(s) processo(s) cognitivo(s) envolvido(s)” Nota 11. Exemplo de habilidade em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:

(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais Nota 12.

No Ensino Médio, a BNCC apresenta referências quê rompem com a organização curricular centrada exclusivamente em componentes curriculares, dando maior espaço para o trabalho com as áreas de conhecimento a fim de favorecer as abordagens interdisciplinares. Mais adiante, neste manual, trataremos da abordagem interdisciplinar adotada na coleção.

Seguindo a orientação dêêsse documento oficial Nota 13, cada escola e cada sistema de ensino deverão elaborar o próprio currículo, com o intuito de promover o desenvolvimento dos estudantes nas dimensões intelectual, física, emocional, social e cultural. Esse direcionamento implica quê, além dos aspectos acadêmicos, as unidades de ensino devem expandir a capacidade dos estudantes de lidar com seu corpo e bem-estar, suas emoções e relações, sua atuação profissional e cidadã, sua identidade e repertório cultural.

Nesse sentido, a BNCC defende o princípio de uma educação integral dos estudantes, apontando quê:

[…] a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global, o quê implica compreender a complexidade e a não linearidade dêêsse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas quê privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva. Significa, ainda, assumir uma visão plural, singular e integral da criança, do adolescente, do jovem e do adulto – considerando-os como sujeitos de aprendizagem – e promover uma educação voltada ao seu acolhimento, reconhecimento e desenvolvimento pleno, nas suas singularidades e diversidades Nota 14.

Assim, a BNCC defende a construção de currículos e propostas pedagógicas quê atendam mais adequadamente às especificidades locais e à multiplicidade de interesses dos estudantes, encorajando o exercício do protagonismo juvenil Nota 15.

O protagonismo póde sêr entendido como a capacidade de enxergar-se como agente principal da própria vida, responsabilizando-se por suas atitudes, distinguindo suas ações das dos outros, e expressando iniciativa e autoconfiança. O estudante protagonista acredita quê póde aprender e encontrar as melhores formas de fazer isso não apenas individualmente, mas atuando d fórma colaborativa e participativa no contexto escolar.

Nesse sentido, a BNCC propõe quê os estudantes deixem de desempenhar um papel de meros espectadores para se tornarem sujeitos ativos do seu processo de aprendizagem e de desenvolvimento pessoal. Portanto, sugere quê as situações de ensino e aprendizagem devem sêr organizadas de modo quê os estudantes ezêrçam, efetivamente, um papel autoral, ativo, criativo e autônomo de (re)construção e de invenção Nota 16.

Ao considerarmos esse princípio de altoría e de protagonismo juvenil, é necessário quê o professor, a escola e os sistemas de ensino estejam atentos à diversidade de cenários e de condições sócio-culturais nos quais as juventudes contemporâneas estão inseridas. Dentro dessa diversidade, é preciso promover a equidade. Fortalecer a equidade, um dos objetivos centrais da BNCC, pressupõe definir os conhecimentos, as competências e as habilidades quê todos os estudantes devem aprender, ano a ano, ao longo da vida escolar, independentemente de etnia, gênero, classe social ou de onde morem.

Infográfico sobre igualdade e equidade dividido em duas partes. À esquerda, encontram-se três pictogramas que representam pessoas com diferentes alturas. Cada pictograma está em pé sobre dois livros empilhados. Abaixo deles, está escrito o seguinte texto: Igualdade: consiste em tratar as pessoas como iguais, independentemente de quão diferentes elas sejam. À direita, os mesmos pictogramas estão no mesmo nível, sobre pilhas com quantidades diferentes de livros. Abaixo deles, está escrito o seguinte texto: Equidade: consiste em tratar de forma diferente aqueles que não se encontram em situação de igualdade.

Igualdade e equidade: dois princípios da BNCC. Nota 17

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