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Alimentação saudável

Transcrição

Alimentação saudável

[vinheta]

[narradora]

O que você comeu hoje? Sabe dizer se foi uma refeição saudável e com nutrientes balanceados? Se você tomou café com leite, achocolatado ou iogurte e comeu um pão com manteiga ou uma bolacha, saiba que, provavelmente, comeu uma formulação industrial. Sim, o mundo moderno, para otimizar tempo e dinheiro, tirou do nosso prato a comida chamada de verdade e, no lugar, vieram os ultraprocessados feitos em larga escala nas fábricas.

[vinheta]

Os alimentos ultraprocessados, ou AUPs, são receitas industriais desequilibradas nutricionalmente, com excesso de gordura, açúcar e sal e que passaram por muitas etapas no processo de fabricação até chegar à prateleira. A validade deles é longa porque eles contam com a adição de substâncias artificiais e sintetizadas em laboratório, muitas derivadas de petróleo ou carvão.

Eles possuem, via de regra, mais de cinco ingredientes que geralmente não são utilizados na culinária caseira, como, por exemplo, adoçantes, corantes, realçadores de sabor, glutamato, estabilizantes, conservantes, sódio, emulsificantes, nitrato, benzoato, BHA, BHT, espessantes… É quase um trava-língua, e a lista é grande. Pequena é a quantidade do alimento real.

[som de criança]

Na lista dos ultraprocessados estão: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, lasanha congelada, cereais adoçados, misturas para bolo, refrigerantes, bebidas energéticas, salsicha, macarrão instantâneo, pães e muitos outros.

Mito é achar que os produtos que levam as palavras em inglês light ou diet são mais saudáveis. Eles também merecem cuidado, pois nem sempre são o que parecem. A maioria traz nutrientes sintéticos adicionados ao produto.

Não existem provas concretas sobre o impacto da ingestão desses alimentos ultraprocessados na nossa saúde. Mas são crescentes os dados que apontam que o consumo excessivo ou com alguma regularidade pode causar risco maior de problemas cardiovasculares, hipertensão, obesidade, diabetes tipo 2, câncer, ansiedade e depressão. Foi o que revelou, em 2024, um estudo divulgado no British Medical Journal, uma publicação respeitada na área da Saúde, com base em informações de 9 milhões e 900 mil pessoas do mundo todo.

A ingestão de alimentos ultraprocessados é fator de preocupação em várias partes do mundo e também em nosso país. A pesquisa Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008–2018, realizada por pesquisadores da USP, a Universidade de São Paulo, constatou que esse tipo de alimento representou quase 20% das calorias ingeridas em 2017 e 2018 pelos brasileiros. Os estados onde os ultraprocessados têm maior participação na alimentação da população são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

[vinheta]

Mas como identificar um alimento ultraprocessado? As diferenças entre eles e a comida de verdade você descobre lendo a embalagem. A dica é prestar atenção nos rótulos dos produtos. Na parte frontal, estão especificados, de forma mais simples, os ingredientes e os níveis de açúcar, gordura e sal. Por lei, se o produto tem mais de um ingrediente, é obrigatório trazer a listagem no rótulo. E isso pode ajudar na decisão de compra.

A Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou, em 2022, uma nova regra para rótulos. O tamanho e o formato ficaram maiores para facilitar a leitura, além de trazer informações sobre quantidade de açúcares totais adicionados ao produto para cada 100 gramas ou 100 mililitros. A declaração do valor energético e nutricional também passou a ser obrigatória para ajudar na comparação de produtos. A grande inovação foi a rotulagem frontal da embalagem, que, na parte superior, traz um símbolo em forma de lupa, indicando o alto teor de algum ingrediente específico. Mas atenção: existem produtos ultraprocessados sem a lupa por trazerem uma quantidade menor de gordura, sódio ou açúcar.

[vinheta]

Portanto, a melhor forma de evitar o consumo de ultraprocessados é apostar em alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, peixes, grãos, chás, ovos, leite, carnes etc. Ou seja, alimentos que sequer precisam de um rótulo para você entender o que são ou do que são feitos. Opções não faltam, não é mesmo?

Vale lembrar que os alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de vegetais ou animais sem sofrer qualquer alteração. Alimentos minimamente processados são os originalmente in natura que foram limpos e tiveram algumas partes não comestíveis removidas ou fracionadas, além de desidratados, moídos, pasteurizados ou refrigerados, sem envolver adição de sal, açúcar ou óleo.

O Guia Alimentar para a População Brasileira, elaborado pelo Ministério da Saúde, é considerado um dos melhores do mundo e traz recomendações e dicas para uma alimentação saudável e nutritiva de verdade. O material destaca o consumo de arroz, feijão, milho, mandioca, batata, verduras e frutas para uma alimentação nutricionalmente balanceada.

Na dúvida para comer de forma mais saudável, vale a regra: descascar é melhor que desembalar.

[vinheta]

Créditos: As informações deste podcast estão baseadas nos dados trazidos pela matéria Como identificar alimentos ultraprocessados, publicada no site da BBC Brasil em 14 de junho de 2024; pelo texto Como identificar alimentos ultraprocessados a partir dos rótulos?, publicado no site do Ministério da Saúde em 1º de dezembro de 2022; e pela pesquisa Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018, da Revista de Saúde Pública, publicada em 15 de março de 2023. Todos os áudios inseridos neste podcast são da FreeSound.