PROJETO 3
FICÇÃO CIENTÍFICA: CIÊNCIA OU FICÇÃO?
Neste projeto, vamos nos familiarizar, principalmente, com o universo literário e cinematográfico da ficção científica, um gênero cuja conceituação é bastante diversificada. De modo geral, podemos dizêr quê a ficção científica utiliza elemêntos científicos e tecnológicos para construir suas narrativas.
Conheceremos algumas obras clássicas de ficção científica e entenderemos como o desenvolvimento científico e o gênero literário influenciaram um ao outro — como a ficção científica, enquanto gênero, extrapola, exagera e, até mesmo, desconsidéra conceitos científicos em seus enredos e como a ciência parece, às vezes, incorporar ideias elaboradas na ficção científica.
Durante o desenvolvimento do projeto, habilidades relacionadas à curiosidade, à criatividade e à comunicação serão requisitadas em atividades quê auxiliarão na construção coletiva de um filme curto quê deve incluir elemêntos de ficção científica.
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VISÃO GERAL DO PROJETO
Ficção científica: ciência ou ficção?
> TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:
• Ciência e Tecnologia
• Diversidade Cultural
• Trabalho
> COMPONENTES CURRICULARES:
• Líder: Ciências da Natureza e suas Tecnologias – Biologia, Física, Química
• Outros perfis disciplinares: Linguagens e suas Tecnologias – ár-te e Língua Portuguesa; Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – História
> OBJETOS DO CONHECIMENTO:
• Vida, Terra e Cosmos
• Leitura, escuta, produção de textos e análise
• ár-te e tecnologia
• A ação das pessoas no tempo e no espaço
> PRODUTO FINAL:
Produção de um filme curto de ficção científica
ETAPAS DO PROJETO
O percurso dêste projeto póde sêr alterado e construído de acôr-do com as necessidades da turma.
ETAPA
1
Vamos começar
Apresentação geral do tema do projeto e de como ele será desenvolvido. Discussão sobre o quê caracteriza a ficção científica e sua presença em diferentes formatos (literatura, quadrinhos, cinema etc.). Análise da aparente capacidade quê várias obras do gênero têm de antever tecnologias. Escrita de uma análise crítica de uma obra e de uma pequena história de ficção científica.
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> OBJETIVOS:
• Familiarizar-se com algumas características do gênero ficção científica e sua história.
• Diferenciar textos de ficção científica, pesquisa científica e jornalismo científico.
• Investigar a relação entre esse gênero e as práticas e os conceitos científicos em livros, quadrinhos, filmes e jogos.
• Exercer autonomia e protagonismo, elaborando um roteiro e um istóri-bôrdi para um filme curto.
> JUSTIFICATIVA:
A ficção científica, hoje em dia, está disponível em uma série de formatos, como histoórias em quadrinhos (HQs), cinema, teatro e jogos, mas sua origem está na literatura. Muitos estudiosos consideram a obra frenkêstáin (1818), de Méry Wollstonecraft chélei (1797-1851), o primeiro livro do gênero. Entretanto, a expressão “ficção científica” (do inglês science fiction) foi empregada pela primeira vez apenas em 1929 na revista sáience Wonder istóris (Histórias Fascinantes de Ciência). Essa e outras revistas, quê reuniam textos curtos com elemêntos de ficção científica, contribuíram fortemente para a popularização do gênero. Atualmente, de uma maneira ainda mais massiva, o cinema tem contribuído para sua popularização. êste Projeto Integrador promove um estudo do gênero, possibilitando o entendimento da influência cultural da ciência ao longo da história e um caminho para o aprendizado e a divulgação de conceitos científicos. Além díssu, apresenta aos estudantes a oportunidade de conhecer algumas técnicas para a realização de filmes, como a elaboração de roteiros e storyboards para filmes curtos, exercitando a criatividade e desenvolvendo competências em narrativa visual e produção de mídia, habilidades demandadas no mundo do trabalho contemporâneo.
ETAPA
2
Saber e fazer
Reconhecimento de textos de ficção, pesquisa e jornalismo científicos. Apresentação de um breve histórico do gênero na forma de uma linha do tempo. Reflexão sobre quem faz ficção científica. Percepção da influência da ciência sobre a ficção científica. Análise de um trecho da obra frenkêstáin, de Méry chélei. Discussão sobre as diferenças formais entre um roteiro de um filme e uma obra literária.
ETAPA
3
Para finalizar
Elaboração de roteiro e istóri-bôrdi para a realização de um filme curto quê apresente características de obras de ficção científica. A produção deverá sêr feita por toda a turma, dividida em grupos. O filme deverá sêr compartilhado em um canal de comunicação da escola e, se possível, divulgado para toda a comunidade. Poderá também sêr compartilhado em rêdes sociais, com criação de palavras-chave (hashtags) associadas ao tema dêste projeto.
Página setenta e oito
ETAPA
1
Vamos começar
Para uma definição dos gêneros ficção científica e documentário em cinema, você póde acessar Géneros cinematográficos, livro virtual de Luís Nogueira (disponível em: https://livro.pw/lzrto; acesso em: 17 out. 2024).
CONVERSA INICIAL
Onde está a ficção científica?
É bem provável quê a expressão ficção científica traga à mente filmes repletos de efeitos especiais cujas histoórias envolvem viagens no tempo, viagens a planêtas distantes ou a outras galáksias, alienígenas exóticos, às vezes aterrorizantes, robôs conscientes, tecnologias impressionantes etc.
Mas, afinal de contas, o quê é ficção científica?
Alguns estudiosos dêêsse gênero — quê não se restringe aos filmes e está presente também na literatura, no teatro, nas histoórias em quadrinhos e nos jogos — o definem como toda narrativa construída tendo como base princípios científicos. Entretanto, as práticas e os conceitos científicos são apenas fontes de inspiração. Na ficção científica, não encontraremos racionalizações científicas aceitáveis, apesar de uma série de obras contemporâneas estarem fazendo um esfôrço para serem mais convincentes, consultando especialistas para a construção de suas histoórias.
Na abertura dêste projeto, por exemplo, você pôdi observar uma imagem fictícia de um buraco negro (o Gargântua, de Interestelar) e compará-la com a imagem composta com base em dados obtidos por diversos radiotelescópios. O filme, quê contou com a colaboração do físico teórico estadunidense Kip Thorne, buscou contar uma história o mais coerente possível do ponto de vista científico, quê se aproximasse bastante do previsto pela teoria da relatividade. Porém, por sêr uma obra de ficção científica, e não um documentário sobre o tema buraco negro, Interestelar faz uso da liberdade artística e mostra um sêr humano sobrevivendo à travessia de um buraco negro, algo cientificamente impossível.
Nas imagens a seguir, podemos vêr um exemplo de um clássico da literatura de ficção científica adaptado para cinema e para história em quadrinhos, quê trata de uma invasão alienígena à Terra (Guerra dos mundos). Essa obra já recebeu inúmeras adaptações, desde programa de rádio em 1938, apresentado por Orson Welles, quê posteriormente se tornaria reconhecido por seu trabalho como diretor de cinema, até videogame em 2011. Em 2019, foram produzidas duas séries de Tevê baseadas no clássico.
Sugira aos estudantes quê, se possível, assistam ao filme Interestelar e converse com eles sobre o quê na obra é cientificamente plausível e o quê é criação cinematográfica. O texto Veja verdades e mitos científicos no filme “Interestelar”, de Reinaldo José lópes (disponível em: https://livro.pw/vdody; acesso em: 17 out. 2024), póde ajudar nessa discussão.
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ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Você já teve contato com o gênero ficção científica? Se sim, de quê forma? Em HQs, em livros, no cinema, em jogos?
2. Se você tivesse de produzir algo do gênero ficção científica em algum formato (filme, HQ, obra literária, programa de rádio, videogame ou série de TV), qual escolheria? Por quê?
3. Selecionem uma obra de ficção científica quê vocês conheçam e escrevam um pequeno texto (máximo de duas páginas), analisando-a criticamente. O objetivo aqui é produzir uma espécie de resenha crítica simplificada, portanto vocês devem identificar a obra, apresentar suas principais características, incluir algumas informações sobre o autor, fazer considerações sobre a estrutura narrativa e os aspectos históricos quê envolvem a trama (como a época em quê a obra acontece), dar uma opinião justificada a respeito da qualidade da obra e, por fim, recomendá-la ou não. Apresentem o texto para o restante da turma.
PARA ASSISTIR
Viagens no tempo
Uma sugestão de trabalho com esses filmes póde sêr vista nas Orientações para o professor.
Ficção científica geralmente nos faz pensar em filmes cujas narrativas são baseadas em viagens no tempo ou em futuros utópicos ou distópicos. Alguns bons exemplos são:
• DE VOLTA para o futuro 1, 2 e 3. Direção: róbert zeméquis. Estados Unidos: Universal píctiúrs, 1985, 1989 e 1990. (116 min, 108 min e 118 min, respectivamente).
• BLADE runner – O caçador de androides. Direção: Ridley scót. Estados Unidos: Uórner brós
píctiúrs, 1982. (117 min).
• BLADE runner 2049. Direção: Denis Villeneuve. Canadá, Estados Unidos: sôni Picturces, 2017. (163 min).
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EM FOCO
A ficção científica prevê o futuro?
Não é tão incomum verificarmos quê tecnologias e ações imaginadas em obras de ficção científica do passado se tornaram possíveis ou reais no presente. Ficamos com a impressão de quê os autores têm a capacidade de prever o futuro. As obras do escritor francês Júlio Verne (1828-1905) destacadas nos bókses são bastante ilustrativas dessas antecipações de tecnologias.
Viagens espaciais, internet, certos usos da genética, entre outras possibilidades, foram abordados, ainda quê de maneira imprecisa, em uma série de obras do século passado e do início dêste século e hoje são uma realidade. Isso acontece não porque os autores sêjam pessoas quê conseguem prever o futuro, mas porque ciência e ficção caminham juntas. Escritores, cineastas, quadrinistas, entre outros, quê se aventuram nesse gênero, geralmente, estão atentos às produções científicas do seu tempo e, também, às relações humanas, refletindo anseios e desejos de sua época. Assim, eles apenas usam e extrapolam esses conhecimentos e, às vezes, acertam.
Se por um lado viagens espaciais pelo Sistema Solar já foram e são realizadas por sondas enviadas da Terra, por outro lado o teletransporte de uma pessoa — sair de um lugar e chegar quase quê instantaneamente a outro — é possível apenas na ficção.
FOGUETES
Em uma das ilustrações da obra Da Terra à Lua (1865), Verne desenhou um tipo de veículo espacial compôzto de módulos, capazes de se desacoplar conforme seu distanciamento da Terra. Observe a representação de um foguete real e a compare com o desenho de Verne. Parecidos, não?
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ESCAFANDRO
Também na obra Vinte mil léguas submarinas (1869), Verne descreveu o escafandro autônomo, no qual um reservatório de ar é fixado às costas, como uma mochila, algo quê só foi criado de fato em 1943, quase um século depois.
FONOTELEFOTO
Na obra O dia de um jornalista americano no ano 2889 (1889), Verne descreveu o trabalho jornalístico como uma atividade quê envolvia a transmissão de imagens e textos mediante o uso de um equipamento chamado fonotelefoto, algo muito parecido com as televisões, os computadores e os smartphones quê usamos atualmente.
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Escolham uma obra de ficção científica cuja história se passe em um futuro quê já seja nosso passado (por exemplo, um filme produzido no início da década de 1980 cuja história se passe próximo à década de 2020) e avaliem os êêrros e acêrrrtos em relação às suas “previsões”. Escrevam um resumo de suas conclusões.
2. escrêeva uma pequena história (máximo de quatro páginas) de ficção científica, imaginando os usos quê faremos, no futuro, de alguma tecnologia usada atualmente.
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Leonardo Da Vinci é considerado um visionário. Entre os séculos XV e XVI, ele produziu ilustrações e modelos de equipamentos semelhantes ao para quedas, à asa-delta e à bicicleta. Pesquise imagens das invenções de Da Vinci e responda: em sua opinião, elas poderiam fazer parte de obras de ficção científica? Por quê?
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ORGANIZANDO OS TRABALHOS
Projeto - Ficção científica
A ficção científica, um gênero cada vez mais popular, possibilita um caminho para pensar a ciência. Neste projeto, perceberemos como o desenvolvimento científico e o gênero influenciaram um ao outro. Ao longo das etapas, vocês serão convidados a empregar habilidades relacionadas à curiosidade, à criatividade e à comunicação para quê possam conceber, ao final, um filme curto de ficção científica.
PARA AS PRÓXIMAS ETAPAS
Os estudantes serão apresentados a obras do universo da ficção científica. Caso seja possível, peça a eles quê leiam alguns dos livros e quadrinhos, joguem o jôgo e assistam a alguns dos filmes sugeridos ao longo do projeto. Isso contribuirá para a ampliação do repertório cultural dos estudantes.
Para o desenvolvimento dêste projeto, você deverá realizar diversas atividades quê vão auxiliá-lo na construção do produto final, um filme curto de ficção científica. Em alguns momentos, essas atividades devem sêr feitas individualmente; em outros, a turma deve se dividir em duplas ou em grupos.
A realização do filme deve envolver toda a turma e requer uma série de tarefas, quê podem sêr executadas por grupos específicos:
• Produção do roteiro. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê gostem de escrever e quê já tênham lido livros, história em quadrinhos ou assistido a filmes de ficção científica.
• Produção do istóri-bôrdi, ilustrando como as cenas devem sêr filmadas. Nessa tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê saibam ou gostem de desenhar, para ilustrar como as cenas devem sêr filmadas.
Página oitenta e três
• Direção. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê quêiram se responsabilizar pela orientação dos atores, pela definição da iluminação, do cenário, do posicionamento de câmera, da roupa que os personagens usarão etc.
• Produção. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê queiram cuidar do cronograma de filmagem, providenciar objetos de cena, avaliar se determinada cena terá algum custo e buscar alternativas, bem como organizar a exibição do filme quando ele estiver pronto.
• Operação de câmera. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê gostem de fazer filmagens.
• Captação de som. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê se interessem pelo aspecto sonoro de um filme.
• Montagem do cenário e da ambientação. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê gostem de organizar espaços, criar adereços e compor objetos e móveis.
• Atuação. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê se interessem pela interpretação dos personagens criados para o filme.
• Edição. Nesta tarefa, sugerimos a participação de pessoas quê gostem de montar vídeos.
Esses são apenas alguns dos aspectos fundamentais da produção de um filme. Na Etapa 3, mencionaremos outras funções importantes.
Indique ao professor com qual(is) tarefa(s) você gostaria de se envolver. Sugerimos quê grupos específicos, com interesses em comum, fiquem responsáveis por cada aspecto da produção do filme. A escolha da história quê sêrá contada deverá ser feita d fórma coletiva, portanto todos deverão apresentar sugestões. Comuniquem-se d fórma respeitosa e escôlham uma das ideias, democraticamente. É importante ter em mente quê haverá um momento de exibição do filme, e vocês devem se organizar para a realização dêêsse evento.
Lembre-se de quê êste projeto deve servir apenas como guia, não é preciso limitar-se a ele. Outras possibilidades de caminho ou de desenvolvimento do projeto são possíveis. Sempre quê você pensar em outras opções, converse com seu professor a respeito.
O produto final propôsto é uma sugestão para finalizar o trabalho com o tema dêste projeto. Estimule, sempre quê possível, o uso de recursos digitais para a produção do filme. Uma possibilidade de ampliar essa proposta é a organização de um festival de curtas-metragens, como o realizado pelo govêrno do estado do Amapá, noticiado em Estudantes de escolas públicas podem participar de festival de curtametragem (disponível em: https://livro.pw/eirky. acesso em: 17 out. 2024).
Materiais:
• Papel e/ou cartolina.
• Caneta e/ou lápis.
• Blocos autoadesivos.
• Aparelho de celular ou câmera de vídeo.
• Microfone.
• Computador.
• Roupas e objetos variados para os figurinos.
É possível adequar o produto final conforme as necessidades específicas de cada contexto local. Caso a produção do filme não seja possível, pode-se organizar apenas a produção dos roteiros e dos storyboards.
Página oitenta e quatro
ETAPA
2
Saber e fazer
Pesquisa, divulgação e ficção científicas
O texto de ficção científica tem características quê o diferenciam de textos quê buscam divulgar informações científicas reais, como os artigos científicos e os artigos de jornalismo científico. Apesar do objetivo em comum, eles diferem principalmente na linguagem e no público quê buscam atingir.
Da pesquisa acadêmica, realizada em universidades e centros de pesquisa, são produzidos artigos científicos, quê devem possuir rigor técnico e conceitual. É uma escrita feita por especialistas em algum tema (por exemplo, sistema respiratório) de uma grande área (por exemplo, fisiologia humana) e direcionada a especialistas da mesma área; portanto, costuma sêr de difícil entendimento para o público em geral. Artigos dêêsse tipo são produzidos por grupos de pesquisadores e publicados em revistas especializadas após longo processo de revisão realizado por outros pesquisadores de áreas similares.
Artigos científicos podem conter, além do texto, imagens e vídeos, nem sempre com uma qualidade ou didática compreensível para uma pessoa leiga. Já o jornalismo científico tem o objetivo de transmitir, d fórma didática, informações sobre pesquisas científicas para o público não especializado. Seu objetivo é divulgar o trabalho realizado por cientistas para não cientistas ou cientistas de outras áreas. Esse tipo de artigo inclui textos quê têm como base trabalhos acadêmicos e devem seguir um rigor técnico e conceitual, mas não de maneira excessiva. Na divulgação científica, algumas liberdades são permitidas, uma delas é o uso mais artístico de recursos visuais e audiovisuais. Hoje há muitos divulgadores quê não trabalham diretamente com a pesquisa acadêmica, mas traduzindo o conhecimento científico mais formal para a comunidade em geral, assim como há jornalistas quê se especializam na área da divulgação científica.
Página oitenta e cinco
Observe as duas imagens desta página. A fotografia abaixo apareceria em um artigo científico publicado em uma revista especializada; já a imagem acima, em jornál de grande circulação quê tivesse suplemento de ciência ou em revista voltada para a divulgação científica. Apesar da baixa qualidade artística da fotografia feita pela sonda Cassini-Huygens, a imagem tem grande importânssia científica por sêr o registro do primeiro pouso de uma espaçonave em uma das “luas geladas” do Sistema Solar. Ela mostra uma paisagem extraterrestre com o quê parece sêr rios e nuvens, muito semelhante à terrestre. Já o modelo artístico acima ilustra como seria um planêta extrassolar orbitando sua estrela a cada 704 dias. Não há, até o momento, imagens reais de sistemas planetários como esse, por limitações técnicas, por isso as imagens são artísticas, embora baseadas em informações e dados reais.
Na ficção científica, não se espera rigor técnico e conceitual, embora atualmente muitos autores e diretores contemporâneos busquem, cada vez mais, a consultoria de especialistas. Ou seja, podemos encontrar nesse gênero alguns fatos relacionados à ciência acadêmica, mas a maior parte do conteúdo é fiksional, fruto da imaginação. Aqui a liberdade artística é essencial. Mais importante do quê registrar e transmitir informações cientificamente precisas e dados reais, a ficção científica cria possíveis futuros, universos imaginários baseados nos conhecimentos históricos, científicos e tecnológicos do passado e da atualidade. Ao fazer isso, acaba refletindo os anseios humanos na busca pelo novo e pelo inexplorado.
- Planeta extrassolar ou exoplaneta
- : planêta quê órbita uma estrela fora do Sistema Solar.
Página oitenta e seis
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Leia os trechos a seguir e indique se são de uma obra de ficção científica, de um artigo científico ou de um artigo de jornalismo científico.
Optamos por não apresentar as referências aos estudantes para não torná-las um facilitador para a obtenção das respostas.
Texto 1
[...]
O elefante era sempre um sucesso retumbante; seu corpo pequenino, pouco maior do quê o de um gato, prometia maravilhas inauditas vindas do laboratório de Norman Atherton, o geneticista de Stanford quê era parceiro de rémond no novo empreendimento.
Mas enquanto rémond falava do elefante, deixava muita coisa de fora. Por exemplo: ele estava construindo uma companhia de genética, no entanto o elefante minúsculo não tinha sido produzido por nenhum procedimento genético; Atherton havia simplesmente selecionado um embrião de elefante-anão e o gestado em um útero artificial com modificações hormonais. Akilo era uma bela façanha por si só, mas em nada semelhante ao quê rémond sugeria ter sido feito.
[...]
TEXTO 1 (ficção científica): CRICHTON, M. Jurassic Park. São Paulo: Aleph, 2015. E-book.
Texto 2
O mamute-lanudo (Mammuthus primigenius) foi um grande mamífero herbívoro quê viveu no Pleistoceno e está extinto há cerca de 4 mil anos. Mas a espécie pré-histórica póde "voltar a viver" nas tundras do Ártico graças a um ambicioso projeto da empresa norte-americana Colossal [...].
A companhia de biociência planeja utilizar a técnica de edição genética CRISPR para inserir sequências de dê ene há extraídas de fósseis e pêlos de mamutes-lanosos no genoma de elefantes-asiáticos (Elephas maximus). O resultado será um animal híbrido de elefante com mamute.
TEXTO 2 (jornalismo científico/divulgação científica): ENTENDA como uma empresa pretende trazer mamute-lanoso de volta à vida. Galileu, 14 set. 2021. Disponível em: https://livro.pw/kehul. Acesso em: 17 out. 2024.
Texto 3
Grandes herbívoros, como os elefantes, podem causar impactos relevantes aos éco-sistemas e aos ciclos biogeoquímicos. Porém, a influência de elefantes sobre a estrutura, a produtividade e os estoques de carbono nas florestas tropicais africanas ainda é praticamente desconhecida. Quantificamos aqui esses efeitos mediante a incorporação da perturbação causada por elefantes no modelo de Demografia do Ecossistema e verificamos os efeitos, comparando-os com os dados de inventário de duas florestas primárias de planície localizadas na África. Descobrimos quê a redução da densidade de caules associada à presença de elefantes resulta em mudanças na competição por luz, á gua e espaço entre árvores. Essas mudanças favorécem a emergência de árvores maiores, em menor quantidade e com maior densidade de madeira. A alteração [...] também reduz a produtividade primária líquida da floresta, dada a troca entre produtividade e densidade de madeira. [...]
TEXTO 3 (artigo científico): BERZAGHI, F. éti áu. Carbon stocks in central African forests enhanced bai elephant disturbance. nêitiur Geoscience, n. 12, p. 725-729, set. 2019. Disponível em: https://livro.pw/shzhn. Acesso em: 17 out. 2024. [Tradução do editor].
2. Qual tipo de texto, em sua opinião, é de mais difícil leitura? Por quê?
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Pesquisem outros exemplos de textos de ficção científica, de artigo científico ou de artigo de jornalismo científico. Tragam os artigos para a sala de aula e leiam trechos para os côlégas de grupo. Busquem listar semelhanças e diferenças entre os diferentes gêneros.
Página oitenta e sete
Um pouco de história
Muitos historiadores consideram frenkêstáin (1818), de Méry chélei, a primeira obra de ficção científica. O livro, quê muitos costumam associar ao gênero terror, narra a história do naturalista Victor frenkêstáin e sua busca para compreender os mecanismos da vida e da morte. Nesse processo, ele acaba criando um sêr vivo em seu laboratório. A inspiração nos trabalhos do físico e médico italiano Luigi Galvani (1737-1798) é a base para uma discussão sobre a moral e a ética nas relações humanas.
Outros dizem quê a ficção científica só começou com Júlio Verne e H. G. Uéls no final do século XIX; há aqueles quê dizem quê foi só no século XX com as revistas estadunidenses Amazing istóris (Histórias Maravilhosas) e sáience Wonder istóris (Histórias Fascinantes de Ciência, na qual a expressão science fiction [ficção científica] foi usada pela primeira vez); e há ainda os quê creditam o início da ficção científica a cértas obras grêgas antigas.
Para a professora Fátima Regis de Oliveira, da Faculdade de Comunicação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (hú- hê- érre jota), em artigo de 2005, a imaginação impregnada de tecnologia e de ciência está sempre presente em pelo menos um elemento (enredo, personagem, contexto, entre outros) da ficção científica. Segundo ela, o fato de o gênero ter surgido na Inglaterra no início da Revolução Industrial não é mero acaso. Entretanto, para o crítico e autor britânico Adam Roberts, quê em 2018 lançou no Brasil o livro A verdadeira história da ficção científica: do preconceito à conkista das massas, o gênero surgiu bem antes de Júlio Verne, H. G. Uéls ou Méry chélei, particularmente em 1634 (bem antes da Revolução Industrial), com a publicação de Somnium, escrito pelo astrônomo Johannes Képler (1571-1630). Esse livro conta a história de um sonhador quê, com a ajuda de uma entidade sobrenatural, vai à Lua e conhece sêres habitantes das duas faces do satélite.
A ficção científica parece sêr mesmo um gênero indomável, difícil de se definir e de ter sua origem identificada, o quê ainda gera muitos debates.
A seguir, alguns eventos importantes na história da ficção científica. A linha do tempo é ilustrativa e sem escala, obedecendo apenas à ordem cronológica.
Página oitenta e oito
É importante mencionar quê esta linha do tempo é apenas um recorte possível, parcialmente baseado na obra A verdadeira história da ficção científica: do preconceito à conkista das massas, de Adam Roberts (São Paulo: Seoman, 2018). A produção nas diversas mídias (cinema, literatura, história em quadrinhos e videogame) é bastante vasta, inclusive no Brasil.
A ficção científica na história
Século I
80 – Primeiras obras grêgas quê tratam de viagens à Lua e dialogam com a ciência da época são escritas por Plutarco (46 d.C.-120 d.C.) e Antônio Diógenes (século II); apenas fragmentos sobreviveram. Na imagem, busto de Plutarco em mármure.
Século XVI
1600 – Publicada a primeira edição completa de Somnium, do astrônomo Johannes Képler. Nesse livro, um homem sonha quê viaja à Lua e conhece dois povos, um na parte clara e outro na parte escura do satélite. Na imagem, estátua de Tycho Brahe (1546-1601) e Johannes Képler, em Praga, capital da república xéca.
Século XVIII
1730 – Inspirado por As viagens de Gulliver, François-Marie Arouet (1694-1778), mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, escreve Micrômegas - uma história filosófica. O livro é sobre um habitante de Sirius (estrela mais brilhante do céu noturno visível a olho nu), um sêr com 5 km de altura quê vêm à Terra, levanta um navio no oceano e se espanta quê os “insetos” a bórdo possuam inteligência. Na imagem, capa de uma edição do livro de 2022.
1755 – O texto inglês anônimo, Viagem ao mundo no centro da Terra, situa, no interior do glôbo terrestre, uma ssossiedade utópica de vegetarianos quê respeita muito os animais.
Século XIX
1818 – Méry chélei publica frenkêstáin, citado por muitos autores como o ponto de partida da ficção científica. Nas imagens abaixo, retrato de Méry chélei e outro de Boris Karloff, ator britânico, interpretando a criatura em filme de 1931.
1857 – Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) publica o conto O fim do mundo, uma das primeiras obras de ficção científica brasileiras. Mas alguns críticos a consideram uma sátira quê tende mais para a fantasía.
1865 – Júlio Verne, o mais popular escritor de ficção científica da história, publica seu terceiro livro, Da Terra à Lua, no qual um grupo concebe uma nave quê será lançada de um gigantesco canhão. Na imagem abaixo, capa de uma edição de 2024.
Página oitenta e nove
1895 – H. G. Uéls, autor clássico do gênero, publica sua primeira obra de ficção científica, A máquina do tempo, na qual um viajante avança no tempo e acaba por encontrar um futuro desolador para a humanidade. Na imagem, capa de uma edição de 2022.
Século XX
1902 – O cineasta Marie diórges jã Méliès (1861-1938) produz o filme mudo Viagem à Lua, inspirado por Júlio Verne. Na imagem, uma das mais famosas cenas do filme.
1926 – O editor Hugo Gernsback (1884-1967), em uma de suas revistas do gênero, cria o termo “cientificção”, alterando-o mais tarde para o atual “ficção científica”. Na imagem abaixo, capa da revista Amazing istóris, cuja primeira edição é de abril de 1926.
1927 – Principal filme de ficção científica da primeira mêtáde do século, Metrópolis, dirigido por Fritz Lang (1890-1976), é ambientado em uma cidade dividida verticalmente entre trabalhadores nas fábricas subterrâneas e a classe dominante nos arranha-céus. O roteiro foi escrito em parceria com Thea von Harbou (1888-1954), autora do livro de mesmo nome. Na imagem abaixo, cena do filme.
1932 – O livro Admirável mundo novo, de Aldous Huxley (1894-1963), se passa no ano 2540 (segundo a contagem de tempo no livro, 637 anos depois quê ênrri Fórd criou o método de produção em linha para o automóvel). Ele apresenta uma ssossiedade dividida em alfas, betas etc., usuária de um comprimido chamado Soma, quê diminui os sentimentos negativos dos personagens, trazendo-lhes bem-estar. Na imagem abaixo, capa de uma edição de 2022.
1938 – Orson Welles (1915-1985) lê trechos do livro A guerra dos mundos, de H. G. Uéls, no rádio e apavora cerca de 1 milhão de pessoas nos Estados Unidos, quê acreditaram se tratar de uma invasão alienígena real. Na imagem, vemos a manchete do jornál estadunidense The níu iórk táimis, de 31/10/1938, em quê se lê em inglês: “Ouvintes de programa de rádio em pânico tomam ficção de guerra por real”. [Tradução do editor].
1949 – Ériqui artúr Blair (1903-1950), mais conhecido pelo pseudônimo Giórgi Orwell, escreve a distopia futurista 1984, uma extrapolação dos regimes totalitários europêus das dékâdâs de 1930 e 1940. Na imagem, cena do filme 1984, dirigido por máicou Radford e intencionalmente lançado em 1984.
Página noventa
Século XX
1951 – Sai o primeiro volume da trilogia Fundação, de Isaac Asimov (1920-1992), famoso autor do gênero no século XX. Com ele, estabelece-se a chamada ficção científica hard (“dura”): narrativas lineares (ou seja, história quê segue a ordem cronológica dos acontecimentos), com heróis resolvendo problemas em um ambiente espacial ou tecnológico. Na imagem, caixa da edição de 2021 da trilogia.
1953 – artúr xárlês Clarke (1917-2008) lança sua primeira novela, O fim da infância, na qual alienígenas chegam à Terra para guiar crianças em uma transcendência cósmica quê colocará fim à humanidade.
1968 – fílip Kindred Dik (1928-1982) escreve Androides sonham com ovelhas elétricas?, quê se tornaria o filme Blade runner – O caçador de androides (1982), dirigido por Ridley scót, no qual um caçador de androides não tem certeza se as pessoas ao seu redor são reais ou artificiais. As obras de fílip K. Dik têm sido adaptadas com freqüência para o cinema e para as séries. Além de Blade runner, há os filmes Minority Report – A nova lei (de 2002, dirigido por Steven Spielberg), Vingador do futuro (uma versão de 1990, dirigida por poou Verhoeven, e outra de 2012, dirigida por Len Wiseman), Blade runner 2049 (de 2017, dirigido por Denis Villeneuve), entre outros, além de diversas séries. Na imagem, cena do filme Blade runner, de 1982.
1968 – 2001: uma odisseia no espaço, de istânli cúbric (1928- 1999), é o filme quê tirou o gênero da classe B de róli-údi e o elevou ao estátus de; ár-te. Nele, um monólito vêm à Terra nos primórdios da humanidade e impulsiona o desenvolvimento da inteligência humana. Milênios depois, os humanos o redescobrem na Lua e em Júpiter. Na imagem acima, uma cena do filme.
1969 – Ursula Kroeber Le Guin (1929- 2018) lança a obra A mão esquerda da escuridão, atingindo sucesso de público e crítica, quebrando a hegemonia de autores homens na ficção científica. O livro narra a história do terráqueo Genly Ai, emissário do Ekumen, uma confederação informal de planêtas. Ele é enviado a Gethen com a missão de persuadir os habitantes dêêsse planêta a se juntar ao Ekumen, mas encontra uma cultura de difícil compreensão. Nas imagens, fotografia da autora e capa de uma edição de 2019 do livro.
1977 – Guerra nas estrelas, dirigido por Giórgi Lucas, ábri caminho para uma série de blockbusters (“arrasa quarteirões”, filmes, geralmente de produção cara, quê são muito bem-sucedidos nas bilheterias) no cinema, como Alien – O oitavo passageiro (de 1979, dirigido por Ridley Scott), E.T. – O extraterrestre (de 1982, dirigido por Steven Spielberg) e O exterminador do futuro (de 1984, dirigido por diêmes Cameron). Na imagem, cartaz do filme.
1981 – É lançado Não verás país nenhum, de Ignácio de Loyola lópes Brandão, contista, romancista, jornalista brasileiro e membro da Academia Brasileira de lêtras. A história se passa em um futuro indeterminado no Brasil, em quê a Amazônea não existe mais, há uma crise de á gua séria e o Sol póde matar.
Página noventa e um
1984 – uílhãm gíbisôm marca o cyberpunk (subgênero de ficção científica conhecido por combinar alta tecnologia e baixa qualidade de vida; seu nome vêm da combinação de cibernética e punk alternativo) com Neuromancer, obra quê mistura um enredo noir (associado à temática policial), rráquers (pessoas quê podem usar seus conhecimentos de informática para violar sistemas computacionais), megalópoles e violência.
1993 – O crítico cultural e escritor márk Dery cunha o termo afrofuturismo para designar o movimento cultural quê combina elemêntos de ficção científica, ficção histórica, fantasía e ár-te africana para abordar os dilemas dos negros do passado, do presente e do futuro. O afrofuturismo discute a diáspora africana usando a lente da cultura tecnológica e da ficção científica e inclui expressões originárias de diversas mídias, como música, cinema e literatura. Apesar de seu primeiro romance ter sido lançado em 1976, a escritora estadunidense Octavia Estelle Butler (1947-2006) é considerada uma das grandes representantes do afrofuturismo. Nas imagens, fotografia da autora e capa de uma edição recente de seu livro Parábola do semeador, de 1993.
- Diáspora
- : dispersão de um povo causada por preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica.
Século XXI
Surgem diversos subgêneros, como os mundanos (ficção científica dentro do Sistema Solar em quê não há viagem mais rápida quê a luz), new weird (“novo estranho”, ficção científica com fantasia) e new space opera (“nova ópera espacial”, com pesquisa científica rigorosa). A produção atual é bastante vasta e tem crescido, inclusive no Brasil. Também têm se destacado mais cineastas mulheres quê trabalham com o gênero, como a diretora estadunidense Ava Duverney e a francesa Claire Denis, e mais autores negros, como o escritor brasileiro Fábio Kabral e a estadunidense Nnedi Okorafor, estes últimos mostrados nas fotografias abaixo.
Fonte de pesquisa: FINOTTI, I. Autor revisa história da ficção científica e adianta seu nascimento em dois séculos. Folha de São Paulo, 11 jul. 2018. Disponível em: https://livro.pw/xtfmb. Acesso em: 17 out. 2024.
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Sobre os livros e filmes apresentados na linha do tempo, respondam.
a) Vocês já conheciam algum dos autores, livros ou filmes citados?
b) Qual autor, livro e filme chamaram mais sua atenção? Por quê?
2. Listem dois filmes e/ou livros de ficção científica quê vocês conheçam, mas quê não estão na linha do tempo. Pesquisem informações sobre o autor da história e a época em quê foi escrita ou filmada. No caso de filmes, pesquisem se a narrativa foi inspirada em alguma obra literária. Façam um pequeno relato usando essas informações e os principais pontos das histoórias escolhidas compartilhem-no com o restante da turma.
3. Pesquisem mulheres quê produziram ou produzem obras de ficção científica no Brasil e no mundo. Apresentem para o restante da turma as informações obtidas.
Página noventa e dois
A ciência influenciando a ficção
Vivemos um momento em quê os avanços científicos e tecnológicos têm ocorrido em um ritmo impressionante. A internet conecta boa parte da população mundial, gerando consequências sociais perceptíveis. Praticamente qualquer conteúdo está disponível na rê-de mundial de computadores, basta um clique ou o toque da ponta de um dedo em uma tela para acessá-lo d fórma instantânea.
Temos também assistido a grandes eventos científicos — como o registro em imagem do buraco negro, a possibilidade de “editar” o dê ene há etc. —, ao desenvolvimento de equipamentos e materiais cada vez mais sofisticados e a progressos importantes na área da medicina e da saúde, o quê tem ocasionado um aumento do tempo de vida e melhora na qualidade de vida da humanidade.
pôdêmos dizêr quê as populações humanas têm experimentado um misto de espanto, medo e otimismo com todo esse avanço científico e tecnológico. A humanidade parece caminhar para um futuro em quê irá explorar não só todo o planêta, mas também o Sistema Solar, em busca de conhecimento e novas riquezas.
Ao mesmo tempo, os níveis de dióxido de carbono (CO2)na atmosféra, quê só aumentam desde o início da Revolução Industrial no século XVIII, seguem ameaçando o equilíbrio ambiental da Terra. De acôr-do com pesquisadores de diversas áreas, esse aumento, causado principalmente pela quêima de combustíveis fósseis, intensifica o efeito estufa, o que tem resultado em elevação das tempera-túras globais, desertificação de florestas, derretimento de calótas polares e aumento dos níveis dos oceanos.
PARA LER
Ficção científica e ciência de mãos dadas
O artigo discute como a ciência também póde sêr influenciada pela ficção científica.
Disponível em: https://livro.pw/gwray. Acesso em: 17 out. 2024.
Página noventa e três
Assim, a ciência e a tecnologia podem tanto trazer soluções para os problemas globais, ao buscar fontes de energia menos poluentes, cura para doenças e soluções para otimizar a produção de alimentos, como podem sêr usadas na produção de armas de destruição em massa, divulgação de informações falsas e contrôle da vida das pessoas.
Mas o quê isso tem a vêr com a ficção científica? Tudo! Essas reflekções quê permeiam a ciência e são por ela motivadas acabam exercendo forte influência sobre as obras de ficção científica, quê exploram d fórma criativa e exagerada, diferentes possibilidades de futuros utópicos e distópicos, quê permitem uma reflekção das ações humanas no presente. pôdêmos dizêr, portanto, quê esse gênero nos permite desenhar futuros desejados e indesejados, tornando-se uma potente ferramenta de informação, criatividade e imaginação.
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Selecione um jôgo, um filme, uma série, um livro ou uma história em quadrinhos de ficção científica. Jogue, assista ou leia a obra e preste atenção quando houver referência a algo quê envolva conceitos científicos ou pareça envolver. Tome nota dos termos utilizados. Em seguida, faça uma pesquisa sobre esses termos para saber se são de fato baseados em conceitos científicos e para verificar se foram usados de maneira correta.
2. Selecionem notícias sobre avanços científicos e tecnológicos quê ocorreram na última década e discutam seus possíveis impactos sobre a humanidade e o planêta.
Página noventa e quatro
frenkêstáin
A obra frenkêstáin, de Méry chélei, é considerada por muitos estudiosos o primeiro livro do gênero ficção científica em quê se identifica a influência da ciência, mais especificamente a dos trabalhos do físico e médico italiano Luigi Galvani, quê buscava relações entre eletricidade e os sêres vivos. Ele descobriu quê era possível contrair os músculos de uma rã morta com eletricidade. É interessante notar quê a primeira edição, de 1818, foi publicada d fórma anônima.
O nome de chélei só foi adicionado à segunda edição, de 1823.
O livro narra a história do jovem cientista Victor frenkêstáin, quê se dedica a entender as leis da natureza e se empenha em descobrir os mistérios da vida. Nesse processo, acaba por criar uma criatura gigantesca semelhante a um sêr humano com o uso de eletricidade. Desde seu lançamento, a obra de Méry chélei teve várias adaptações cinematográficas, a primeira versão, por exemplo, aconteceu em 1910. Vamos ler um trecho do livro original e de uma versão da história, contada pelo jornalista, biógrafo e escritor brasileiro rui Castro e publicada em 2014.
[...]
Eu já travara conhecimento com as leis mais evidentes da eletricidade. Nesta ocasião, achava-se conosco um homem, grande pesquisador das ciências naturais, quê, excitado por êste acidente [a destruição de uma árvore por causa de um raio], se pôs a explicar uma teoria quê elaborara sobre a eletricidade e o galvanismo, ao mesmo tempo nova e espantosa para mim. Tudo o quê ele disse reduzia à expressão mais simples Cornelius Agrippa, Albertus Magnus e Paracelso, os senhores da minha imaginação. Por alguma fatalidade, a derrubada dêêsses homens acabou com as minhas tendências para continuar meus estudos habituais. [...]
[...]
SHELLEY, M. frenkêstáin. Edição de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997. E-book.
Página noventa e cinco
[...]
Descobri como e por quê a vida é gerada.
Mais impressionante ainda: tornei-me capaz de dar vida à matéria inanimada — de transformar a morte em vida.
[...]
Quando me dei conta do terrível segredo quê tinha em mãos, hesitei longamente sobre como deveria empregá-lo. E decidi-me pela criação de um homem [...].
Embora eu possuísse a capacidade de dar vida à matéria morta, o trabalho de preparar uma estrutura para recebê-la, com seu intrincado complékso de fibras, músculos e veias, parecia de uma magnitude e dificuldade inconcebíveis.
Duvidei, a princípio, se deveria atrever-me a criar um sêr à minha semelhança ou se deveria limitar-me a algo mais simples, como um gato ou um cão. Mas estava excitado demais para me permitir dar vida a um animal menos complékso e maravilhoso do quê o homem.
Preparei-me para uma infinidade de derrotas. Seriam milhares de cirurgias a executar. Muitas delas iriam resultar frustradas e, no final, talvez meu trabalho saísse imperfeito. [...]
Foi com esses sentimentos quê me decidi pela criação de um sêr humano.
Como a extrema minúcia das partes do organismo pudesse sêr um obstáculo à ansiedade de contemplar a minha criação, decidi construir um sêr de estatura gigante — de 2,5 metros de altura, com todos os órgãos proporcionalmente grandes. [...].
[...]
SHELLEY, M. frenkêstáin: uma história de Méry chélei. Contada por rui Castro. 32. reimpr. São Paulo: sêlo Seguinte, 2014. p. 16-17.
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Com base na leitura do trecho da versão contada por rui Castro, discutam.
a) Qual é a descoberta “científica” a quê o texto se refere?
b) Na opinião de vocês, isso seria uma atitude ética?
2. Pesquisem o quê é um sistema de inteligência artificial (IA). Haveria semelhanças entre o sêr vivo criado em frenkêstáin e um sistema IA? Justifiquem.
PARA JOGAR
O Princípio de Talo
Na péle de um androide, o jogador é desafiado por uma inteligência artificial chamada Elohim (o equivalente a Deus em hebraico) a passar pêlos desafios de seu jardim e, assim, sêr agraciado com a dádiva da vida eterna. O jôgo coloca, ao longo de seu enredo, quêstionamentos sobre o quê é a realidade e o que é sêr humano. O nome “Talo” vêm de um personagem da mitologia grega, um gigante de bronze guardião da ilha de Creta.
• The Talos Principle [O Princípio de Talo]. Desenvolvedor: Croteam. Devolver Digital, 2014.
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Da literatura para o cinema
Uma etapa importante na adaptação de um livro para o cinema é a confekissão de um roteiro. Nesse tipo de adaptação, os roteiros raramente são uma transposição fiel do texto literário. Em geral, há alterações temporais, criação de personagens, diálogos e cenários, mudanças de enredo etc.
Segundo o sáiti do Instituto de Cinema, há em torno de cinquenta títulos de filmes, séries, minisséries, curtas-metragens e animações com o nome frenkêstáin. Entre eles, há adaptações quase fiéis ao livro e inspirações livres no personagem, quê acabou ficando tão conhecido quê já aparece desassociado da história original, como em frenkêstáin encontra o lobisomem (1943), dirigido por Roy uílhãm Neill, frenkêstáin contra o monstro espacial (1965), dirigido por róbert Gaffney, e O exército de frenkêstáin (2013), dirigido por ríchard Raaphorst.
Vejamos um trecho do livro frenkêstáin.
[...]
Esta manhã, quando eu contemplava o semblante lívido de meu amigo — os olhos semicerrados, os membros pendentes, apático —, fui despertado pelo ruído de meia dúzia de tripulantes quê pediam para serem admitidos em meu camarote. Entraram e seu líder dirigiu-se a mim. Disse-me quê ele e seus companheiros haviam sido escolhidos pêlos outros marujos para virem, em comissão, até mim, a fim de me fazerem uma solicitação quê, em justiça, eu não poderia recusar. Achávamo-nos emparedados no gêlo e talvez jamais escapássemos, mas eles temiam quê, se o gêlo se desfizesse e abrisse uma passagem, eu me apressaria em continuar a viagem conduzindo-os a novos perigos, depois de eles terem, por felicidade, escapado daquele. Insistiam, pois, quê eu prometesse solenemente, caso o navio se libertasse, mudar imediatamente meu curso para o Sul. Aquelas palavras me desconcertaram. Eu ainda não havia perdido as esperanças, nem pensara em voltar, se conseguisse sair dali. No entanto, podia eu, com toda a justiça, recusar esse pedido? Hesitei antes de responder, quando frenkêstáin, quê permanecera em silêncio e quê, com efeito, mal parecia ter forças para ouvir, ergueu-se: seus olhos cintilavam, e suas faces enrubesceram-se com um momentâneo vigor.
Voltando-se para os homens ele falou:
— Que significa isso? Que quêrem vocês do seu capitão? Estão vocês tão impacientes para abandonar o destino quê os espera? Acham que esta expedição não é uma empresa grandiosa? E por quê é ela gloriosa? Não porque se realize em mares plácidos como os do Sul, mas porque é cheia de perigos e de terrores, porque a cada novo incidente é preciso apelar para a coragem de vocês, e porque, cercados pela morte e pêlos perigos, vocês se mostraram valentes e conseguiram superar isso. Eis por quê é um empreendimento glorioso e honroso. [...]
Sua voz variava de modulação conforme os sentimentos quê ele expressava, e seu olhar era tão cheio de heroísmo quê, acredite, aqueles homens se comoveram. Entreolharam-se e foram incapazes de replicar. Eu falei, mandei quê se retirassem e quê considerasse o quê havia sido dito, e quê não os levaria mais para o Norte se eles persistissem em desejar o contrário, mas quê esperava quê da reflekção lhes retornasse a coragem.
Eles saíram. Voltei-me para meu amigo, mas ele havia caído num estado de torpôr, quase privádo de vida.
SHELLEY, M. frenkêstáin. Edição de bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997. E-book.
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Vejamos agora um trecho do roteiro do filme frenkêstáin (1994), dirigido por Kêneth Branagh.
[...]
EXT. CONVÉS DO NAVIO NEVSKY – NOITE
Um vento uivante se ergue, arremessando granizo nos vigias encolhidos. A CÂMERA PASSA por eles, se movendo de modo contínuo em direção à janela em quê se nota uma iluminação fraca da cabine de Walton...
INT. CABINE DE WALTON – NOITE
...onde encontramos Walton e Grigori em uma discussão tensa:
GRIGORI
Capitão, eu imploro. Os homens estão amedrontados e irritados. Eles quêrem que você prometa a nossa volta.
WALTON
Eles sabiam dos riscos quando se juntaram à expedição. Fomos longe demais para voltar agora.
GRIGORI
Então você corre o risco de promover um motim.
Walton saca uma pistola de uma gaveta e a coloca sobre a mesa diante dele, d fórma ruidosa.
WALTON
(Com voz em tom baixo e firme) Eles quê tentem.
Grigori se surpreende. Ele escuta o barulho de lençóis sêndo mexidos e olha para a cama do capitão. Walton segue seu olhar.
Victor frenkêstáin despertou e está olhando para eles.
Grigori sai, se sentindo desconfortável por causa do olhar de frenkêstáin. Walton se levanta e retira uma panela do fogão.
WALTON
Você acordou. Preparei um pouco de sopa. Vai ajudar na sua recuperação.
VICTOR
(Com voz rouca, vacilante) Estou... morrendo.
Victor retira uma das mãos quê repousava sôbi o cobertor e a coloca diante do rrôsto. Os dedos, esqueléticos e pretos.
VICTOR
Ulceração. Gangrena. Um diagnóstico simples.
WALTON
Você é médico?
VICTOR
(Esboça leve sorriso) Como você chegou aqui?
WALTON
É uma pergunta surpreendente, vinda de você.
(Batida)
Sou capitão dêste navio. Saímos de Archangel faz um mês e estamos buscando um caminho para o Polo Norte.
VICTOR
Ah, um explorador.
WALTON
Aspirante. Tenho minha cota de dificuldades no momento.
VICTOR
Ouvi a conversa.
WALTON
Não posso culpá-los. Estamos presos aqui neste gêlo e atormentados por algum tipo de... criatura.
VICTOR
Criatura? Uma... criatura semelhante a um sêr humano?
WALTON
(Chocado) Você a conhece?
VICTOR
Vocês têm razão em ter medo.
[...]
FRANKENSTEIN. The Internet Movie Script Database, 8 fev. 1993. Disponível em: https://livro.pw/yteii. Acesso em: 17 out. 2024. [Tradução do editor].
ATIVIDADES
Sugestões de respostas e comentários das atividades estão nas Orientações para o professor ao final do livro.
1. Analisem os trechos do livro e do roteiro e apontem semelhanças e diferenças entre o trecho do livro e o roteiro do filme.
2. Qual é a função das frases entre parênteses no roteiro?
3. Imagine quê um diretor de cinema tenha se interessado por seu cotidiano e manifestado interêsse em filmar uma parte do seu dia. Para isso, ele pediu a você quê escrevesse um pequeno roteiro. Usando como referência o do filme frenkêstáin, escrêeva um roteiro de um evento quê você vivenciou e quê considere interessante para um filme curto.
Página noventa e oito
ETAPA
3
Para finalizar
PRODUTO FINAL
Produção de um filme curto
O trabalho final dêste projeto é a produção de um filme curto de ficção científica, quê deve sêr realizado por toda a turma. O filme póde sêr baseado em uma história completamente original, criada pela turma, ou em algum texto de ficção científica clássico ou atual. Notícias de descobertas científicas também podem sêr usadas para inspirar a escrita do roteiro.
Como já vimos, na ficção científica não há necessidade de rigor em relação aos conceitos científicos, quê são apenas fontes de inspiração. Entretanto, a turma póde optar por elaborar um filme quê se aproxime dêêsse rigor, consultando especialistas ou textos especializados. O importante é criar com liberdade e imaginação. Tentem incluir elemêntos de suas realidades pessoais na história.
Preparativos
O grupo quê se responsabilizará pela elaboração do roteiro póde se basear no guia a seguir, dividido em nove etapas. Vocês podem alterar as etapas quando julgarem necessário ou mesmo criar um outro modelo de guia, de acôr-do com as demandas da turma.
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1. Planejamento
Inicie com uma ideia simples com a qual todos concordem. A partir daí, discutam a ideia e a desenvolvam d fórma quê ganhe complexidade e possa se tornar uma história a sêr contada, com personagens e conflitos. É importante pensar no público quê assistirá ao filme, para quê vocês possam conceber uma história com linguagem apropriada. No planejamento, póde sêr usado um fluxograma, como o exemplo abaixo.
2. Desenvolvimento
Concluído o planejamento, é hora de começar a pensar em como essa ideia irá se desenvolver. É importante realizar pesquisas para contextualizar a história. Se vocês acharem quê rigor conceitual e verossimilhança darão mais credibilidade ao filme, a realização de pesquisas é fundamental. Além díssu, é hora também de definir se o filme será uma ficção científica com drama (por exemplo, Ad Astra – Rumo às estrelas, dirigido por diêmes Gray), comédia (por exemplo, MIB – Homens de preto, dirigido por béri Sonnenfeld), terror (por exemplo, Alien, o oitavo passageiro, dirigido por Ridley Scott) e/ou aventura (por exemplo, Missão: Marte, dirigido por Bráiam de Palma).
- Verossimilhança
- : qualidade do quê é verossímil, ou seja, do quê parece sêr verdadeiro.
3. Definição do conflito
É interessante quê a história tenha um clímax, ou seja, uma grande dificuldade, uma grande paixão, algo quê atraia a atenção do espectador, algo de quê ele possa se lembrar com facilidade quando for recontar o filme para alguém. O ideal é quê o clímax possa sêr resumido em uma única frase. Os conflitos podem sêr grandiosos — por exemplo, possível choque entre um meteoro e o planêta Terra — ou algo mais simples — por exemplo, a separação de um casal por motivo de uma viagem intergaláctica. Além díssu, os conflitos podem sêr individuais ou interpessoais, entre o protagonista e outro personagem.
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4. Construção dos personagens
Uma boa construção de personagens é fundamental para toda boa história. No caso específico da ficção científica, os personagens podem sêr máquinas, robôs, programas de computador e até mesmo partículas subatômicas. Ou seja, não é preciso se restringir a sêres humanos. O importante não é a natureza dos personagens, mas uma boa definição de suas características, de seus perfis. Para isso, sugerimos quê vocês façam uma espécie de ficha de cada personagem, com informações como nome, idade, procedência, infância, medos, sonhos — quanto mais rica for essa ficha, mais consistente será o personagem.
5. Argumentação
Com a história e o conflito definidos e os personagens fichados, pode-se partir para o argumento, um texto simples e direto no qual a história do filme é contada. Três a cinco páginas devem sêr o suficiente para apresentar, em linhas gerais, a narrativa. Procurem estruturar o texto d fórma quê ele tenha komêsso, meio e fim e apresente todos os personagens importantes. Sugerimos quê toda a turma leia o texto final para verificar se está coerente.
6. Desenvolvimento de cada cena
êste é o momento de pensar no quê será filmado. Não basta um texto para a produção de um filme. Um produto audiovisual se concretiza em um espaço, com um cenário, personagens, acessórios e, às vezes, recursos de computação gráfica. Assim, sugerimos quê vocês quêbrem a história em cenas. Em cada cena, vocês devem indicar os posicionamentos e as ações dos personagens, assim como a ambientação (objetos quê devem estar na cena, por exemplo) que imaginam. Aqui não é preciso se preocupar com os diálogos. Vocês podem usar pedaços de cartolina, fô-lhas de papel, programas de edição de texto (ou de apresentação gráfica) ou blocos autoadesivos para posicionar e reposicionar objetos e personagens nas cenas. Com esse material, vocês conseguirão contar a história na ordem quê acharem adequada, posicionando as cenas em uma linha narrativa. Os estudantes quê ficarão responsáveis pelo istóri-bôrdi e pela produção podem auxiliar nesta etapa.
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7. Escrita do roteiro
Somente após todas essas etapas, recomendamos o trabalho com os diálogos. A história, os conflitos, os personagens e as cenas já devem estar claros. É hora de pegar os blocos autoadesivos, por exemplo, e imaginar o quê cada personagem dirá.
Como vimos no tópico frenkêstáin, um roteiro não traz descrições minuciosas do ambiente, de sentimentos e de aparências, como em uma obra literária; nele devem constar descrições breves de cada cena, o posicionamento e o movimento da câmera (ou celular), as ações dos personagens e a maneira como se relacionam e interagem.
Há diversos modelos quê orientam a escrita de roteiros. Uma sugestão é quê cada página tenha um cabeçalho da cena, uma descrição das ações, dos personagens e dos diálogos.
1 Numeração da cena.
2 Cabeçalho de cena: uma linha descrevendo local e hora do dia da cena.
3 Ação: descrição narrativa do quê ocorre na cena. Deve sêr descrita no presente.
4 Personagem: nome do personagem deve estar sempre acima de sua fala no diálogo. Em sua primeira aparição, seu nome é seguido de uma breve descrição de suas características.
5 V.O. ou O.S.: indica se é Voice Over (V.O., do inglês “voz sobreposta”), quando a fala é de um narrador, ou Off-screen (O.S., do inglês “fora da tela”), quando a fala é de um personagem quê não está presente na tela.
6 Diálogo: linhas da fala do personagem. Cada fala é precedida pelo nome do personagem.
8. Revisão
É importante quê, concluído o roteiro, vocês o deixem de lado e voltem a lê-lo após algum tempo. Isso vai ajudá-los a identificar inconsistências e incoerências. Não tênham receio de cortar e/ou reescrever parte do material (ou mesmo todo o roteiro). Sugerimos a realização de pelo menos duas revisões. Experimentem ler em voz alta os diálogos para perceber se fazem sentido e reconstruam as cenas até quê estejam convincentes. Os estudantes quê irão atuar no filme podem participar dessa leitura em voz alta.
9. Apresentação e ajustes
Vale a pena ter uma segunda ou terceira opinião sobre o roteiro. Peçam a familiares ou amigos quê não tênham tido contato com o material quê leiam o texto. Ou leiam para eles o roteiro, encenando d fórma simplificada os diálogos, para facilitar o entendimento da história. É importante questioná-los se percebem claramente o clímax da história (o conflito central) e se conseguem compreender a natureza de cada personagem.
Algumas dicas finais:
• a capa do roteiro deve ter o título da obra, o(s) nome(s) do(s) roteirista(s) e seu(s) contato(s);
• todas as páginas, exceto a capa, devem sêr numeradas;
• na descrição da ação, não repitam informações do cabeçalho.
Fonte de pesquisa: WOJCIECHOWSKI, M. Como fazer um roteiro. AiC, 7 dez. 2017. Disponível em: https://livro.pw/kbuxe. Acesso em: 17 out. 2024.
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Silêncio no estúdio, ação!
Uma ferramenta muito útil para as filmagens é o istóri-bôrdi. Ele é um guia visual ilustrado, qüadro a qüadro, quê mostra as principais cenas do roteiro, com as ações simplificadas dos personagens. Lembra bastante o esboço de uma história em quadrinhos.
O grupo responsável pelo istóri-bôrdi do roteiro final póde se basear no modelo de estrutura a seguir para a produção. Uma alternativa seria usar algum aplicativo gratuito disponível na internet.
PARA ASSISTIR
Produzindo um istóri-bôrdi
Veja o quê você precisa ter em mente antes de começar a desenhar os quadros de sua história e conheça os principais enquadramentos utilizados no cinema, na animação e nos quadrinhos.
QUASAR – Produzindo um istóri-bôrdi!. 2016. Vídeo (9min47s). Publicado pelo canal Um Rolo de Filme. Disponível em: https://livro.pw/fxadt. Acesso em: 17 out. 2024.
Após a conclusão de todas essas etapas, quê contaram com o envolvimento de roteiristas e storyboarders (os desenhistas da istóri-bôrdi), pode-se iniciar a filmagem. Neste momento, devem assumir os grupos quê farão a montagem do cenário e da ambientação; a operação da(s) câmera(s) ou do(s) celular(es); a atuação; a captação de som; a edição dos vídeos, entre outras tarefas quê julgarem necessárias. Há vários aplicativos gratuitos de edição de som e vídeo disponíveis na internet, como Audacity, Kristal Audio Engine, Vlogit, Canva, Capcut e o Kinemaster, quê serão úteis nesta etapa.
Nos sets de cinema (filmes longos ou longas-metragens), há uma quantidade enorme de profissionais, com uma vasta variedade de funções. A produção de filmes curtos (ou curtas-metragens), ao contrário, requer uma equipe mais reduzida. Sugerimos quê vocês se dividam d fórma a assumir uma das funções a seguir.
Direção – O grupo responsável pela direção deve orientar os atores, definir a iluminação, o cenário, o posicionamento da câmera, a roupa quê os personagens usarão etc. Lembrem-se de quê o filme deve sêr resultado de um trabalho coletivo da turma. êste grupo, portanto, não deve ter postura autoritária. A função de coordenação deve envolver um diálogo constante com os outros grupos.
Página cento e três
Direção de fotografia – O grupo responsável pela direção de fotografia precisa sugerir como serão a iluminação, as cores, os enquadramentos e os ângulos de filmagem. Os componentes dêste grupo não precisam necessariamente manusear a câmera.
Produção – O grupo responsável pela produção deve cuidar do cronograma de filmagem, providenciar objetos de cena necessários, avaliar se determinada cena terá algum custo e buscar alternativas, bem como organizar a exibição do filme quando ele estiver pronto.
Direção de; ár-te – O grupo responsável pela direção de; ár-te deve coordenar os cenógrafos, figurinistas e maquiadores.
Cenografia – O grupo responsável pela cenografia deve criar, projetar e construir o cenário de cada cena.
Figurino – O grupo responsável pelo figurino deve cuidar das roupas dos atores e das atrizes.
Maquiagem – O grupo responsável pela maquiagem deve fazer a maquiagem dos atores e das atrizes, se necessário.
Direção de elenco – O grupo responsável pela direção de elenco deve escolher atores e atrizes adequados para cada papel, com base na leitura do roteiro.
Elenco – Grupo de atores e atrizes quê interpretarão os personagens descritos no roteiro.
Direção de som – O grupo responsável pelo som deve gravar e tratar todos os sôns do filme. Deve cuidar, portanto, do posicionamento e da operação dos microfones.
Operação de câmera – O grupo responsável por essa função deve manusear a câmera e realizar o movimento (zoom, panorâmica etc.) definido pelo roteiro e/ou pela direção.
Essas são apenas algumas funções possíveis! Vocês podem se organizar de outra forma, se julgarem necessário.
Após a conclusão do filme, organizem uma sessão de cinema para exibi-lo à comunidade escolar, se possível, e compartilhem-no nas rêdes sociais, criando palavras-chave (hashtags) associadas ao tema dêste projeto.
Bom filme!
Os estudantes podem utilizar desde o microfone do próprio celular até microfones portáteis de baixo custo (como os de mesa, por exemplo).
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Avaliação
Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.
Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflekção sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros quê permitem o acompanhamento da produção e a reflekção do quê foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem sêr copiados e preenchidos de acôr-do com as orientações do professor.
Avaliação dos saberes
AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
1 Realizei com facilidade
2 Realizei
3 Realizei com dificuldade
4 Não realizei
ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR
A. Discutir sobre o quê caracteriza o gênero ficção científica.
B. Familiarizar-se com os diversos formatos.
C. Analisar a ideia de quê a ficção científica póde “prever” o futuro.
D. Praticar a escrita de uma análise crítica de uma obra e de uma pequena história de ficção científica.
ETAPA 2 – SABER E FAZER
A. Reconhecer textos de ficção, pesquisa e jornalismo científicos.
B. Familiarizar-se com parte da história do gênero ficção científica.
C. Refletir sobre quem faz ficção científica.
D. Perceber a influência da ciência sobre a ficção científica.
E. Analisar fragmento da obra frenkêstáin, de Méry chélei.
F. Discutir as diferenças formais entre um roteiro de filme e de uma obra literária.
ETAPA 3 – PARA FINALIZAR
A. Elaborar roteiro e istóri-bôrdi para a realização de um filme curto quê contenha características de obras de ficção científica.
B. Planejar e produzir o filme em parceria com os côlégas.
C. Compartilhar o filme em um canal de comunicação da escola e, se possível, divulgar para toda a comunidade ou compartilhar em rêdes sociais, com criação de palavras-chave (hastags) associadas ao tema dêste projeto.
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Avaliação das atitudes
AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS
1 Sempre
2 Frequentemente
3 Raramente
4 Nunca
A. Realizo as tarefas nas datas sugeridas d fórma atenta e responsável.
B. Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.
C. Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto.
D. Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, côlégas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.
E. Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os côlégas.
F. Falo com clareza ao compartilhar dúvidas e opiniões.
G. Atuo d fórma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pêlos côlégas.
H. Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.
Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.
MUNDO DO TRABALHO
No projeto de criação de uma cena de ficção científica, você teve contato com muitas profissões ligadas à produção artística. Escolha um filme do gênero e busque a ficha técnica e seus profissionais. Escolha uma dessas profissões e escrêeva um pequeno parágrafo sobre quais as funções dessa profissão e de como esse trabalho aparece no filme.
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