Alimentos dos povos originários
Quando os portugueses chegaram às terras que se tornariam o Brasil, encontraram povos com uma alimentação muito variada. De norte a sul, os indígenas consumiam milho, mandioca, abóbora, feijão, cará, batata-doce, taioba, açaí, caju, tucumã e cupuaçu, entre inúmeras outras frutas e vegetais, além de pimentas, peixes frescos, crustáceos e carne de caça.
A mandioca era a base da alimentação de alguns desses povos, como os habitantes do Alto Xingu. Nativa da América do Sul, essa raiz tem diversos derivados. Quando fermentada, produz farinhas d’ água e de carimã, por exemplo. Da mandioca crua são feitos produtos diversos, como a farinha seca, goma, polvilho e tucupi.
A farinha obtida da mandioca tornou-se a base da alimentação dos habitantes da América portuguesa e, até hoje, ainda é muito consumida em todo o Brasil. A partir da raiz e de seus subprodutos, desenvolveram-se, ao longo do tempo, receitas de bolos, mingaus, angus, cremes, caldos, pães, bolinhos, entre muitos outros preparos.
Mandioca in natura e farinha de tapioca.
Ingredientes e modos de preparo trazidos da África
Milhões de pessoas foram trazidas à força de diferentes regiões da África para serem escravizadas no Brasil. Com origem em povos e culturas muito diversas, especialmente bantos e sudaneses, elas introduziram na culinária local ingredientes como o dendê, o quiabo, o inhame, o coco e o café. Além disso, influenciaram a alimentação brasileira no modo de preparar e de temperar dos alimentos.
O azeite extraído do dendê é utilizado no preparo de vários pratos, como o acarajé – um bolinho de feijão fradinho frito e geralmente servido com vatapá, caruru e camarão seco. O prato é preparado por filhas de santo da religião do candomblé e oferecido para os orixás Xangô, Iansã e Obá. Após o rito, é comercializado.
Esses pratos ainda são vendidos nas ruas, seguindo a tradição das quitandeiras ou negras de tabuleiro, mulheres negras que obtinham uma forma de subsistência e emancipação por meio da venda de alimentos em locais públicos, desde o Brasil Colonial.
Além do acarajé, a venda da cocada, pé de moleque e bolos em tabuleiros continua sendo uma tradição no Brasil.
Acarajé servido com vatapá e camarão.
O açúcar
Antes da descoberta do açúcar pelos europeus, feita por meio do contato com os árabes, a doçaria europeia utilizava o mel. E antes da colonização do Brasil, os povos originários também adoçavam seus alimentos com esse produto, especialmente frutas e farinhas.
Porém, no início do processo de colonização da América portuguesa, o cultivo de cana-de-açúcar se tornou a atividade econômica principal entre os colonos, modificando os modos de adoçar e de fazer doces. Tendo como ingredientes-base ovos, leite, queijo e manteiga, as receitas tradicionais portuguesas eram preferencialmente temperadas com açúcar: pastéis, pudins, bolos, folhados, doces com ovos, biscoitos, caldas e doces de frutas passaram a compor as sobremesas da culinária praticada na colônia.
O quindim é um exemplo de doce tradicional português, que foi adaptado aos ingredientes tropicais encontrados no Brasil e nomeado por africanos escravizados.
O quindim é feito de açúcar, ovos e coco.
Diversidade da alimentação brasileira hoje
Os europeus, em geral, tinham o hábito de cozinhar grãos com carnes, como o grão de bico, a lentilha e a ervilha. Esse tipo de preparo é chamado de guisado. Também tinham o hábito de usar carnes salgadas e curadas, para conservá-las.
A partir da colonização, os portugueses trouxeram essas técnicas para as terras que se tornariam o Brasil, utilizando ingredientes locais, e a culinária da colônia incorporou esses elementos mesclando características indígenas e africanas.
A feijoada foi criada nesse contexto e tem gerado muitas discussões sobre sua origem e influências culturais: há debate sobre se ela foi inventada por escravizados ou a partir do guisado dos colonizadores.
No entanto, é um prato que se tornou tradicional no Brasil e é preparado em todos os cantos do país. Seus ingredientes básicos são qualquer feijão regional, carne de porco, carne seca e linguiça.
A feijoada é servida basicamente com arroz, de origem asiática, couve e farinha de mandioca. Porém, pode ser acompanhada também com vinagrete, torresmo e laranja, a depender da região.
Feijoada brasileira.