Guerra, Paz e as obras de Portinari

  • Fotografia em preto e branco. Em primeiro plano, diversos homens de costas, todos vestem terno. Em segundo plano, um grande painel composto por pinturas de pessoas e animais sobrepostas.

    Guerra e Paz na ONU

    Duas das obras mais importantes do acervo artístico da ONU, em Nova York, os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, foram presentes do governo brasileiro em 1956. O painel Guerra está estrategicamente posicionado na entrada da sede da Assembleia Geral, enquanto o painel Paz foi colocado na saída do local, com a intenção de indicar que a paz é um projeto de transformação a ser construído por todos que ali transitam. 


    Pessoas observam o painel Paz, de Candido Portinari, na sede da ONU. Nova York, EUA. Foto de 1957.

  • Fotografia. À esquerda, um homem de capacete verde, camiseta preta, calça jeans e tênis está de costas, em cima de uma escada. Na sua frente, um grande painel com a pintura de uma pessoa de roupa azul e cabelo preto, inclinada para frente com o cabelo cobrindo o rosto. Ela segura o corpo de uma criança nua.

    Guerra e Paz retornam ao Brasil após meio século

    Desde que chegaram aos Estados Unidos, o único período em que os painéis não estavam expostos na sede da ONU foi durante 2009 e 2015, quando passaram por um processo de restauração nas mãos de 18 profissionais. A retirada dos painéis foi tão simbólica que o filho de Candido Portinari, João Cândido, foi convidado a retirar o primeiro parafuso. O período de restauração serviu também para que as obras pudessem viajar e ser exibidas em diferentes cidades brasileiras.


    Detalhe da montagem do painel Guerra, de Portinari, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Foto de 2015.

  • Pintura. Diversas cenas compostas por pessoas com roupas em tons de azul e verde reunidas em grupos. Há pessoas com as mãos cobrindo os olhos e ouvidos; pessoas de costas, ajoelhadas com os braços estendidos para cima; pessoas abraçadas; alguns animais e um homem de armadura montado em um cavalo.

    Painel Guerra em detalhes

    Observar o painel Guerra é perceber a importância dos detalhes na obra de Portinari. Como a presença do sofrimento retratado pelas mães, que abraçam ou velam os corpos de seus filhos sem vida ou jogam as mãos aos céus em sinal de desespero e desesperança. A presença de cavaleiros com armaduras remete aos quatro cavaleiros do Apocalipse e traduz em imagens todo o sofrimento e a destruição causados pela guerra. 


    Guerra (1952-1956), de Candido Portinari, obra criada para a sede da ONU, em Nova York, EUA. Óleo sobre madeira compensada. Cerca de 14 m × 10 cm.

  • Pintura. À esquerda, uma mulher com cabelo preto e saia rosa-claro está descalça e segurando um bebê muito magro. Atrás dela, um senhor magro com cabelo e barba grisalhos e calça cinza está com os olhos arregalados, a boca aberta e segurando um cajado apoiado no chão com a mão direita. No centro, uma mulher com cabelo comprido e saia bege está segurando um bebê com a mão direita e uma trouxa de roupas sobre a cabeça com a mão esquerda. Ao lado, um homem com chapéu, camisa clara e calça está descalço, segurando um pedaço de madeira fino e comprido com uma trouxa de roupas na ponta sobre o ombro esquerdo e a mão de uma criança com a direita. A criança está com chapéu, camisa azul e descalça. À direita, uma criança com cabelo encaracolado está olhando para frente com os olhos arregalados e a boca virada para baixo. Na frente dela, uma criança com cabelo encaracolado, camisa xadrez, branca e preta e barriga grande está descalça e olhando para frente com a boca virada para baixo. Em volta deles, no chão há várias pedras pequenas e pedaços de ossos, e ao fundo, no céu escuro há vários pássaros pretos voando e uma lua cheia preta.

    Portinari além de Guerra e Paz  

    Assim como em Guerra, o tema de uma terra devastada e sem esperança também aparece na pintura Retirantes, de 1944, que faz parte do acervo do MASP, o Museu de Arte de São Paulo. A obra denuncia o descaso com a seca e a pobreza no Nordeste brasileiro. O flagelo da fome pode ser visto nos corpos magros com relevos que se assemelham a pedras. Ou na imagem da criança, cujas roupas e membros parecem se desfazer. 


    Retirantes (1944), de Candido Portinari. Óleo sobre tela. 190 cm × 180 cm × 2,5 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), São Paulo (SP). 
     

Créditos

Créditos das imagens
Direito de reprodução gentilmente cedido por João Candido Portinari


Referências
A ONU foi destaque do noticiário no último mês. Conheça a história por trás do painel "Guerra e Paz", que fica na sede da organização, em NY. SP-Arte, 1 out. 2019. 
Disponível em: https://www.sp-arte.com/editorial/conheca-o-painel-de-portinari-que-fez-historia-na-onu. Acesso em: 26 set. 2024.


PORTINARI, Cândido. Guerra e Paz. Unesp, Acervo Digital, 23 ago. 2013. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/66462. Acesso em: 26 set. 2024.


PROJETO Portinari. Disponível em: https://www.portinari.org.br. Acesso em: 26 set. 2024. DEIS, Victória. De pé, ligados uns aos outros. Jornal da PUC, 11 jul. 2022. Disponível em: http://jornaldapuc.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12253&sid=29. Acesso em: 26 set. 2024.