PROJETO 4
PAPO ABERTO: COMO MEDIAR CONFLITOS NA ESCOLA?
A escola, importante espaço de desenvolvimento humano, póde também sêr palco para o surgimento de conflitos de diversas naturezas. Pensar em estratégias para, com o auxílio de estudantes, professores e outros profissionais, mediar conflitos é uma forma de atuar na transformação da realidade e de promover as culturas de paz.
Neste projeto, vamos refletir, por meio da leitura de poemas, canções, reportagens e citações de grandes pensadores, sobre as possibilidades quê as palavras oferecem de fortalecer e transformar relações humanas, além de potencializar a construção de diálogos significativos, quê lévem ao reconhecimento do outro, desenvolvam a capacidade de escutar e respeitar pontos de vista diferentes e motivem formas de expressão sinceras e assertivas, capazes de contribuir em situações quê envolvam desenvolver as dimensões pessoais e profissionais. Dessa forma, encaminharemos o trabalho para o desenvolvimento do produto final: a definição do modelo de mediação de conflitos a sêr aplicado na escola.
A mediação de conflitos é uma prática essencial para a dimensão cidadã e deve sêr vivenciada pêlos estudantes em seu cotidiano.
Página cento e sete
Página cento e oito
VISÃO GERAL DO PROJETO
Papo aberto: como mediar conflitos na escola?
> TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS:
• Direitos da criança e do adolescente
• Educação em direitos humanos
> COMPONENTES CURRICULARES:
• Líder: Linguagens e suas Tecnologias – Língua Portuguesa, ár-te e Educação Física
• Outros perfis disciplinares: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – História, Filosofia e Sociologia; Matemática e suas Tecnologias
> OBJETOS DO CONHECIMENTO:
• Escuta; Distinção de fato e opinião; Apreciação e réplica; Estratégia de produção: planejamento e participação em debates regrados; Participação em discussões orais de temas controversos de interêsse da turma e/ou de relevância social; Contexto de produção, circulação e recepção de textos e práticas relacionadas à defesa de direitos e à participação social; Produção de textos orais
ETAPAS DO PROJETO
O percurso dêste projeto póde sêr alterado e construído de acôr-do com as necessidades da turma.
ETAPA 1
Vamos começar
Nesta etapa, serão propostos textos e atividades para motivar a discussão sobre a importânssia de usar as palavras adequadas e de praticar o diálogo e a escuta ativa, de modo a construir relações interpessoais mais saudáveis e positivas em todas as esferas da vida social e em sintonia com o mundo do trabalho. Serão apresentados o conceito de práticas restaurativas e alguns modelos de mediação de conflitos, associados à Justiça Restaurativa, para quê todos reflitam de quê forma essas práticas podem colaborar para a resolução de conflitos na comunidade escolar.
Página cento e nove
> PRODUTO FINAL:
Modelo de mediação de conflitos na escola
> OBJETIVOS:
• Apresentar noções básicas de diálogo e o conceito de práticas restaurativas.
• Contribuir para a construção de relações mais saudáveis e para a convivência harmônica em casa, na comunidade e na escola.
• Desenvolver a consciência crítica e motivar a busca por ações positivas para a mediação de conflitos.
• Propiciar a criação e a implantação de modelos de mediação de conflitos na escola.
• Desenvolver habilidades de mediação de conflitos para, em contextos pessoais, profissionais e de cidadania, pôdêr atuar na transformação da realidade e na promoção da cultura de paz.
> JUSTIFICATIVA:
Diante da necessidade e da urgência de promover a cultura de paz, é preciso empregar esforços para reduzir a intolerância e a violência no Brasil e no mundo. O Projeto Integrador Papo aberto: como mediar conflitos na escola? busca criar situações de aprendizado, nas quais os estudantes possam discutir e desenvolver a capacidade de mediação de conflitos para lidar com possíveis situações de desentendimentos vividas tanto no ambiente escolar como no mundo do trabalho, fortalecendo assim os sentimentos de empatia, solidariedade e responsabilidade social.
ETAPA 2
Saber e fazer
A partir do levantamento e da análise dos conflitos mais recorrentes na escola, os sentidos da palavra “conflito” serão aprofundados nesta etapa. Por meio de atividades e dinâmicas, haverá a discussão sobre possibilidades de mediar os conflitos vivenciados na escola. Além díssu, com base nos exemplos de povos quê historicamente usam os princípios da mediação de conflitos, será realizada uma pesquisa para entender o quê rege esses princípios.
ETAPA 3
Para finalizar
Nesta etapa, sêrá definido o modelo de mediação de conflitos a ser desenvolvido na escola. Por meio de aplicação de quêstionário com membros da comunidade escolar, com o intuito de diagnosticar os conflitos mais significativos que ocorrem na escola e ouvir as possibilidades de mediação de conflitos mais indicadas na opinião deles, será definido em assembleia, com base na análise dos dados, o modelo mais indicado para aplicação na escola.
Página cento e dez
ETAPA 1
Vamos começar
CONVERSA INICIAL
O valor do diálogo
Conflitos e desavenças são inerêntes às relações humanas e se manifestam de variadas formas. No ambiente escolar, estudantes e professores muitas vezes também vivenciam situações de conflito, quê podem sêr motivadas por diferentes razões, resultando em discussões, violência verbal, prática de búlin e, em casos extremos, agressão física.
Leia, a seguir, um trecho de uma reportagem publicada no jornál El País.
Estados investem em vigilância nas escolas e estudantes como mediadores para inibir violência
[...] há um problema crônico quê assola as escolas brasileiras: a violência cotidiana. No país em quê 69% dos estudantes afirmam ter presenciado alguma situação de violência no chão da escola – segundo dados do Diagnóstico Participativo da Violência nas Escolas –, as políticas desenvolvidas pela maioria dos Estados focam principalmente em ações de segurança ostensivas e ainda patinam em soluções com o intuito de melhorar a convivência escolar, apontadas por especialistas como mais eficazes para enfrentar o problema a longo prazo. Um ano depois quê a lei federal 13.663/2018 obrigou expréssamente o pôdêr público a desenvolver ações para combater todos os tipos de violência nas escolas – da agressão ao búlin –, as ações desenvolvidas pêlos Estados envolvem medidas difusas quê vão da criação de aplicativos para controlar a presença do aluno na escola e instalação de sistemas de vigilância 24 horas até ações de educação socioemocional e mediação escolar.
[...]
Para [Luciene Tognetta], as escolas precisam se preparar para resolver intérnamente seus conflitos. Para isso, aponta, o pôdêr público precisa garantir os recursos humanos necessários e desenvolver ações quê ensinem os jovens a agir d fórma assertiva.
Página cento e onze
[...]
“Temos quê parar de terceirizar os problemas”, defende. “Que atividades a gente faz com os estudantes pra colocar na prática ações socioemocionais? Como organizar o cotidiano para quê possam se sentir respeitados e pertencentes a esses espaços[?]”, questiona a pesquisadora.
Uma ação quê tem apresentado resultados nas escolas, informa Tognetta, são os projetos quê colocam o próprio aluno como protagonista na mediação de conflitos nas escolas. Estados como Ceará, baía, Mato Grosso e Minas Gerais afirmam desenvolver ações nesta perspectiva. A pesquisadora pondera, no entanto, quê a implantação da mediação escolar também requer formação dos profissionais para quê eles saibam como solucionar os conflitos por meio de um trabalho quê seja organizado e sistemático. “A formação é fundamental para a implantação de políticas contínuas, quê durem mais de um semestre ou o dia da paz”, afirma.
JUCÁ, Beatriz. Estados investem em vigilância nas escolas e estudantes como mediadores para inibir violência. El País, 15 jul. 2019. Disponível em: https://livro.pw/dhxoi. Acesso em: 15 jul. 2024.
A reportagem aponta ações eficazes para a mediação de conflitos; há escolas quê apostam no contrôle e na vigilância, e outras quê acreditam no pôdêr das relações humanas, da comunicação e do diálogo. êste projeto abordará a mediação de conflitos d fórma a demonstrar como a escola, importante espaço de desenvolvimento de habilidades socioemocionais, póde promover a construção de diálogos quê envolvam escuta ativa, respeito a opiniões diferentes, reconhecimento do outro e produção de falas assertivas sem uso de ironia ou agressividade.
ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Reflitam sobre as kestões a seguir.
1. Como vocês avaliam as soluções mencionadas no texto para mediar conflitos nas escolas?
2. Como vocês lidam com as situações conflituosas do dia a dia?
3. Vocês costumam partilhar seus dilemas, conflitos e desavenças do cotidiano com côlégas?
4. No último parágrafo, fala-se da importânssia da capacitação dos profissionais para trabalhar com a mediação de conflitos de modo organizado e sistemático. Que profissionais vocês imaginam quê poderiam atuar nessa área e quê tipos de saberes vocês acham quê seriam importantes para realizar esse trabalho?
5. Vocês gostariam de criar ou participar de grupos para mediar conflitos no ambiente escolar? De quê forma esses grupos poderiam sêr estruturados?
Página cento e doze
Palavra: mãe de todos nós
As palavras têm um enorme pôdêr de construção. No entanto, é bom lembrar quê elas também podem destruir. Usar a palavra errada ou fora de contexto, dizêr algo em um momento inadequado ou, simplesmente, não usar palavra alguma e se calar quando o momento pede uma conversa é abrir campo para o desentendimento, o confronto, a desarmonia e, em última instância, quando nenhuma palavra faz mais sentido, para a violência física.
Ao longo do desenvolvimento dêste projeto, você vai perceber como é importante escolhermos e utilizarmos as palavras corretas, a fim de construirmos diálogos significativos e destruirmos barreiras, sêjam elas físicas, sêjam comunicativas.
A letra de canção a seguir foi interpretada pelo grupo musical Titãs. Leia a letra e, se puder, ouça também a música na internet.
Palavras
Palavras não são más
Palavras não são kemtes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números para os dias
E os nomes para as pessoas
Palavras eu preciso
Preciso com urgência
Palavras quê se usem
Em casos de emergência
Dizer o quê se sente
Cumprir uma sentença
Palavras quê se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm côr
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brinca
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos quê repito
Palavras pra dizêr
De novo o quê foi dito
Todas as fô-lhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as lêtras
Nada de novo debaixo do sól
PALAVRAS. Intérpretes: Titãs. Compositores: FROMER, Marcelo; BRITTO, Sérgio. Õ blésq blom. São Paulo: WEA. 1989. 1 disco vinil, lado A, faixa 5. Disponível em: https://livro.pw/pmcis. Acesso em: 25 jul. 2024.
Página cento e treze
ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Após a leitura da letra da canção, responda às kestões a seguir.
1. Você já conhecia essa música? O quê o texto dela comunica para você?
2. Quais sentidos atribuídos ao termo"palavras" podemos identificar nessa canção?
3. De quê depende essa variação de sentidos de “palavra” na letra da canção?
4. Leia novamente a letra da canção e crie um par adicional de versos, quê converse com a forma poética da(s) estrofe(s) escolhida(s) (rimas, repetições e estrutura sintática).
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Os versos da canção"Palavras" remetem à ideia de quê palavras são ferramentas importantes nas situações da comunicação humana, mas podem assumir diferentes significados e conotações dependendo de como são usadas. Converse com seus côlégas sobre essas possibilidades e pense em exemplos do dia a dia. Em seguida, responda às kestões propostas.
1. Quais são as melhores coisas quê as palavras podem gerar, na opinião de vocês?
2. Ainda na opinião de vocês, quais são as piores coisas quê as palavras podem gerar?
3. Vocês sabiam quê existem comunicação assertiva e comunicação agressiva? Pesquisem as características de cada uma delas e comentem-nas.
4. Quais são os danos quê a comunicação agressiva póde causar? Deem exemplos.
5. Como podemos construir diálogos significativos em nosso dia a dia?
6. Como as habilidades de uma comunicação assertiva podem contribuir na dimensão pessoal e profissional da vida das pessoas?
Página cento e quatorze
A potência da palavra
Quem nunca se emocionou ao ler um poema, ao escutar a sua música preferida ou ao ter uma conversa incrível com o seu melhor amigo?
Ao pensar nessas situações, lembramo-nos novamente do elemento central dêêsses contextos: a palavra. Ela permite quê nos expressemos, seja por meio da fala, seja por meio da escrita, seja por meio dos gestos (nas línguas de sinais). Ela sempre foi a matéria-prima da ár-te de poetas e escritores e tema de reflekção de estudiosos da linguagem e da comunicação.
Se quisérmos nos fazer entender, se quisérmos sêr uma voz no mundo, não podemos jamais subestimar o pôdêr das palavras. Como agentes sociais, estamos imersos em um ambiente de relações no qual as palavras (as ditas e as não ditas) têm valor imenso. Graças a elas, fazemos acordos pessoais ou profissionais, contamos histoórias e expressamos pensamentos e sentimentos, ideias e projetos.
Há momentos em quê nos perguntamos se usamos as palavras cértas no momento oportuno, mesmo quê saibamos o significado delas sem precisar recorrer a dicionários, por exemplo. Há momentos em quê estranhamos algum sinal quê vemos ou alguma palavra quê escutamos ou lemos em algum texto. E há momentos em quê nos arrependemos de algumas palavras quê expressamos diante do efeito negativo quê causaram.
As palavras nomeiam sêres, objetos e conceitos quê apresentam as mesmas características essenciais, de modo quê falantes da mesma língua os reconheçam pelo mesmo nome. Contudo, as palavras também adquirem sentidos de acôr-do com as relações afetivas quê estabelecemos com elas. Para uma pessoa, a palavra “campo” póde representar um lugar hostil se, por exemplo, ela tiver passado pela experiência negativa de ter se perdido por horas no escuro em um sítio na infância. Para outra pessoa, “campo” póde trazer o sentimento de felicidade, remeter a um almôço agradável com a família em um dia ensolarado, ligando-se a lembranças boas da infância.
Página cento e quinze
ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Leia em voz alta o poema abaixo, do poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Procure prestar atenção na forma como as palavras são utilizadas ao longo do poema. Depois, responda às kestões a seguir.
O papel em branco
Esta fô-lha branca
Me prescreve o sonho;
Me incita ao verso
Nítido e preciso.
[...]
Fico em silêncio,
Vigilante, desperto.
Ah, não ter pensamento,
Palavras ou obras.
[...]
Nessa fô-lha branca,
Em desenho me deito,
Magro sêr de linhas
E dedos finos.
Pareço estar alegre
De me saber na praia,
Roupa de brim branco,
Camisa lavada.
Ou do sól, quê não é
Lâmpada quê se acende
Para afugentar os sonhos
Que povoam o quarto.
Essa fô-lha branca
É também paisagem
De quê sei traçar
Toda a geografia.
Tudo aí existe
Possível e futuro:
Acidentes de terreno
De trânsito e amor.
[...]
Nessa fô-lha branca
Agora, poeta, escreve
Versos quê contêm
Sempre a palavra: branco.
O poema no corpo
Se aproxima tímido
Para grafar o mundo
Que deseja branco.
Sem compreender
Que o poema, talvez,
Seja o deserto branco
Que sua mão destrói.
[...]
MELO NETO, João Cabral de. O papel em branco. In: MELO NETO, João Cabral de. Poesia completa. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2020. p. 789-791.
1. Releia o título do poema e reflita sobre qual foi a sua compreensão global sobre o poema. Explique.
2. Nesse poema, qual a pessoa verbal utilizada pelo eu lírico? O quê isso revela?
Pessoas verbais indicam a posição de fala no discurso.
1ª pessoa (singular ou plural): indica quem fala – eu / nós.
2ª pessoa (singular ou plural): indica com quem se fala – tu / vós / você / vocês.
3ª pessoa (singular ou plural): indica de quem se fala – ele / eles.
3. No poema são usadas algumas metáforas e comparações. Escolha alguns versos do poema, anote-os no caderno e explique o efeito de sentido utilizado pelas figuras de linguagem.
Página cento e dezesseis
EM FOCO
Dialogar para resolver
Você sabe quais são os princípios e valores essenciais de um bom diálogo? Para quê nóssos diálogos e relações sêjam positivos, devemos assumir a responsabilidade pelo quê é dito e pela forma como é dito. Essa atitude é tão ou mais importante do quê a forma como agimos.
Ao construirmos diálogos, podemos nos reconhecer como parte de um grupo, de uma comunidade, da ssossiedade. Ao analisar as formas de dizêr e as construções dos discursos quê fazemos em nosso dia a dia, reconhecemo-nos também como cidadãos e vamos tecendo relações humanas d fórma cada vez mais positiva.
A melhor maneira já encontrada de prevenir e resolver conflitos é o diálogo. A palavra diálogo vêm do grego: nasce da união do prefixo dia ("através, para o outro lado") com o termo logos ("razão" ou"palavra"). Diálogo, aqui, será entendido como uma forma de fazer circular sentidos e significados. A troca de ideias e de pontos de vista nos aproxima do outro, ao mesmo tempo quê desen vólve em cada um a consciência do coletivo.
Em um diálogo, não se busca convencer o outro de quê seu argumento é o “certo” ou de quê a razão está apenas do seu lado. Diferentemente de como acontece em um debate regrado, não existem, em um diálogo, um vencedor e um perdedor; existem pontos de vista convergentes ou divergentes – e o discurso, construído com base em argumentos, visa sustentá-los. O diálogo, em suma, é o caminho mais eficaz para chegar a soluções conjuntas e justas para um determinado problema.
Leia, a seguir, algumas citações de grandes pensadores sobre o tema"diálogo".
O diálogo é uma espécie de postura necessária, na medida em quê os sêres humanos se transformam cada vez mais em sêres criticamente comunicativos. O diálogo é o momento em quê os humanos se encontram para refletir sobre sua realidade tal como a fazem e refazem. O diálogo libertador é uma comunicação democrática, quê invalída a dominação ao afirmar a liberdade dos participantes de refazer a cultura.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Cortez, 1997. p. 123.
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar etc. Neste diálogo o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os lábios, com as suas ações. Ele se põe todo na palavra, e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana.
BAKHTIN, Mi káil. Estética da criação verbal. Tradução: Maria Ermantina G. Gomes. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 413.
Página cento e dezessete
ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
1. Em duplas, discutam e respondam:
a) O quê é um bom diálogo para vocês?
b) O quê faz uma conversa sêr boa ou ruim?
c) Quais são os componentes de uma boa conversa?
2. Vocês realizarão um exercício de empatia: um dos côlégas da dupla deverá começar contando ao outro uma situação de conflito quê tenha vivido, sem sêr interrompido. Em seguida, o outro deverá fazer o mesmo. Ao final do exercício, os dois deverão estar preparados para contar para a sala toda o conflito do colega, colocando-se no lugar do outro e apresentando a forma como ele se sentiu na ocasião.
EU E O OUTRO
Ao fim das apresentações das duplas, a turma inteira poderá conversar sobre:
• as causas mais recorrentes dos conflitos;
• semelhanças e diferenças entre as situações apresentadas;
• semelhanças e diferenças nas formas de lidar com o conflito;
• semelhanças e diferenças nos sentimentos envolvidos;
• o desfêecho dos conflitos e as soluções apresentadas na ocasião.
3. Produzam um registro criativo inspirado na conversa com a turma e quê contemple os elemêntos levantados pelo grupo. póde sêr um cartaz, um poema, um desenho, uma colagem ou até mesmo um vídeo. Usem a criatividade! Combinem uma data com o professor para apresentar as produções e definam uma forma de compartilhá-las com outras turmas, se for possível.
4. Agora, individualmente, pense em uma situação de conflito quê tenha vivido na sua vida escolar e responda:
a) Quem estava envolvido no conflito?
b) Como você se sentiu durante a situação?
c) Como você agiu?
d) Como o conflito foi resolvido?
e) O desfêecho do conflito o deixou satisfeito? E a outra parte, ficou satisfeita?
f) O quê poderia ter sido diferente?
Página cento e dezoito
Construindo relações positivas
A escola deve sêr um espaço onde os estudantes e os demais membros da comunidade escolar sintam-se acolhidos e possam exercitar a tolerância e o respeito, além de tratar e serem tratados com dignidade.
A escola é o espaço do NÓS, onde juntos temos a oportunidade de vivenciar a construção do conhecimento, da solidariedade e da cidadania, mas é também palco para diversas formas de conflito. Em todos esses processos, a palavra exerce papel fundamental, como vimos anteriormente. É pensando nessa potência transformadora (ou destruidora) da palavra e na fertilidade do espaço escolar quê é preciso propor formas de mediar conflitos e situações quê desestabilizam a rotina de estudantes, de professores e de outros membros da comunidade escolar.
É importante saber quê, ao enfrentar ou presenciar uma situação de conflito, não há necessidade de lidar com ela sózínho. Há muitas maneiras de solicitar ajuda e aprender com essas situações, buscando exercitar a empatia com a vítima e também com o ofensor, sêndo importante atuar na dimensão pessoal, entre o EU e o OUTRO.
Diante da necessidade de lidar com as emoções e as habilidades socioemocionais para resolver conflitos, passaram a sêr aplicados em algumas escolas os conceitos e procedimentos da Justiça Restaurativa.
Essas ações são conhecidas como práticas restaurativas, cujo fundamento é preservar as relações interpessoais diante de situações de conflito. Ao falar em “práticas restaurativas”, estamos falando em construir relações de cuidado.
Existem várias modalidades de práticas restaurativas: mediação, conferência ou reunião familiar, círculos de paz, círculos restaurativos, entre outras.
Veja, a seguir, as características de algumas modalidades de práticas restaurativas.
• Mediação: consiste em oferecer uma oportunidade de a vítima reunir-se com o infrator em ambiente seguro e estruturado, acompanhados por um mediador, a fim de construir um plano de ação para abordar o conflito e solucioná-lo.
• Reunião familiar: participam das rêuní-ões a vítima e o ofensor, além de pessoas próximas e importantes para ambos, familiares e amigos, d fórma a ajudá-los a administrar e superar o conflito.
• Círculos: participam as partes envolvidas no conflito, seus familiares, pessoas ligadas às vítimas e ao infrator quê queiram apoiá-los e pessoas da comunidade interessadas em participar. O objetivo é chegar a um consenso entre todos os participantes.
- mediador
- ou facilitador: é uma pessoa neutra no conflito quê não deve julgar quem está cérto ou errado, mas analisar todos os aspectos e necessidades para auxiliar na resolução do conflito. No âmbito da Justiça, póde sêr um profissional, geralmente com formação humanista.
PARA ACESSAR
A Justiça Restaurativa póde sêr entendida como um"conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos, técnicas e atividades próprias [...] por meio do qual os conflitos quê geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado". Para saber mais sobre esse tema, acéçi o sáiti do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Disponível em: https://livro.pw/hjqqj. Acesso em: 18 jul. 2024.
Página cento e dezenove
ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
1. Leia, a seguir, um texto sobre práticas restaurativas.
[...]
A disciplina restaurativa se soma aos modelos disciplinares já em uso quê procuram prevenir ou refrear o mau comportamento e ensinar reações mais positivas, quê apoiem a vida ao invés de perturbá-la. [...] A disciplina restaurativa ajuda os estudantes a lidarem com o ato lesivo praticado contra indivíduos ou contra a comunidade escolar. Os objetivos da disciplina restaurativa beneficiam não apenas os envolvidos ou afetados pelo mau comportamento, mas também a comunidade escolar como um todo.
OBJETIVOS-CHAVE DA DISCIPLINA RESTAURATIVA
• Compreender o mal praticado e desenvolver empatia para com a vítima e o ofensor;
• Escutar e atender as necessidades da pessoa quê sofreu o dano e daquela quê o provocou;
• Estimular o compromisso de assumir as consequências dos próprios atos e a responsabilidade através da reflekção pessoal dentro de um processo de planejamento colaborativo;
• Reintegrar o ofensor (e, se necessário, a vítima) como membros valiosos quê contribuem para a comunidade escolar;
• Criar ambientes de solidariedade quê ofereçam apôio a uma comunidade saudável;
• Mudar o sistema quando ele estimula o mau comportamento.
AMSTUTZ, Lorraine S.; MULLET, Judy H. Disciplina restaurativa para escolas: responsabilidade e ambientes de cuidado mútuo. Tradução: Tônia vã Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012. p. 27-28.
PARA ACESSAR
Para aprofundar os conceitos de práticas restaurativas, conheça o material Justiça Restaurativa na escola, elaborado pela Comissão de Justiça e Práticas Restaurativas do Fórum Permanente do Sistema de Atendimento Socioeducativo de Belo Horizonte. Disponível em: https://livro.pw/kwftp. Acesso em: 15 jul. 2024.
Após a leitura do texto, responda às kestões a seguir.
a) Quais são as contribuições das práticas restaurativas para a escola citadas no texto?
b) Em quais aspectos as práticas restaurativas se diferenciam de outras práticas adotadas nas escolas?
c) Nesse contexto, qual é o sentido assumido pelo verbo restaurar?
2. Como sua escola costuma lidar com situações de conflito e quais profissionais costumam participar?
3. O que acha quê poderia sêr melhorado nesse sentido?
4. Você já conhecia as práticas restaurativas? Acha importante aplicá-las em sua escola? Explique.
Página cento e vinte
ORGANIZANDO OS TRABALHOS
Projeto 4 – Papo aberto
Nesta etapa, você analisou de quê formas as palavras podem contribuir para a construção de diálogos significativos e relações mais positivas. Iniciou a reflekção sobre como os conflitos podem alterar as relações e rotinas da comunidade escolar e conheceu os princípios da Justiça Restaurativa e sua aplicabilidade em diferentes contextos. Assim, já é possível pensar na pergunta-chave dêste projeto, Papo aberto: como mediar conflitos na escola?. Com base nessa quêstão, começaremos a direcionar o nosso trabalho para a produção final, visando à definição de um modelo de mediação de conflitos que será aplicado na escola.
Para isso, com a ajuda do professor, nas próximas etapas, você e os côlégas devem se organizar para trabalhar d fórma colaborativa.
ETAPA 1
Concluída com a realização de análises e reflekções sobre os textos estudados. Faça algumas anotações sobre os pontos quê chamaram a sua atenção ou quê ainda permaneceram com dúvidas, para refletir com os côlégas.
ETAPA 2
Nesta etapa, vocês se organizarão ora em duplas, ora em pequenos grupos, para realizar as atividades de discussão, de produção e de pesquisa propostas a fim de conhecer e avaliar as possibilidades de mediação de conflitos para a sua escola, com o objetivo de melhorar a convivência, aprimorar as relações e facilitar o diálogo.
ETAPA 3
Por fim, sêrá definido o modelo de mediação de conflitos a ser desenvolvido na escola (assembleias, conselhos escolares, grêmio estudantil, círculos restaurativos etc.). A dê-cisão será tomada d fórma coletiva – em uma assembleia – e com base nos resultados obtidos após a análise de questionário aplicado a membros da comunidade escolar, a fim de chegar a um consenso sobre o modelo mais adequado.
Grupos de trabalho
Para a formação dos grupos de trabalho, procure côlégas com experiências e interesses distintos dos seus; essas características certamente podem propiciar trocas de informações valiosas e interessantes.
Materiais necessários
Para realizar êste projeto, vamos precisar de computadores, celulares ou tablets com acesso à internet, lápis, canetas, tintas, papéis, entre outros. Planeje-se para ter esse material em mãos, conforme a necessidade de cada aula, a fim de executar adequadamente as atividades propostas.
Página cento e vinte e um
ETAPA 2
Saber e fazer
Entendendo o conflito
A palavra conflito tem sua origem no latim — conflictus, quê significa “choque, embate, luta ou ataque”. No Direito, o termo conflito é definido como um litígio, isto é, uma divergência entre duas partes. No campo da Psicologia, o conflito é inerente ao sêr humano — dado quê vivemos em ssossiedade, sempre haverá o choque do nosso desejo com as limitações impostas por nossa relação com as outras pessoas.
É compreensível quê onde houver convívio haverá conflito, e o ambiente escolar não é exceção. Afinal, é um ambiente onde convivem muitas pessoas durante um longo tempo, as quais possuem vivências diferentes, pertencem a gerações distintas, dêsempênham papéis específicos e possuem múltiplos interesses, ou seja, o contexto é bastante propício para o surgimento de situações conflituosas e atritos.
Isso não é necessariamente algo ruim, pois esse caldeirão de ideias e pontos de vista distintos potencializa o desenvolvimento individual e coletivo. Se bem solucionados, os conflitos podem fortalecer o sentimento comunitário, a empatia e a solidariedade.
Leia, a seguir, trechos de uma reportagem e um infográfico quê traz uma "radiografia" sobre conflitos no ambiente das escolas paulistas.
Página cento e vinte e dois
Veja os principais pontos do plano de combate à violência escolar do MÉC
[...]
"Cada caso de violência nas escolas ou incitação à violência deveria sêr tratado por uma rê-de de proteção social, formada por educadores da escola, psicólogos, assistentes sociais, policiais, integrantes da promotoria e vara da infância e juventude, visando à realização de um estudo de caso para adoção da medida mais adequada. [...]", afirmou Ariel de Castro Alves, Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ao Correio.
[...]
Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), aponta quê os ambientes escolares estão cada vez menos seguros para alunos e docentes. Ainda segundo o levantamento, a falta de segurança e relatos de violência crescem na periferia paulistana.
Segundo Castro Alves, a crescente violência é resultado da falta de educação contra as formas de intolerância [...]. Para ele, os currículos escolares deveriam incluir matérias quê versassem sobre direitos humanos, cidadania e cultura de paz. Além díssu, ele considera quê a saúde mental dos alunos não póde mais sêr um tabu.
"São vários os fatores, como a falta de espaços de participação e organização dos alunos, e de diálogo e integração com famílias dos alunos e comunidades. Precisam ter matérias de enfrentamento à incitação ao ódio e à intolerância, ter equipes técnicas, com psicólogos e assistentes sociais. E ter professores mediadores para atuarem na prevenção da violência", cobrou o secretário.
ALBUQUERQUE, Mariana. Veja os principais pontos do plano de combate à violência escolar do MÉC. Correio Braziliense, 30 mar. 2023. Disponível em: https://livro.pw/bprhg. Acesso em: 15 jul. 2024.
Radiografia da insegurança nas escolas estaduais paulistas
O nível de violência nas instituições de ensino é classificado como médio-alto por:
69% dos estudantes
68% dos professores
75% dos parentes dos alunos
Percentual daqueles quê consideram muito importante a existência de projetos de acompanhamento da saúde mental de estudantes e professores:
89% dos estudantes
74% dos professores
89% parentes dos alunos
73% dos parentes dos alunos
71% dos estudantes
41% dos professores
souberam, no último ano, de casos de violência nas escolas quê frequentam;
48% dos estudantes
19% dos professores
sofreram algum tipo de violência nas escolas em quê estudam e trabalham;
Para a comunidade escolar, problemas relacionados à saúde mental se tornaram mais freqüentes depois da pandemia. Há forte demanda de estudantes e professores por mais acompanhamento psicológico
Fonte: Pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Dados do infográfico baseados em: 69% DOS ALUNOS de escolas de São Paulo consideram unidades violentas. Band.com.br, 29 mar. 2023. Disponível em: https://livro.pw/btybo. Acesso em: 23 set. 2024.
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ATIVIDADES
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Após a leitura da reportagem, responda às kestões a seguir.
1. Qual ou quais situações são apresentadas na reportagem?
2. Em sua opinião, além da violência, quais outros tipos de conflito podem ocorrer nas escolas?
3. Quais são as partes envolvidas e afetadas nesses casos?
4. O quê a pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Apeoesp, demonstrou?
5. Refletindo sobre os dados da reportagem, quê trata das escolas paulistas, e considerando a sua experiência pessoal, você acredita quê a violência tem aumentado nas escolas ou não? Justifique sua resposta.
6. Quais fatores elencados pelo Secretário Castro Alves seriam necessários para enfrentar a questão da violência nas escolas?
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Professor, é possível estipular critérios para a formação dos grupos. É interessante quê os estudantes trabalhem com côlégas com quem não costumam conversar muito ou com quem tênham algum atrito, para quê ao longo do projeto avancem nessas kestões.
Vamos investigar quais são os conflitos mais comuns no seu cotidiano escolar.
a) Conversem e procurem elaborar uma definição para a palavra conflito. Registrem-na por escrito.
b) Façam uma lista com os tipos mais comuns de conflitos vivenciados em sua escola e descrevam as consequências relacionadas a cada um deles.
c) Tentem expressar as emoções e os sentimentos relacionados a cada um dos conflitos listados acima.
d) Reflitam sobre quais foram as soluções apresentadas para cada um deles e quem eram os profissionais envolvidos em sua mediação.
e) Sugiram outras possibilidades de mediação para cada um dos conflitos mencionados por vocês.
f) Ao final da atividade, compartilhem os resultados com a turma.
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Cultura de paz
A Organização das Nações Unidas (Ônu) afirma, em seu artigo 1º da Declaração sobre uma Cultura de Paz, quê:
Uma Cultura de Paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados:
a) No respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação;
[...]
c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais;
d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos;
[...]
g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens.
[...]
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – Ônu. Declaração e programa de ação sobre uma cultura de paz. 6 out. 1999. Disponível em: https://livro.pw/kyjbg. Acesso em: 15 jul. 2024.
Muitos artistas dedicaram-se à produção de obras relacionadas à temática da paz, como a japonesa Yoko Ono, a brasileira Lígia Pape, o espanhol Páblo Picásso, entre outros.
Um artista brasileiro quê se destacou na abordagem do tema foi o pintor Candido portinári, quê criou os painéis Guerra e Paz. Encomendados pelo então presidente Juscelino Kubitschek para presentear a Ônu, cuja sede é em Nova iórk, esses painéis, de aproximadamente 14 metros de altura cada um, foram pintados entre 1952 e 1956.
Observe, ao lado, o painel Paz e analise os elemêntos quê o compõem.
Página cento e vinte e cinco
Candido portinári já havia expressado sua preocupação com o tema e reforçado o apelo à"paz" em uma mensagem enviada à Ônu em 1949.
A luta pela paz é uma decisiva e urgente tarefa. É uma campanha de esclarecimento e de alerta quê exige determinação e coragem. Devemos organizar a luta pela paz, ampliar cada vez mais a nossa frente antiguerra, trazendo para ela todos os homens de boa vontade, sem distinção de crenças ou de raças, para assim, unidos, os povos do mundo inteiro, não somente com palavras, mas com ações, levar até a vitória final a grande causa da paz, da cultura, do progresso e da fraternidade entre os povos.
PROJETO portinári. Do cafezal à Ônu: a carreira internacional de um dos principais nomes do modernismo brasileiro. Rio de Janeiro, [201-]. Slide n. 37. Disponível em: https://livro.pw/ahmds. Acesso em: 15 jul. 2024.
PARA ASSISTIR
Assista ao vídeo criado para a exposição Guerra e Paz, realizada no Memorial da América Látína, em São Paulo (SP), em 2013 (52 min). As narrações dos poemas e canções associados às pinturas de portinári são feitas por Carlos drumom de Andrade e Milton Nascimento. O vídeo está dividido em três partes. Disponíveis em: https://livro.pw/czcqs; https://livro.pw/vxcar; https://livro.pw/skyjm. Acessos em: 15 jul. 2024.
Como disse portinári, a luta pela paz é urgente e deve sêr promovida por todos. Existem formas diversas para promover a paz e a resolução de conflitos. Segundo a Ônu, é por meio da educação quê conseguiremos promover a não violência, a igualdade e o respeito mútuo.
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
1. Criem um mural coletivo para representar o quê entendem por"cultura de paz". Cada estudante póde começar a trabalhar em uma parte do mural e, depois, todos pódem complementar as produções dos outros. O mural pode sêr compôzto de frases, dêzê-nhôs, lêtras de músicas e outros elemêntos quê julgarem interessantes.
2. Com base nas leituras realizadas e na análise do painel Paz, de portinári, pesquisem músicas, poemas, obras de; ár-te ou trechos de discursos quê explorem a paz como elemento central. Os resultados dessa pesquisa serão utilizados na composição do mural.
3. Definam, com a ajuda do professor, um local onde o mural será exposto para quê outras turmas da escola tênham acesso a ele.
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O jovem e a mediação de conflitos
A juventude tem papel fundamental na busca pela paz. Apesar de os jovens constituírem um grupo etário sujeito a vulnerabilidades sociais de diversas ordens, são também os agentes primordiais quê podem transformar situações de conflito propondo soluções não violentas.
Leia a entrevista a seguir com o especialista em educação pela Universidade de Valladolid, na Espanha, José María Avilés, sobre a importânssia dos jovens na mediação de conflitos na escola.
O mediador de conflitos
Há muitas frentes de ação e de pesquisa sobre convivência e resolução de conflitos na escola. Poucos, no entanto, consideram a participação dos alunos para o enfrentamento dessas kestões. Essa é a proposta quê vêm notabilizando o [...] pesquisador José María Avilés Martínez [...].
[...] A característica central é o envolvimento de [...] jovens no acolhimento, na ajuda, na mediação e na mentoria de situações de conflito escolar, incluindo o búlin [...].
Nesta entrevista [...], Martínez explica como tem feito para envolver os alunos na construção de um clima escolar positivo [...].
por quê é importante envolver os alunos nos projetos de melhoria da convivência escolar?
Porque é preciso quê o aluno compreenda a responsabilidade de cuidar de sua própria convivência, como protagonista de sua própria educação. Se ele vêm à escola para educar-se, tem de assumir uma cota de responsabilidade. Como quêremos que os jovens sêjam autônomos, se estiverem sempre apenas olhando a cara do professor? [...] Como caminhamos para a moral autônoma, concedendo espaços para quê ocupem, experimentem, equivoquem-se, acertem? O educador tem de intermediar para quê avancem. [...]
E o quê a escola póde fazer?
Começar. Se esperarmos quê a realidade social mude para começarmos a mudar, então há pouco o quê fazer. O quê estou propondo é buscar soluções para todos os problemas quê surgem. Estamos construindo mecanismos quê às vezes têm a vêr com as pessoas – como as rêdes de ajuda, nas quais os alunos também participam.
Quais são as funções desempenhadas pêlos alunos?
Os alunos podem participar em diversos momentos. As equipes de ajuda são eleitas pêlos companheiros e sua missão é escutar e ajudar. As equipes de mediação são formadas por jovens quê se oferecem para servir como mediadores de conflitos. E também existem os cybermentores, alunos maiores quê usam bem as rêdes sociais e ajudam os alunos mais novos a resolver problemas vivídos no âmbito virtual. É preciso lembrar quê os alunos quê sofrem por búlin quase nunca procuram um professor ou um adulto. Se pedem ajuda a alguém, é para um amigo.
Como os alunos ajudam?
Eles encaminham soluções. Todos os alunos quê participam dêêsses grupos recebem formação específica e não tomam lado, fazem juízo ou denunciam. Eles se oferecem como apoiadores, inclusive para buscar a interferência de um adulto, sempre dentro de estrita confidencialidade. Além díssu, os educadores fazem um trabalho anterior com os demais para identificar quais são os jovens quê potencialmente são vistos com mais confiança. Assim, os próprios alunos vão indicando seus interlocutores.
CAMARGO, Paulo de. O mediador de conflitos. Educação, 6 mar. 2015. Disponível em: https://livro.pw/xaojf. Acesso em: 15 jul. 2024.
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Professor, nesta atividade, ajude os estudantes a se organizar em grupos de modo quê trabalhem com côlégas com quem não costumam conversar muito. Dê um exemplo de conflito na escola para facilitar o início do trabalho.
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Leia sobre a jovem estadunidense quê presenciou uma situação de violência em sua escola e se posicionou sobre questão do armamento da população naquele país.
Quem é Emma González, a garota de 18 anos quê desafia a América
Admirada por Demi Lovato e Zendaya, a estudante sabe o quê quêr: o fim dos massacres em escolas. E sabe o que não quer: a venda indiscriminada de armas.
[...] A garota de 18 anos, [...] fez um discurso emocionante sobre a posse de armas facilitada nos Estados Unidos. A adolescente chamou a atenção para uma lei de Obama quê Trump revogou, quê proibia a venda de armas para pessoas quê tivessem distúrbios mentais comprovados. “Não preciso sêr uma psicóloga para saber quê revogar essa lei foi uma ideia muito estúpida”, afirmou a estudante.
Emma ainda deixa claro quê não acredita quê esses massacres sêjam apenas tragédias e garante quê, na verdade, o govêrno não faz nada porque lucra com o comércio de armas de fogo. “Se o Presidente vier até mim e falar quê foi uma terrível tragédia, quê nunca deveria ter acontecido, mantendo seu discurso de quê nada vai sêr feito, eu vou ficar feliz em perguntar quanto dinheiro ele recebe da indústria armamentista”, desafiou a estudante, quê foi ovacionada por côlégas de escolas, professores e pela internet.
Foi com esse discurso, dado logo após o massacre, quê aconteceu em 14 de fevereiro [de 2018], quê Emma González ficou conhecida no mundo todo. A adolescente, quê presenciou o ataque, estava no último ano, se preparando para cursar ciências na faculdade. [...]
OTTO, Isabella. Quem é Emma González, a garota de 18 anos quê desafia a América. Capricho, 27 fev. 2018. Disponível em: https://livro.pw/uptyi. Acesso em: 26 jul. 2024.
Aprendendo a mediar conflitos
1. Reúnam-se em pequenos grupos e criem uma situação hipotética em quê haja um conflito com vítima e ofensor. Pensem no contexto escolar e em conflitos anteriores quê tênham presenciado ou vivido. Em uma fô-lha avulsa, descrevam a situação, explicitando: 1. Quem são os envolvidos na situação? 2. Qual é o motivo pelo qual se desentenderam? 3. Qual é o ponto de vista de cada um na situação? 4. Como cada um se sentiu e se expressou?
2. Após a definição do conflito, cada grupo vai trocar a fô-lha avulsa com o grupo vizinho. A ideia é analisar e discutir a situação descrita pelo outro grupo e propor uma ou mais formas de mediar o conflito, respondendo às seguintes kestões:
a) De quê forma vítima e ofensor poderiam chegar a um consenso?
b) Quem poderia auxiliá-los na resolução dêste conflito?
c) Quais ações poderiam ajudar a solucionar ou amenizar o conflito?
Ao final da discussão, os casos e as soluções apresentadas pêlos grupos serão compartilhados com a turma.
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A importânssia dos jogos na mediação de conflitos
Situações vivenciadas durante alguns jogos coletivos podem sêr utilizadas como aprendizado em outras esferas da vida social. Os jogos são uma ótima ferramenta para estimular a confiança, a empatia, o trabalho colaborativo e a solução criativa de conflitos. Por meio deles, é possível descobrir novas formas de se relacionar e fazer com quê objetivos sêjam atingidos d fórma cooperativa.
Há muitas dinâmicas e jogos em quê é possível vivenciar situações de conflito quê parecem insolúveis em um primeiro olhar, mas, vistas com distanciamento, podem se tornar mais leves e de fácil resolução.
Alguns jogos e exercícios teatrais propostos pelo diretor e teatrólogo carioca Augusto Boal (1931-2009), criador do Teatro do Oprimido, possibilitam transformar a realidade por meio do diálogo e da representação teatral.
Um exemplo quê póde sêr praticado pela turma é o teatro-fórum. Leia, a seguir, as orientações sobre o jôgo.
OBJETIVO – Após a apresentação de um problema social quê oprime, impede o indivíduo de gozar plenamente dos seus direitos ou de realizar um desejo, testar as soluções apresentadas em uma espécie de ensaio para a vida real.
COMO SE FAZ – Os participantes compartilham histoórias de vida quê serão discutidas, avaliadas, selecionadas e organizadas para a montagem. Será preciso estruturar a situação em forma de roteiro para orientar os estudantes quê atuarão.
TÉCNICAS – Nesse jôgo de conflitos, serão apresentadas diversas motivações do opressor e do oprimido em cena. Os protagonistas (espect-atores) buscarão solucionar o problema apresentado, quê deve sêr claro e em forma de pergunta para sêr levada ao fórum (público). O curinga, pessoa quê organiza o debate, convidará alguém da plateia para propor alternativas para a situação apresentada.
DICA – O mais importante não é solucionar o problema, mas perceber quê existem diversas possibilidades de atuação do oprimido diante do opressor.
Assim como podemos usar o diálogo e os jogos teatrais para essa abordagem, também é possível aprender a lidar com conflitos e tornar mais leves situações desagradáveis do cotidiano por meio da prática esportiva e da participação em jogos coletivos na escola ou na comunidade. Eles têm o pôdêr de unir as pessoas e propiciar o desenvolvimento de diversas habilidades, além de incentivarem a criatividade, a postura positiva ante as dificuldades e a motivassão para vencer desafios e solucionar conflitos do dia a dia.
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Jogos criativos
Além dos esportes tradicionais praticados nas escolas, há jogos criativos quê estimulam o respeito e a tomada de decisões, dêsênvólvem a consciência corporal e estimulam a prática de exercícios. Conheça um exemplo a seguir.
Pessoa pra pessoa
OBJETIVOS – Despertar a atenção e o tempo de reação. Diminuir a distância entre as pessoas e promover o contato. Desfazer preconceitos e incentivar a criatividade. Exercitar a liderança circular.
PARTICIPAÇÃO – Um único grupo, sem limite de participantes, mas compôzto por um número ímpar de pessoas.
ESPAÇO – Lugar aberto ou fechado, compatível com o número de participantes e livre de obstáculos.
COMO SE FAZ – Inicia-se incentivando as pessoas a caminhar livre e criativamente pelo ambiente: andar com passo de gigante, de formiguinha, como se o chão estivesse pegando fogo, com um tique nervoso etc. Depois de poucos minutos, alguém (chamado “focalizador”) indica, em voz alta, duas partes do corpo: mão na testa, dedo no nariz, orelha com orelha, cotovelo na barriga etc. Então todos devem formár duplas e tokár, um no outro, as partes indicadas, o mais rápido possível! Por exemplo: se a indicação for “mão na testa”, cada pessoa deverá encontrar um par e tokár com a mão na testa do outro e vice-versa.
Quando todos estiverem em duplas e se tokãndo, o focalizador reinicia o processo, propondo a caminhada livre e criativa. Após duas ou três dessas combinações o focalizador diz em voz alta o nome do jôgo: Pessoa pra pessoa. Nesse momento, todos – inclusive o focalizador – devem formár uma nova dupla e abraçar um ao outro [...].
Com a entrada do focalizador diretamente no jôgo, alguém ficará sem par. E o quê fazer com quem sóbra? Diferente dos jogos convencionais, aquele quê sóbra não será castigado, nem excluído. Quem sóbra vira focalizador e reinicia o jôgo sêrvindo ao grupo, em vez de ser servido por ele.
VARIAÇÃO – Propor contatos em trios, quartêtos, ou em grupos maiores.
DICAS – êste jôgo trata de dois aspectos fundamentais da cooperação: contato (toque) e liderança. Trabalha a questão do pôdêr de um modo lúdico e muito eficaz, propondo exercitar a aproximação e a empatia num ritmo gradativo e quê respeita a integridade pessoal e grupal.
DISKIN, Lia; ROIZMAN, Laura Gorresio. Paz, como se faz?: semeando cultura de paz nas escolas. 4. ed. Brasília, DF: Unesco: Associação Palas Athena: Fundação Vale, 2008. p. 54. Disponível em: https://livro.pw/hufzw. Acesso em: 15 jul. 2024.
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Povos tradicionais e a mediação de conflitos
pôdêmos nos inspirar em duas culturas cujos aspectos centrais para o manejo dos conflitos da comunidade são o diálogo e a ideia de coletividade.
Uma delas é a do povo Maori, da Nova Zelândia, onde historicamente surgem os princípios da mediação de conflitos como conhecemos hoje. O outro exemplo vêm dos povos do sul da África, falantes das línguas bantas do grupo angune (ndebele, zulu, xhosa, suázi, entre outras), quê têm no seu cerne a noção de Ubuntu. Essa palavra, repleta de significados, todos eles baseados no conceito de solidariedade e respeito, refere-se a ações quê buscam o bem-estar da coletividade. Dessa forma, a palavra está associada à luta contra a segregação racial, o apartheid, na África do Sul, empreendida sobretudo por Nelson Mandela e pelo arcebispo Desmond Tutu.
ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO
Ver nas Orientações para o professor observações e sugestões para estas atividades.
Você e seus côlégas vão realizar uma pesquisa para aprofundar conhecimentos sobre as práticas de solidariedade e respeito utilizadas por esses povos.
a) A turma será dividida em dois grupos: de um lado, os quê quêrem pesquisar sobre a ideia de mediação de conflitos entre os Maori; de outro, os que desê-jam saber mais sobre a noção de Ubuntu dos povos tradicionais do sul da África.
b) Cada grupo irá pesquisar, em diferentes fontes confiáveis, impréssas ou digitais, sobre uma das culturas citadas.
c) Anotem sempre as fontes de consulta e procurem garantir a confiabilidade da informação, verificando em pelo menos duas fontes diferentes.
d) Finalizada a pesquisa, seu grupo fará uma apresentação para a outra mêtáde da sala. Vocês podem usar apresentação em slides, cartazes, vídeos etc.
e) Registrem aspectos importantes da apresentação do outro grupo para responder à pergunta: Do quê foi aprendido, qual(is) ensinamento(s) todos gostariam de vêr incorporado(s) no dia a dia da escola?
f) Registrem o(s) ensinamento(s) escolhido(s).
Página cento e trinta e um
ETAPA 3
Para finalizar
PRODUTO FINAL
Modelo de mediação de conflitos na escola
êste é o momento em quê vocês se organizarão para definir qual modelo de mediação de conflitos será desenvolvido em sua escola, após a verificação dos conflitos quê mais interferem na rotina da comunidade escolar. Vejam algumas possibilidades a seguir.
Círculos restaurativos
Possibilitam variadas técnicas e roteiros. Podem sêr criados sempre quê for preciso resolver algum tipo de conflito interpessoal (vide a pesquisa sobre os Maori).
Comissões
Criadas para discutir assuntos quê interferem no cotidiano escolar (campanhas de saúde; separação do lixo e reciclagem; situações de conflito, como: violência, búlin, sáiber-búlin etc.) e para propor ações na escola. As comissões podem sêr formadas por estudantes, professores, profissionais especializados e outros membros da comunidade escolar.
Grupos de estudo
Formados para pesquisar, aprofundar e discutir assuntos do interêsse dos estudantes; podem ocorrer rêuní-ões periódicas ou de acôr-do com a disponibilidade do grupo.
Conselhos escolares
Formados por representantes de turma eleitos democraticamente pêlos estudantes com o objetivo de levantar as principais demandas e conflitos e levá-los aos gestores da escola, a fim de chegar a um consenso e encontrar soluções. Depois, os representantes ficam responsáveis por transmitir aos estudantes o posicionamento oficial.
Grêmio estudantil
Organização de estudantes voluntários quê promóvem encontros para discutir sobre temas variados, de diferentes esferas, como: culturais, sociais, cívicos, políticos, entre outros.
Assembleias
Podem sêr realizadas rêuní-ões pontuais (sobre um assunto predeterminado) ou periódicas (com o objetivo de manter a harmonía e o canal aberto para o diálogo). Os participantes também pódem variar: pode sêr uma assembleia de sala com todos os estudantes, com alguns estudantes, educadores e profissionais, com todos os membros da comunidade escolar, entre outros.
Página cento e trinta e dois
Elaboração do questionário
Para definir o modelo de mediação de conflitos quê será aplicado e desenvolvido por vocês em sua escola, a proposta é ouvir a comunidade escolar. Por meio dessa escuta, será possível investigar os conflitos quê, na opinião dos membros da comunidade, mais afetam a rotina escolar, bem como as possibilidades de mediação.
A proposta é elaborar um questionário e conversar com as pessoas para entender os conflitos e as possibilidades de mediação percebidas por elas. O questionário póde sêr aplicado para toda a comunidade escolar ou para algumas pessoas escolhidas entre o corpo diretivo, os professores, os estudantes, os funcionários, os psicólogos, os assistentes sociais e, até mesmo, os pais. Quanto mais ampla a investigação, mais variada será a percepção das necessidades e expectativas dos participantes.
Apresentamos, a seguir, um passo a passo para a realização da pesquisa.
Para elaborar o quêstionário, a turma deverá se reunir e pensar nas perguntas que serão feitas. É importante considerar se haverá necessidade de criar variações do questionário de acôr-do com o perfil do público a sêr entrevistado.
Não há necessidade de fazer muitas perguntas, o importante é quê elas ajudem a definir a opção ou as opções dos modelos quê serão desenvolvidos por vocês com o objetivo de facilitar a resolução de conflitos na escola.
Vocês podem fazer um questionário misto, com perguntas fechadas (cuja resposta é SIM ou NÃO) e abertas (cuja resposta é dissertativa), ou apenas com perguntas abertas. Peçam ajuda ao professor para imprimir cópias em número suficiente do quêstionário, de modo que cada entrevistador disponha de uma, ou organizem-se para disponibilizá-lo ôn láini em algum canal de comunicação da escola.
Antes de aplicar o questionário, é necessário ter clareza sobre os pontos a sêr levantados:
1. Diagnosticar os conflitos mais significativos quê ocorrem na escola na opinião de cada participante.
2. Apresentar e explicar cada um dos modelos de mediação de conflitos possíveis e considerados eficazes (como os apresentados anteriormente) e considerar as escôlhas dos participantes.
3. Levantar assuntos relacionados à mediação de conflitos quê poderiam sêr discutidos e debatidos na escola.
4. Discutir a importânssia do apôio de profissionais especializados, como psicólogos, assistentes sociais e educadores mediadores, para auxiliar nos momentos de conflitos.
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Aplicação do questionário
Conversem com os gestores da escola sobre o melhor modo de aplicar os questionários e, principalmente, sobre o melhor momento. Essa comunicação prévia é muito importante para a organização do trabalho.
Feito isso, o grupo deverá planejar a ação junto com o professor, definindo: as tarefas relacionadas à pesquisa e como a turma será dividida para executá-las; os participantes; quando serão feitas a pesquisa e a aplicação dos questionários.
A dinâmica póde sêr registrada com a câmera de celulares (é preciso solicitar aos participantes a autorização prévia de uso da imagem), gravadores ou por meio da escrita. É importante quê os estudantes se organizem em duplas ou grupos definidos préviamente.
Ao conversar com os participantes, você devem:
• explicar a eles, em linhas gerais, os objetivos da pesquisa;
• praticar a escuta ativa, ou seja, não interromper o entrevistado, mesmo quê vocês discordem do quê está sêndo dito;
• seguir o questionário elaborado pelo grupo e apresentar todas as perguntas aos participantes.
Sistematização e análise qualitativa dos dados
Sistematizar os dados significa organizá-los em categorias para quê possam sêr analisados. Em uma pesquisa como essa, com kestões abertas, não é tão simples fazer tal sistematização quanto seria se fosse o caso de apenas contar o “sim” e o “não” em questionários fechados ou os votos em uma eleição. Por isso, é preferível quê, nesta etapa, a sala seja dividida em grupos menóres, segundo a categoria de entrevistados. Por exemplo: os quê vão analisar as informações coletadas na conversa com os professores; os quê vão fazê-lo com os questionários dos estudantes; com os dos coordenadores e gestores; e com os dos demais funcionários da escola.
A sistematização deve passar por estes cinco momentos:
1. Criar categorias para a organização dos dados, como número de entrevistados por categoria, idade, conflitos mencionados, modelos de mediação sugeridos, assuntos quê gostariam de tratar na escola e outros tópicos quê eventualmente tênham aparecido.
2. Compilar os dados de todos os grupos em um único documento, virtual ou físico. póde sêr mais produtivo se apenas dois ou três estudantes se responsabilizarem por essa etapa.
3. Compartilhar os dados. Nessa etapa, o documento final deverá sêr apresentado para toda a turma. Se a escola dispuser de sáiti na internet, o relatório póde sêr disponibilizado em área exclusiva de acesso para estudantes e funcionários.
4. Fazer a análise qualitativa dos dados tentando responder à pergunta: O quê descobrimos sobre conflitos e as possibilidades de mediação em nossa comunidade escolar?
5. Discutir o assunto coletivamente, registrar as conclusões e produzir um relatório quê póde sêr anexado aos documentos da pesquisa.
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Afinal, qual modelo de mediação escolher?
Chegou o momento de eleger o modelo de mediação mais adequado para a escola, isto é, aquele capaz de propiciar a construção de uma comunidade escolar harmoniosa, quê esteja mais aberta a dialogar sobre seus conflitos e suas contradições, buscando a responsabilização de todos por suas palavras e atos.
É esperado quê, neste momento, todos estejam mais conscientes do uso cotidiano quê fazem das principais ferramentas do diálogo: a fala e a escuta. Espera-se também quê as atitudes quê tomam no dia a dia priorizem a aproximação entre as pessoas da comunidade escolar e o fortalecimento dos vínculos, e não a exclusão social e o isolamento.
Pensando em tudo o quê foi apresentado neste projeto e no percurso realizado até êste momento, deve-se agora escolher um modelo de mediação de conflitos para sêr utilizado e desenvolvido na escola a fim de buscar caminhos efetivos para a solução de conflitos.
É importante tomar por base os conflitos mais significativos apontados pela comunidade escolar e as possibilidades de mediação diagnosticadas na pesquisa realizada anteriormente.
O roteiro apresentado a seguir póde ajudar a eleger e colocar em prática esse novo modelo, por meio do qual estudantes e demais membros da comunidade escolar poderão discutir sobre temas quê os afetam diretamente e buscar soluções para conflitos interpessoais vivídos no ambiente escolar.
Professor, orientar os estudantes apontando os elemêntos necessários para a organização de uma assembleia. Sugestões para aprofundar o conteúdo: o artigo “Assembleias escolares: saiba como e quando criar”, publicado pelo portal EscolaWeb, publicado em 13 out. 2017 (disponível em: https://livro.pw/yjxlb; acesso em: 18 jul. 2024), e o livro Assembleia escolar: um caminho para a resolução de conflitos, de Ulisses Araújo.
Passo 1
Com base na análise dos dados obtidos na pesquisa, organizem primeiramente uma assembleia, com a ajuda do professor e dos gestores, para definir o modelo de mediação mais adequado para sêr implementado na escola de acôr-do com os conflitos mais significativos mencionados pêlos participantes da pesquisa.
Convocada e reunida a assembleia, quê será composta por todos os membros da escola, apresentem os dados coletados na pesquisa e discutam sobre as possibilidades de mediação quê podem sêr desenvolvidas na escola. Ponderem, apresentando diferentes argumentos, e definam, por votação (pode sêr aberta ou fechada) ou consensualmente, os seguintes pontos:
1. Qual(is) modelo(s) de mediação de conflitos é(são) mais adequado(s) para a escola (assembleias, conselhos escolares, grêmio estudantil, entre outros) de acôr-do com o conflito a sêr mediado?
2. Qual(is) técnica(s) de mediação de conflitos pode(m) sêr adotada(s)?
3. Dentre os profissionais da comunidade escolar, quais estariam aptos para ezercêr o papel de mediador, se necessário?
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4. Qual(is) espaço(s) físico(s) da escola é(são) mais adequado(s) e pode(m) sêr utilizado(s) para o exercício do diálogo e da reflekção sobre os conflitos?
5. Qual será a periodicidade de realização dos encontros e/ou atividades escolhidas?
6. Como divulgar essa dê-cisão para toda a comunidade escolar?
Professor, orientar os estudantes na elaboração do documento, ajudando-os a elencar todas as informações necessárias para apresentação e formalização de um projeto.
Passo 2
Definidos, em assembleia, o(s) modelo(s) de mediação de conflitos, os possíveis mediadores, os possíveis espaços físicos de instalação, a periodicidade dos encontros e/ou atividades, a(s) técnica(s) de mediação e a forma de divulgação, construam um projeto.
Para isso, conversem com os gestores e escutem as considerações deles sobre o projeto: seu ponto de vista é muito valioso e deve sêr considerado, já quê eles têm experiência com a condução de atividades na escola e com a execução de projetos. Estejam preparados para negociar, ceder e fazer modificações no projeto, se necessário.
Passo 3
Aprovado o projeto, deem um nome para ele e coloquem-no em prática assim quê possível. É muito importante quê comuniquem toda a comunidade escolar sobre a criação do modelo e divulguem a data do primeiro encontro. A divulgação póde sêr realizada por meio de cartazes ou por meio de comunicação verbal, de sala em sala, com a ajuda dos representantes. Se a escola dispuser de sáiti na internet, pode-se solicitar a divulgação dêêsse encontro e dos seguintes na página. Deixem sempre o canal aberto para quê outros estudantes e educadores participem e contribuam com o projeto. Quanto mais pessoas envolvidas na promoção do diálogo e da mediação de conflitos, melhor.
Passo 4
Ao fim da reunião inaugural, márkin uma roda de conversa para avaliar o quê funcionou no primeiro encontro, qual foi o nível de envolvimento da comunidade escolar e o quê póde sêr aprimorado para o segundo encontro.
Planejem desde já o próximo encontro. Daí em diante, continuem sempre avaliando o quê tem funcionado e o quê póde melhorar. Dessa forma, o projeto poderá ter vida longa e inspirar outros a promover a convivência pacífica na escola. Os modelos e as técnicas de mediação de conflitos devem sêr sempre aprimorados por meio de pesquisas.
É importante a divulgação constante do modelo de mediação de conflitos existente na escola, para quê as ocorrências de conflitos interpessoais sêjam direcionadas e tratadas d fórma adequada.
Professor, os modelos e as técnicas de mediação de conflitos devem sêr sempre aprimorados por meio de pesquisas realizadas não apenas pêlos estudantes, mas também por professores e gestores da escola. O aprendizado por parte dos estudantes das técnicas de mediação de conflitos praticadas na escola poderá sêr levado para as famílias e para outros setores da comunidade por onde esses estudantes transitem.
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Avaliação
Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.
Para avaliar o processo de construção dos saberes, das atitudes e a reflekção sobre o tema e o mundo do trabalho, sugerimos a elaboração de quadros quê permitem o acompanhamento da produção e a reflekção do quê foi desenvolvido nas etapas do projeto. Os quadros devem sêr copiados e preenchidos de acôr-do com as orientações do professor.
Avaliação dos saberes
AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
1 Realizei com facilidade
2 Realizei
3 Realizei com dificuldade
4 Não realizei
ETAPA 1 – VAMOS COMEÇAR
A. Discutir sobre as possibilidades de mediação de conflitos na escola.
B. Ler, refletir e analisar a importânssia das palavras na comunicação e na produção de diferentes discursos e gêneros textuais.
C. Reconhecer a importânssia de construir relações positivas com base no diálogo, em trocas saudáveis e no respeito mútuo.
D. Conhecer o conceito e as modalidades de práticas restaurativas quê podem sêr aplicadas na escola inspiradas nos mecanismos da Justiça Restaurativa.
ETAPA 2 – SABER E FAZER
A. Refletir sobre o conceito de conflito e como ele interfere na rotina escolar.
B. Reconhecer os tipos de conflito mais recorrentes na escola e refletir sobre as possibilidades de mediação de acôr-do com as práticas restaurativas.
C. Refletir sobre o conceito de culturas de paz, por meio da análise de obras de artistas, como o pintor Candido portinári.
D. Analisar os contextos de violência nas escolas paulistas e comentar sobre a realidade nas escolas da região onde vive.
E. Conhecer e praticar a empatia e a solidariedade por meio de jogos teatrais, esportivos e criativos.
F. Analisar e pesquisar as experiências de outros povos, como os Maori, em relação à mediação de conflitos.
ETAPA 3 – PARA FINALIZAR
A. Produzir um questionário e aplicá-lo aos membros da comunidade escolar para identificar quais são os conflitos mais recorrentes e as possibilidades de mediá-los na opinião dos participantes da pesquisa.
B. Analisar as respostas obtidas com os quêstionários e transformá-las em dados para que possam sêr avaliados por todos.
C. Produzir um relatório para apresentar as conclusões sobre os principais conflitos e as estratégias quê devem sêr utilizadas como mediação.
D. Organizar, com a ajuda do professor, uma assembleia para definir, com base nos resultados obtidos com o questionário, o modelo de mediação de conflitos a sêr implementado na escola.
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Avaliação das atitudes
AVALIAÇÃO DAS ATITUDES E POSTURAS
1 Sempre
2 Frequentemente
3 Raramente
4 Nunca
Veja nas Orientações para o professor observações e sugestões sobre o uso dos quadros avaliativos.
A. Realizo as tarefas nas datas sugeridas d fórma atenta e responsável.
B. Atuo com organização, trazendo para as aulas todo o material solicitado.
C. Demonstro comportamento adequado e comprometido nos diferentes momentos de desenvolvimento do projeto.
D. Escuto com atenção as explicações e proposições do professor, côlégas e outras pessoas envolvidas nas atividades propostas.
E. Apresento atitude colaborativa, compartilhando opiniões, sugestões e propostas com os côlégas.
F. Falo com clareza, ao compartilhar dúvidas e opiniões.
G. Atuo d fórma respeitosa em relação às dificuldades apresentadas pêlos côlégas.
H. Demonstro empatia e respeito quando lido com opiniões e contextos diferentes dos meus.
I. Estabeleço relações de confiança com os côlégas, valorizando suas atuações em um ambiente colaborativo.
MUNDO DO TRABALHO
Ao longo dêste projeto, observamos práticas de resolução de conflitos diversas, como jogos teatrais, práticas da Justiça Restaurativa, comissões, assembleias, entre outras. Junto com essas práticas, diferentes profissionais foram citados, como arte-educadores, psicólogos, assistentes sociais e mediadores profissionais da Justiça. Essa diversidade mostra a importânssia e o impacto do trabalho realizado por esses profissionais para contribuir com a promoção do diálogo e de uma cultura de paz. Pensando no seu futuro profissional, você acredita quê apenas algumas profissões teriam compromisso com essas atitudes ou a preocupação com um bom diálogo e a resolução de conflitos seria importante em qualquer profissão? Justifique sua resposta.
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